Nome: _________________________________________ ____________________________ N.º: __________ endereço: ______________________________________________________________ data: __________ Telefone:_________________ E-mail: _________________________________________________________ Colégio PARA QUEM CURSARÁ A 1.a SÉRIE DO ENSINO MÉDIO EM 2015 Disciplina: Prova: PoRTUGUÊs desafio nota: QUESTÃO 1 Examine o cartaz abaixo, fotografado nas manifestações populares que tomaram as ruas do país em junho deste ano. (Disponível em: <https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10151676997440682&set=a.10151322052060682.505041.556060 681&type=1&comment_id=9788877#!/photo.php?fbid=406865946094902&set=p.406865946094902&type=1& theater>) Considere as declarações seguintes. I. A sociedade não dá o devido reconhecimento ao papel docente. II. O rendimento dos alunos das escolas públicas está abaixo da média esperada. III. Os alunos atribuem o sucesso escolar à dedicação dos docentes. IV. O trabalho do docente é mal remunerado. O cartaz expressa ideias diretamente relacionadas às declarações a) I e II. b) II e III. c) III e IV. d) I e IV. e) I, II, III e IV. RESOLUÇÃO Ao desejar ao professor o salário de um deputado – tido como alto em comparação ao salário médio – e o prestígio de um jogador de futebol – uma das figuras mais admiradas e aplaudidas no cenário nacional –, o cartaz denuncia a baixa remuneração e a ausência de valorização do papel docente. Resposta: D OBJETIVO 1 PORTUGUÊS – DESAFIO – 1.a SÉRIE QUESTÃO 2 No cartaz, está subentendida a denúncia de que há, na sociedade brasileira, a) falta de professores. d) crise econômica. b) corrupção. e) crise de valores. c) impunidade. RESOLUÇÃO O cartaz dá a entender que, enquanto certos profissionais como deputados e jogadores de futebol são extremamente valorizados (pela alta remuneração e grande prestígio), o professor, que desempenha relevante função social, é pouco valorizado, tendo em vista a baixa remuneração e o pouco prestígio de que goza. Resposta: E QUESTÃO 3 Examine a tira seguinte. (Quino. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2000.) Considere as declarações seguintes. I. Tanto a tira como o cartaz dirigem sua crítica à maneira como os conteúdos são tratados no ensino formal. II. Na tira se evidencia uma crítica à abordagem de conteúdos desvinculados das vivências dos alunos. III. A tira dirige uma crítica à precária cultura geral dos professores. IV. Enquanto o cartaz reivindica melhores condições para o ensino superior, a tira sugere que deveria haver mudanças na educação infantil e no ensino fundamental. Está correto o que se afirma apenas em a) I. b) II. c) III. d) IV. e) II, III e IV. RESOLUÇÃO Ao externar seu descontentamento com as frases estereotipadas comumente utilizadas na alfabetização de crianças, pouco significativas para ela, a personagem manifesta OBJETIVO 2 PORTUGUÊS – DESAFIO – 1.a SÉRIE desejo de ler o jornal e conseguir inteirar-se de temas de seu interesse – temas esses, normalmente, não abordados na escola, tidos como de interesse exclusivo de adultos. O cartaz denuncia o baixo salário do professor e a não valorização de seu papel por parte da sociedade. Resposta: B Leia o texto seguinte com atenção para responder às questões de 4 a 15. SERÁ O BENEDITO! A primeira vez que me encontrei com Benedito, foi no dia mesmo da minha chegada na Fazenda Larga, que tirava o nome das suas enormes pastagens. O negrinho era quase só pernas, nos seus treze anos de carreiras livres pelo campo, e enquanto eu conversava com os campeiros, ficara ali, de lado, imóvel, me olhando com admiração. Achando graça nele, de repente o encarei fixamente, voltando-me para o lado em que ele se guardava do excesso de minha presença. Isso, Benedito estremeceu, ainda quis me olhar, mas não pôde aguentar a comoção. Mistura de malícia e de entusiasmo no olhar, ainda levou a mão à boca, na esperança talvez de esconder as palavras que lhe escapavam sem querer: – O home da cidade, chi!... Deu uma risada quase histérica, estalada insopitavelmente1 dos seus sonhos insatisfeitos, desatou a correr pelo caminho, macaco-aranha, num mexe-mexe aflito de pernas, seis, oito pernas, nem sei quantas, até desaparecer por detrás das mangueiras grossas do pomar. *** Nos primeiros dias Benedito fugiu de mim. Só lá pelas horas da tarde, quando eu me deixava ficar na varanda da casa-grande, gozando essa tristeza sem motivo das nossas tardes paulistas, o negrinho trepava na cerca do mangueirão que defrontava o terraço, uns trinta passos além, e ficava, só pernas, me olhando sempre, decorando os meus gestos, às vezes sorrindo para mim. Uma feita, em que eu me esforçava por prender a rédea do meu cavalo numa das argolas do mangueirão com o laço tradicional, o negrinho saiu não sei de onde, me olhou nas minhas ignorâncias de praciano,2 e não se conteve: – Mas será o Benedito! Não é assim, moço! Pegou na rédea e deu o laço com uma presteza serelepe. Depois me olhou irônico e superior. Pedi para ele me ensinar o laço, fabriquei um desajeitamento muito grande, e assim principiou uma camaradagem que durou meu mês de férias. *** OBJETIVO 3 PORTUGUÊS – DESAFIO – 1.a SÉRIE Pouco aprendi com o Benedito, embora ele fosse muito sabido das coisas rurais. O que guardei mais dele foi essa curiosa exclamação, "Será o Benedito!", com que ele arrematava todas as suas surpresas diante do que eu lhe contava da cidade. Porque o negrinho não me deixava aprender com ele, ele é que aprendia comigo todas as coisas da cidade, a cidade que era a única obsessão da sua vida. Tamanho entusiasmo, tamanho ardor ele punha em devorar meus contos, que às vezes eu me surpreendia exagerando um bocado, para não dizer que mentindo. Então eu me envergonhava de mim, voltava às mais perfeitas realidades, e metia a boca na cidade, mostrava o quanto ela era ruim e devorava os homens. "Qual, Benedito, a cidade não presta, não. E depois tem a tuberculose que..." – O que é isso?... – É uma doença, Benedito, uma doença horrível, que vai comendo o peito da gente por dentro, a gente não pode mais respirar e morre em três tempos. – Será o Benedito... E ele recuava um pouco, talvez imaginando que eu fosse a própria tuberculose que o ia matar. Mas logo se esquecia da tuberculose, só alguns minutos de mutismo e melancolia, e voltava a perguntar coisas sobre os arranha-céus, os "chauffeurs" (queria ser "chauffeur"...), os cantores de rádio (queria ser cantor de rádio...), e o presidente da República (não sei se queria ser presidente da República). Em troca disso, Benedito me mostrava os dentes do seu riso extasiado, uns dentes escandalosos, grandes e perfeitos, onde as violentas nuvens de setembro se refletiam, numa brancura sem par. Nas vésperas de minha partida, Benedito veio numa corrida e me pôs nas mãos um chumaço de papéis velhos. Eram cartões-postais usados, recortes de jornais, tudo fotografias de São Paulo e do Rio, que ele colecionava. Pela sujeira e amassado em que estavam, era fácil perceber que aquelas imagens eram a única Bíblia, a exclusiva cartilha do negrinho. Então ele me pediu que o levasse comigo para a enorme cidade. Lembrei-lhe os pais, não se amolou; lembrei-lhe as brincadeiras livres da roça, não se amolou; lembrei-lhe a tuberculose, ficou muito sério. Ele que reparasse, era forte mas magrinho e a tuberculose se metia principalmente com os meninos magrinhos. Ele precisava ficar no campo, que assim a tuberculose não o mataria. Benedito pensou, pensou. Murmurou muito baixinho: – Morrer não quero, não sinhô... Eu fico. E seus olhos enevoados numa profunda melancolia se estenderam pelo plano aberto dos pastos, foram dizer um adeus à cidade invisível, lá longe, com seus “chauffeurs”, seus cantores de rádio, e o presidente da República. Desistiu da cidade e eu parti. Uns quinze dias depois, na obrigatória carta de resposta à minha obrigatória carta de agradecimentos, o dono da fazenda me contava que Benedito tinha morrido de um coice de burro bravo que o pegara pela nuca. Não pude me conter: “Mas será o Benedito!...”. E é o remorso comovido que me OBJETIVO 4 PORTUGUÊS – DESAFIO – 1.a SÉRIE faz celebrá-lo aqui. São Paulo, 2a. quinzena de outubro de 1939. (Mário de Andrade, Será o Benedito!. São Paulo: Editora da PUC-SP, Editora Giordano Ltda. e Agência Estado Ltda, 1992.) 1 2 irreprimivelmente, incontrolavelmente urbano QUESTÃO 4 As reações de Benedito, ao conhecer o narrador, podem ser caracterizadas como de a) contrariedade e impaciência. b) vergonha e hostilidade. c) inibição e curiosidade. d) medo e sarcasmo. e) desconfiança e descortesia. RESOLUÇÃO Os trechos “...ele se guardava do excesso de minha presença” e “ainda levou a mão à boca, na esperança talvez de esconder as palavras que lhe escapavam sem querer” revelam inibição; por outro lado, os trechos “me olhando com admiração”, “não pôde aguentar a comoção”, “Mistura de malícia e de entusiasmo no olhar” e a exclamação “— O home da cidade, chi!...” revelam curiosidade devida a encantamento, emoção arrebatada. Resposta: C QUESTÃO 5 Ao usar a imagem “macaco-aranha” para descrever Benedito, o narrador revela que o menino era a) teimoso. b) ardiloso. c) engraçado. d) desengonçado. e) ágil. RESOLUÇÃO Em “desatou a correr pelo caminho, macaco-aranha, num mexe-mexe aflito de pernas, seis, oito pernas, nem sei quantas, até desaparecer por detrás das mangueiras grossas do pomar”, as ações descritas indicam que a imagem “macaco-aranha” se associa aos movimentos ágeis do menino. Resposta: E OBJETIVO 5 PORTUGUÊS – DESAFIO – 1.a SÉRIE QUESTÃO 6 Em “gozando essa tristeza sem motivo das nossas tardes paulistas”, o autor usa uma figura de linguagem que consiste em a) confrontar ideias opostas entre si. b) atribuir qualidades animadas a seres inanimados. c) usar uma palavra com o significado de outra com a qual apresenta uma relação de semelhança. d) usar uma palavra com o significado de outra em vista de uma relação de causalidade. e) atenuar uma expressão chocante. RESOLUÇÃO No texto, o autor usa antítese ao aproximar dois termos que contrastam entre si: “gozando” (com o sentido de desfrutando, sentindo prazer com) e “tristeza”. Como os termos dessa antítese se relacionam um com o outro, negando-se (gozar a tristeza), trata-se da figura chamada oxímoro, que configura um paradoxo ou aparente contradição. Resposta: A QUESTÃO 7 Assinale a alternativa que apresenta a oposição básica que o texto estabelece entre o narrador e Benedito. a) Pessoa branca x pessoa negra. b) Homem urbano X habitante da roça. c) Adulto X adolescente. d) Desencanto com a vida X encanto pela vida. e) Conhecimento X ignorância. RESOLUÇÃO A oposição básica entre o narrador e Benedito encontra-se no fato de o primeiro ser homem urbano (“home da cidade”, “praciano”) e o segundo, um matuto, habitante da roça. Resposta: B OBJETIVO 6 PORTUGUÊS – DESAFIO – 1.a SÉRIE QUESTÃO 8 Em “fabriquei um desajeitamento muito grande”, o emprego do verbo fabricar revela que o narrador a) não tinha a mesma habilidade do menino para fazer o laço. b) tinha mais habilidade do que o menino, mas fingiu ter menos. c) esforçou-se para copiar o laço feito pelo menino. d) fingiu ser mais desajeitado do que realmente era. e) usou técnicas mais aprimoradas do que o menino para fazer o laço. RESOLUÇÃO No texto, o verbo fabricar foi usado no sentido de “inventar”, “elaborar”, “fingir”. “Fabriquei um desajeitamento” significa “fingi que era muito desajeitado”. Resposta: D QUESTÃO 9 Em “…uns dentes escandalosos, grandes e perfeitos”, o adjetivo escandalosos indica que os dentes da personagem a) eram tão grandes e perfeitos que chamavam fortemente a atenção. b) embora grandes e perfeitos, tinham algo de desagradável. c) eram tão grandes que chamavam a atenção mais do que o desejável. d) seriam perfeitos e harmoniosos se não fossem tão grandes. e) ficavam à mostra sempre que se dispunha a provocar algum escândalo. RESOLUÇÃO Em “dentes escandalosos”, o adjetivo escandaloso tem sentido figurado, pois constitui uma hipérbole, um exagero, para qualificar a perfeição e o tamanho dos dentes da personagem. Resposta: A QUESTÃO 10 Em “Pela sujeira e amassado em que estavam, era fácil perceber que aquelas imagens eram a única Bíblia, a exclusiva cartilha do negrinho”, o narrador revela que Benedito a) era religioso e estava aprendendo a ler para viajar à cidade. b) não tinha livros como a Bíblia e a cartilha, por isso colecionava cartões-postais e recortes de jornal. c) formara uma imagem da cidade a partir de cartões-postais e recortes de jornal. d) não se interessava pela religião nem pelos estudos, apenas tinha interesse em conhecer a cidade. e) desejava viajar à cidade para converter-se a uma religião e alfabetizar-se. OBJETIVO 7 PORTUGUÊS – DESAFIO – 1.a SÉRIE RESOLUÇÃO A menção à Bíblia nada tem a ver com religião, nem a menção à cartilha, com alfabetização. Nos dois casos, a referência às obras tem sentido figurado, pois tanto a Bíblia como a cartilha são livros fundamentais, compulsados constantemente, seja pelo religioso, que atribui à Bíblia a condição de livro sagrado, seja pelo estudante, que aprende a ler e escrever com o auxílio da cartilha. O sentido é que as obras mais básicas e mais sagradas da “biblioteca” de Benedito eram aqueles recortes e cartões amassados. Resposta: C QUESTÃO 11 A expressão “será o Benedito” indica, no contexto, a) dúvida. b) desejo. c) indiferença. d) assombro. e) contrariedade. RESOLUÇÃO “Será o Benedito” é usada para expressar assombro, espanto. Resposta: D QUESTÃO 12 Assinale a expressão que melhor define a morte de Benedito, tal como narrada no texto. a) Presente dos céus. b) Ironia do destino. c) Presente de grego. d) Ossos do ofício. e) Tempestade em copo d´água. RESOLUÇÃO Benedito desistiu de ir à cidade com medo de morrer de tuberculose, pois estaria mais seguro no ambiente conhecido da fazenda. Ironicamente, morreu alguns dias depois na fazenda, vítima de um coice de burro bravo. No caso, trata-se de ironia como figura “que se caracteriza pelo emprego inteligente de contrastes, usada literariamente para criar ou ressaltar certos efeitos humorísticos” (Dicionário Houaiss) ou também efeitos de surpresa, como no texto. Resposta: B OBJETIVO 8 PORTUGUÊS – DESAFIO – 1.a SÉRIE QUESTÃO 13 “– É uma doença, Benedito, uma doença horrível...” Assinale a alternativa em que a vírgula foi usada com a mesma finalidade que na frase acima. a) “Pouco aprendi com o Benedito, embora ele fosse muito sabido das coisas rurais.” b) “Lembrei-lhe os pais, não se amolou...” c) “Nas vésperas de minha partida, Benedito veio numa corrida e me pôs nas mãos um chumaço de papéis velhos.” d) “Ele precisava ficar no campo, que assim a tuberculose não o mataria...” e) “Não é assim, moço!” RESOLUÇÃO Tanto na frase do enunciado como na frase da alternativa e, a vírgula foi usada para separar o vocativo dos demais termos da oração. Resposta: E QUESTÃO 14 A mesma regra que justifica o acento na palavra “República” justifica o acento em a) até. b) além. c) vésperas. d) horrível. e) rádio. RESOLUÇÃO As palavras “República” e “vésperas” são acentuadas por serem proparoxítonas (todas as proparoxítonas recebem acento). Resposta: C QUESTÃO 15 Em “era forte mas magrinho”, o uso da conjunção mas implica a ideia de que a) os fortes não costumam ser magrinhos. b) todo forte geralmente é magrinho. c) a força causa magreza. d) a magreza tem como consequência a força. e) força e magreza se equivalem. RESOLUÇÃO Em “era forte mas magrinho”, a conjunção mas estabelece oposição entre forte e magrinho. Resposta: A OBJETIVO 9 PORTUGUÊS – DESAFIO – 1.a SÉRIE