O Livro de Levítico ESTUDO DE LEVÍTICO Nº01 INTRODUÇÃO O povo de Israel, prestes a se transformar em uma nação, era o povo escolhido por Deus no Antigo Testamento. Deus escolhera este povo sem nenhum tipo de critério ou merecimento e os libertara da escravidão do Egito para os encaminhar para a terra que prometera aos seus antepassados. Esta terra seria o local onde o povo escolhido deveria servir de testemunho para outras nações (Gn. 12:3), e não o deserto. Portanto, este povo, formado por ex escravos, precisava, além da terra prometida, de uma lei, um código de conduta, pois nesta terra eles teriam contato com as práticas de povos pagãos. O livro de Levítico contém este código para o povo da aliança, pois reflete a vida santa que este povo deveria ter por causa desta aliança (Lev. 20:26), confrontando estas práticas pagãs com a maneira correta de adorar ao único Deus. O livro do Êxodo descreve a revelação e a construção do lugar de adoração do povo da aliança, o Tabernáculo (Ex. 25 – 31); o livro de Levítico descreve os detalhes da forma de adoração que este povo deveria prestar a DEUS no tabernáculo. O nome Levítico vem do grego, e significa “o que é relativo aos levitas”. O nome hebraico do livro é “E chamou”, tirado das primeiras palavras do primeiro versículo. Moisés não é mencionado como autor humano no livro, porém seu nome aparece mais de 25 vezes, quase em todos os capítulos na expressão “O Senhor disse a Moisés”, exceto 2, 3, 9, 10 e 26, o que leva judeus e cristãos tradicionais a atribuir a autoria do livro a Moisés. CONTEXTO CULTURAL Não eram apenas os hebreus que tinham um sistema religioso composto de sacrifícios e sacerdotes no antigo Oriente Médio. Povos egípcios e cananeus realizavam holocaustos, ofertas de comunhão, tinham lugar próprio de adoração das divindades e demais rituais semelhantes aos israelitas. Porém, algumas diferenças mantinham o povo de Israel distinto do sistema religioso de outros povos, tais como: A revelação direta da palavra divina A manifestação visível de Deus A compreensão do pecado humano e suas consequências A natureza ética do culto a Javé comparado com o culto da fertilidade de outros povos O caráter santo e justo de Javé em contraste com os deuses “humanizados” dos pagãos A proibição de sacrifícios humanos ESTRUTURA DE LEVÍTICO O livro de Levítico deve ser lido como uma continuação dos capítulos 25 a 40 de Êxodo, pois a primeira expressão do livro “e chamou o Senhor a Moisés” sugere esta estrutura, que na realidade vai até o livro de Números 10:10, narrando o primeiro ano do nascimento da nação de Israel. As leis são discursos que Deus ordenou a Moisés, para que ele transmitisse ao povo. Estas leis eram para todo povo, pois tratava sobre os procedimentos de culto, festas solenes, instruções para os sacrifícios e diretrizes gerais para que a vida religiosa não fosse desassociada da vida civil. O quadro abaixo mostra as divisões principais do livro: I- Regulamentos para oferecimento de sacrifícios 1- 7:38 II- Descrições da ordenação de Arão e seus filhos e os primeiros sacrifícios no Tabernáculo 8:1 – 10:20 III- Leis regulamentando a pureza ritual 11:1 – 15:32 IV- Liturgia e calendário para o Dia da Expiação . 6:1-34 V- Leis com exortações à vida santa 17:1- 26:46 VI- Leis sobre dízimos e ofertas 27:1-34 1 Estudo do Livro de LEVÍTICO Pr. Honório Portes Jr. www.segundaipudi.org.br O Livro de Levítico PROPÓSITO E CONTÉUDO A palavra chave do livro é santidade e esta palavra em várias formas é falada muitas vezes; santificar, santíssimo, santo, santuário, limpo e santidade. O propósito do livro de Levítico é expresso pela ordem dada no capítulo 11 versos 44 e 45 e19:2: “…consagrem-se, sejam santos porque eu sou santo…”, santos sereis, porque eu, o senhor vosso Deus, sou santo ‘’uma vez que o povo de Israel fora chamado para cumprir uma missão (ser benção a todas as famílias da terra), por causa do ato redentor de Deus ao executar o Êxodo dos descendentes de Jacó do Egito (Lv. 22:32-33). Portanto, Levítico é um manual de santidade pelo qual o povo escolhido, o futuro reino de sacerdotes e nação santa (Ex. 19:6), deveria adorar a Deus para usufruir as bênçãos prometidas (Lv. 26:1-13). Podemos ver uma grande verdade neste tema; temos que pregar tanto a expiação pelo sangue de Cristo quanto a vida de santidade baseada na expiação feita pelo sangue de Cristo. O salvo tem que saber como andar com Deus na comunhão. DOIS GRANDES TEMAS Santidade Com base na lei levítica, todas as coisas eram divididas em sagrada e comum. O comum poderia ser dividido em puro e impuro. O puro tornava-se sagrado mediante a santificação e o impuro pela contaminação. O sagrado poderia ser profanado a tornava-se comum, ou mesmo impuro. O que era impuro poderia ser purificado e posteriormente consagrado para tornar-se sagrado. O apóstolo Paulo recorreu a estes conceitos quando escreveu que todos os seres humanos são impuros por consequência do pecado de Adão (Rom. 5:6-14). Mas o sacrifício redentor de Jesus purifica e santifica o pecador (1 Cor. 6:9-11). SACRIFÍCIO Embora os sistemas sacrificiais entre os povos antigos tivessem a idéia de aplacar a ira dos deuses, o sistema dos hebreus era diferente, pois era revelado divinamente. Além disso, o sistema sacrificial dos hebreus apontava para a uma ética pessoal e comunitária elevada, e também para uma vida de santidade. De acordo com Levítico 17:11, a vida está no sangue, portanto o sangue no altar simbolizava a purificação da presença de Deus (Hebreus. 9:21-22). O propósito era preservar a santidade da presença de Deus no meio do povo. A descontaminação realizada por meio do sacrifício de sangue tornava o ofertante puro e permitia a reconciliação com Deus. Os sacrifícios de animais não eram realizados para a salvação dos pecados das pessoas, mas preservavam a santidade da presença de Deus no meio do povo e permitiam um relacionamento saudável entre Deus e o povo, pois o ritual era simbólico que revelava a atitude interna do ofertante. O propósito dos sacrifícios era também adorar a Deus pela sua presença entre o povo da aliança, e representava a santidade de Deus em contraste com o pecado humano. O ritual do sacrifício é a base do entendimento da obra redentora de Jesus, tendo sido reconhecido como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29-34). Em outros trechos, a morte de Jesus foi entendida como o sacrifício oferecido de uma vez por todas pelos pecados da humanidade (Rom. 5:6-11; Hebreus. 10:10-12). O livro de Hebreus traz uma comparação entre o Dia da Expiação com a morte de Jesus (Lev. 16 <-> Hebreus. 9-10). Um destaque importante é que todos os sacrifícios de expiação mencionados em Levítico são para pecados cometidos “sem intenção”, pois não havia qualquer sacrifício específico para pecados premeditados ou rebelião maliciosa. O esboço do livro. I. A Base da Comunhão - Sacrifício. 1-17. 2. O Andar da Comunhão - Separação. 18-27. A Primeira Divisão do Livro - Levítico. 1-17 -A Base de Comunhão - Sacrifício. A primeira divisão de Levítico é dividida em quatro divisões. 1. As Ofertas. 1-7. 2. O Sacerdócio. 8-10. 3. O Povo de Deus. 11-16. 4. O Altar. 17. 1. As Ofertas. 1-7. Eram cinco ofertas ordenadas para ser feitas ao Senhor. 1. O holocausto de gado. 2. A oferta de manjares. 3. O sacrifício pacífico. 4. O sacrifício de pecado. 5. O sacrifício do pecado cometido. 2 Estudo do Livro de LEVÍTICO Pr. Honório Portes Jr. www.segundaipudi.org.br O Livro de Levítico O Holocausto de Gado. 1. É chamado também a oferta queimada e de cheiro suave ao Senhor (v. 9). Esta oferta é falada em Hb. 9:14. Esta oferta fala do sacrifício do Senhor Jesus como o Filho de Deus que se entregou ao Pai para morrer e por isso revelar o seu amor pelo seu Pai. Esta oferta mostra que o Pai gozou e deleitou-se no seu Filho que se sujeitou totalmente ao seu Pai por causa do seu amor grandíssimo, inefável e insondável pelo Pai. O amor do Filho pelo Pai causou glorificar e magnificá-lo perfeita e plenamente em tudo. O amor do Filho de Deus pelo Pai eterno e o prazer do Pai eterno no seu Filho são simbolizados nesta oferta. Como? Vamos ver: Macho sem mancha. O homem Jesus Cristo, o Filho de Deus, era perfeito na sua vida em tudo. Jesus cumpriu a vontade do seu Pai na sua vida por amor dele. Jesus fez uma vida tão perfeita e glorificadora que a Bíblia diz: "que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus". Oferta voluntária. Esta oferta foi trazida pelo povo de Deus voluntariamente. Para salvar o homem do seu pecado, era necessário para fazer uma expiação que tirasse seu pecado. Só podia ser feito por Deus mesmo, e na forma de homem. Para fazer isto era necessário para Deus se fazer carne e habitar no mundo e morrer. A única pessoa da Trindade que podia ter feito era Jesus, porque foi só ele que sempre se manifestou visivelmente desde o princípio. Então, só Jesus mesmo podia ter salvo o pecador da ira de Deus. Foi só Jesus que podia ter sido o sacrifício aceitável pelo Pai do pecado. Só Jesus o Filho Amado de Deus podia ter satisfeito as exigências justas do Pai para salvar o pecador. Para fazer isto Jesus tinha que se aniquilar a si mesmo e tomar a forma de homem. Jesus quis fazer isto pela glória e amor do seu Pai! Aleluia que o Filho nem tinha que pensar nem considerar para fazer isto, porque desde a eternidade o Filho amou o Pai perfeitamente e por isso se entregou a ele voluntariamente para ser o sacrifício pelo pecado. O amor do Filho pelo Pai é tão grande que se entregou a ele para ser o Salvador. 3. O sacerdote pôs os pedaços do sacrifício em ordem sobre a lenha que estava no fogo em cima do altar. v. 7, 8, 12. Isto quer dizer que o boi foi cortado em pedaços e os pedaços foram colocados sobre a lenha e fogo segundo os detalhes ordenados por Deus. Simboliza que todos os detalhes da morte de Cristo foram ordenados e predestinados desde a eternidade pelo Pai. Quando Jesus, o sacrifício, foi colocado na cruz (a madeira) para sofrer a ira de Deus (o fogo) tudo estava em ordem e cumprindo a vontade ordenada, predestinada e profetizada pelo Pai exatamente. 4. O sacrifício foi esfolado. Isto significa tirar a pele pelo cortar descobrindo a carne no interior. Mostra que Jesus era puro não somente no exterior, mas também no interior. Satanás tentou achar lugar no Senhor Jesus Cristo, mas não achou. Porque Jesus é perfeito por fora e por dentro. João 8:46 e 14:30. 5. Lavaram a fressura (estranhas) e as pernas do sacrifício com água. v. 9 e 13. A água fala da Palavra de Deus, a fressura do seu interior (motivos, desejos, vontade e coração) e as pernas da sua maneira de viver e andar. Jesus guardou sempre perfeitamente a Palavra de Deus no seu coração e no seu andar. João 8:29. Só Jesus pode ser o substituto pelo pecado aceitável ao Pai. 6. O sacrifício todo foi queimado no altar mostrando que Jesus se entregou ao Pai pelo amor dele e foi aceitável ao Pai em tudo, porque o cheiro subiu ao Pai e ele aceitou como um cheiro suave. Jesus Cristo, o Filho de Deus, se ofereceu ao Pai por amor dele para ser o sacrifício perfeito na cruz para sofrer a ira de Deus pelo pecador. Conclusão Por isso sejamos agradecidos, pois já recebemos um Reino que não pode ser abalado. Sejamos agradecidos e adoremos a Deus de um modo que o agrade, com respeito e temor. Porque, na verdade, o nosso Deus é um fogo destruidor. Hebreus 11:28-29 3 Estudo do Livro de LEVÍTICO Pr. Honório Portes Jr. www.segundaipudi.org.br