Saúde
MINAS GERAIS SEXTA-FEIRA, 6 DE JULHO DE 2007 - 8
LUCIANA NEVES
CÂNCER
VENCIDO
Hospital Alberto Cavalcanti,
da Fhemig, comemora sucesso
de cirurgia pioneira em Minas
O Hospital Alberto Cavalcanti
(HAC), da Rede Fhemig, é pioneiro em
Minas Gerais na realização da linfadenectomia inguinal por videolaparascopia. Trata-se de uma cirurgia para retirada dos linfonodos (gânglios) da área da
virilha, de forma menos invasiva, e é feita em pacientes com câncer de pênis. Esses linfonodos são o principal local de
metástase da doença. Operação desta natureza foi realizada no dia 29 de junho
pelos urologistas Pedro Romanelli e Ricardo Nishimoto, aplicando técnica descrita pela primeira vez por um brasileiro,
o médico paulista Marcos Tobias-Machado, em 2006. Em todo o mundo, há
18 casos relatados do procedimento.
Pedro Romanelli, chefe do bloco cirúrgico do HAC, afirma que a cirurgia
tradicional (feita por meio de grandes incisões na coxa) apresenta, muitas vezes,
complicações significativas. Com o objetivo de diminuir a morbidade cirúrgica, foi proposto o acesso videolaparoscópico, que permite a reprodução
da técnica tradicional, além de ser
considerado um procedimento minimamente invasivo, que permite a recuperação mais rápida do paciente.
Foi submetido à cirurgia o desempregado S.V.C., de 40 anos, que teve alta
e se recupera bem.
“Já tinha meses que estava sofrendo
com dor no canal da bexiga, não conse-
guia nem dormir. Quando urinava, sangrava muito. Não fiquei com medo de
operar. Graças a Deus, correu tudo bem,
mas sei que enrolei muito para procurar
ajuda do médico”, reconhece.
O câncer de pênis é tema da campanha nacional da Sociedade Brasileira de
Urologia (SBU) deste ano e tem prevalência maior em países subdesenvolvidos. Está relacionado a baixas condições
socioeconômicas, má higiene e infecção
pelo papilomavírus humano (HPV).
Em 18 meses, 11 pacientes com a
doença foram tratados com no HAC.
Romanelli ressalta que a maioria dos homens demora cerca de um ano para procurar atendimento médico. Um dos principais sinais da doença é o aparecimento
de ferida ou verruga no pênis.
“A demora às vezes é tão grande
que, quando o paciente chega, há necessidade de realizar a amputação, que
pode ser parcial, na maioria das vezes,
ou total. Geralmente tira-se a glande,
que é o local de maior acometimento,
sem afetar a ereção”.
Além disso, o urologista Ricardo
Nishimoto, também do serviço de Urologia do HAC, observa que pacientes que
se submetem a operações de fimose na
infância ou no início da adolescência têm
menos chance de ter câncer de pênis.
DIVULGAÇÃO
OS UROLOGISTAS PEDRO ROMANELLI E RICARDO NISHIMOTO
VIDEOLAPAROSCOPIA,
A INCISÃO SEM CORTE
A realização de cirurgias videolaparoscópicas é
uma tendência mundial e vem ganhando força principalmente na área da urologia, por se tratar de técnica
minimamente invasiva, menos dolorosa, com menores
taxas de sangramento e infecções e recuperação mais
rápida do paciente, o que reduz os custos para o hospital. Além disso, há o fator estético, já que são feitos
apenas pequenos orifícios, por onde são introduzidos
uma microcâmera e os instrumentais cirúrgicos.
Criado em fevereiro de 2006, o Serviço de Urologia do Hospital Alberto Cavalcanti é referência em Minas na realização de cirurgias por videolaparoscopia na
especialidade, incluindo extração de cálculos renais,
hiperplasia benigna e tumores de próstata e rim.
O peso normal da próstata é de aproximadamente 25 gramas, podendo crescer com o envelhecimento,
sendo denominada hiperplasia benigna. Para próstatas
de até 80 gramas é realizada a ressecção cirúrgica transuretral (RTU). A intervenção em próstatas grandes
(maior que 80 gramas) que, até então, era feita de forma “aberta” (através de incisão na parede abdominal),
passou a ser feita por videolaparoscopia, em 2002,
com técnica desenvolvida em Porto Alegre (RS) pelo
urologista Mirandolino Mariano.
A equipe do HAC já realizou seis cirurgias para
hiperplasia benigna da próstata por videolaparoscopia,
casos apresentados, também pioneira em Minas, durante o Congresso Mineiro de Urologia, realizado em
junho deste ano, no MinasCentro, em Belo Horizonte.
PREVENÇÃO
A VIDEOLAPAROSCOPIA É FEITA COM O USO DE MICROCÂMERAS
A próstata é uma glândula do sistema reprodutor
masculino responsável pela produção do sêmen, localizada abaixo da bexiga e próxima ao reto. A partir dos
40 anos, acontece seu crescimento natural, que pode
ou não ocasionar problemas, como jato fraco ao urinar
e sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, que
comprometem a qualidade de vida do homem.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda a
realização de avaliação médica anual a partir dos 45
anos, para aqueles sem histórico familiar para câncer
de próstata, e a partir dos 40 para quem tem casos da
doença na família. Ricardo Nishimoto ressalta que faz
parte do exame preventivo a associação do toque retal
à dosagem do PSA (Antígeno Prostático Específico),
exame de sangue para avaliar as condições da próstata. Diagnosticado o câncer na fase inicial, o paciente
tem mais chances de cura e de preservação da continência urinária e da potência sexual. Nessa fase, o tratamento do câncer de próstata consiste na retirada da
próstata e vesículas seminais (prostatectomia radical)
ou radioterapia, dependendo do caso. Já no estágio
avançado, é recomendada a hormonioterapia medicamentosa ou cirúrgica (orquiectomia).
SERVIÇO
Para avaliação inicial de casos urológicos, o
paciente deve procurar um posto de saúde. Caso
necessário, ele é encaminhado ao Posto de Atendimento Médico Padre Eustáquio, que o indicará ao
Hospital Alberto Cavalcanti. O Serviço de Urologia do HAC realiza uma média de 50 cirurgias por
mês, sendo 20 oncológicas.
O presidente da Fhemig, Luís Márcio Araújo
Ramos, afirma que a proposta é transformar hospital em um Centro de Alta Complexidade em Oncologia, com a utilização de novas técnicas cirúrgicas
e fármacos e, ainda, a realização de pesquisas e
implantação do Banco Público de Tumores.
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videolaparoscopia, a incisão sem corte