VIDEOLAPAROSCOPIA O TRAUMA Miguel P. ácul1, Mauro de Souza Siebert Júnior2, Guilherme Arend Pesce3 1 Médico Cirurgião do Serviço de Cirurgia do Trauma do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, RS, Coordenador da Área de Vídeo-Cirurgia. 2 Médico Especialista em Cirurgia Geral. Área de Atuação em Cirurgia do Trauma. Médico Cirurgião do Serviço de Cirurgia do Trauma do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, RS. 3 Médico Especialista em Cirurgia Geral. Área de Atuação em Cirurgia do Trauma Trabalho realizado no Serviço Cirurgia do Trauma do Hospital de Pronto Socorro - Porto Alegre, RS, Brasil. _________________________________________________________________________ ITRODUÇÃO Desenvolvida ao longo do século XX, a laparoscopia vem contribuindo de forma crescente para o diagnóstico e tratamento de várias afecções cirúrgicas, introduzindo profundas mudanças na cirurgia contemporânea. A introdução da vídeo-câmera na primeira metade da década de 80 propiciou o início da era videolaparoscópica que tem como marco fundamental a colecistectomia de Philip Mouret em Lyon, França, em 1997. A videolaparoscopia nasceu como método de conotação eminentemente terapêutica, ao contrário da laparoscopia que era basicamente diagnóstica. Desde então, ampliou-se o seu campo de atuação não só limitado à cavidade abdominal, mas também a outras partes do corpo humano em várias especialidades cirúrgicas. O sucesso da videolaparoscopia no campo da cirurgia eletiva despertou interesse nos grandes centros de trauma para sua aplicação, destacando-se o seu papel no trauma abdominal e torácico, expresso por um crescente número de publicações. A primeira publicação na literatura do uso da laparoscopia no trauma abdominal foi feita por R. Lamy & H. Sarles em 1956. Os autores relataram o uso da laparoscopia no diagnóstico de hemoperitônio em dois pacientes com trauma abdominal contuso. Utilizando conceitos modernos no uso da laparoscopia diagnóstica no trauma, Heselson relatou o uso do método em pacientes politraumatizados para detectar a presença de hemoperitônio, penetração no peritônio parietal e lesão de órgãos abdominais. O autor concluiu que o método é seguro, eficaz, com bom custo-benefício, diminuindo o tempo de hospitalização e das laparotomias não-terapêuticas. Em 1976, Gazzaniga e cols. descreveram o uso da laparoscopia no trauma abdominal penetrante, assim como Carnevale e cols. em 1977. Os primeiros relatos de autores brasileiros foram feitos por Carrilho e Zeitune em1983 e Zantut, Junior e Birolini em 1989. Atualmente, vários serviços de trauma no Brasil e no mundo utilizam a videolaparoscopia na abordagem do trauma abdominal. A pequena quantidade de publicações e o diminuto tamanho das casuísticas demonstram uma evolução relativamente lenta e indicações restritas da videolaparoscopia no trauma abdominal. Utilizada inicialmente com maior freqüência na abordagem do trauma abdominal contuso, parece haver consenso de sua maior validade nos traumas abdominais penetrantes. Ainda em sua adolescência, a videolaparoscopia hoje busca seu real espaço no trauma. AVALIAÇÃO A avaliação inicial do trauma abdominal conta atualmente com um amplo arsenal de métodos invasivos e não invasivos, que permitem uma abordagem cirúrgica mais seletiva, especialmente nos doentes estáveis, para os quais se pode estabelecer um algoritmo diagnóstico, cabendo ao cirurgião decidir qual o método mais adequado para cada situação. A introdução da videolaparoscopia não trouxe modificação na abordagem inicial do trauma abdominal, permanecendo a anamnese, exame físico, exames laboratoriais e exames de imagem, métodos fundamentais na determinação de um diagnóstico presuntivo. Neste contexto, a videolaparoscopia aparece como método seguro e eficiente quando bem indicado, competindo em algumas situações com o lavado peritoneal, a ecografia abdominal e a tomografia computadorizada. O objetivo geral do método é aprimorar o diagnóstico de forma precoce, no sentido de diminuir a morbi-mortalidade dos pacientes com trauma abdominal, permitindo que aqueles sem afecções passíveis de tratamento cirúrgico se beneficiem da não-realização de procedimentos cirúrgicos desnecessários, a diminuição das laparotomias não terapêuticas parece ser a grande contribuição da videolaparoscopia no trauma abdominal. A utilização da videolaparoscopia no trauma abdominal também visa evitar as observações clínicas de doenças em atividade. Além desta função diagnóstica, a videolaparoscopia pode direcionar ou diminuir a extensão de uma laparotomia, além de ter função terapêutica em casos selecionados. Do ponto de vista técnico, permite a avaliação da violação peritoneal, presença de lesões viscerais, hemostasia de vísceras parenquimatosas, aspiração e lavagem da cavidade peritoneal, apoio ao tratamento não-operatório de órgãos parenquimatosos, sutura de ferimentos diafragmáticos e de lesões de vísceras ocas. A videolaparoscopia apresenta vantagens na abordagem do trauma abdominal inerentes ao método e específicas da sua utilização nesta patologia (TABELA 1). A maior limitação da utilização da videolaparoscopia no trauma abdominal é a instabilidade hemodinâmica considerada contra-indicação absoluta a utilização do método. Além da dificuldade técnica de rápido controle de um volumoso sangramento intraabdominal, o pneumoperitônio de CO2 determina alterações hemodinâmicas diversas que podem piorar uma síndrome de baixo débito. Assim, pacientes com pressão sistólica menor que 90 mmHg e que receberam reposição volêmica maior que 3 litros de cristalóide na primeira hora pós-trauma não devem ser submetidos a videolaparoscopia. Discrasias sanguíneas também são consideradas contra-indicação ao método. Distensão abdominal e terceiro trimestre de gestação oferecem grandes dificuldades à realização da videolaparoscopia devido à complexidade de criação de espaço peritoneal que proporcione um acesso seguro. A videolaparoscopia, mesmo realizada por cirurgião experiente e habilidoso, não permite de forma ágil e minuciosa a avaliação do retroperitônio, em especial da retrocavidade dos epíplons, do corpo e cauda do pâncreas e da parede posterior do estômago. Dificuldades na avaliação de lesões intestinais, em especial no colón em suas porções retroperitoneais, a limitação visual determinada por infiltrações hemáticas de grande porte e a existência de áreas de difícil visualização laparoscópica (áreas hepáticas e esplênicas posteriores e superiores) também causa limitações ao método o que tem sido demonstrado em estudo comparativo entre os inventários da cavidade abdominal por videolaparoscopia e por laparotomia no trauma abdominal, diminuindo a segurança do método. Nestas situações, parece haver um aumento do aparecimento de lesões não diagnosticadas. Por estas razões, a abordagem de ferimentos dorsais é uma contra-indicação da videolaparoscopia no trauma. Deficiências técnicas e tecnológicas também podem prejudicar os resultados, restringindo as possibilidades da sua aplicação. A segurança da videolaparoscopia com o uso do pneumoperitônio de CO2 em pacientes com traumatismo craniencefálico não está bem definida em função dos seus efeitos na pressão intracraniana. O pneumoperitônio de CO2 provoca mudanças hemodinâmicas importantes, podendo causar aumento da pressão intracraniana, diminuição do fluxo sanguíneo renal e liberação de substâncias vasoconstritoras caracterizando uma síndrome abdominal compartimental. O mecanismo está relacionado ao aumento da pressão intraabdominal que leva a compressão mecânica de estruturas abdominais e torácicas. A elevação diafragmática causa um aumento da pressão intratorácica, o que resulta na obstrução funcional da drenagem venosa do cérebro e diminuição da reabsorção do líquido cerebrospinal, aumentando, por conseguinte, a pressão intracraniana. A absorção de CO2 pelo peritônio eleva a PCO2, aumentando o fluxo sanguíneo cerebral e a pressão intracraniana, podendo causar edema cerebral. Também há evidências de que a posição de Trendelenburg durante a laparoscopia, utilizada com freqüência, em especial para uma melhor avaliação do abdome inferior, aumenta ainda mais a pressão intracraniana. A videolaparoscopia nesses pacientes deve ser mais bem estudada para que se avalie a significância clínica das alterações demonstradas em estudos experimentais. Consideramos contra-indicação absoluta à indicação de videolaparoscopia em pacientes com hipertensão intracraniana. Pacientes com alto risco de desenvolver aumento da pressão intracraniana devem ser monitorados adequadamente e medidas para evitar a hipercapnia devem ser utilizadas de rotina. A utilização de menor pressão de insuflação peritonial pode ser considerada uma opção, porém o método mais adequado seria o uso de sistemas de elevação da parede abdominal para a realização da videolaparoscopia sugerem a possibilidade de realização do método em pacientes com escala de Glasgow maior que 12. Pacientes com doenças cardio-respiratórias graves em que o acréscimo do pneumoperitônio pode piorar a sua situação clínica também não devem ser abordados por videolaparoscopia. VIDEOLAPAROSCOPIA E TRAUMA ABDOMIAL COTUSO Quando se discute o papel da videolaparoscopia no trauma abdominal contuso, a questão central é que, mesmo doentes pouco sintomáticos, conscientes e sem repercussão hemodinâmica, podem ter pequenas lesões que virão a se manifestar tardiamente com conseqüências graves. Alguns doentes têm lesões associadas, em especial, traumatismo craniencefálico ou etilismo, que determinam alteração do estado de consciência, dificultando a avaliação clínica do abdome. Em situações como estas, a videolaparoscopia mostra-se um método com interessante potencial, com objetivo de diagnosticar a presença de lesões intra-abdominais com morbidade menor que a de uma laparotomia. No entanto, como discutido anteriormente, a videolaparoscopia com pneumoperitônio de CO2 ainda é controversa em pacientes com traumatismo craniencefálico em função de sua repercussão no fluxo sanguíneo cerebral e na pressão intracraniana. Além disso, a utilização de métodos de imagem (lavado peritoneal, ecografia abdominal e tomografia computadorizada) na avaliação do trauma abdominal contuso determina uma competição com a videolaparoscopia. Diversos estudos demonstram resultados satisfatórios do tratamento conservador de lesões de órgãos sólidos fundamentado nos achados dos exames de imagem (em especial, tomografia computadorizada de abdome), em relação aos tratamentos invasivos. Pacientes com lesões hepáticas, esplênicas e renais devido a trauma abdominal contuso, confirmadas e avaliadas em sua extensão com exames de imagens, estáveis hemodinamicamente, se beneficiam do tratamento não-operatório. Assim, o tratamento não-operatório do trauma abdominal contuso ocupou o espaço da videolaparoscopia. A indicação da videolaparoscopia no trauma abdominal contuso aparece nos pacientes em tratamento não-operatório que apresentam evolução clínica insatisfatória, levantando a possibilidade da presença de lesão não diagnosticada ou complicações intraabdominais (sangramento, perfuração de víscera oca) que podem ser abordados por videolaparoscopia desde que permaneçam hemodinamicamente estáveis. Outra situação clínica em que a videolaparoscopia se mostra útil no trauma abdominal contuso é naqueles pacientes estáveis hemodinamicamente que apresentam, nos exames de imagem (tomografia computadorizada de abdome), líquido livre na cavidade peritoneal em quantidade significativa, mas sem evidências de lesão de víscera sólida. Nesta situação, o líquido visualizado pode ser decorrente de lesão de víscera oca, mesentério ou mesmo de via urinária (em especial da bexiga). Em pacientes politraumatizados com fraturas complexas de bacia e com presença de líquido intra-peritoneal, não se identifica qualquer lesão de órgãos em cerca de 40% dos casos. Nestas situações, a videolaparoscopia pode certificar a ausência de lesão, evitando laparotomia diagnóstica, estabelecendo o diagnóstico precocemente e, eventualmente, tratando o problema desde que o paciente esteja estabilizado do ponto de vista hemodinâmico. A videolaparoscopia também permite o diagnóstico e correção das lesões diafragmáticas, evitando o aparecimento tardio de hérnias diafragmáticas e suas complicações. Entretanto, as lesões diafragmáticas tendem a ser mais extensas no trauma abdominal contuso, dificultando tecnicamente o reparo. Berci descreve 15 pacientes com TAC abordados inicialmente, por laparoscopia com instrumental de 3 mm com bons resultados. Também descreveu interessante classificação do hemoperitônio segundo a laparoscopia: - Pequeno: pequena quantidade de sangue na goteira parieto-cólica. - Moderado: lagos sangüíneos entre alças. - Acentuado: alças sobrenadando no sangue. - Estável: não sofre aumento após 10 minutos de observação. A autotransfusão de sangue intra-abdominal foi descrita por Zantut em 1991, sendo uma opção válida desde que a exploração da cavidade peritoneal não demonstre presença de lesão de víscera oca. Poole descreve algoritmo para o tratamento do trauma abdominal contuso, onde a videolaparoscopia é colocada mais como método diagnóstico, competindo com ecografia abdominal, lavado peritoneal e tomografia computadorizada. Constatada a lesão, sugere o uso da laparotomia como método terapêutico. O algoritmo utilizado no Serviço de Cirurgia do Trauma do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, RS, está configurado na FIGURA 01 e é baseado no descrito por Smith e Fry. As indicações de videolaparoscopia no trauma abdominal contuso estão resumidas na TABELA 4 e no algoritmo da figura 1. VIDEOLAPAROSCOPIA E TRAUMA ABDOMIAL PEETRATE As indicações de videolaparoscopia nos ferimentos abdominais por arma branca e por arma de fogo estão resumidas respectivamente nas TABELA 2 e 3 e nos algoritmos das figuras 2 a 5. PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO O preparo pré-operatório nem sempre é possível no paciente vítima de trauma. A ausência de jejum adequado aumenta o risco de aspiração de conteúdo entérico para as vias respiratórias, além de dificultar tecnicamente o procedimento em função da distensão do estômago, intestino delgado e intestino grosso. A colocação de sonda gástrica por via oral ou nasal melhora o espaço peritoneal e deve ser feita de rotina após a indução anestésica.O paciente deve ser fixado à mesa cirúrgica para prevenir quedas em função da freqüente utilização de decúbitos extremos. Se houver indicação de avaliação ou utilização da via perineal, deve-se posicionar o paciente em litotomia (se mulher, com manipulador uterino, descartando a presença de gestação). Coloca-se sonda vesical de demora após a indução anestésica para esvaziamento vesical e controle da diurese a não ser que haja suspeita de lesão uretral o que é freqüente nas fraturas de bacia. O procedimento cirúrgico deve sempre ser realizado com anestesia geral e entubação traqueal. Deve-se evitar uma prolongada ventilação pré-entubação em função do risco de aspiração de conteúdo gástrico e para evitar maior distensão aérea do intestino. Faz-se a degermação da pele da parede abdominal e torácica (esta quando necessário) com anti-séptico em solução degermante. Antissepsia com anti-séptico em solução alcoólica. Faz-se a infiltração de portais com anestésico local, preferencialmente cloridrato de ropivacaína 7,5 mg/ml (0,75%). A antibiótico-profilaxia está indicada e é realizada com cefalosporina de segunda geração (cefoxitina) um grama endovenoso quando da indicação do procedimento na sala de emergência em dose única trans-operatória. Caso o procedimento dure mais de 3 horas, repete-se a dose. Também se deve realizar a prevenção do tétano com toxóide tetânico 0,5 ml por via intramuscular. Utiliza-se também a tetanogama 250 a 500 unidades por via intramuscular nos pacientes com trauma abdominal penetrante caso o paciente não tenha cobertura vacinal completa ASPECTOS TÉCNICOS EQUIPAMENTO O equipamento possui basicamente a mesma composição de um sistema para cirurgia eletiva. É composto por monitor, micro-câmera com o seu processador, fonte de luz, insuflador de CO2 e sistema de documentação (em geral, gravador de DVD). Também é bastante importante a utilização de um armário robusto, porém fácil de movimentar, com rodas e prateleiras móveis que permita que o sistema de vídeo seja funcional, seguro e ergonômico. Em função da necessidade de avaliação de toda a cavidade abdominal, a presença de um segundo monitor colocado em posição diversa do principal pode ser interessante. O equipamento é posicionado na dependência do provável local da lesão, o que é mais fácil de prever nos ferimentos penetrantes quando o monitor é colocado no lado do ferimento. O segundo monitor quando disponível, deve ser colocado em posição contralateral ao primeiro monitor. O uso de um gerador de energia de alto desempenho para hemostasia e corte, seja eletrocirurgia e/ou ultra-som, é de grande importância. INSTRUMENTAL O instrumental Laparoscópico deve ser organizado na mesa cirúrgica conforme a função de cada instrumento. A mesa deve ser enxuta, tanto em termos do material laparoscópico como para cirurgia aberta, não havendo necessidade de composição de uma mesa completa para laparotomia. No entanto, o instrumental para cirurgia aberta deve estar disponível para uso imediato se necessário. A presença de um sistema de aspiração competente com aspirador de 10 mm, pinças tipo “clamp” intestinal para a passagem de alças, porta-agulha e ótica de visão lateral aumentam as possibilidades de ação por parte do cirurgião. PROCEDIMENTO CIRÚRGICO Acesso O acesso à cavidade abdominal é realizado de forma fechada com insuflação inicial de CO2 através de uma agulha de Verres posicionada em região peri-umbilical. Em traumas penetrantes, evita-se entrar pelo ferimento na parede abdominal. Em situações em que o paciente apresenta cirurgias abdominais prévias, em especial com presença de incisões laparotômicas na região a ser operada ou em pacientes com significativa distensão abdominal, deve-se optar por acesso sob visão direta à cavidade peritoneal. Kawahara e Zantut preconizam este tipo de acesso de rotina no trauma abdominal. Neste caso, o acesso pode ser feito com o uso de sistemas especiais de trocateres óticos ou por uma minilaparotomia. Inicia-se a insuflação com CO2 de forma lenta (1 litro por minuto). Após a insuflação de pelo menos 1 litro, havendo certeza de que o posicionamento da agulha está correto e o paciente não apresentando qualquer intercorrência clínica, aumenta-se a velocidade de insuflação para o máximo do aparelho até alcançar a pressão intra-peritoneal desejada (normalmente 14mmHg). A colocação dos trocateres depende do tipo de lesão, da sua posição e da anatomia do paciente. Utilizamos a técnica de posicionamento dos trocateres semelhante a descrita por Zantut e Kawahara, com utilização inicial de dois trocartes de 10 milímetros e um de 5 mm. A utilização de pelo menos dois trocateres de 10 mm propicia a troca de posição da ótica, facilitando a visualização de toda a cavidade abdominal. A utilização de óticas de 5 mm prescinde do uso inicial de trocateres de 10 mm. O primeiro trocater é colocado na linha mediana (10 mm), de 2 a 4 cm acima da cicatriz umbilical. O segundo trocarte (10 mm) é colocado na linha mediana na região suprapúbica sob visão direta. O terceiro trocarte (5 mm) é colocado na linha hemi-clavicular em posição para-retal, próximo a cicatriz umbilical, no lado oposto do local de entrada do ferimento abdominal, exceto nos ferimento da transição toracoabdominal, em que o terceiro trocater é posicionado do mesmo lado do ferimento. O Cirurgião se posiciona na frente do monitor o qual é colocado do lado do ferimento ou do local mais provável de lesão nos traumas contusos. O auxiliar fica em frente ao cirurgião inicialmente, mudando após para trás deste para que possa fazer a câmera com melhor ergonomia. MOITOR CAM. 1 AUX. CIR . 3 10 mm 3 MOITOR Inicia-se o procedimento 5 mm videolaparoscópico com a introdução da ótica (preferencialmente de 30 graus) e revisão sistemática da cavidade peritoneal com procura de sinais indiretos de penetração abdominal ou lesões de órgãos. A revisão da cavidade deve ser bem sistematizada. O andar supra-mesocólico pode ser investigado com a ótica na primeira punção e a pinça auxiliar na terceira punção. Para a revisão do quadrante superior direito, o paciente é colocado em posição de cabeceira elevada e decúbito lateral esquerdo. Observa-se o peritônio parietal, diafragma, lobo direito e segmento medial do lobo esquerdo do fígado, vesícula biliar, grande epíplon e ângulo hepático e porção direita do cólon transverso. Para a revisão do quadrante superior esquerdo, coloca-se o paciente com a cabeceira elevada e em decúbito lateral direito. Observa-se o peritônio parietal, diafragma, segmento lateral do lobo esquerdo do fígado, baço, hiato esofágico, estômago, grande epíplon e ângulo esplênico e porção esquerda do cólon transverso. Nas lesões diafragmáticas, com a ótica na primeira punção pode-se realizar inventário da cavidade pleural através do orifício da lesão e também ação terapêutica (lavagem e aspiração pleural, hemostasia e sutura diafragmática) com pinça de dissecção em punção auxiliar de cinco milímetros na região subxifoídea e porta agulha na terceira punção. O andar inframesocólico é investigado com a ótica na primeira punção. Para a revisão do quadrante inferior direito, a melhor posição é o Trendelemburg com decúbito lateral esquerdo. Observa-se o peritônio parietal, ceco, apêndice cecal, cólon ascendente e intestino delgado. Na revisão do quadrante inferior esquerdo, em posição de Trendelemburg e decúbito lateral direito, visualiza-se o peritônio parietal, cólon descendente, cólon sigmóide e intestino delgado. A avaliação da pelve é feita em posição de Trendelemburg. Revisa-se o peritônio parietal pélvico, possíveis orifícios herniários inguinais e crurais, reto e junção retosigmóide, bexiga e útero e anexos. A manipulação uterina facilita o procedimento. A revisão do intestino delgado (passagem de alças) deve ser realizada de rotina no trauma a não ser que não haja penetração peritoneal. Para a realização da inspeção dinâmica das alças coloca-se a ótica na segunda punção e com pinça de apreensão atraumática na primeira punção levanta-se o cólon transverso, localizando-se a primeira alça fixa jejunal, seguindo-se as alças até o íleo terminal (melhor em posição com cabeceira elevada). Podese também fazer a revisão das alças de forma retrógrada do íleo terminal até o ângulo de Treitz. (melhor em posição de Trendelemburg). A revisão de órgãos retroperitoneais é efetuada quando indicada. Neste caso, uma quarta punção pode ser colocada, contralateralmente a terceira punção para a realização da abertura do ligamento gastro-cólico com exposição da retro-cavidade dos epíplons e exame da parede posterior do estômago e pâncreas ou procedimentos terapêuticos como sutura gástrica. Pode-se deslocar o cólon direito ou esquerdo na goteira parieto-cólica para visualização de suas porções retroperitoneais ou exposição de outras estruturas retro-peritoneais como ureter, vasos gonadais, aorta, veia cava e vasos ilíacos. Nos hematomas de retroperitônio, devido a infiltração da região, torna-se difícil descartar lesões associadas nessa região. Procede-se ao tratamento das lesões encontradas por via laparoscópica ou vídeo-assistida. Quando indicado, deve-se usar a via laparotômica para o tratamento das lesões. Ao término do inventário da cavidade abdominal faz-se revisão da hemostasia, limpeza da cavidade com soro fisiológico, esvaziamento lento do pneumoperitônio e fechamento com fio de poliglactina 2-0 das punções igual ou maiores que 10 mm. Fechamento da pele com fio de nylon monofilamentar 4-0. CUIDADOS E ORIENTAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS • NPO, dieta líquida conforme aceitação quando bem acordado ou quando retorno da função intestinal no caso de tratamento de lesão visceral, em especial de víscera oca. • Manter curativos das feridas operatórias, trocar se necessário. • Antiinflamatório não esteróide fixo (cetoprofeno 100 mg por via endovenosa diluído 8/8 horas). • Analgésico não opióide fixo (Dipirona 500 mg por via endovenosa de 6/6 horas). • Analgésico opióide parenteral se necessário (morfina 10 mg por via sub-cutânea ou 5 mg endovenosa até de 3/3 horas se necessário ou Tramadol 100 mg por via endovenosa até de 6/6 horas ou codeína 60 mg por via sub-cutânea ou oral de 4/4 horas). • Se náuseas ou vômitos: antiemético parenteral (metoclopramida 10 mg ou ondasetron 4 mg por via endovenosa até de 4/4 horas se necessário). • Solução hidro-eletrolítica (glicofisiológica ou similar) por via endovenosa contínua a 40 gotas/minuto. • Medicações específicas como glicocorticóides, heparina, insulina, antibióticos, etc utilizados conforme indicação. COMPLICAÇÕES As complicações da videolaparoscopia no trauma podem ser diretamente relacionadas a abordagem do trauma abdominal por videolaparoscopia ou ao método de uma forma geral. Podem ser divididas em complicações sistêmicas (relacionadas ao pneumoperitônio) e complicações da técnica laparoscópica, as quais podem ser divididas em complicações de acesso ou complicações abdominais. As complicações sistêmicas podem estar relacionadas ao procedimento anestésico e ao uso do pneumoperitônio de CO2. A criação do pneumoperitônio determina uma série de alterações metabólicas, geralmente bem toleradas em indivíduos sadios, mas que podem causar distúrbios importantes em pacientes politraumatizados, idosos e portadores de doenças cárdio-pulmonares. Entre as mais referidas na literatura encontramos: hipertensão intracraniana, intubação brônquica, aspiração do conteúdo gástrico, arritmia cardíaca, enfisema sub-cutâneo, pneumo-mediastino, pneumotórax, pneumo-pericárdio e embolia gasosa. No trauma abdominal, em especial, naqueles penetrantes de transição toracoabdominal, há o risco de pneumotórax hipertensivo durante a realização do pneumoperitônio em função de uma lesão diafragmática. Caso aconteça, o procedimento deve ser imediatamente interrompido com o pneumoperitônio totalmente evacuado e o tórax drenado, retomando-se o procedimento assim que o paciente estiver em condições, de outra forma, a laparotomia deve ser feita. Também é referida a possibilidade de embolia gasosa causada pelo uso do CO2 em pacientes com lesões de grandes vasos ou de fígado. O embolismo gasoso é raríssimo, porém com alta taxa de mortalidade. Os sinais de embolismo gasoso são hipotensão, estase venosa jugular, taquicardia, hipoxemia e cianose. O tratamento consiste na interrupção imediata do exame, com evacuação completa do pneumoperitônio, posicionamento do paciente em decúbito lateral esquerdo com a cabeça para baixo, hiperventilação e passagem de cateter venoso central para tentar aspirar o gás coletado no átrio direito. As complicações de acesso são aquelas decorrentes das punções da parede abdominal e não são freqüentes.A introdução de diferentes instrumentos necessários ao procedimento laparoscópico na cavidade abdominal pode resultar em perfuração de vísceras ocas (estômago, intestino e bexiga) e sólidas, lesão de vasos da parede abdominal, do mesentério ou retroperitoniais e formação de enfisema. A maioria das complicações decorrentes do acesso à cavidade ocorre pela realização de manobras sem a visualização direta do operador, principalmente na punção da cavidade com a agulha de Veress e na introdução do primeiro trocarte. Pode também ser secundárias as inserções dos demais trocateres, secundárias a manipulação dos trocateres ou secundárias a retirada dos trocateres. As complicações abdominais são de natureza técnica e ocorrem também em baixa porcentagem.Sua incidência varia na dependência da magnitude e do tipo de procedimento. Esses índices refletem, na verdade, diferentes níveis de dificuldades técnicas, características das doenças primárias tratadas e estão associadas às áreas de atuação e a experiência do cirurgião. O uso inadequado do instrumental laparoscópico, em especial na manipulação de alças intestinais, é uma das causas de complicações abdominais no trauma e pode ser minimizado com a manipulação cuidadosa das alças com pinças atraumáticas e monitorização rotineira da entrada das pinças. A freqüente utilização de formas de energia para corte e coagulação em um abdome fechado, em especial da eletrocirurgia, também pode ser responsável por complicações. O seu uso deve ser criterioso e cuidadoso.Lesões despercebidas, uma das grandes limitações da videolaparoscopia no trauma, são seguidas de grande morbi-mortalidade e são evitadas com o uso de critérios rígidos de indicação e com boa tática de revisão da cavidade abdominal.A conversão para laparotomia quando não se conseguir obter um inventário seguro da cavidade abdominal é mandatória. Outras complicações relacionadas ao procedimento cirúrgico, porém expressas em outros sistemas como, por exemplo, infecção do trato-urinário, infecção respiratória, trombose venosa profunda e lesões por mau posicionamento do paciente na mesa cirúrgica devem ser prevenidas ou tratadas através de medidas específicas. É através do conhecimento das complicações de um determinado procedimento cirúrgico que podemos evitá-la, diagnosticá-la ou tratá-la adequadamente. Para isto, cuidados como o acesso por visão direta quando indicado, o uso de bom equipamento e instrumental, a presença de uma equipe treinada e boa técnica cirúrgica são fatores fundamentais na prevenção das complicações em videolaparoscopia. Ter e manter normas de segurança nos procedimentos e converter para cirurgia aberta quando indicado e no momento adequado são condutas importantes para a segurança do procedimento. COVERSÃO As indicações para conversão incluem hemoperitôneo maciço, lesões de órgãos não plausíveis de reparo laparoscópico e visualização inadequada de potenciais órgãos lesados ou possíveis fontes de sangramento. Nos casos em que foram identificadas lesões possivelmente reparáveis por via laparoscópica, havendo exclusão de outras lesões associadas, a laparoscopia pode ser utilizada como uma ferramenta terapêutica no tratamento definitivo desses pacientes. RESULTADOS No período de março de 1997 a abril de 2003 no Serviço de Cirurgia do Trauma do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, 116 pacientes foram submetidos a videolaparoscopia, 103 por trauma abdominal penetrante e 13 por trauma abdominal contuso. As lesões penetrantes correspondem a aproximadamente 88% das indicações de videolaparoscopia no trauma no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. A idade média foi de 29 anos com predomínio de 85% do sexo masculino. Nos traumas penetrantes, constatou-se que a arma branca (FAB) foi responsável por 78% (n = 81) dos casos e a arma de fogo (FAF) por 22% (n = 22) do restante. Na topografia da parede abdominal, as lesões localizaram-se, principalmente, no abdome superior (transição tóraco-abdominal, hipocôndrio direito e epigástrio). A indicação de videolaparoscopia nos ferimentos por arma branca baseou-se na penetração duvidosa da cavidade, lesão em transição tóracoabdominal e indicação duvidosa de laparotomia. Nos ferimentos por arma de fogo, o trajeto tangencial e, em casos selecionados, lesões em transição tóraco-abdominal foram as indicações. Os achados videolaparoscópicos mais freqüentes foram violação peritoneal sem lesão, ausência de penetração peritoneal, hemoperitônio, lesão hepática e gástrica.A partir do uso de videolaparoscopia, foram evitadas, no período analisado, aproximadamente 73% das laparotomias nos casos de ferimento por arma branca e 50% nos casos de ferimento por arma de fogo. A videolaparoscopia teve caráter diagnóstico em 58% dos procedimentos por FAB e 45% por FAF. O uso terapêutico da videolaparoscopia foi verificado em 17% dos casos de FAB e 4% dos casos de FAF. O tempo cirúrgico médio encontrado foi de 75 minutos nos FAB e de 87 minutos para procedimentos por FAF. A média do tempo de internação foi de 2,7 dias nos casos de FAB e 3,8 dias nos casos de FAF. 22 pacientes com FAB (27%) e com 11 com FAF (50%) foram convertidos para laparotomia. Ambos os grupos foram semelhantes quanto a incidência de complicações. Dentre elas, foram encontradas infecção urinária, broncopneumonia, infecção de ferida operatória e lesão ureteral. Houve um caso de óbito no grupo do FAF devido a broncopneumonia associado a necessidade de relaparotomia. Treze pacientes foram submetidos a videolaparoscopia por trauma contuso no período estudado. A média de idade foi de 27 anos e houve um predomínio de 77% do sexo masculino. Constatou-se que o acidente automobilístico foi o principal agente causador das lesões fechadas, seguido pela agressão interpessoal. Na topografia da parede abdominal, as lesões localizaram-se difusamente no abdome anterior. Houve acometimento de áreas localizadas em casos de agressão interpessoal, tais como transição tóraco-abdominal, hipocôndrio direito e esquerdo. A videolaparoscopia foi indicada em pacientes que apresentavam exame físico ou exames diagnósticos alterados. Os achados videolaparoscópicos mais freqüentes foram hemoperitônio, lesão hepática e esplênica. A Videolaparoscopia teve caráter puramente diagnóstico em todos os casos. O tempo cirúrgico médio encontrado foi de 95 minutos. Sete casos (54%) foram convertidos para laparotomia. A média do tempo de internação foi de seis dias. As complicações foram relacionadas à dificuldade existente na visualização da face diafragmática do baço e posterior do fígado, além de lesões situadas no espaço retroperitoneal. Casos de complicações pós-operatórias como peritonite, comprometimento hemodinâmico e respiratório também foram encontrados. O desfecho foi positivo na totalidade dos casos, não tendo sido encontrado nenhum caso de óbito. A partir do uso da videolaparoscopia foram evitadas aproximadamente 46% de laparotomias. COCLUSÃO A videolaparoscopia tem sido apontada como mais um recurso na abordagem do trauma abdominal, mostrando-se útil no diagnóstico e tratamento de lesões intra-abdominais e auxiliando na redução da taxa de laparotomias negativas. O sucesso da sua utilização no trauma depende da criteriosa seleção de pacientes, organização estrutural e apoio tecnológico, além de desenvolvimento técnico e vivência laparoscópica. A videolaparoscopia no trauma é tecnicamente difícil, pois o trauma abdominal pode determinar diferentes tipos de lesões em qualquer região da cavidade peritoneal. O procedimento pressupõe uma ampla e detalhada avaliação da cavidade abdominal. Por isso, a incidência de lesões não diagnosticadas pode ser maior, determinando a perda dos benefícios e vantagens do método quando aplicado em condições ótimas. A videolaparoscopia não é uma alternativa à anamnese e ao exame físico nem substitui os métodos diagnósticos já consagrados, devendo ser realizada com objetivos diagnósticos e/ou terapêuticos bem determinados. O grande valor da videolaparoscopia no trauma é a prevenção das laparotomias desnecessárias e o diagnóstico e tratamento de lesões diafragmáticas que passariam despercebidas por outros métodos diagnósticos como ultrasom, lavado peritoneal diagnóstico e tomografia computadorizada. O seu papel na abordagem do trauma abdominal pode ser considerado ainda restrito com maiores possibilidades diagnósticas que terapêuticas, podendo substituir a laparotomia em casos selecionados. Nos ferimentos abdominais penetrantes as indicações estão mais bem estabelecidas em especial nos ferimentos por arma branca da transição tóraco-abdominal e tem maior potencial de ampliação em especial na abordagem dos ferimentos por arma branca da parede abdominal anterior. Já no trauma abdominal contuso o seu papel é limitado e específico com menores possibilidades evolutivas. A videolaparoscopia deve ser desenvolvida em todos os serviços que atendem trauma. O avanço tecnológico com o desenvolvimento de instrumentos melhores e o avanço técnico com maior experiência cirúrgica e análise cuidadosa dos resultados através de estudos metodologicamente bem conduzidos devem permitir aplicações ainda mais largas das técnicas minimamente invasivas no trauma, trazendo respostas para importantes questões que envolvem o tema. TABELA 01 VATAGES DA VIDEOLAPAROSCOPIA: • • • • • • • • • • • • • • • Menor trauma tecidual. Menor agressão imunológica. Reproduz a técnica cirúrgica convencional. Melhor visualização e acesso a toda cavidade peritoneal, excetuando-se as áreas cegas de fígado e baço. Menor sangramento. Menor formação de aderências peritoneais. Menor risco de transmissão de doenças infecciosas. Menor dor pós-operatória. Menor íleo pós-operatório. Melhor efeito estético. Diminuição da incidência e da gravidade das infecções de ferida operatória. Diminuição da incidência de hérnias incisionais. Menor tempo de internação. Menor custo. Retorno mais precoce as atividades normais. TABELA 02 IDICAÇÕES DA VIDEOLAPAROSCOPIA OS FERIMETOS ABDOMIAIS PEETRATES POR ARMA BRACA: • • • Penetração peritoneal duvidosa. Transição tóraco-abdominal. Penetração peritoneal sem indicação óbvia de laparotomia. TABELA 03 IDICAÇÕES DA VIDEOLAPAROSCOPIA O FERIMETOS ABDOMIAIS PEETRATES POR ARMA DE FOGO: • • Trajetória tangencial Transição tóraco-abdominal TABELA 04 IDICAÇÕES DA VIDEOLAPAROSCOPIA O TRAUMA ABDOMIAL COTUSO: • Líquido livre intra-peritoneal em paciente estável hemodinamicamente em que a tomografia computadorizada de abdome não demonstra lesão de víscera sólida. • Abdome duvidoso em politraumatizado, em especial se alteração estado de consciência. • Má evolução clínica de paciente submetido a tratamento conservador de traumatismo de víscera sólida. FIG.01 – ALGORITMO TRAUMA ABDOMINAL CONTUSO: ESTÁVEL HEMODINAMICAMENTE ECO ABDOMINAL + OBSERVAÇÃO CLÍNICA (REPETIR ECO SE QUEDA DE Ht/Hb) TC ABDOME LESÃO VÍSCERA OCA LESÃO VÍSCERA SÓLIDA LÍQUIDO LIVRE, SEM EVIDÊNCIA DE LESÃO DE VÍSCERA SÓLIDA LAPAROTOMIA HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL HEMODINAMICAMENTE INSTÁVEL OBSERVAÇÃO CLÍNICA OBSERVAÇÃO CLÍNICA Ht/Hb ESTÁVEL E CLINICAMENTE BEM QUEDA Ht/Hb E/OU ALTERAÇÃO CLÍNICA T VIDEOLAPAROSCOPIA FIG.02 – ALGORITMO TRAUMA ABDOMINAL ABERTO POR ARMA BRANCA DE PAREDE ANTERIOR E FLANCOS: HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL PAREDE ANTERIOR E FLANCOS SEM DOR ABDOMINAL DOR ABDOMINAL DIFUSA (IRRITAÇÃO PERITONEAL) EVISCERAÇÃO EXPLORAÇÃO DIGITAL - + VÍDEOLAPAROSCOPIA OU LAPAROTOMIA CURATIVO E ALTA (?) VÍDEOLAPAROSCOPIA OU OBSERVAÇÃO CLÍNICA SERIADA DÚVIDA DE PENETRA ÇÃO VÍDEOLAPAROSCOPIA OU LAPAROTOMIA FIG.03 – ALGORITMO TRAUMA ABDOMINAL ABERTO POR ARMA BRANCA DA TRANSIÇÃO TÓRACO-ABDOMINAL: HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL TRANSIÇÃO TÓRACOABDOMINAL SEM DOR ABDOMINAL DOR ABDOMINAL DIFUSA (IRRITAÇÃO PERITONEAL) VÍDEO LAPAROSCOPIA OU LAPAROTOMIA ECOGRAFIA ABDOMINAL - OBSERVAÇÃO CLÍNICA OU VÍDEOLAPAROSCOPIA + FIG.04 – ALGORITMO TRAUMA ABDOMINAL ABERTO POR ARMA DE FOGO DA TRANSIÇÃO TÓRACO-ABDOMINAL: HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL TRANSIÇÃO TÓRACOABDOMINAL SEM DOR ABDOMINAL DOR ABDOMINAL DIFUSA (IRRITAÇÃO PERITONEAL) ECOGRAFIA ABDOMINAL VÍDEO LAPAROSCOPIA OU LAPAROTOMIA RX ABDOME TC ABDOME - OBSERVAÇÃO CLÍNICA OU VÍDEOLAPAROSCOPIA + FIG.05 – ALGORITMO TRAUMA ABDOMINAL ABERTO POR ARMA DE FOGO DE FLANCO: HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL SEM DOR ABDOMINAL E/OU TRAJETÓRIA TANGENCIAL DOR ABDOMINAL DIFUSA (IRRITAÇÃO PERITONEAL) TRAJETÓRIA PERITONEAL ÓBVIA ECO ABDOME LAPAROTOMIA - ALTA CHANCE TRAJETÓRIA EXTRAPERITONEAL + ALTA CHANCE TRAJETÓRIA TRANSPERITONEAL VÍDEO LAPAROSCOPIA OU LAPAROTOMIA OBSERVAÇÃO CLÍNICA REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 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