B I A
Essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais terá sido mera coincidência.
“Há cinco degraus para se alcançar a sabedoria: calar, ouvir, lembrar, agir e estudar”.
Provérbio árabe.
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PERSONAGENS
Ana Beatriz (Ana/Bia/Aninha)
Bidu (cachorro de Bia)
Yvo (amigo de Bia e irmão de Isa)
Isa (amiga de Bia e irmã de Yvo)
Gabi (negra, prima de Ellen e amiga de Bia)
Ellen (negra, prima de Gabi e amiga de Bia)
Rui (irmão de Ellen e problemático)
Dona Iracy (mãe de Ellen e Rui)
Dona Fátima (mãe de Bia)
Seu Marcos (pai de Bia)
Seu Alberto (avô de Isa e Yvo)
Fernando (funcionário de Marcos)
Glória (funcionária de Marcos)
Dilma (funcionária de Marcos)
Carlos (funcionário de Marcos)
Wagner (funcionário de Marcos)
Glória Azul (secretária da Rainha Azul Vanessa)
Celestino (marido de Glória Azul)
Marinho (marido da rainha Azul Vanessa)
Rainha Azul Vanessa
Rainha Amarela Amarílis
Rainha Vermelha Carmim
Artur (trigêmeo filho da rainha Carmim)
Alex (trigêmeo filho da rainha Carmim)
Alexandre (trigêmeo filho da rainha Carmim)
Tritão Carmim (ajudante da rainha Carmim)
Sereiazinha morena Iasmim (secretária da Rainha Carmim)
Francis Amarga (ex-esposa de Marinho e inimiga das rainhas)
Ninfa Nereida (secretária da Rainha Amarílis)
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Capitulo 1
BIA EM AZULÂNDIA
Chamo-me Ana Beatriz. Algumas pessoas me conhecem por Aninha,
Bia ou simplesmente Ana, tenho 14 anos. Sou uma menina tímida de classe
média. Filha única de pais admirados pela população onde moro. Meus pais
são muito unidos. Tenho muito orgulho e sorte por fazer parte dessa
família.
Gosto muito de dançar, principalmente quadrilha, adoro estudar e
tocar flauta. Faço parte da orquestra da cidade. Aprendi ainda cedo a tocar
flauta doce e logo me apaixonei pela flauta transversa. Eu ensaio bastante
para poder conseguir uma colocação melhor em orquestras.
A flauta transversal, por vezes chamada de flauta transversa ou
simplesmente flauta, é uma espécie instrumento que tem um aerofone da
família das madeiras, apesar de atualmente ser fabricada de metal. É um
instrumento muito bonito. Seu som é melódico e suave. Possui um orifício
por onde o instrumentista sopra perpendicularmente ao sentido do
instrumento.
Minha mãe se chama Fátima é uma mulher muito sábia, prendada e
trabalhadora. Ela faz um pouco de tudo, costura, borda, cozinha, faz bolos,
doces e salgados como ninguém na cidade. É uma confeiteira de primeira. Ela
também adora flores. É florista. Nosso jardim é lindo! Parece até uma
floresta, pois ela cultiva também algumas plantas e ervas medicinais. Acho
que estou até um pouco expert em saber sobre essas plantas. Conheço as
propriedades nutricionais e os benefícios de cada uma. Mainha é dona de
uma floricultura que fica bem ao lado de nossa casa e se chama “Bia Flores”.
Trabalha em casa fazendo o que quer e dirigindo seus funcionários. Nossa
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casa tem dois canteiros imensos só com rosas vermelhas, são as preferidas
de minha mãe.
Meu pai se chama Marcos é dono de um Mercadinho em minha cidade.
Construiu com seu próprio suor assim que se aposentou. É lógico que não
podemos nos queixar de nossa vida. Temos tudo: saúde, paz, harmonia e
amor. Vivemos bem. O local que meu pai trabalha é o Mercadinho São
Marcos não precisa nem explicar o motivo. Modéstia a parte é um dos
maiores e melhores da cidade. Tem de tudo um pouco. Ele mesmo toma conta
do Mercadinho quando pode, mas algumas vezes eu o ajudo também. Adoro
organizar as mercadorias e ficar empacotando. Sei que é errado trabalhar
no mercadinho com meu pai, pois ainda sou menor de idade. Há cinco
funcionários que trabalham para ele. É o Fernando uma espécie de faz tudo,
Glória uma mocinha ainda jovem que fica no caixa, Dilma caixa também é
uma senhora casada com Carlos que é o empacotador e o outro funcionário é
Wagner. Todos são muito eficientes e trabalhadores. Papai não tem do que
se queixar. Quando meu pai precisa se ausentar é Fernando que fica como
responsável. Ele é o gerente. Fazemos as compras na cidade vizinha, pois
tem preços melhores, mais qualidade e variedade de produtos. Sempre que
viajamos aproveito para convidar meus amigos também. É muito bom viajar.
Adoro conhecer pessoas e lugares novos. Volto renovada. Viajar é ótimo.
Temos viajado bastante nestes últimos meses com a proximidade do São
João. Faço muitos planos durante essas viagens e meus sonhos duplicam;
Duplicam não, triplicam. Por que não dizer que eles se quadriplicam? Num
futuro bem próximo quero ser uma escritora. Gostaria de seguir carreira
como musicista também. Ou quem sabe até ser uma dançarina. Estou tão
confusa ainda. Não consigo decidir que profissão seguir. Só sei de uma coisa.
Preciso estudar muito para conseguir alcançar meus objetivos. A
concorrência está muito grande na minha cidade. Temos bons colégios. Eu
estudo em um colégio particular. Não que uma escola pública seja ruim, mas
como minha mãe já foi professora, ela conhece muito bem os problemas de
perto.
Para minha mãe os dez maiores problemas das escolas públicas são:
1. Cultura escolar elitista (excelência exclusiva só para a elite);
2. Falta de visão estratégica;
3. Gestão sem eficiência e sem equidade;
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4. Interesses corporativistas;
5. Desinformação da sociedade e baixíssimo salário dos professores;
6. Despreparo dos professores, pois precisam trabalham antes, durante
e depois de dar aulas. Esse profissional tem tempo para alguma coisa?
7. Baixa qualidade de ensino; ocasionada muitas vezes pela sobrecarga
de ensino que o professor precisa dar para melhorar seu salário.
8. Fracasso escolar (reprovação, repetência, evasão e outros) por falta
de apoio familiar e falta de preparo do professor.
9. Defasagem; Professores não fazem cursos adicionais. Afinal em que
turno fariam? Se for público, precisariam faltar algumas aulas já que
ele mal tem tempo para um repouso digno.
10. Perigo das causas nobres (dobrar o período do aluno na escola pode
não ser produtivo, muito menos oferecer aulas adicionais na própria
escola).
Assim sendo, a educação está sempre sendo relegada a um segundo plano.
Ou quem sabe se não seria mais adequado dizer a último plano. E assim
caminha a educação... Quase capengando. Diria que ela caminha de muletas.
Talvez seja de cadeira de rodas mesmo. Muletas não. Só se ela tivesse numa
situação melhorzinha. Mas, não vamos ser pessimistas. Podemos reverter
esse horrível quadro e sair dessas estatísticas drásticas. Basta que
queiramos tomar atitudes e providências com os governantes.
Moro numa cidadezinha calma de nome esquisito e com pouquíssimos
habitantes - Brasópolis. As vantagens de se morar em uma cidade pequena
são muitas. Dentre elas eis algumas:
1. Você conhece todo mundo;
2. A cidade onde moro possui baixo índice de analfabetismo;
3. Não há mendigos nas ruas e nem molecada te importunando ou
cobrando para estacionar o carro;
4. Os motoristas não disputam com os pedestres. Eles te respeitam. Os
carros param pra você poder atravessar na faixa de pedestre, mesmo
onde não haja semáforo;
5. Os ciclistas e motoqueiros também andam nos locais adequados, ou
seja, não há disputas com os pedestres e os carros;
6. As cidades pequenas são muito mais seguras, pois há policiamento
suficiente para a população, caso necessário é claro;
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7. Aqui você inspira e expira qualidade de vida, o ar é sempre muito puro
e o clima é bem agradável;
8. Os moradores daqui são mais conscientes: cuidam da cidade quase
sempre, dos jardins, das praças, preservam os bens e patrimônios
públicos também;
9. Tudo é relativamente perto, tipo 15 minutos (de carro) é o lugar mais
distante;
10. Podemos chegar a nossa casa rapidamente e ainda dá tempo de tirar
um cochilinho e fazer outras coisas também (estudar, ler, dormir,
comer, brincar, dançar, ouvir músicas, navegar na net, enfim...)
11. As pessoas são quase sempre educadas, bem mais calorosas e
receptivas também;
12. Aqui há bons colégios e faculdades;
13. Em minha cidade os funcionários públicos respeitam a população e
estão sempre fazendo seu serviço da melhor maneira possível;
Dentro de poucos minutos seria possível chegar à padaria, ao mercadinho
de meu pai ou à farmácia. Tudo se torna relativamente perto quando se
mora em uma cidade pequena. O bom é que todos os habitantes se conhecem
e você certamente pode se sentir muito mais seguro do que em uma cidade
grande. Brasópolis é uma cidade litorânea cuja praia é belíssima e
entremeada por diversas grutas que certamente devem escondem muitos
mistérios.
Ellen, Yvo, Isa e Gabi são meus melhores amigos. Tenho orgulho por ser
amiga deles. Yvo é irmão de Isa. Ellen e Gabi são primas. Eu os conheço
desde que me entendo de gente. Estudamos no mesmo colégio. Na mesma
turma. Gosto muito de ensinar aos meus amigos. Como Matemática é minha
disciplina preferida sou sempre requisitada para ser monitora de turma
todos os anos. Ah! Fazemos parte de um grupo de dança. Dançamos na
quadrilha da cidade todos os anos e estamos sempre juntos. Acredito que a
amizade que temos uns com os outros é nobre, pois há muito diálogo entre
nós e procuramos agir sempre com sinceridade uns com os outros.
Capitulo 2
O aniversário
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- Está próximo do aniversário de Bia. Será no próximo sábado dia 20 de
março. Ela vai completar 15 anos. Sei que vive sonhando em poder visitar
outros lugares, outras cidades, conhecer outras pessoas, viajar sempre foi
seu sonho. Eu sei que ela gostaria de pelo menos poder atravessar a imensa
ponte da cidade onde moramos e desbravar locais desconhecidos. Esse não é
mais seu segredo, pois ela, com certeza, conta para os seus amigos. Vive
sempre sonhando acordada, tem diversos hábitos: gosta muito de ir aos
recantos da cidade procurar por pedras coloridas e objetos diferentes nas
grutas. Ela vive admirada com as conchinhas do mar. Está sempre atrás de
novos recantos para ler, quando não está lendo ou estudando, fica brincando
apenas com seus amigos mais próximos. A leitura para ela é algo muito
especial. Viaja nos livros e conhece lugares nunca vistos. Sonha sempre
acordada em poder conhecer todos àqueles locais. Ela tem o mesmo espírito
aventureiro que eu. Vou ver se encontro algo especial para lhe dar neste dia.
Eu a amo demais. Não sei o que seria de mim sem ela. Ela é uma boa filha.
- Olhe Marcos acho melhor você economizar para a formatura dela. - Está
perto de ela concluir o Ensino Médio. Não vá mexer na poupança. Diz Fátima
sua esposa.
- Eu sei Fátima, mas não custa fazermos uma surpresa simples pra ela. Chamaremos apenas os amigos mais próximos e faremos uma reunião
familiar ou um jantarzinho com eles. - Você se lembra de quando nos
conhecemos? Foi no aniversário de Simone no dia 23 de junho, véspera de
um São João. Era uma festa típica. Tinha bolo de milho, canjica, pamonha,
milho cozido, milho assado, pé de moleque. Havia uma fogueira imensa e
enfeites por todo lado. Balões multicoloridos decorando toda a rua e
bandeirinhas também. Puxa até parece que foi ontem... Você estava lá tão
linda. Sentada numa barraquinha vestida com traje típico junino. Ainda me
lembro era um vestido todo estampado azul com babados brancos. Seu
cabelo estava preso com uma trança imensa. Você ainda tinha aquele
cabelão. Seus cabelos impressionavam qualquer pessoa. Eram longos,
sedosos e muito brilhantes como os de Bia. Lembro-me que pedi pra você
dançar comigo e foi aí que tive a certeza que seria você quem eu realmente
queria pra ter como esposa pelo resto de minha vida. Foi amor a primeira
vista.
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A mulher entretida lavando os pratos sujos do almoço não responde.
Depois suspira como se tivesse se lembrando daquele dia especial.
- Claro que me recordo. - Você também é muito sonhador como Bia, por isso
me apaixonei por você: um homem bonitão, simples, muito romântico, cheio
de virtudes, além de ser humilde e trabalhador. Você sabe que Bia o admira
demais, pois é extremamente dedicado à família. Como Bia é sua única filha,
você sempre quis lhe dar de tudo. Mimou a menina demais. Contudo, pra
fazer-lhe uma surpresa nos seus quinze anos não acho que será uma boa
ideia. Prefiro que chame apenas seus coleguinhas e faça algo simples sem
exageros. - Sei que será difícil fazer algo escondido de Aninha, pois ela
poderá descobrir tudo. Justo ela que sempre foi uma menina muito esperta
e curiosa como você!
- Está decidido vou falar com os amigos de Bia ainda hoje. Irei comprar um
presente inesquecível. Espero conseguir encontrar um anel, uma jóia
diferente ou coisa parecida para lhe dar de presente, mas não quero que
seja um anel qualquer. Estava pensando em algo incomum e especial, que a
faça se sentir bem e que se lembre de seus pais sempre.
- E eu vou fazer o que sempre faço. - Uma boa comidinha caseira. Como
todos adoram minhas massas. Será lasanha o prato principal. É isso que vou
fazer. Vou preparar-lhe também um bolo de chocolate bem gostoso, com
doces variados, salgados e tudo mais. Minhas funcionárias virão me ajudar.
Marcos então procurou os amigos de Bia e lhes contou o que
realmente queria pra presentear a filha. Falou-lhes também da intenção de
fazer uma festinha surpresa para Bia, pois sabia que iria gostar.
- Pode contar comigo, disse Yvo com os olhos arregalados e brilhantes de
tanta felicidade. Entretanto, não há muita variedade no comércio de
Brasópolis. Onde o senhor acha que conseguiria esse anel tão bonito,
incomum e especial? Só se for para outra cidade.
- Olhe disse Isa, se o senhor quiser procurar no antiquário de meu avô. Ele
tem muitos objetos e peças antigas. É provável que tenha algo especial e
diferente como o senhor deseja. Eu já vi muitas pessoas fazendo trocas e
vendendo muitas jóias no antiquário dele.
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- Ah! Eu quero sim. Você me leva lá e juntos escolheremos, certo? Podemos
ir agora mesmo, pois está quase na hora de Bia voltar do conservatório. Ela
foi ao ensaio da orquestra e voltará daqui à uma hora. Devemos nos
apressar! Estou ansioso pra resolver logo isso, não quero que a surpresa seja
descoberta. Vamos?
Todos se dirigiram para o antiquário. Foram a pé mesmo, pois era bem
próximo. Ele ficava há dois quarteirões de sua casa. Era um prédio verde
claro de dois andares em forma de castelo. Ficava na entrada da cidade. Era
um local agradável e bem arrumadinho. O dono seu Alberto disse que o
“Castelinho do Tempo”, nome do antiquário, era um local onde ele poderia
ficar e esquecer-se da vida rotineira e monótona que tinha antigamente no
emprego público. O antiquário tinha de tudo. O piso todo era de mosaico
bege. Seu Alberto mesmo construiu o antiquário com ajuda de alguns
profissionais da cidade, mas tudo ficou como ele esperava. Decorou como
queria também. Só com móveis bem rústicos e antigos. Ficou bem acolhedor
o ambiente tanto para quem vai comprar e para quem quer vender também. É
um espaço muito excêntrico. Dois andares cheios de antiguidades esquisitas
e tudo meticulosamente em seus devidos lugares, porque ele era exigente e
organizado.
Isa, sua neta foi logo perguntando para o avô se havia algo diferente
e especial pra presentear a amiga Bia. O pai de Bia disse o que procurava e
da expectativa de resolver logo a compra pra poder voltar pra casa antes
que a filha chegasse do ensaio. O avô então mostrou algumas caixinhas de
música muito antigas e delicadas. Disse que seria um presente muito bom e
delicado pra uma menina que iria completar quinze anos. Seu Marcos disse
que queria algo diferente. Um objeto de uso pessoal. Algo que ela pudesse
usar. Gostaria mesmo de lhe dar um colar ou um anel. Uma coisa que a
fizesse se lembrar sempre dessa data.
- Já sei! Falou o seu Alberto. Tenho aqui na loja algumas jóias. Um colar de
pérolas. Uma pulseira de prata. Há também um anel que o senhor pode
gostar. Não me lembro como chegou aqui, afinal são tantas as coisas que
vendo e troco. Só sei que se trata de uma raridade. Nunca foi posto a venda.
Eu também não sei ao certo quem o usou, mas faz um bom tempo que tenho
esse artigo. Não apareceu ninguém que se interessasse por ele até porque
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eu me ocupei com outras coisas. Findei me esquecendo que tinha esse objeto
tão raro no meio de tantos outros lá nos fundos da loja.
Seu Alberto tirou uma chave escondida de dentro de uma cabeça
velha de alce empalhada. Pegou a chave, entrou em uma pequena sala e saiu
segurando um pequeno baú de madeira nas mãos ainda firmes, mas já
marcadas com manchas senis pela idade. O baú era pequenino e
caprichosamente todo trabalhado com entalhes em relevo e desenhos
geométricos vermelho, amarelo e azul. Só o baú por si só já chamava muita
atenção. Cuidadosamente ele abriu o misterioso e entalhado bauzinho que
lhe revelou o que havia ali dentro. Um lindo anel de tamanho médio que
certamente daria no dedo da filha. Estava envolto em um tecido fininho
azulado. Todos que estavam presenciando a cena acharam o anel muito
bonito. Era de ouro com uma pedra azul. Seu Alberto disse que havia
também uma espécie de folheto que estava dobrado embaixo do anel. Ele
falou que não sabia o que significava, pois não entendia a língua na qual
estava escrito o folheto. Como sempre tivera ocupado viajando e
organizando a lojinha nunca se preocupou em saber o verdadeiro significado
daquelas frases. Isa quis experimentar o anel, mas seu Alberto não
permitiu. Seu Marcos logo arregalou os olhos. Ficou impressionado.
Perguntou para seu Alberto que pedra era e ele lhe falou que se tratava de
uma turmalina azul. Mais rara e mais cara do que a maioria dos diamantes, a
pedra está entre as dez gemas mais caras do mundo. Hoje cada quilate
chega a valer US$ 50 mil. Falou que a pedra estimula o bom funcionamento
dos pulmões, revigora a laringe e tireóide e ajuda a combater a insônia,
ajudando a liberar o stress e ativar o sono. Deixando-o mais calmo e
tranquilo. Esse tipo de turmalina só foi encontrado no interior de um estado
nordestino aqui mesmo do Brasil (a Paraíba). Daí a origem do nome turmalina
Paraíba.
- Ah! Vejo que o senhor está muito bem informado. O senhor entende
mesmo de pedras raras. Ele realmente é muito bonito. Não. Ele é
encantador. Se pudesse levaria esse anel, mas, infelizmente não tenho
condições para comprá-lo. Está além das minhas possibilidades. Vou escolher
outra coisa. Prefiro não mexer na poupança.
- De jeito nenhum disse Seu Alberto arregalando os olhos azuis! Vi que o
senhor se agradou muito desse anel. O preço não interessa. Depois que o
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senhor se agrada de uma coisa, é difícil encontrar outra que a substitua.
Nós não escolhemos o presente. Ele é que nos escolhe.
Realmente Marcos fora atraído pela linda cor azul do anel e achou que
a filha adoraria recebê-lo. Alberto lhe disse que seria um presente, já que
admirava muito sua filha por ser muito bonita, estudiosa, simpática e gentil.
- Aninha é como uma irmã pra minha neta Isa e é também admirada pelo meu
neto Yvo. Sorri e lhe pede para não comentar nada com ela. Mas acho que
ele gosta muito de sua filha e de um modo diferente. Aceite esta lembrança
é de coração que estamos lhe dando.
Marcos agradeceu e orgulhoso como é insistiu mais uma vez para
pagar o anel. Era sempre assim. Não tinha jeito.
- Não aceito! Quero que sua filha seja muito feliz com ele. Desejo também
que tenha muita saúde e paz. Só quero que ela continue assim. Cheia de bons
sentimentos. Sempre meiga e gentil com todos.
- O senhor está convidado também para o jantar de aniversário dela. Leve
todos de sua casa. Será um prazer tê-lo. Bia vai adorar a surpresa. Nossa
família é pequena, mas sempre fomos muito unidos.
- Com certeza que irei. Pode nos aguardar.
Bia chegou da aula cansada. Guardou sua flauta no cantinho de sempre
e logo foi tomar banho. Enquanto estava no chuveiro os familiares e amigos
já estavam todos em sua casa escondidos no quintal próximo à piscina.
Esperavam pela expectativa dela abrir a porta a qualquer momento. Era um
hábito que ela tinha pra falar com os pais e então...
S u r p r e s a!!!!
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11
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PARABÉNS PRA VOCÊ NESTA
DATA QUERIDA
MUITAS FELICIDADES
MUITOS ANOS DE VIDA
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Seu pai entra sorrindo trazendo o famoso bolo de chocolate com as
quinze velinhas brancas e começa a fazer um breve discurso:
- Filha palavras não são o bastante para descrever o que sinto por você.
Agradeço a Deus por ter me dado uma menina saudável, compreensiva,
inteligente e carinhosa. O amor que sinto por você só pode ser descrito com
gestos e atitudes, pois não há palavras no mundo que possam expressá-lo.
Você que sempre foi uma ótima aluna, uma maravilhosa amiga, sempre gentil
e sonhadora, que gosta de tocar, ler e ajudar ao próximo. Querida, todos
aqui te adoram e temos muito orgulho de você. Aqui tem uma lembrança. Um
presente em nome da sua família, amigos e especialmente de Alberto - avô
de Isa e Yvo que tanto te estima.
Bia se debruça no ombro do pai abraçando-o e chorando. Os
convidados se emocionam também, enquanto Yvo fotografa todos os
momentos.
- Obrigada papai, acho até que vou chorar! Puxa... Nunca imaginei que vocês
fariam isso comigo? Como conseguiram fazer essa surpresa tão maravilhosa
sem que eu desconfiasse de nada?
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Rapidamente rasgou o embrulho que estava cuidadosamente
arrematado por um laço branco e logo viu um pequeno e dourado baú. Abriu
cuidadosamente com os olhos marejados e se deparou com um lindo anel de
pedra azul. Curiosa como é, não perdeu tempo em ver os detalhes do
delicado anel e o cartão que o acompanhava. Disse logo que procuraria saber
o significado daquelas frases que estava em uma língua totalmente
desconhecida de todos. Colocou-o no dedo anelar e viu que se ajustou
perfeitamente. Sorriu estonteante e se abraçaram. Agradeceu pelo
presente. Que pedra é esta papai?
- Vovô nos falou que era uma turmalina azul. Isa se antecipa. Todos nós
achamos lindo.
- Gostaria que aceitasse esse presente também. Disse Isa carinhosamente.
Procurei um que pudesse lhe interessar, pois sei que você já tem muitos
livros e que adora ler. Confesso que precisei pedir ajuda a sua mãe pra
encontrar um que você ainda não tivesse. Achei que seria um bom presente
para você. É um campeão de vendas.
- Yvo se aproxima de Ana cerimoniosamente e diz que o presente dele é pra
ser aberto depois que todos forem embora. Que gostaria muito de manter
segredo de todos?
Entrega a Ana uma caixinha embrulhada num papel vermelho e um laço
branco.
- Afinal Yvo. Interrompe Isa. Você não vai dizer o que há aí nesse pequeno
embrulhinho? Está guardando segredos até de sua irmã?
Yvo nada fala, só sorri.
- Aninha minha amiga sei que gosta muito de assistir filmes. Esse aqui é
especialmente pra você que gosta das estórias de Aladim e a Lâmpada
Maravilhosa. É impossível você não se emocionar com esse filme! Falaram-me
que é muito bom.
Gabi se abraça calorosamente com Ana e agradece por ser sua amiga
preferida.
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Ellen também presenteia a amiga. Um álbum de fotografias. Sua mãe
sorri entusiasmada com a animação de todos na festa e pede para que a
filha toque algo para os convidados, enquanto eles estão sendo servidos.
Ana agradeceu a todos e fez uma breve apresentação com sua flauta
transversa. Tocou na flauta uma peça chamada “Ária para a corda sol” de
Bach; seu compositor preferido; apresentou também “Berceuse” – uma
canção de ninar de Brahms. Depois as meninas fizeram uma apresentação de
dança para os convidados. Ensaiaram algumas músicas de forró em duplas,
pois haveria uma disputa no dia da apresentação das quadrilhas do município.
Terminaram assistindo um filme que Aninha ganhou sobre as “Mil e Uma
Noites”.
Tudo transcorreu melhor do que seu pai queria: uma festinha simples,
aconchegante e divertida. Após a saída de todos Bia resolveu abrir o
presente de Yvo. Era um pingente em formato oval com a foto dele. Havia
uma mensagem também num cartão: “Todas as lindas flores e os suculentos
frutos do futuro dependem das sementes plantadas hoje”.
FELIZ ANIVERSÁRIO!
Deseja o amigo de sempre
YVO
Capítulo 3
Meu cachorro Bidu
Eu tenho um belo animal de estimação. É um cãozinho lindo,
inteligente e especial da raça pinscher, que em alemão, significa mordedor,
ele é muito pequeno e quando chegou aqui agia de forma brava com meus
amigos. Imagine só se fossem inimigos, intrusos ou pequenos animais. Eu
coloquei logo seu nome. Vai se chamar Bidu. E assim foi. Bidu logo foi
ganhando muitos apelidos (Caititu, Caitituzito, Biduzito, Biduziê, Porquinho
do Mato e Munitizzi). O pinscher é uma raça de cachorro de pequeno porte,
um pouco arisco, conhecido também por sua valentia e coragem. É como se
ele não tivesse noção do próprio tamanho. Pode enfrentar inimigos muito
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maiores que ele sem sequer se intimidar por um momento. É considerada a
menor raça de cão de guarda do mundo. Diria até que é um excelente
guarda. É um guarda de alarme. Isso Bidu era mesmo! Assusta todos!
Ninguém passava por perto dele sem ouvir seu estridente e alto latido.
Muito esperto e dorminhoco ele é meu amigo mais fiel. Sempre leal apesar
de ser um pouco teimoso, mas com certeza, muito bravo. Eu aprendi a
conviver com ele. Dorme sempre em sua caminha almofadada ao meu lado.
Está comigo sempre e passa o dia inteiro me seguindo pela casa. Vive
grudadinho comigo como carrapato. Ele é muito inteligente. Para mim Bidu é
uma pessoa e não um cachorro. Ainda me lembro de quando Bidu chegou aqui
em minha casa. Meu pai presenteou-me quando fiz 12 anos. Pequenino e
marronzinho, cor de mel. Na realidade ele é caramelo. Papai já o trouxe com
a cauda cortada e as orelhas ainda grandes como as de um morcego. Chegou
dentro de uma caixinha de sapatos todo enroladinho numa toalha de banho
azul, ainda se tremendo com muito medo. Aos poucos Bidu foi se tornando o
dono do território e hoje já conquistou a família inteira, os amigos e a
vizinhança também. Todos perguntam por Bidu sempre que passam na frente
de nossa casa. Hoje Bidu já está mais civilizado, late bem menos, toma
banho de sol sempre pela manhã no jardim e já não late tanto quanto latia,
pois conhece todos os familiares e meus amigos também. Procuro sair
sempre com ele para que ele se torne um cachorro menos arisco. Passeio
todos os dias com ele pela praçinha que fica bem em frente de nossa casa
dou uma volta na Rua Grande e retornamos depois de uma hora. Bidu chega a
casa tão feliz, ofegante, com a língua de fora e alegre de tanto correr pelas
ruas e calçadas. Parece gente. Ele sempre pede para passear. Fica
sentadinho e de pé também. Permanece ali implorando com o olhar e os
gemidos. Quando percebe que ninguém o atende dá latidos finos e fica
gemendo sem parar. Pega a coleira onde quer que ela se encontre e com a
boca traz para perto de alguém que possa sair com ele. Faz gestos com o
focinho e com o olhar que dá a entender que ele quer e precisa sair de casa.
Acho que é por isso que dizem que o verdadeiro amigo do homem é
realmente o cão! Disso eu não duvido.
Capítulo 4
15
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