Português – Interpretação de Textos Professora: Laís Ribeira LISTA DE EXERCICIOS I – FIGURAS DE LINGUAGEM SEMÂNTICAS COLUNA A EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1 1. (INSPER-2013) O "gilete" dos tablets 2 3 4 Num mundo capitalista como este em que vivemos, onde as empresas concorrem para posicionar suas marcas e fixar logotipos e slogans na cabeça dos consumidores, a síndrome do "Gillette" pode ser decisiva para a perpetuação de um produto. É isso que preocupa a concorrência do iPad, tablet da Apple. Assim como a marca de lâminas de barbear tornou-se sinônimo de toda a categoria de barbeadores, eclipsando o nome das marcas que ofereciam produtos similares, o mesmo pode estar acontecendo com o tablet lançado por Steve Jobs. O maior temor do mercado é que as pessoas passem a se referir aos tablets como "iPad" em geral, dizendo "iPad da Samsumg" ou "iPad da Motorola", e assim por diante. (http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-edgard/o-gilete-dos-tablets-260395-1.asp) No campo da estilística, a figura de linguagem abordada na matéria acima recebe o nome de a) metáfora, por haver uma comparação subentendida entre a marca e o produto. b) hipérbole, por haver exagero dos consumidores na associação do produto com a marca. c) catacrese, por haver um empréstimo linguístico na referência à marca do produto famoso. d) metonímia, por haver substituição do produto pela marca, numa relação de semelhança. e) perífrase, por haver a designação de um objeto através de seus atributos ou de um fato que o celebrizou. 2. (UCS-2012) O texto literário caracteriza-se por uma multiplicidade de sentidos, originada do trabalho artístico realizado com a linguagem. Entre os recursos que a literatura utiliza, na produção dos textos, estão as figuras de linguagem. Leia os fragmentos de poemas, apresentados na COLUNA A, e relacione-os às figuras de linguagem neles predominantes, elencadas na COLUNA B. CASD Vestibulares Eu deixo a vida como deixa o tédio/Do deserto, [...] (Álvares de Azevedo) Mundo, mundo, vasto mundo/Se eu me chamasse Raimundo. (Carlos Drummond de Andrade) Queria subir ao céu/Queria descer ao mar. (Alphonsus de Guimaraens) Só cabe no poema/o homem sem estômago/a mulher de nuvens/a fruta sem preço. (Ferreira Gullar) COLUNA B ( ) Antítese ( ) Aliteração ( ) Comparação ( ) Metáfora Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo. a) 3, 4, 2, 1 b) 1, 2, 3, 4 c) 3, 2, 1, 4 d) 2, 3, 4, 1 e) 3, 1, 4, 2 TEXTO PARA A QUESTÃO 3: Futebol de rua - Luís Fernando Veríssimo Pelada é o futebol de campinho, de terreno baldio. Mas existe um tipo de futebol ainda mais rudimentar do que a pelada. É o futebol de rua. Perto do futebol de rua qualquer pelada é luxo e qualquer terreno baldio é o Maracanã em jogo noturno. Se você é homem, brasileiro e criado em cidade, sabe do que eu estou falando. Futebol de rua é tão humilde que chama pelada de senhora. Não sei se alguém, algum dia, por farra ou nostalgia, botou num papel as regras do futebol de rua. Elas seriam mais ou menos assim: DA BOLA – A bola pode ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol serve. No desespero, usa-se qualquer coisa que role, como uma pedra, uma lata vazia ou a merendeira do seu irmão menor, que sairá correndo para se queixar em casa. (...) DAS GOLEIRAS – As goleiras podem ser feitas com, literalmente, o que estiver à mão. Tijolos, paralelepípedos, camisas emboladas, os livros da escola, a merendeira do seu irmão menor, e até o seu irmão menor, apesar dos seus protestos. Quando o jogo é importante, recomenda-se o uso de latas de lixo. Cheias, para aguentarem o impacto. (...) DO CAMPO – O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua, calçada, rua e a calçada do outro lado e – nos clássicos – o quarteirão inteiro. O mais comum é jogar-se só no meio da rua. DA DURAÇÃO DO JOGO – Até a mãe chamar ou escurecer, o que vier primeiro. Nos jogos noturnos, até alguém da vizinhança ameaçar chamar a polícia. DO JUIZ – Não tem juiz. (...) DAS SUBSTITUIÇÕES – Só são permitidas substituições: a) No caso de um jogador ser carregado para casa pela orelha para fazer a lição. FRENTE IV – Interpretação de Textos 1 b) Em caso de atropelamento. DO INTERVALO PARA DESCANSO – Você deve estar brincando. DA TÁTICA – Joga-se o futebol de rua mais ou menos como o Futebol de Verdade (que é como, na rua, com reverência, chamam a pelada), mas com algumas importantes variações. O goleiro só é intocável dentro da sua casa, para onde fugiu gritando por socorro. É permitido entrar na área adversária tabelando com uma Kombi. Se a bola dobrar a esquina é córner*. DAS PENALIDADES – A única falta prevista nas regras do futebol de rua é atirar um adversário dentro do bueiro. É considerada atitude antiesportiva e punida com tiro indireto. DA JUSTIÇA ESPORTIVA – Os casos de litígio serão resolvidos no tapa. *córner = escanteio (Publicado em Para Gostar de Ler. v.7. SP: Ática, 1981) 3. (IFPE-2012) Releia o período a seguir: “O campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua, calçada, rua e a calçada do outro lado e – nos clássicos – o quarteirão inteiro.” Quanto aos recursos expressivos desse enunciado, pode-se considerar que a) há hipérbole no uso do termo ―quarteirão‖, pois são apenas algumas ruas do bairro. b) há uma gradação dos espaços utilizados para o futebol de rua, do menor para o maior. c) há metáfora em ―clássicos‖, pois se comparam os jogos implicitamente aos famosos autores da literatura. d) há ironia na expressão ―fio da calçada‖, pois é impossível jogar futebol nesse espaço. e) há uma hipérbole nos termos indicadores de espaço, pois o futebol pode ocupar toda a rua e o bairro. 4. (FUVEST-1997) A catacrese, figura que se observa na frase "Montou a cavalo no burro bravo", ocorre em: a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo. b) Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura. c) Apressadamente, todos embarcaram no trem. d) Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal. e) Amanheceu, a luz tem cheiro. 5. (ESPM-2006) O escritor Paulo Lins em seu romance "Cidade de Deus" expressa o avanço da violência no Brasil, nas últimas décadas, com a frase: "Falha a fala. Fala a bala." Nas duas frases só NÃO se pode identificar a seguinte figura de linguagem: a)Paronomásia, pelo trocadilho ou jogo de palavras com apelo sonoro. b) Aliteração, pela repetição de fonemas consonantais. c) Assonância, pela repetição da vogal "a". d) Perífrase, pela substituição de "violência" por um dos elementos que a compõe (bala). e) Personificação, pela característica humana atribuída à "bala". 2 6. Em ―a voz mais quente do rádio‖ e ―as cartas de amor (...) são milagres esfarrapados‖ ocorre, respectivamente o emprego de: a) sinédoque e antítese b) personificação e eufemismo c) sinestesia e metáfora d) metonímia e paradoxo e) hipérbole e catacrese TEXTO PARA A QUESTÃO 7: O roteiro tem se repetido com variações pontuais: das redes sociais emerge um movimento que, quase imperceptível a princípio, ganha corpo, invade as ruas, monopoliza a mídia e assusta os governos. Um frenesi de reuniões de emergência e de medidas mais ou menos improvisadas se seguem, ao mesmo tempo que se multiplicam as avaliações de que agora, de fato, o País acordou. Passada a efervescência, entretanto, a impressão que fica é de que a energia da manifestação coletiva se dispersou antes de amadurecer e de frutificar em mudanças capazes de fazer jus à esperança que geraram. Por meio de promessas e paliativos, o ímpeto inicial é incorporado ao sistema antigo, e, pouco a pouco, a vida volta à rotina, até que a manifestação seguinte faça lembrar as anteriores e reinstale a ideia de um novo ciclo. José G. Ghirardi, O Estado de S.Paulo,19/01/2014 7. Pode-se apontar no texto o emprego do recurso da gradação, conforme se verifica em: a) ―das redes sociais emerge um movimento‖. b) ―ganha corpo, invade as ruas, monopoliza a mídia e assusta os governos‖. c) ―Um frenesi de reuniões de emergência e de medidas mais ou menos improvisadas se seguem‖ d) ―Passada a efervescência, entretanto, a impressão que fica é de que a energia da manifestação coletiva se dispersou‖ e) ―até que a manifestação seguinte faça lembrar as anteriores e reinstale a ideia de um novo ciclo‖ 8. Há eufemismo em: a) Era um proprietário entre todos maligno. b) Depois de comprida doença, entregou a alma ao Criador. c) Nesses certames, premia-se sempre o pior elemento. d) Evitava cuidadosamente qualquer menção à crueldade das senhoras. e) Sua veneração pelos antepassados era proverbial. 9. (IFPE-2012) Mulher proletária - Jorge de Lima Mulher proletária — única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos) tu na tua superprodução de máquina humana forneces anjos para o Senhor Jesus, forneces braços para o senhor burguês. Mulher proletária, o operário, teu proprietário FRENTE IV – Interpretação de Textos CASD Vestibulares há de ver, há de ver: a tua produção, a tua superprodução, ao contrário das máquinas burguesas salvar o teu proprietário. (In: Poesia completa. 2.ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980. v.1) Jorge de Lima é um poeta representativo da segunda geração modernista. Analise as proposições abaixo acerca dos recursos expressivos que constroem a imagem da ―mulher proletária‖. I. As metáforas ―fábrica‖ e ―máquina humana‖ são, de certo modo, desveladas pela construção parentética ―fabrica filhos‖. II. Os dois últimos versos na primeira estrofe constituem eufemismos das ideias de mortalidade e de trabalho infantil. III. O trocadilho entre ―prole‖ e ―proletária‖ assinala a função social da mulher no contexto do poema. IV. A gradação na segunda estrofe aponta para a submissão da mulher e para a salvação do homem operário. V. Os últimos versos do poema sugerem que o trabalho da mulher pode levar sua família à ascensão social. Estão corretas, apenas: a) I, II e V b) II, III e IV c) I, II e III d) II e V e) I e IV TEXTO PARA A QUESTÃO 10: TEXTO V - Clarões Quando ouço uma palavra, isto ativa imediatamente em minha mente uma rede de outras palavras, de conceitos, de modelos, mas também de imagens, sons, odores, sensações proprioceptivas*, lembranças, afetos etc. Por exemplo, a palavra ―maçã‖ remete aos conceitos de fruta, de árvore, de reprodução; faz surgir o modelo mental de um objeto basicamente esférico, com um cabo saindo de uma cavidade, recoberto por uma pele de cor variável, contendo uma polpa comestível e caroços, ficando reduzido a um talo quando o comemos; evoca também o gosto e a consistência dos diversos tipos de maçã, a granny mais ácida, a golden muitas vezes farinhenta, a melrose deliciosamente perfumada; traz de volta memórias de bosques normandos de macieiras, de tortas de maçã etc. A palavra maçã está no centro de toda esta rede de imagens e conceitos que, de associação em associação, pode estender-se a toda a nossa memória. Mas apenas os nós selecionados pelo contexto serão ativados com força suficiente para emergir em nossa consciência. Selecionados pelo contexto, o que isto quer dizer? Tomemos a frase: ―Isabela come uma maçã por suas vitaminas‖. Como a palavra ―maçã‖, as palavras ―come‖ e ―vitaminas‖ ativam redes de conceitos, de modelos, de sensações, de lembranças etc. Serão finalmente selecionados os nós da minirrede, centrada sobre a maçã, que outras palavras da frase tiverem ativado ao mesmo tempo; neste caso: as imagens e os conceitos ligados à comida e à dietética. Se fosse ―a maçã da discórdia‖ ou a ―maçã de Newton‖, as imagens 2 CASD Vestibulares e os modelos mentais associados à palavra ―maçã‖ seriam diferentes. O contexto designa portanto a configuração de ativação de uma grande rede semântica em um dado momento. (...) Podemos certamente afirmar que o contexto serve para determinar o sentido de uma palavra; é ainda mais judicioso considerar que cada palavra contribui para produzir o contexto, ou seja, uma configuração semântica reticular que, quando nos concentramos nela, se mostra composta de imagens, de modelos, de lembranças, de sensações, de conceitos e de pedaços 1 de discurso. Tomando os termos leitor e texto no sentido mais amplo possível, diremos que o objetivo de todo texto é o de provocar em seu leitor um certo estado de excitação da grande rede heterogênea de sua memória, ou então orientar sua atenção para uma certa zona de seu mundo interior, ou ainda disparar a projeção de um espetáculo multimídia na tela de sua imaginação, (...) O sentido de uma palavra não é outro senão a guirlanda cintilante de conceitos e imagens que brilham por um instante ao seu redor. A reminiscência desta claridade semântica orientará a extensão do grafo** luminoso disparado pela palavra seguinte, e assim por diante, até que uma forma particular, uma imagem global, brilhe por um instante na noite dos sentidos. Ela transformará, talvez imperceptivelmente, o mapa do céu, e depois desaparecerá para abrir espaço para outras constelações. (...) LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Trad. Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: 34, 1993. p.23.24-25. *proprioceptivo: o sistema proprioceptivo é responsável pelo envio, ao cérebro, das informações relativas à sensibilidade própria aos ossos, músculos, tendões e articulações, de modo a fazer funcionar a estática, o equilíbrio, o deslocamento do corpo no espaço etc. **grafo: diagrama composto de pontos, alguns dos quais são ligados entre si por linhas, e que é geralmente usado para representar graficamente conjuntos de elementos inter-relacionados. 10. (UFF-2012) O título do Texto V é uma metáfora, retomada no último parágrafo. Assinale a alternativa que identifica e Interpreta corretamente o sentido da metáfora, considerando o desenvolvimento do texto. a) A metáfora do título é retomada como mapa do céu, para mostrar que os sentidos estão sempre distantes da compreensão humana. b) A metáfora do título associa-se á imagem da maçã, para esclarecer o mecanismo que liga uma palavra a um objeto. c) A metáfora do título é retomada como constelações, no último parágrafo, para explicar que os sentidos se confundem e um acaba por obscurecer o outro. d) A metáfora do título, retomada no último parágrafo como guirlanda cintilante, associa a produção de sentido a um processo em rede, que ilumina a compreensão do mundo. e) A metáfora do titulo, retomada no último parágrafo, associa-se ao brilho perdido pelos conceitos e imagens. FRENTE IV – Interpretação de Textos 3 GABARITO: 1) D 2) C 3) B 4) C 5) D 6) C 7) B 8) B 9) C 10) D 4 FRENTE IV – Interpretação de Textos CASD Vestibulares