Universidade Católica de Brasília PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Enfermagem PREVALÊNCIA DE HEPATITE “C” EM TÉCNICOS/AUXILIARES DE ENFERMAGEM NO HRC DO DISTRITO FEDERAL Autoras: Flavia Leandro Cruz e Hiandra Mota de Lima Orientadora: Drª. Maria Liz Cunha de Oliveira BRASÍLIA 2008 FLAVIA LEANDRO CRUZ HIANDRA MOTA DE LIMA PREVALÊNCIA DE HEPATITE “C” EM TÉCNICOS/AUXILIARES DE ENFERMAGEM NO HRC DO DISTRITO FEDERAL Monografia apresentada ao Curso de enfermagem da universidade Católica de Brasília como parte dos requisitos para a obtenção do grau de bacharel em enfermagem, sob a orientação da professora Dra.Maria Liz Cunha de Oliveira. BRASÍLIA – DF 2008 2 Dedicamos em primeiro lugar a Deus, as nossas famílias e a todos que nos deram apoio nessa longa caminhada. 3 AGRADECIMENTOS Agradecemos a nossa orientadora Liz pela dedicação e carinho, a Dra. Sônia Maria Geraldes do LACEN pelo apoio, aos professores, mestres e doutores pelo ensinamento e aos profissionais de enfermagem do pronto socorro do Hospital Regional da Ceilândia pela compreensão. 4 “Feliz daquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” Cora Coralina 5 RESUMO Objetivo: Identificar a prevalência da infecção da Hepatite C técnicos/auxiliares de enfermagem do pronto socorro Hospital Regional da Ceilândia (DF). Método: A coorte do estudo incluiu 70 técnicos de enfermagem com tempo de serviço na emergência de 6 meses a 27 anos de serviço na SES; sendo que 21 profissionais não deram essa informação. Dos que informaram, a média de tempo de serviço é de 11 anos. Entre os profissionais que participaram da pesquisa e fizeram o teste, 45 são do sexo feminino, representando 64% dos participantes, e 25 são do sexo masculino, representando 36% dos participantes. Resultados: 1% dos participantes da pesquisa é hemofílico; 5% afirmaram ter recebido transfusão de sangue antes de 1993; nenhum paciente faz ou fez hemodiálise; 11% usam piercing; 14% têm tatuagem; 7% já fizeram acupuntura; 67% já tiveram acidente com material perfuro cortante em sua prática; 3%, já fizeram cirurgia por videolaparoscopia; 21% já fizeram endoscopia com biópsia; 100% não usam cocaína inalável e nem injetável, não usam crack, nem merla e nenhum outro tipo de droga injetável. Em 100% dos participantes da pesquisa os resultados do teste imunocromatográfico foi não reagente. Conclusões: mesmo a pesquisa tendo revelado que entre os profissionais técnicos e auxiliares de enfermagem do pronto socorro do HRC que participaram dessa pesquisa, não há nenhum profissional infectado com o vírus da hepatite C, faz-se ainda necessário um trabalho de prevenção a fim de evitar contágios futuros. Palavras-chave: Hepatite C; Enfermagem e Hepatite C; risco. 6 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - Anti-HCV Elisa 3ª geração.............................................................. 15 QUADRO 2 - Prevalência da hepatite C............................................................ Técnicos/auxiliares QUADRO 3 - Número de Casos e Coeficientes de Incidência e de Mortalidade por Hepatite C - Distrito Federal - 2001 a 2008 .............................. 17 QUADRO 4 - Manifestações extra-hepáticas do HCV.......................................... 20 QUADRO 5 – Evolução da infecção por vírus C da hepatite................................ 21 18 7 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Coeficiente de incidência de Hepatite C – DF, 2000 a 2007.............. 18 Gráfico 2 - Coeficientes de Mortalidade por Hepatite C – DF, 2001 a 2008......... 19 Gráfico 3 – Transfusão de sangue ou similares antes de 1993............................ 39 Gráfico 4 – Usa piercing........................................................................................ 40 Gráfico 5 – Tem tatuagem..................................................................................... 40 Gráfico 6 – Já fez acupuntura............................................................................... 41 Gráfico 7 – Piercing, Tatuagem e Acupuntura...................................................... 41 Gráfico 8 – Acidente com material perfuro cortante.............................................. 42 Gráfico 9 – Cirurgia por videolaparoscopia........................................................... 43 Gráfico 10 – Endoscopia com biópsia................................................................... 43 Gráfico 11 – Acidente, Videolaparoscopia e Biópsia........................................... 44 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10 2. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................ 13 2.1 Hepatite C....................................................................................................... 13 2.2 Hepatite C em profissionais da saúde............................................................. 26 3. METODOLOGIA................................................................................................ 31 3.1 Local de estudo............................................................................................... 31 3.2 Amostra........................................................................................................... 31 3.3 Coleta de dados.............................................................................................. 32 3.4 Análise de dados............................................................................................. 37 3.5 Procedimentos éticos...................................................................................... 37 4. ANÁLISE DOS DADOS..................................................................................... 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 48 9 1. INTRODUÇÃO O vírus da hepatite C é uma das mais importantes causas de doenças hepáticas crônicas. Entre os grupos com maior prevalência dessa afecção encontram-se os técnicos/auxiliares de enfermagem por cuidarem dos pacientes. Como a maioria das infecções agudas são assintomáticas, seu diagnóstico torna-se difícil e, quase sempre, ele é feito tardiamente, como aponta a Organização Mundial de Saúde – OMS (in: BRANDÃO, 2008). Dessa maneira, a evolução desse tipo de infecção processa-se para a cronicidade. Há muitos autores que têm relatado o risco de os profissionais de saúde em adquirir infecções durante o desenvolvimento de suas atividades, transmitidas, principalmente, por meio de sangue contaminado; em especial, os autores destacam as infecções pelos vírus da hepatite B (VHB), vírus da hepatite C (VHC) e o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). Essas infecções, geralmente, acontecem em trabalhadores da saúde por meio de exposição acidental com material biológico, seja através de lesões, por contato com o sangue infectado ou por pele não íntegra (BRANDÃO, 2008). Assim, diante da alta taxa de morbi-mortalidade existente entre os portadores do vírus da hepatite C, é necessário diminuir a exposição dos trabalhadores da saúde aos riscos de infecção. Ainda mais pelo fato de que quase não há sintomas nessa doença o que pode contribuir para a propagação do vírus no ambiente hospitalar (BRANDÃO, 2008). Por isso é importante entender como ocorre a contaminação da hepatite C nesses profissionais, na tentativa de tornar seu trabalho mais eficiente e mais seguro, para ele e para os pacientes. 10 Identificar de que maneira ocorre a infecção da hepatite C na enfermagem e qual é a porcentagem de profissionais infectados é de suma importância para diminuir a prevalência dessa infecção entre esses profissionais. Da mesma forma, propor medidas que diminuam a ocorrência de acidentes ocupacionais envolvendo sangue e/ou outros fluídos corpóreos, assim como a adoção das medidas de precauções padrão, além da vacinação para hepatite B, constituem instrumentos valiosos para o desenvolvimento de programas de prevenção e controle da infecção por hepatite C nos profissionais de saúde. Diante disso, realizar uma pesquisa que vise detectar a prevalência de hepatite C na enfermagem de um pronto-socorro visto estarem esses profissionais sempre expostos a sangue e outros fluídos corpóreos, é de suma importância para conhecer dados relevantes e significativos da realidade do Distrito Federal. Assim, para a realização da pesquisa, escolheu-se os profissionais que trabalham no pronto-socorro do Hospital Regional de Ceilândia (HRC). A detecção da prevalência da hepatite C nesses profissionais é importante porque, como profissionais da área da saúde, eles devem se preocupar não apenas em tratar o paciente, mas também propor medidas de prevenção, evitando a contaminação e a transmissão dos agentes patológicos com a finalidade de preservar a saúde da população e a deles mesmos. Assim, ao conhecer as estatísticas sobre esse evento em particular, será possível atuar sobre ele e propor mudanças para diminuir sua ocorrência. Por isso, o objetivo geral deste trabalho é identificar a prevalência da infecção da Hepatite C na enfermagem do Hospital Regional de Ceilândia - Distrito Federal. Para conseguir alcançar este objetivo, propomos os seguintes objetivos específicos: identificar a prevalência da Hepatite C em profissionais de saúde; identificar as formas de 11 contágio da hepatite C em trabalhadores de saúde; e associar a prevalência aos fatores de risco. 12 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Hepatite C Os tipos de hepatites mais freqüentes são as infecções causadas pelos vírus A, B e C, assim como o consumo abusivo de álcool e de outras substâncias tóxicas. A mais conhecida e comum das hepatites é a causada pelo vírus A – transmitida por água e alimentos contaminados ou de uma pessoa para outra; os vírus da hepatite B e C são transmitidos, principalmente, por meio do sangue. Como este estudo foca-se na hepatite C em técnicos/auxiliares de enfermagem, somente essa forma da afecção será aqui tratada. A hepatite C, segundo Jorge (2008), é causada por um vírus tipo RNA (as informações genéticas são codificadas em RNA - no hospedeiro, este RNA em forma de fita + é copiado para forma de fita -, que é utilizado como molde para a produção de novos vírus). Ele é muito diferente dos vírus que causam as outras hepatites mais comuns, a A e a B. O vírus da hepatite C é membro da família Flaviviridae, a mesma da dengue e da febre amarela (JORGE, 2008). Como característica desse vírus, Melo et al (2004, p. 493), explicam que o HCV “é um vírus RNA de hélice simples com aproximadamente 50 a 60nm de diâmetros, sendo circundado por envelope lipídico”. Dentro da família Flaviviridae, é o único membro do gênero Hepacivirus. A história do aparecimento e evolução da hepatite C é difícil de predizer e de avaliar, visto haver falta de dados registrados na literatura médica antiga; segundo Jorge (2008), há também dificuldade de definir a data da transmissão e associações com outros fatores que alteram o curso da doença, como co-infecções 13 e uso de álcool. Em um estudo realizado por Schechter e Marangoni (1998, p. 375) foi verificado que em 1989, cientistas da “Chirosn Corporation e dos Centers of Disease na Prevention (CDC) identificaram um agente da hepatite não-A, não-B, ao qual designaram vírus C”. A partir dessa descoberta foram realizados testes para detectar anticorpos contra este vírus por meio de radioimunoensaio e Elisa. Atualmente, explicam os autores, há uma terceira geração do teste Elisa para detectar o antiHCV, com maior sensibilidade e especificidade que o teste anti-HCV inicial: o ELISA1, anti-C 100-30. Sobre a hepatite C, o que se pode afirmar é que ela uma doença viral do fígado causada pelo vírus da hepatite C (HCV). A hepatite C, de acordo com Naghettini (2008), pode ser considerada a mais temida e perigosa de todas as hepatites virais, pois na hepatite C, pode haver evolução para estado crônico e não há vacinas, portanto, devemos ter cuidado para minimizar a chance de pegá-la e transmiti-la; mesmo porque além da inexistência de vacina, há as limitações do tratamento e a alta tendência da doença para a cronicidade, com eventuais complicações. Devido a esse fato, para Oliveira (2008), como não há vacina para a hepatite C, o melhor é a prevenção; realizada da seguinte forma: Testar todo sangue doado, assim como os órgãos e tecidos. Criar programas de informação. Ter cuidado especial com materiais que possam conter sangue contaminado, como alicates de unha, lâminas, barbeadores, escovas de dente, agulhas e seringas compartilhadas e materiais cirúrgicos. Realizar essa prevenção pode impedir à pessoa a contrair uma doença que 14 pode tornar-se crônica e trazer conseqüências graves. Segundo Callegaro (2006, p. 116), “a taxa de cronificação depende do agente etiológico, da idade de contaminação e do estado imunológico do paciente. O vírus C é o que apresenta maior potencial de cronificação (70 a 85% dos casos) e a hepatite viral C (HCV) é a principal causa de hepatite crônica”. O diagnóstico é realizado, principalmente, por meio da detecção sorológica do Anti-VHC; o método mais utilizado é a sorologia para anti-HCV através de exames de Elisa, sendo que, conforme esclarece Jorge (2008), a terceira geração deste exame, o ELISA III, tem sensibilidade e especificidades superiores a 95% (com valor preditivo positivo superior a 95%). De acordo com o autor, somente ocorre falso-negativos e falso-positivos de acordo com o descrito no quadro a seguir: Quadro 1 - Anti-HCV Elisa 3ª geração Falso-negativos Falso-positivos Hepatite C aguda Alcoólatras Imunodepressão (transplante, Doenças auto-imunes SIDA) Populações de baixa prevalência Fonte: JORGE, Dr. Stéfano Gonçalves. Hepatite C. Disponível em <www.epcentro.com.br> Acesso em 26/04/2008. Ainda de acordo com as informações do autor acima, após a infecção, o exame torna-se positivo entre 20 e 150 dias (média de 50 dias). O diagnóstico da hepatite C é feito pela triagem dos anticorpos produzidos pelo organismo contra o VHC. Para detectar esses anticorpos, a autora esclarece que o exame mais comum é pelo método de ELISA – técnica imunoenzimática (SASSAKI, 2008). Para justificar o largo uso desse método, a autora explica que é devido ao seu baixo custo, porém não é muito eficaz, pois detecta os anticorpos da infecção, 15 os quais serão produzidos, somente, de duas a doze semanas após a infecção. Há um outro método que é mais eficiente: o de PCR, pois detecta o RNA viral e identifica a partícula viral logo após a contaminação, permitindo, assim, a detecção da viremia no período anterior à conversão sorológica, sendo método de escolha como complementar ao teste sorológico (SASSAKI, 2008). Pela alta confiança do exame, o uso de sorologia por outro método (RIBA) só deve ser utilizado em suspeitas de ELISA falso positivo (pessoas sem nenhum fator de risco). O resultado falso positivo, explica o autor, é mais comum em portadores de doenças auto-imunes com auto-anticorpos circulantes, além de indivíduos que tiveram hepatite C aguda, que curaram espontaneamente, mas que mantêm a sorologia positiva por várias semanas. Por outro lado, o exame também pode ser falso negativo em pacientes com sistema imunológico comprometido (JORGE, 2008). Em fases iniciais da doença, informam Ferreira e Ávila (2001), só o HCVRNA qualitativo é positivo, com aumento de transaminases. É importante realizar a genotipagem do vírus em questão, para relacionar com o prognóstico e o tratamento da doença. A biópsia apresenta papel importante para avaliar o grau de inflamação e fibrose. Segundo Schechter e Marangoni (1998, p. 375), “a detecção do RNA do vírus da hepatite C (DNA-HCV pelo método da reação em cadeia da polimerase (PCR) é utilizado para investigar a replicação viral).”. Para os autores, este teste é particularmente útil no diagnóstico precoce da infecção aguda, no controle de cura da hepatite aguda e também para avaliar a eficiência do tratamento das formas crônicas. Atualmente, estima-se que cerca de 3% da população mundial (170 milhões 16 de pessoas), sejam portadores de hepatite C crônica. Por isso, é a principal causa de transplante hepático em países desenvolvidos e responsável por 60% das hepatopatias crônicas. No Brasil, esclarece o autor, em doadores de sangue, a incidência da hepatite C é de cerca de 1,2%, com diferenças regionais (JORGE, 2008). Os dados coletados pelo médico-pesquisador são demonstrados no quadro abaixo: Quadro 2 – Prevalência da hepatite C Estados Unidos 1,4% França 3,0% Egito / África do Sul Canadá / Norte da Europa Brasil - Norte - Nordeste 30,0% 0,3% 1,2-2,0% 2,1% 1% - Centro-Oeste 1,2% - Sudeste 1,4% - Sul 0,7% Fonte: JORGE, Dr. Stéfano Gonçalves. Hepatite C. Disponível em <www.epcentro.com.br> Acesso em 26/04/2008. A pesquisa do Ministério da Saúde (Brasil, 2002) registra que os casos de hepatite C no Brasil correspondem à cerca de 2% da população. A maioria das pessoas desconhece seu estado de portador da doença, constituindo, assim, elo importante na cadeia de transmissão do VHC. Dessa maneira, a doença continua se espalhando entre a população, aumentando ou mantendo os níveis percentuais da doença. No Distrito Federal, como no restante do Brasil, segundo dados do SINAM e do SIM, a incidência de Hepatite C é bastante alta, como se observa no gráfico a seguir: 17 Gráfico 1 – Coeficiente de incidência de Hepatite C – DF, 2000 a 2007 A mortalidade causada por essa doença, segundo pode-se observar no quadro e no gráfico a seguir, também é muito alta: Quadro 3 – Número de Casos e Coeficientes de Incidência e de Mortalidade por Hepatite C - Distrito Federal - 2001 a 2008* Ano Casos de Hepatite C Coef. de Incid. p/100000 Hab. Óbitos por Hepatite C Coef. de Mortal. por 100000 Hab. 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total 197 103 102 87 102 305 165 54 1 1116 9,6 4,9 4,8 4,0 4,6 13,1 6,9 2,2 D. Parciais - 4 9 5 10 8 13 23 9 81 0,20 0,43 0,23 0,46 0,36 0,56 0,96 0,37 D. Parciais - *Dados parciais digitados até 01/02/2008. Fontes: Sinan e SIM 18 Gráfico 2 - Coeficientes de Mortalidade por Hepatite C – DF, 2001 a 2008 Fontes: Sinan e SIM Essa taxa de mortalidade, provavelmente, ocorre devido à cronicidade da doença e de sua lenta evolução, levando, muitas vezes, à cirrose ou câncer hepático. Segundo Jorge (2008), ao contrário das hepatites A e B, grande parte das pessoas que contraem a hepatite C desenvolve “uma doença crônica e lenta, sendo que a maioria (90%) é assintomática ou apresenta sintomas muito inespecíficos”, tais como: “letargia, dores musculares e articulares, cansaço, náuseas ou desconforto no hipocôndrio direito”. Devido a isso, explica o autor, o diagnóstico ocorre apenas por meio de “exames para doação de sangue, exames de rotina ou quando sintomas de doença hepática surgem já na fase avançada de cirrose”. Schechter e Marangoni (1998, p. 375) informam que, “dados preliminares do Transfusion Transmitted Virus Study indicam que 80% dos casos de hepatite póstransfusional não-A, não-B, incluindo casos leves e assintomáticos, são positivos para anti-HCV”. Este anticorpo não é de aparecimento imediato, sendo mais freqüentemente detectado após 6 a 8 semanas de doença. Segundo os autores, “pelo menos duas amostras com intervalo de seis meses são necessárias para maior 19 positividade dos testes. Na fase crônica da doença a positividade alcança 90% dos casos”. Já os casos negativos podem representar a existência de outros vírus transmitidos por via parenteral, falta de sensibilidade do teste ou incapacidade de reproduzir o anticorpo, como, por exemplo, na imunodeficiência grave. Porém, além dos sintomas relacionados diretamente à hepatite, o vírus pode desencadear o aparecimento de outras doenças através de estimulação do sistema imunológico, tal como demonstrado no quadro abaixo: Quadro 4 – Manifestações extra-hepáticas do HCV Crioglobulinemia mista Tireoidite autoimune Porfiria cutânea tarda Líquen plano Glomerulonefrite membranoproliferativa Sialoadenite Poliarterite nodosa Úlcera de córnea Linfoma de células B Síndrome de sicca Fibrose pulmonar idiopática Fenômeno de Reynaud Fonte: JORGE, Dr. Stéfano Gonçalves. <www.epcentro.com.br> Acesso em 26/04/2008. Hepatite C. Disponível em Como se pode observar há uma gama de doenças que podem ser desencadeadas pelo vírus da hepatite C e que, normalmente, não é indicativo para exame próprio da infecção por esse vírus. Esse fato faz com que seja mais dificultado a detecção da doença, visto que a atenção volta-se para infecções mais aparentes. O tempo de incubação (entre o contato com o vírus até o desenvolvimento da hepatite aguda) é de 15 a 60 dias (média de 45 a 55 dias), mas a pessoa já pode transmitir a doença mesmo antes disso, esclarece Jorge (2008), por isso é difícil, em muitos casos estabelecer como ocorreu o contágio. O quadro a seguir mostra o 20 desenvolvimento que pode ocorrer em caso de contágio pelo vírus C da hepatite: Quadro 5 – Evolução da infecção por vírus C da hepatite Fonte: JORGE, Dr. Stéfano Gonçalves. Hepatite C. Disponível em <www.epcentro.com.br> Acesso em 26/04/2008. Segundo se percebe nesse quadro, 20% das pessoas contaminadas pelo vírus C da hepatite têm cura natural. Entretanto, em 80% dos infectados a doença torna-se crônica; desses, 40% evoluem para cirrose, podendo demorar até 20 anos para isso; nos outros 60% a doença não progride. Diante desse fato, Jorge (2008), chama a atenção para o fato de que, apesar de ser uma doença que pode levar a um grande número de cirroses e cânceres, a maioria das pessoas que adquire a hepatite C (a maioria das pessoas infectadas) não apresentará complicações relacionadas a essa doença durante toda a sua vida. Por isso, esclarece que uma das principais questões em estudo na hepatite C é como prever quem desenvolverá complicações da hepatite e quem permanecerá com doença leve ou inativa. Por enquanto, afirma o autor acima, só sabemos que portadores que adquiriram a infecção quando eram mais jovens, os com elevados níveis de ALT 21 (que indicam doença com maior atividade) e naqueles que já tem um grau moderado de fibrose (cicatrizes) ou progressão na fibrose em biópsias com intervalo de 3 a 5 anos têm maior propensão a evolução para cirrose. Atualmente, sabe-se com certeza que a presença de outros fatores, como sexo masculino, hemocromatose, consumo de álcool, co-infecções pelo HBV ou HIV, imunossupressão (após transplante) e, possivelmente, a esteato-hepatite não alcoólica, aceleram a progressão da doença. Os sintomas da hepatite C são brandos; segundo Smeltzer e Bare e Cols. (2005, p. 1.163), são semelhantes ao da hepatite B, podendo haver: icterícia, fadiga, febre, náusea, vômitos e desconforto em hipocôndrio direito, geralmente entre duas a doze semanas após a exposição ao vírus. Segundo as autoras, "as pequenas quantidade de álcool ingeridas regularmente parecem encorajar a progressão da doença". O diagnóstico da fase aguda requer a realização de PCR, uma vez que infecções agudas podem ser soronegativas. Isso é importante, pois "um estado de portador crônico ocorre, no entanto, com freqüência, e existe um risco aumentado de doença hepática crônica, inclusive cirrose e câncer de fígado, depois da hepatite C". A transmissão da hepatite C ocorre após o contato com sangue contaminado (entre 80 e 90% dos casos). Entretanto, Jorge (2008) esclarece que há relatos recentes mostrando a presença do vírus em outras secreções (leite, saliva, urina e esperma, fezes); porém, a quantidade do vírus parece ser pequena demais para causar infecção e “não há dados que sugiram transmissão por essas vias”. Os grupos considerados de maior risco, segundo Silveira (apud Sassaki, 2008) são os usuários de drogas intravenosas, pessoas com tatuagens e piercings, alcoólatras, portadores de HIV, transplantados, profissionais da área da saúde, hemodialisados, hemofílicos, presidiários (sexualmente promíscuos) e aqueles que 22 receberam transfusões de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993 (isto porque a introdução de testes sorológicos para o VHC na triagem de doadores sangüíneos em bancos de sangue brasileiros somente ocorreu após 1993), assim como, trabalhadores da área de saúde. De acordo com Schechter e Marangoni (1998, p. 375-376), “a prevalência de anti-HCV (Elisa) em doadores de sangue varia de 0,2% nos países nórdicos a 5% no Egito e alguns outros países africanos”. Na Europa e nos Estados Unidos, apontam os autores, “a prevalência varia entre 0,2 e 1,2% e no Brasil é em média de 2%”. Diante do fato de que verificaram que há maior incidência de hepatite C em pacientes submetidos à hemodiálise, que se submeteram à transfusão, em usuários de drogas endovenosas e em profissionais da saúde que estão em contato com sangue e menor incidência em pacientes infectados por doenças sexualmente transmissíveis, os autores concluem que a transmissão sexual do vírus-C é baixa. Entretanto, segundo pesquisas realizadas por Ciorlia e Zanetta (2008), no Brasil não se conhece a distribuição de prevalência-incidência do HCV; sabe-se que predomina em adultos jovens e que a suscetibilidade é geral. Atualmente já existe tratamento para a hepatite C. Embora ainda não se possa falar de cura definitiva (há necessidade de esperar pelos resultados finais dos estudos observacionais de longa duração em curso) as taxas de resposta mantida variam entre os 50 e os 60% de todos os doentes tratados. Há um cuidado especial que deve ser feito juntamente com o tratamento, como esclarece Jorge (2008) ao colocar a necessidade de “manter o uso de método anticoncepcional efetivo durante e até 6 meses após o final do tratamento” a fim de evitar a concepção estando ainda doente. A indicação para o tratamento da hepatite C ocorre nos seguintes casos: 23 VHC RNA detectável, ALT persistentemente elevada e biópsia hepática demonstrando fibrose portal, independente da atividade inflamatória; Portadores de cirrose compensada; Usuários de álcool ou drogas que tenham condições de aderir ao tratamento; Portadores de doença mais leve, transplantados (exceto fígado) e aqueles com manifestações extra-hepáticas do VHC têm indicação discutível de tratamento; No caso de pacientes com transaminases normais, não há consenso, mas o tratamento é recomendável se houver fibrose moderada/severa; Portadores de co-infecção HCV-HIV, se a infecção pelo último estiver controlada (JORGE, 2008). No entanto, Jorge (2008) chama a atenção para o fato de que há casos em que certos fatores concorrem para que haja menor resposta ao tratamento, tais como: Genótipo 1; Alta viremia (> 800.000 UI/mL); Fibrose avançada ou cirrose compensada (a descompensada contra-indica o tratamento); Obesidade; Raça negra; Uso descontinuado ou redução na dose da medicação (sendo o primeiro pior que o segundo); Idade avançada; Consumo de bebida alcoólica Acúmulo de ferro no fígado (JORGE, 2008). De acordo com Melo et al (2004, p. 496), após a fase aguda, a infecção pelo HCV evolui para a forma crônica “em aproximadamente 55 a 85% dos casos”. Sobre os fatores que influenciam o risco de cronicidade da infecção estão: Sexo e idade – mulheres e indivíduos jovens eliminam o vírus mais freqüentemente. Um estudo americano demonstrou cronificação em 30% dos indivíduos infectados antes dos 20 anos e 76% nos contaminados após os 20 anos. Raça – maior cronificação e menor resposta a tratamento nos negros. Fonte de infecção do inoculo – o risco de cronificação aumenta com um grande inoculo intravenoso, como nos casos de hepatite pós-transfusional. 24 Estado imunológico do indivíduo – maiores taxas d cronificação foram descritas em pacientes renais crônicos e em portadores de agamaglobulemia. Alguns estudos segurem que as pessoas que não conseguem resolver a infecção pelo HCV apresentam fraca resposta de linfócitos T CD4, mas não se sabe se a resposta deficiente é o que causa a cronicidade ou se o vírus, promovendo a cronificação, bloqueia uma resposta imunológica adequada. Abuso de álcool e co-infecção com outros vírus (HBV e HVI). Sintomatologia da fase aguda – casos de hepatite sintomática com icterícia evoluem menos para a cronicidade. Parece haver relação inversa entre os níveis de aminotransferases na fase aguda da doença e o risco de cronificação (MELO et al, 2004, p. 496). A autora também informa que após a cronificação a hepatite pelo HCV evolui de forma silenciosa, podendo, entretanto, desencadear sintomas gerais, como: “astenia, fadiga, dores musculares ou articulares, em alguns casos” (MELO, 2004, p. 496). Assim, mesmo com o alto número de contaminados, alguns fatores de risco são mais relevantes e todas as pessoas dentro desse grupo devem ser testadas. Segundo Smeltzer, Bare e cols. (2005, p. 1163), são fatores de risco para Hepatite C: Receptor de produtos sangüíneos ou transplante de órgão antes de 1992 ou concentrados de fator de coagulação antes de 1987. Profissionais de saúde e de segurança pública após lesões de punção por agulha ou exposição de mucosa ao sangue. Crianças nascidas de mães infectadas pelo vírus da hepatite C. Uso atual/pregresso de drogas injetáveis ilícitas. Tratamento pregresso com hemodiálise crônica. Sexo com parceiro infectado, ter múltiplos parceiros sexuais, história de DST, sexo sem proteção (SMELTZER, BARE e cols., 2005, p. 1163). De acordo com Smeltzer e Bare, os profissionais de saúde fazem parte do grupo de risco para contrair o vírus da hepatite C. Isso ocorre porque esses profissionais estão expostos a fluidos de sangue de várias pessoas, podendo este estar contaminado. Segundo Melo et al (2004, p. 495), a prevalência de infecção pelo HCV nos 25 profissionais da área de saúde é semelhante à da população em geral, embora exista o risco de contaminação em acidentes perfuro cortantes. Porém, “estima-se um risco de contaminação com o HCV em torno de 2% após acidente perfuro cortante”. 2.2 Hepatite C em profissionais da saúde A equipe de enfermagem tem um envolvimento histórico com o controle de infecção, e como responsável por unidades hospitalares devem estar atento as várias possibilidades de transmissão de patógenos, seja através do profissional para o paciente ou do paciente para o profissional, afirma Pereira et al (1999). Entretanto, esses profissionais estão freqüentemente expostos a situações de contato com sangue e outros fluidos que podem infectá-los; entre essas infecções está o vírus da hepatite C. Pereira et al (1999), revisando a literatura, encontraram que a freqüência do VHC é baixa em profissionais da área de saúde, porém esse grupo pode ser considerado como de risco para contrair a hepatite C, devido ao tipo de trabalho que realizam, em contato direto com o paciente. Após estudos realizados, Ferreira e Silveira (2008) verificaram que, apesar das múltiplas tentativas, ainda não há vacina contra a hepatite C, e tampouco uma profilaxia eficaz pós-exposição. A redução da infecção (e das doenças a ela relacionadas) requer a implementação de atividades de prevenção primárias e secundárias. As primeiras, para reduzir a incidência da infecção; as secundárias, 26 para diminuir o risco de hepatopatia e de outras doenças entre os portadores do VHC. De acordo com as autoras, a prevenção primária tem como alvo a diminuição da incidência da infecção pelo VHC. No caso dos profissionais de saúde, é importante estar sempre aconselhando o uso de equipamentos adequados e testes laboratoriais anuais, a fim de reduzir o risco de transmissão e a evolução para hepatopatia crônica. Esses profissionais da saúde ficam expostos ao vírus da hepatite C devido ao fato de estarem em contato com sangue e derivados. Assim, como a hepatite pode ocorrer sem sintomas específicos, deve-se realizar periodicamente a dosagem de transaminases, HbsAg e Anti HCV nesses profissionais, especialmente nos técnicos de enfermagem por atuarem mais próximos aos pacientes. Em estudos recentes conduzidos por Ciorlia e Zanetta (2008), os pesquisadores identificaram que 75% dos pacientes infectados pelo HCV tinham como motivo da infecção a via parenteral, seja na forma aparente ou inaparente (direta ou indireta). A transmissão do HCV por via parenteral inaparente direta estaria provavelmente localizada no ambiente familiar. Por outro lado, a transmissão por via parenteral inaparente indireta poderia estar relacionada com o contato com utensílios de uso pessoal ou por meio da contaminação de instrumental e utensílios contaminados com sangue infectado; sendo esta a forma de contágio mais comum entre os profissionais da área da saúde. No que se refere à infecção em profissionais de saúde, muitas podem ser as causas da disseminação do vírus da hepatite C. Entre elas, uma poderia estar relacionada à dificuldade diagnóstica da infecção, sobretudo nas fases iniciais quando ainda não ocorreu a soroconversão. 27 Ao fazerem uma revisão histórica sobre a preocupação da infecção da hepatite C em profissionais da saúde, Ciorlia e Zanetta (2008) esclarecem que a preocupação com riscos biológicos surgiu a partir da constatação dos agravos à saúde daqueles que exerciam atividades em laboratórios onde se dava manipulação com microorganismos. Entretanto, somente a partir da epidemia da Aids nos anos 80, as normas de segurança no ambiente de trabalho foram mais bem estabelecidas. Por outro lado, os autores colocam que a transmissão do HCV após acidente com agulha pode ocorrer com risco aproximadamente dez vezes maior que a transmissão pelo HIV, sem a possibilidade de prevenção após a exposição, o que já acontece com o vírus HIV. Por isso, afirmam que é necessário o cumprimento das normas de segurança, diante da possibilidade de infecção por HCV. A manipulação de materiais contaminados com sangue ou secreção é inerente à própria atividade dos profissionais da saúde. O grande problema, entretanto, é que muitas vezes eles manipulam os materiais de maneira incorreta, aumentando o risco de acidentes. Ciorlia e Zanetta (2008), afirmam que, os fatores de risco para a transmissão ocupacional ainda não estão bem definidos. Também não existem, até o presente, informações da sobrevivência do vírus da hepatite C em determinados ambientes. Os autores, ao analisarem a literatura sobre o tema, verificaram que a ocorrência de HCV entre os profissionais da saúde varia de 2% a 10%, associandose o risco de contágio com o tempo de serviço, realização de procedimentos invasivos e ocorrência de acidentes percutâneos. Essa variação na incidência pode estar relacionada ao método empregado para o diagnóstico, principalmente em 28 acidentes com pacientes-fonte HCV-positivos. Após estudos e realizada uma pesquisa no Hospital Universitário em São José do Rio Preto (SP), de janeiro 1994 a dezembro 1999, Ciorlia e Zanetta (2008), concluíram que os profissionais da saúde com sorologia positiva tinham maior tempo de serviço na instituição e 50% maior de chance de ser anti-HCV positivo a cada cinco anos de atividade. Segundo os autores, este resultado sugere que os cuidados diários aos pacientes podem contribuir para o aumento de infecção pelo HCV. Além disso, esse risco pode ser ainda maior se os profissionais da saúde manipularem de maneira incorreta os pacientes. Quanto ao tempo de serviço na instituição, os autores verificaram que os acidentados apresentaram significantemente maior permanência. Com a experiência dos anos de trabalho na instituição, profissionais do setor de enfermagem normalmente realizam atividades de maior risco. Isso pode contribuir para que haja maior exposição a situações de risco de acidentes de trabalho. Por isso, Ciorlia e Zanetta (2008) chamam a atenção para a necessidade de atualização sobre precauções universais e trabalho contínuo de educação, visando prevenção de acidentes. Além disso, os autores esclarecem que as pesquisas revelaram que a análise multivariada mostrou que existem 4% mais chance de se acidentar para cada ano trabalhado. Portanto, para prevenir tais acidentes ocupacionais, segundo esclarecimentos de Pereira et al (1999), tem sido recomendado aos profissionais de saúde a adoção de medidas de Precauções Padrão (PP), que incluem o uso de luvas, máscaras, óculos protetores e capote, sempre que houver risco de o profissional se expor a sangue e/ou outros fluídos orgânicos. É necessário também que todos os materiais perfuro cortantes, como agulhas e lâminas de bisturi, devem 29 ser descartados em recipientes rígidos e as agulhas não devem se recapeadas. Além disso, faz obrigatório que todos os profissionais da saúde sejam vacinados contra a hepatite B. De acordo com Melo et al (2004, p. 495), o risco de contaminação com agulhas ocas (injeção) é ser maior do que com agulhas maciças (sutura), na medida em que nestas últimas o inóculo viral é menor. “Não há medidas de profilaxia pósexposição reconhecidamente eficazes para esta situação, esclarece a autora”. Por isso, “recomenda-se a pesquisa do HCV-RNA por PCR após duas a quatro semanas da exposição para identificação precoce dos infectados”. Entretanto, aponta Melo (2004, p. 495), a transmissão da infecção do profissional da área de saúde para o paciente também pode ocorrer; isso implica que “esses profissionais sejam obrigados a adotar as recomendadas medidas de precaução universal, não apenas no ambiente de trabalho, mas em todos os lugares”. Caso o profissional não esteja imune contra a hepatite B (pesquisa de antiHBs<10), ele deverá ser vacinado. Assim, recomenda-se também a vacinação contra o vírus da hepatite B de todos os membros da equipe de assistência à saúde; porém, mesmo após a vacinação, periodicamente deverá ser pesquisado o anti-Hbs, para verificar a efetividade da imunização. Ainda hoje, informa Sassaki (2008), considera-se que a infecção pelo vírus da hepatite C representa um dos problemas mais sérios de Saúde Pública no Brasil. A infecção da hepatite C em profissionais da saúde é relativamente alta. Por isso, a pesquisa buscará demonstrar a prevalência desse contágio em técnicos/auxiliares de enfermagem no HRC do Distrito Federal. 30 3. METODOLOGIA Tipo de estudo: Estudo de coorte composto por todos os servidores da enfermagem da emergência do HRC. Os estudos de coorte são observacionais onde os indivíduos são classificados (ou selecionados) segundo o status de exposição, sendo seguidos para avaliar a incidência de doença. 3.1 Local de estudo A pesquisa será realizada nos profissionais de enfermagem do Pronto socorro do Hospital Regional de Ceilândia do Distrito Federal. O HRC é um hospital de grande porte e atualmente, atende mais de quatrocentas mil pessoas da Ceilândia e do entorno. A Unidade de Emergência é composta por 43 leitos com uma taxa de ocupação de 100 % e conta com 100 Técnicos / Auxiliares de enfermagem divididos na Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Ortopedia, Box de Emergência e Sala de Medicação, além de 11 enfermeiros assistenciais, 01 enfermeiro coordenador, totalizando 100 profissionais de enfermagem divididos por turno. 3.2 Amostra A população pesquisada foram os técnicos/auxiliares de enfermagem, que trabalham no pronto-socorro, do Hospital Regional de Ceilândia, em especial. Segundo Vergara (2004, p. 50), população é “um conjunto de elementos que possuem as características que serão objetos de estudo”. 31 A população amostral ou amostra, conforme afirma Vergara (idem, p. 50), “é uma parte do universo (população) escolhida segundo algum critério de representatividade”. Assim, a amostra foi os 70 técnicos/ auxiliar de enfermagem do PS do HRC, que participaram deste estudo. 3.3 Coleta de dados O tipo de pesquisa escolhido para este trabalho, segundo classificação de Vergara (2004), é descritiva, quanto aos fins, de campo quanto aos meios de investigação e quantitativa quando à interpretação dos dados. A pesquisa será descritiva porque, na visão de Vergara (2004, p. 47), “a pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno” e, o que se pretende é pesquisar a prevalência de hepatite C em técnicos/auxiliares de enfermagem de uma unidade da rede pública. Essa prevalência será realizada por meio da coleta de sangue dos profissionais de enfermagem que trabalham no pronto-socorro do HRC para a realização do anti-HCV. O diagnóstico laboratorial será realizado por meio de técnica imunoenzimática (ELISA), pesquisando-se no soro o anti-HCV. De acordo com Brandão et al (2008), o VHC circula no sangue em baixa concentração. A detecção de anticorpos contra antígenos específicos do VHC é a maneira mais freqüentemente empregada para identificar a infecção, presente ou passada. A segunda geração do teste ELISA (ELISA II), segundo informa Brandão et al (2008), surgiu em 1992 nos Estados Unidos, tendo incorporado duas proteínas recombinantes do VHC: c22-3 (derivada da região estrutural, ou core) e c33-c (derivada da região não-estrutural NS3). A proteína c33-c foi fusionada com o 32 antígeno c100-3 para formar a proteína c200. Em relação ao ELISA I, o ELISA II mostrou as seguintes vantagens: a) em grupos de baixo risco para a infecção pelo VHC, como os doadores de sangue, aumentou tanto a sensibilidade quanto a especificidade, reduzindo a taxa de falso-positivos para 40 a 50%; b) em grupos de alto risco de infecção, como hepatopatas ou aqueles com história de potencial exposição ao VHC, apresentou maior sensibilidade e especificidade, identificando cerca de 95% dos pacientes infectados com o VHC; c) reduziu de 16 para 10 semanas o tempo médio de soroconversão, ou seja, o tempo transcorrido entre a infecção e o surgimento do anticorpo. Assim, a partir do desejo de conhecer essa realidade buscou-se, conforme explica Gil (1999, p. 28), compará-los com dados já existentes com “a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos”. Sobre a escolha do procedimento de pesquisa com vistas à coleta de dados, Lakatos e Marconi (2002) esclarecem que: São vários os procedimentos para a realização da coleta de dados, que variam de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação. Em linhas gerais, as técnicas de pesquisa são: coleta documental, observação, entrevista, questionário, formulário, medidas de opiniões e de atitudes, técnicas mercadológicas, testes, sociometria, análise de conteúdo e história de vida. (LAKATOS e MARCONI, 2002, p. 33). Para averiguar a prevalência de hepatite C em técnicos/auxiliares de enfermagem do HRC, as pesquisadoras coletarão dados por meio de questionário, assim como farão testes para buscar uma estatística sobre o evento. O questionário, como instrumento de pesquisa, é assim definido por Gil (1999): Questionário como técnica de investigação é composto por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por 33 escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. (GIL, 1999, p. 128). O questionário é um instrumento de pesquisa que é muito utilizado porque possui várias vantagens, como enumera Gil (1999): a) possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio; b) implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige treinamento dos pesquisadores; c) garante o anonimato das respostas; d) permite que as pessoas respondam no momento em que julgarem mais conveniente; e) não expõe os pesquisadores à influências das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado. (GIL, 1999, p. 128). Mas, para se ter um questionário bem construído, é necessário uma elaboração cuidadosa, como aponta Gil (1999, p. 129), ao afirmar que um questionário “visa basicamente traduzir os objetivos da pesquisa e encontrar as respostas desejadas”. Em nossa pesquisa buscaremos, por meio de gráficos e/ou tabelas quantificar a prevalência de técnicos/auxiliares de enfermagem de uma unidade de saúde da rede pública do Distrito Federal, que são portadores do vírus da hepatite C, a partir dos dados coletados no questionário e em exames a serem feitos. O outro instrumento de coleta de dados será a realização do teste imunocromatográfico nos profissionais técnicos/auxiliares em enfermagem que atuam no pronto socorro do HRC. È um teste rápido e que serve para a detecção precisa de anticorpos específicos de HCV (Vírus Hepatite C) em amostras de sangue total, plasma ou soro humano. É indicado somente para uso diagnóstico in vitro. 34 O HCV Rapid Test Bioeasy contém uma tira membrana, que é pré-coberta com antígeno recombinante capturado (core, NS3, NS4 E Ns5) na região teste. A proteína A-conjugado coloidal de ouro e amostra sorológica migram através da membrana imunocromatográfica para região teste (T), formando uma linha visível com alto grau de sensibilidade e especificidade. Este dispositivo de teste tem gravado em sua superfície as letras “T” e “C”, linha teste e linha controle, respectivamente. A linha teste e a linha controle na janela de resultados não são visíveis antes da aplicação da amostra. A linha controle é usada para controle se o procedimento de teste for executado corretamente e os reagentes testes da linha de controle estiverem funcionando corretamente. O procedimento para a realização do teste segue os seguintes passos: a) Ler o procedimento por inteiro e cuidadosamente antes de iniciar o teste. Amostras refrigeradas ou outros materiais devem atingir a temperatura ambiente. b) Remover o dispositivo da bolsa de alumínio antes de iniciar o teste. Colocar o dispositivo sobre uma superfície plana. Dispensar 10ul da amostra de soro, plasma ou sangue total (usando uma micropipeta) dentro da cavidade amostra “S” do dispositivo de teste. c) Adicionar 3 gotas no Tampão dentro da cavidade amostrados no centro do dispositivo de teste. d) Quando começar a reação, uma cor roxa moverá pela janela de resultados no centro do dispositivo teste. e) Fazer a leitura do resultado entre 5 e 20 minutos. Não ler os resultados após 20 minutos. Para a interpretação dos resultados, deve-se observar: 35 a) Reagente: linha C e linha T, ambas aparecem visivelmente na janela do dispositivo, indicando presença de anticorpos HCV na amostra testada. Nota: A intensidade da linha C e T podem ser diferentes, ou seja, a linha C poderá ser mais fraca que a linha T ou vice-versa. Considerar o resultado reagente. b) Não reagente: somente uma linha, a linha C, aparece na região controle, indicando que não existe anticorpos HCV detectados e o resultado é não reagente. c) Inválido: quando nenhuma linha controle aparece na região controle dentro de 5 a 10 minutos, o teste deve ser inválido. Repetir com um novo dispositivo de teste. A tonalidade da coloração vermelha na região da linha (T) variará dependendo da concentração de anticorpos anti-HCV presente. As limitações do teste são: a) O teste deverá somente indicar a presença de anticorpos HCV na amostra e não deve ser usado como único critério para o diagnóstico da infecção da Hepatite C Vírus. b) Como todo teste diagnóstico, todos os resultados devem ser considerados com outras informações clínicas disponíveis para o médico. c) Se o resultado do teste é negativo e os sintomas clínicos persistem, testes adicionais de acompanhamento usando outros métodos clínicos são recomendados. Um resultado não reagente em quaisquer tempo não exclui a possibilidade de infecções recente do Hepatite Vírus C. 36 3.4 Análise de dados A análise de dados será quantitativa, visto que a intenção é buscar a prevalência de hepatite C entre os técnicos de enfermagem em uma unidade hospitalar do Distrito Federal (HRC). Segundo esclarecimento de Lakatos e Marconi (2002), a preocupação central desse tipo de pesquisa é de medir ou quantificar os dados coletados. Dessa maneira, a pesquisa quantitativa, segundo Oliveira (2001), conforme o próprio termo indica, significa quantificar opiniões dadas, nas formas de coletas de informações, assim como porcentagem, coeficiente de correlação, análise de regressão entre outros. 3.5 Procedimentos éticos O projeto foi encaminhado ao comitê de ética (CEP) da Secretaria de saúde (SES) do Distrito Federal e aprovado por meio do documento de aprovação nº. 214/08. 37 4. Resultados O total de técnicos e auxiliares de enfermagem que trabalham no PS do HRC é por volta de 90 profissionais. Entre eles, somente 70 aceitaram fazer o teste e responder ao questionário. Entre esses profissionais, o tempo de serviço varia entre 6 meses a 27 anos de serviço na SES; sendo que 21 profissionais não deram essa informação. Dos que informaram, a média de tempo de serviço é de 11 anos. Entre os profissionais que participaram da pesquisa e fizeram o teste, 45 são do sexo feminino, representando 64% dos participantes, e 25 são do sexo masculino, representando 36% dos participantes. Um dos participantes da pesquisa afirmou ser hemofílico e um não respondeu a essa questão, assim temos: 98% dos profissionais não são hemofílicos 1% é hemofílico e 1% desconhecido. Sobre haver recebido alguma transfusão de sangue ou similares antes de 1993, 94% dos participantes responderam que não, totalizando 75 funcionários. Um participante deixou a resposta em branco, totalizando em 1% com resposta desconhecida e 4 afirmaram ter recebido transfusão antes de 1993, totalizando 5% dos participantes, como se observa no gráfico abaixo: Gráfico 3 – Transfusão de sangue ou similares antes de 1993 5% 1% 94% Não Sim Não respondeu 38 Quanto a ter realizado tratamento para problemas renais com hemodiálise, 67 profissionais afirmaram que nunca fizeram hemodiálise, totalizando 96% dos participantes; 4% não responderam a essa questão, totalizando 3 profissionais. Sobre usar piercing, 86% dos funcionários não usam, totalizando 60 profissionais; 11% usam piercing – 8 funcionários; e 3%, dois profissionais não responderam a essa questão. Esses dados podem ser visualizados no gráfico 4: Gráfico 4 – Usa piercing 11% 3% 86% Não Sim Não respondeu Quanto a ter tatuagem, 85% dos profissionais informaram que não têm, totalizando 59 funcionários; 14% têm tatuagem, ou seja, 10 funcionários; e, 1%, 1 funcionário, não respondeu a essa questão; como se observa no gráfico 5: Gráfico 5 – Tem tatuagem 14% 1% 85% Não Sim Não respondeu 39 Se já realizou algum tratamento com acupuntura, 92% dos funcionários não se submeteram à tratamento com acupuntura, ou seja, 64 profissionais; já 7% - 5 profissionais já fizeram acupuntura e 1% não respondeu a essa questão. Entre os que fizeram acupuntura, não souberam responder se o material era acondicionado em frasco com pastilhas de formalina e novamente utilizado. Gráfico 6 – Já fez acupuntura 7% 1% 92% Não Sim Não respondeu Os dados sobre esses três eventos (usa piercing, tem tatuagem e já fez acupuntura) nos profissionais do HRC estão descritos no gráfico a seguir: Gráfico 7 – Piercing, Tatuagem e Acupuntura 70 60 50 40 30 20 10 0 Piercing Nâo Tatuagem Sim Acupuntura Não respondeu 40 Entre os profissionais, 67% relataram que já tiveram acidente com material perfuro cortante em sua prática, ou seja, 47 funcionários; entre esses 30 fizeram acompanhamento em unidade de referência, totalizando 64% dos profissionais que sofreram o tipo de acidente acima relatado; 16 profissionais, ou seja, 34% não fizeram acompanhamento e 1% não respondeu essa questão. Quanto à alta do acompanhamento, 60% dos que sofreram acidente tiveram alta, ou seja, 28 funcionários, 23% não tiveram alta, totalizando 11 funcionários e, 17% - 8 funcionários não responderam a essa questão. Os outros 33% dos participantes da pesquisa relataram que nunca sofreram acidente com material perfuro cortante em sua prática, ou seja, 33% dos profissionais. Gráfico 8 – Acidente com material perfuro cortante 0% 41% 59% Não Sim Não respondeu Quanto a já ter feito cirurgia por videolaparoscopia, 94% dos funcionários, ou seja, 66 profissionais nunca fizeram esse tipo de cirurgia; 3%, ou seja, 2 funcionários já fizeram cirurgia por videolaparoscopia e 3%, ou seja, 2 funcionários deixaram de responder a essa questão; como pode ser visualizado no gráfico a seguir: 41 Gráfico 9 – Cirurgia por videolaparoscopia 3% 3% 94% Não Sim Não respondeu Sobre já ter feito endoscopia com biópsia, 76% dos participantes afirmaram que não fizeram esse tipo de procedimento, ou seja, 53 funcionários; 21%, ou seja, 15 funcionários já fizeram endoscopia com biópsia; e, 3%, 2 funcionários, não responderam a essa questão; como se observa no gráfico a seguir: Gráfico 10 – Endoscopia com biópsia 21% 3% 76% Não Sim Não respondeu Os dados sobre esses três eventos (acidente com material perfuro cortante, cirurgia por videolaparoscopia e endoscopia com biópsia) nos profissionais do HRC podem ser melhor visualizados no gráfico a seguir: 42 Gráfico 11 – Acidente, Videolaparoscopia e Biópsia 70 60 50 40 30 20 10 0 Acidente com material perfuro cortante Nâo Cirurgia por videolaparoscopia Sim Endoscopia com biópsia Não respondeu Quanto ao uso de drogas, 100% dos profissionais que participaram da pesquisa afirmaram que não usam cocaína inalável e nem injetável, não usam crack, nem merla e nenhum outro tipo de droga injetável. Quanto ao resultado do teste imunocromatográfico, 100% tiveram resposta não reagente, significando que o teste não detectou a presença do vírus da hepatite C em nenhuma amostra de sangue testada. Pelo menos para esse teste, podemos afirmar que, de acordo com o resultado, nenhum dos 70 profissionais que trabalham no PS do HRC e que fizeram o teste são portadores de HCV. 43 5. Discussão Para a realização da coleta de dados (aplicação do questionário) e a realização do teste imunocromatográfico, as pesquisadoras visitaram o Pronto Socorro (PS) do HRC 15 vezes, permanecendo no local aproximadamente 3 horas em cada visita. A chefe da enfermagem do PS forneceu a escala mensal dos servidores, onde pudemos observar que os profissionais diurnos seriam mais facilmente encontrados, enquanto que os noturnos faziam mais trocas de plantão, dificultando assim, o nosso trabalho. Os funcionários sempre se mostravam receptivos e colaborativos; em alguns casos predominavam ansiedade e medo no momento da realização do teste. Os testes foram realizados em cada posto de enfermagem do PS, totalizando cinco postos: posto de medicação, Box de emergência, posto da ortopedia, posto da cirurgia e Box de injeção. Durante nossa pesquisa observamos que os profissionais não faziam usa de nenhum tipo de EPI (Equipamento de Proteção Individual), como por exemplo, luvas, capotes e máscaras. Percebemos também a preocupação de tais profissionais em realizar exames periódicos para detecção de infecções, como: HIV e hepatites, pela medicina do trabalho local. Na pesquisa realizada com o questionário, observou-se que há comportamentos de risco praticados pelos técnicos/auxiliares de enfermagem do Pronto Socorro do HRC, como, por exemplo, ter recebido transfusão de sangue antes de 1993. Outros comportamentos de risco para contágio pelo vírus HCV são: usar piercing, fazer tatuagem e acupuntura, devido utilizar instrumentos perfurantes 44 que podem não estar bem esterilizados. Esses três comportamentos foram observados em alguns dos participantes da pesquisa que, mesmo sendo funcionários da saúde e sabendo dos riscos existentes, se submetem a tais práticas. Outros eventos que podem colocar o profissional da enfermagem em risco de contágio são: acidentes com material perfuro cortante, cirurgia por videolaparoscopia e endoscopia com biópsia. Procedimentos pelos quais alguns dos participantes da pesquisa já passaram. Porém, mesmo que haja comportamento de risco entre os técnicos/auxiliares de enfermagem que participaram da pesquisa, o teste realizado comprovou que nenhum deles está contaminado pelo vírus da hepatite C. 45 CONSIDERAÇÕES FINAIS O vírus da hepatite C possui grande prevalência na enfermagem por estarem expostos ao sangue dos pacientes (SMELTZER, BARE e cols., 2005, p. 1163); essa constatação foi realiza pelos autores que compõem o referencial teórico desta pesquisa. Além disso, são colocados como grupo de risco, segundo Schechter e Marangoni (1998, p. 375-376), pessoas hemofílicas – por precisar de transfusão sangüínea, pessoas que já fizeram transfusão de sangue, que fazem ou fizeram hemodiálise, sofreram acidente com material perfuro cortante contaminado com sangue, fizeram cirurgia com videolaparoscopia ou endoscopia com biópsia, assim como, que possuem comportamento de risco, ou seja, usam piercing, têm tatuagem, fizeram acupuntura ou são usuários de droga. Essa exposição a situações envolvendo sangue é fator de risco para o vírus da hepatite C devido ao fato de que esse vírus, comumente, é transmitido via contato direto com sangue contaminado. Assim, todos os profissionais ou pessoa que estão expostos a situações envolvendo sangue de terceiros, podem ser considerados como de risco para contrair esse tipo de vírus. Entre os fatores de risco que foram observados nos participantes da pesquisa, estão: 1% é hemofílico; 5% dos participantes receberam transfusão de sangue antes de 1993; 11% usam piercing; 14% têm tatuagem; 7% já fizeram acupuntura; 67% já tiveram acidente com material perfuro cortante em sua prática; 3%, já fizeram cirurgia por videolaparoscopia; e, 21%, já fizeram endoscopia com biópsia. Portanto, na pesquisa realizada com os profissionais técnicos/auxiliares de 46 enfermagem do pronto socorro do Hospital Regional de Ceilândia – DF, chegou-se à conclusão de que, mesmo que estejam expostos a fatores de risco, o resultado do teste imunocromatográfico foi não reagente para 100% dos participantes da pesquisa – 70 profissionais. 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDÃO, Ajacio Bandeira de Mello et al. Diagnóstico da hepatite C na prática médica: revisão da literatura. Disponível em <http://www.scielosp.org> Acesso em 14/05/2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Hepatites Virais – Avaliação da Assistência as Hepatites Virais no Brasil. Brasília; 2002. BRASIL. SINAM; SIM. Secretária de saúde do DF. Brasília, 2008. CALLEGARO, Fabiane P. et al. Comportamento da hepatite viral C nos pacientes em programa de hemodiálise do Hospital São Lucas da PUCRS. Artigo publicado na Revista Scientia Medica. Porto Alegre: PUCRS, v. 16, n. 3, jul./set., 2006. p. 115118. 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