A IDENTIFICAÇÃO DAS MARCAS COM OS BRASILEIROS Por Isadora Pereira, Ipsos ASI Com a chegada dos grandes eventos esportivos no nosso país, vimos a brasilidade ficar em alta no mundo do marketing. Ao mesmo tempo, as marcas, cada vez mais, deixam de ser autoridades e têm o desafio de se mostrar relevantes para o consumidor. Ele é quem passa a decidir se uma marca será boa para ele ou não. O brasileiro ainda está vivendo um ferver do consumo que, durante quase uma década, cresceu acima do PIB do país e ainda em 2013, cresceu aos mesmos patamares do produto interno bruto do nosso país (IBGE). Porém, com a mudança com a qual nos relacionamos; que consumimos e nos informamos, o jovem povo brasileiro acaba tendo que pular etapas e na paralela deste consumo latente e intenso, existe também a vontade de ser este consumidor que é stakeholder das marcas. Com isso, a busca de se identificar com uma marca e com seu discurso se torna essencial tanto para comprador como para marca e é nesta busca de identificação e identidade que as marcas vêm trabalhando a brasilidade. Afinal, falar com o brasileiro usando seus próprios signos parece ser uma maneira de se conectar a ele, não é mesmo? O conceito de brasilidade acaba desembocando em ícones reforçados desde o nascimento do nosso país: começa pela beleza natural, passa pela miscigenação e vai para o futebol, o samba, o humor do povo e chega à sensualidade. E mesmo as marcas locais que chamamos de icônicas fazem questão de lembrar estas nossas “riquezas”: o cupuaçu e o açaí no sabonete e, também, no chocolate, as belas servindo cerveja, o futebol para vender chuteira e televisores e a resiliência do povo que “não desiste nunca”... Mas não deve ser só assim que as marcas conseguem se identificar com o consumidor brasileiro. O ano de copa do mundo e da sequencia que será dada pelas Olímpiadas reforça e bate na mesma tecla: só se veem estádios, ídolos goleando, pais comprando camisas para seus filhos, mas o consumidor também está nos dizendo outras coisas. Ele está dizendo que não quer um grande evento esportivo se este lhe está custando escolas e hospitais, que está cansado de ser desrespeitado por quem ele escolhe para estar no poder, que não quer ficar parado no trânsito, que não quer pagar mais vinte centavos, que não quer “só” mais dez por cento no seu salário. Depois de um par de décadas vivendo a vida como ela é, centenas de milhares foram e vão para as ruas se dizendo insatisfeitos e que querem mudança. Ainda lhes é difícil saber o que reivindicar, de saber por onde começar e por isso, vinte centavos se tornam milhões quando se está cansado desta brasilidade. No entanto, este brasileiro cansado e confuso, ao invés de inspirar as marcas parece as amedrontar ou afastar. As marcas os chamaram para rua, mas saíram de cena, disseram que o gigante acordou e dormiram. O brasileiro está irrequieto e contestador, sim, mas não seria um ótimo momento para falar com ele? As pessoas estão mais predispostas a interagir das mais diversas formas neste momento. O brasileiro já passa mais tempo na Internet do que qualquer outro meio de comunicação, segundo pesquisa realizada a pedido Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Além disso, é recordista na presença em redes sociais. Ele está disponível e aberto ao diálogo com as marcas, lotando as fan pages de Guaraná Antarctica, Skol, Garoto, L’oreal, Itau e abrindo um espaço para que estas marcas falem com ele todos os dias. Isso tudo sem deixar de assistir o Jornal Nacional e a novela das oito. Quando a Nike disse “Ouse ser brasileiro”, ela está falando muito mais do que sobre o esporte: espontaneidade, fé, “alegria, autenticidade, imaginação, paixão, audácia, provocação, determinação e alma luta, são características que são a cara do brasileiro: elas são o brasileiro. E transbordam nas jogadas dos nossos atletas”. A marca faz isso sem gerar rejeição ou afastamento. Ao mesmo tempo em que é possível ver esforços das empresas ao entrar no território do “BRA” e do “100% brasileiro” buscando valorizar o que é local, falta ajudar o consumidor com o que é ser brasileiro e expressar o ser brasileiro neste momento de tantas perguntas. Há oportunidade de abrir uma conversa com o consumidor e sedimentar um relacionamento com ele ao ajuda-lo a se expressar, a se definir e a fazer escolhas. Enquanto marcas como Natura, Branco do Brasil, Correios e Havaianas, com objetivo de gerar identificação e sensação de pertencimento, trabalharam, ao longo dos anos, este território brasileiro dentro dos signos mais conhecidos e com um conceito mais estereotipado de brasilidade, existe um espaço para dialogar com o brasileiro sem samba no pé e falar de transformação, empowerment e daí sim, com resiliência, com paixão, alegria, humor e... BRASILIDADE. Bibliografia: Nike apresenta Ouse ser brasileiro http://www.updateordie.com/2013/12/01/nike-apresenta-ouse-ser-brasileiro/ APAS – Aumento do consumo brasileiro supera o PIB - 2012 http://www.portalapas.org.br/m5_noticia.asp?cod_noticia=11586&cod_pagina= 1858&categoria= Em 2013, PIB cresce 2,3% e totaliza R$ 4,84 trilhões http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2014/02/em-2013-pib-cresce-2-3e-totaliza-r-4-84-trilhoes Elo aposta na brasilidade em nova campanha http://www.aberje.com.br/acervo_not_ver.asp?ID_NOTICIA=10653 Brasileiro passa mais tempo na internet que na TV, diz pesquisa http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/brasileiro-passa-mais-tempo-nainternet-que-na-tv-diz-pesquisa-11810499#ixzz32Zje2vcT As maiores fan pages do Facebook do Brasil http://www.proxxima.com.br/home/social/2013/11/07/Dito-revela-as-maioresfanpages-brasileiras-do-Facebook-em-outubro.html