III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS “As mulheres” na filmografia de Sofia Coppola: o irrepresentável no cinema contemporâneo Carolina Díaz Contreras, Cristiane Freitas Gutfreind (orientador) Programa PPGCOM, Faculdade de Comunicação Social, PUCRS, Resumo Este trabalho examina os três filmes de longa-metragem dirigidos por Sofia Coppola: The virgens suicides (1999), Lost in translation (2003) e Maria Antoniette (2006), sempre protagonizados por uma mulher. Nosso propósito é pensar essas personagens em dialogo com a dificuldade de dizer quem é “a mulher hoje”, questionando temáticas de gênero, assim como a rigidez dos esquemas culturais da identidade sexual (Butler). Coppola nos permite refletir sobre o irrepresentável no cinema (Deleuze, Ranciêre), a través de personagens enigmáticas e insondáveis e a idéia de que não é possível chegar na profundidade psicológica delas. As protagonistas desses filmes estão unidas pela depressão, angustia e condição de estrangeira, que não são mais que sintomas das sociedades contemporâneas e mostra da incerteza do sujeito atual. Introdução As personagens femininas nos filmes de Sofia Coppola transparecem marcas notoriamente diferenciais enquanto estereótipos e representações da mulher no cinema contemporâneo norte-americano. Deixando de fora a crítica cinematográfica, que poderia avaliar aquelas obras, sua filmografia pode ser considerada interessante pelo fato de apresentar mulheres depressivas em uma idade precoce. Este fato que não aparece com recorrência no cinema norte-americano permite refletir e estudar quem é essa mulher dos filmes, que rasgos a identificam? É a mesma personagem que passeia por épocas diferentes, III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 em séculos diferentes, mas, que guarda similares rasgos de personalidade? É contemporânea? É atemporal? Atualmente, nenhuma outra diretora jovem tem tanta influência em Hollywood e o fato de ela e seus filmes serem “populares” a convertem num objeto interessante para estudos sobre um imaginário fílmico. É interessante, então, considerar até que ponto a visão autoral de uma cineasta pode penetrar, através de suas histórias e personagens, na profundidade psicológica e nas circunstâncias dramáticas que desvelam aspectos da condição da mulher nas sociedades contemporâneas. Baseando-se na idéia de Gilles Deleuze que formula que o pensamento moderno nasce do fracasso da representação, da perda das identidades e que aquelas identidades são simuladas, produzidas por um efeito ótico, por um jogo mais profundo que é da diferença e da repetição, se tenta pensar a diferença em se mesma, justamente como Deleuze o formulou: como a relação entre o diferente e o diferente, prescindindo das formas de representação que as encalçam para o “Mesmo” e as fazem passar por o negativo. Se a performance do gênero se baseia na repetição, essa repetição é ao mesmo tempo a re-presentação e a re-experimentação de uma série de significados que já foram socialmente estabelecidos e é a forma mundana e ritual de sua legitimação. Agora, se é impossível falar de um sexo, um gênero e uma sexualidade que fuja das relações discursivas que os configuram, é dizer, situar-se fora do discurso, que possibilidades há de intervir, subverter ou modificar os termos nos que esse mesmo discurso constrói a identidade gênero? Como redefinir uma identidade de gênero que seja uma mera repetição dos estereótipos dominantes? Metodologia A través da análise filmica (Aumont, Marie), e o trabalho de visualização, compreensão e interpretação da imagem, se estudam fatores técnicos como iluminação, som, plano, montagem, e, fatores argumentais como narrativa, personagens e posição do espectador. Esta metodologia não é uma fórmula específica de trabalho, e subjetiva e vai depender do filme em questão e como é abordado pelo analista. Resultados Pesquisa em andamento III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 Conclusões Pesquisa em andamento Referências AUMONT, Jacques y otros. Estética del cine. Barcelona: Paidós, l989. AUMONT, Jacques y Michael MARIE. Análisis del film. Barcelona: Paidós, 1990. AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas: Papirus, 2002. BUTLER, Judith. El género en disputa. Barcelona: Paidós, 2001 BAUDRILLARD, Jean. Simulacres et simulation. Paris: Galilée, 1981. CASTORIADIS, Cornelius. La institución imaginaria de la sociedad. Buenos Aires: Tusquets, 1993. DELEUZE, Gilles. Diferença e repetiçao. Portugal: Relógio D’ Água, 2000. FREUD, Sigmund. Obras completas. Tomo VI. Madrid: Biblioteca Nueva, 1972. KHUN, Annette. Cine de mujeres: Feminismo y cine. Madrid, Cátedra, 1991. KRISTEVA, Julia. Estranjeros para nosostros mismos. Barcelona: Plaza y Janés, 1991. 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