Formandos se frustram com colação anulada PÁGINA 4 terça Professores de VG mantêm paralisação [email protected] PÁGINA 3 A GAZETA - 1B CUIABÁ, 26 DE FEVEREIRO DE 2013 CRISE NO OAB aconselha servidores a solicitar MT SAÚDE o reembolso de consultas privadas Usuários podem pedir devolução AMANDA ALVES DA REDAÇÃO A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB) orienta os usuários do MT Saúde a ingressarem com processo contra o Estado para ressarcimento de valores gastos em outros planos. A recomendação é direcionada a pacientes que estão sendo obrigados a pagar por assistência médica privada mesmo permanecendo vinculado ao plano estadual. A entidade defende que inicialmente as ações sejam administrativas, mas vê como possível o início da ‘judicialização do MT Saúde’, como ocorre hoje com o Sistema Único de Saúde (SUS). Iniciativa dos processos parte da Comissão de Saúde da OAB. O presidente Fábio Capilé aponta que os sindicatos de cada categoria de servidores públicos estaduais têm o poder de intermediar as ações administrativas por meio da Secretaria de Estado de Administração (SAD). Os valores a serem requeridos irão variar conforme o procedimento que o conveniado precisou pagar na rede privada. Uma consulta com espealistas custa em média R$ 250. Diante das queixas de falta de atendimento pelo plano privado estadual, o direito dos usuários está ameaçado. Do outro lado do balcão os prestadores de serviços também se negam a atender devido aos atrasos das dívidas contraídas pelo governo. “Tem médico que não quer mais atender, porque os valores são pequenos e tem atrasos. (O plano) perdeu a credibilidade e gerou todo o problema”. O impasse entre prestadores, profissionais, usuários e governo levou à situação atual, que segundo Fábio deve ser solucionado de início administrativamente. Posteriormentem diante da negativa, os conveniados devem procu- rar a Justiça. O advogado lembra que os prazos legais são 4 vezes maior para o Estado, tornando o processo lento, mas pode ser reduzido nos casos de emergência. Procedimento com este caráter deve ter prioridade e ser tratados pelos usuários com atenção. Casos de cirurgias e exames de alta complexidade não encontrados no MT Saúde e pagos de forma privada devem ser ressarcidos. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Pública de Mato Grosso (Sinterp) Gilmar Brunetto afirma que os servidores lesados já têm procurado meios individuais de ressarcimento e garantia de atendimento. Mas o valor devolvido ao usuário por uma consulta, por exemplo, é de R$ 50. A tabela praticada no MT Saúde é diferente dos investimentos feitos pelos conveniados na rede privada. Uma ação movida pelo Sinterp para garantia de atendimento em todo Estado passou a valer desde a última. Sob pena de multa diária de R$ 20 mil, o Estado foi acionado judicialmente. Para Gilmar, a ação coletiva é a que tem mais poder. O entendimento é acompanhado pelo secretário de finanças do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep) Orlando Francisco. Representando a maior fatia dos usuários do MT Saúde, cerca de 2 mil titulares, ele afirma que os sindicatos não têm estrutura jurídica para atender caso a caso. Desde 2012 os servidores são orientados a buscarem individualmente os direitos envolvendo ressarcimento e desligamento do plano. Orlando afirma que de forma coletiva o Ministério Público Estadual (MPE) deve pressionar pela normalização dos serviços. MT Saúde tem cerca de 12 mil titulares e 20 mil outros usuários dependentes Otmar de Oliveira/Arquivo Pacientes que não encontram atendimento nas unidades tentam expor o problema à administração SITUAÇÃO PRECÁRIA MÉDICOS/ATENDIMENTO Pagar consulta é única alternativa DA REDAÇÃO Situação do Estado é menos preocupante do que a do país Otmar de Oliveira MT tem déficit de especialistas AMANDA ALVES DA REDAÇÃO Quatro entre 10 médicos em atuação no Estado não têm especialidade. O déficit de Mato Grosso é menor que a média nacional, segundo o estudo do Conselho Federal de Medicina (CFM), que aponta 46% da categoria sem titulação específica. Além da qualidade da assistência médica preocupa a concentração dos especialistas na Capital em detrimento dos municípios do interior. Neurocirurgia e dermatologia são áreas, por exemplo, que contam com poucos profissionais no Estado. Dos 3.919 médicos de Mato Grosso 60% possuem especialidade. O restante é generalista, médicos que realizaram residência em clínica geral. No topo do ranking brasileiro o Rio Grande do Sul é o que mais possui espe- cialistas, representando 66%, seguido do Distrito Federal (66%), Espírito Santo (65%) e Santa Catarina (64%). Na outra ponta os estados que possuem maior déficit em especialidade são estados nordestinos. O Maranhão conta com apenas 37% da categoria especializada em alguma área, depois seguem o Rio Grande do Norte (40%) e Pernambuco (41%). Para a presidente do Conselho Regional de Medicina em Mato Grosso (CRM), Dalva Alves das Neves, a situação é confortável no panorama brasileiro. Mas, preocupante quando se considera o vínculo dos profissionais com titulação na rede pública de saúde e a distribuição dos especialistas. A população de cidades distantes no interior são as mais prejudicadas. As áreas mais carentes estão em neurocirurgia, dermato- logia, endocrinologia e pneumologia. Segundo Dalva a pediatria, ginecologia e obstetrícia têm números regulares de profissionais para atendimento da demanda no Estado, porém os obstáculos comprometem o acesso dos usuários. Encontrar pediatras na Capital para compor o quadro em unidades de saúde municipais, por exemplo, tem sido uma dificuldade alegada pelo governo. A presidente do CRM considera que o salário impede a permanência dos especialistas. O abismo entre a estrutura particular e pública, além dos rendimentos, contribuem para a má distribuição mesmo em Cuiabá e Várzea Grande, as 2 maiores cidades do Estado. Com objetivo de sanar o problema, o CFM defende mais oportunidades de residências aos egressos do curso de medicina. A oferta deve ser compatível à demanda reprimida por serviços. Para requisitar o retorno dos valores pagos por procedimentos médicos na rede privada, os usuários devem ter em mãos a nota fiscal do prestador de serviço. Até o momento a Defensoria Pública atende 1 caso de pedido de um conveniado. A maioria das ações é referente à regularização do atendimento. Com esta demanda tramitam 141 procedimentos no órgão. Entre os usuários a insatisfação é grande. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Pública de Mato Grosso (Sinterp) todo interior está descoberto pelos servi- ços. Na Capital a professora aposentada Josimari Cordeiro da Silva, 59, espera ter novamente o plano que pagou durante toda a carreira de prestação de serviço ao governo estadual. O marido Gonçalo Martins da Silva, 62, é o maior dependente da assistência médica na família. Diabético e em tratamento renal, Gonçalo precisa pagar por consulta com cardiologista na rede privada. A médica que sempre lhe atendeu nos últimos anos se descredenciou no MT Saúde por não receber os pagamento do governo estadual. Além dos quase R$ 600 descontados do salário da aposentada, a família paga R$ 120 por consulta com a especialista. g Outro lado - Assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Administração (SAD) afirma não ter deferido processos administrativos referente à requisição de devolução de valores pagos por usuários em rede privada de saúde. Em relação a processos judiciais a pasta não foi notificada sobre a existência de casos. A pasta lista 5 hospitais conveniados que prestam serviços aos usuários do MT Saúde: Santa Rosa, Só Trauma, Jardim Cuiabá, Olhos e Santa Rita. A SAD considera que o descredenciamento de profissionais pode levar à recusa de pacientes para a consulta com os médicos credenciados. (AA) Otmar de Oliveira Gonçalo Martins, que sofre de problemas renais, é obrigado a pagar consultas com cardiologista