AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAO DO VALE DO JURUENA CURSO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS NOTA 10,0 COMEMORAÇÃO DOS 10 ANOS DO CURSO DE TURISMO DE NOVA XAVANTINA-MT: UM ESTUDO DE CASO Fátima Cristina Arantes Mobiglia Mesquita Profª MSc Cynthia Cândida Correa [email protected] NOVA XAVANTINA ABRIL/2012 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAO DO VALE DO JURUENA CURSO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS COMEMORAÇÃO DOS 10 ANOS DO CURSO DE TURISMO DE NOVA XAVANTINA-MT: UM ESTUDO DE CASO Fátima Cristina Arantes Mobiglia Mesquita Profª MSc Cynthia Cândida Correa Monografia apresentada como requisito para a obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Planejamento e Organização de Eventos, sob a orientação da Profª. MSc Cynthia Cândida Correa. NOVA XAVANTINA Abri/2012 FICHA CATALOGRÁFICA Mesquita, F.C.A.M. Comemoração dos 10 anos do Curso de Turismo de Nova Xavantina-MT: um estudo de caso Nova Xavantina, MT. [s.ed.], 56 p., 2012 Orientadora: Profª MSc Cynthia Cândida Correa Trabalho de Conclusão de Curso em Planejamento e Organização de Eventos 1. Eventos, 2. Turismólogos, 3. Profissionalização. I.CORREA, Cynthia Cândida.; II. Associação Juinense de Educação Superior - Ajes, Faculdade do Vale do Juruena, Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena.; III. Comemoração dos 10 anos do Curso de Turismo de Nova Xavantina-MT: um estudo de caso. AGRADECIMENTOS Agradeço a presença Divina que tem iluminado e abençoado sempre minha vida e meu caminho. Ao meu esposo querido que sempre me apóia e incentiva em todas as minhas escolhas, pelo amor e companheirismo. Aos meus filhos e netos que tornam minha vida mais feliz e realizada, fazendo cada dia valer mais a pena. Aos nossos queridos Mestres, meu eterno carinho e agradecimento pelo apoio, amizade e conhecimento que nos proporcionaram. RESUMO A atividade turística permite o deslocamento de pessoas por diversas motivações diferentes e, consequentemente, deve ter seu planejamento voltado ao atendimento de necessidades e expectativas de segmentos específicos. Uma das modalidades da atividade diz respeito ao Turismo de Eventos, que é um fenômeno social em grande expansão, tanto no Brasil como no mundo. Em função disso, o estudo aprofundado do planejamento e organização de eventos é relevante para turismólogos que atuarão no trade turístico. Assim, esta pesquisa teve como objetivo principal avaliar as principais dificuldades encontradas pela equipe organizadora composta por acadêmicos para realizar o evento em comemoração aos dez anos de existência do Curso de Turismo da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Nova Xavantina. Mais especificamente buscou-se definir a programação do evento e fazer o projeto com orçamentos e prováveis contratações; convidar todos os egressos, acadêmicos e professores do curso, juntamente com representantes do trade turístico e as principais autoridades municipais para troca de informações e experiências acerca da atividade turística; e, realizar o evento. Os procedimentos metodológicos da investigação envolveram pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, com coleta de dados por meio de questionários e observação in loco das atividades realizadas, que foram analisados na perspectiva qualiquantitativa. Os resultados indicaram que o evento superou a expectativa dos organizadores, que, entretanto, apontaram, principalmente, dificuldade para captação de recursos financeiros e para trabalhar em equipe de maneira efetiva. Pode-se perceber que a tarefa de realizar eventos é complexa e demanda profissionais com conhecimento prévio e experiência prática, o que não é facilmente encontrado no mercado. Daí a importância da realização de eventos no decorrer dos cursos de Turismo, Hotelaria e Gastronomia, para que os futuros profissionais tenham a oportunidade de vivenciar as atividades associadas ao processo, antes de ingressarem no mundo do trabalho. Palavras-chave: Eventos. Turismólogos. Profissionalização. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Cartaz do Evento.............................................................................. 23 Figura 2. Comissão Organizadora................................................................... 24 Figura 3. Local de realização do evento.......................................................... 26 Figura 4. Equipe de recepção.......................................................................... 28 Figura 5. Cerimonial do evento........................................................................ 29 Figura 6. Lançamento do “Selo” comemorativo............................................... 29 Figura 7. Show “Grupo Triêro”......................................................................... 30 Figura 8. Palestras técnicas............................................................................. 30 Figura 9. Confraternização com a Comissão Organizadora............................ 31 Figura 10. Opinião dos acadêmicos do quinto semestre sobre os itens de análise do evento............................................................................................. 43 Figura 11. Opinião dos acadêmicos do oitavo semestre sobre os itens de análise do evento............................................................................................. 44 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 6 CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................. 8 1.1 EVENTOS: INSTRUMENTOS DE INTEGRAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO ................. 8 1.2 – CLASSIFICAÇÃO E TIPOLOGIA DE EVENTOS ............................................ 11 1.3 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS ........................................ 13 1.3.1 Pré-evento ..................................................................................................... 14 1.3.2 Evento ............................................................................................................. 17 1.3.3 Pós-evento ...................................................................................................... 19 CAPÍTULO II - METODOLOGIA............................................................................... 21 CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS............................ 23 3.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO EVENTO PESQUISADO .......................................................................................... 23 3.2 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS ACADÊMICOS PARA REALIZAÇÃO DO EVENTO PESQUISADO ................................................................................... 31 3.2.1 Organização do evento ................................................................................... 32 3.2.2 Planejamento do evento .................................................................................. 33 3.2.3 Operacionalização do evento .......................................................................... 37 3.2.4 Execução do evento ........................................................................................ 39 3.2.5 Estratégias para resolução de problemas ....................................................... 41 3.2.6 Avaliação do evento ........................................................................................ 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ........................................................................ 49 APENDICES 6 INTRODUÇÃO O turismo é um fenômeno social em fase de acelerada expansão no Brasil e no mundo, que pode trazer inúmeros impactos positivos às localidades receptivas devido à sua inter-relação com diferentes setores da sociedade. Dentre os principais impactos estão a geração de emprego e renda, a conservação dos patrimônios naturais e culturais, além do desenvolvimento cultural das comunidades, visto que a relação dos visitantes com a população local contribui para o desenvolvimento cultural de ambos. A atividade turística pode ser fragmentada em diversos segmentos distintos, a exemplo do turismo de lazer, de negócios, rural, de aventura e de eventos, entre outros. A modalidade de Turismo de Eventos envolve o deslocamento de pessoas para participação em eventos pré-estabelecidos e permite a atração de demanda para locais receptivos em diferentes épocas do ano, inclusive na baixa temporada, o que o torna importante para o desenvolvimento regional de certas localidades. Já os cursos de Bacharelado em Turismo têm por objetivo a formação superior voltada a atender a demanda por profissionais competentes, tanto do setor público quanto da iniciativa privada; a realização de estudos de alto nível nas diferentes áreas de atuação do turismólogo; a sensibilização dos acadêmicos e da sociedade sobre a importância econômica e social da atividade turística; bem como a valorização dos recursos e valores locais. O curso de Turismo em Nova Xavantina foi criado em 2001 e tornou-se uma referência para a excelência de profissionalização dos jovens da região em que está inserido. Em função disso, sua comunidade acadêmica passou a ter papel importante na consolidação de programas de fomento ao turismo regional, suprindo uma antiga demanda de aproveitamento do potencial turístico da região do Araguaia. Assim, a realização do Encontro de Turismólogos para comemorar os 10 anos de existência do curso de Turismo em Nova Xavantina foi relevante, pois permitiu intensificar as relações dos acadêmicos com futuros empregadores, conhecer as trajetórias profissionais dos alunos egressos, ampliar a rede de relacionamentos de todos os envolvidos, dentre outros aspectos positivos associados ao evento. 7 Eventos têm essa característica de propiciar ocasiões extraordinárias ao encontro de pessoas, à troca de idéias e experiências, e o contato com novos conhecimentos, possibilitando a integração e o desenvolvimento pessoal e profissional dos participantes. Neste caso, havia ainda o benefício associado à possibilidade de prática de planejamento e organização de evento aos acadêmicos da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Em função disso, a presente pesquisa teve como objetivo principal avaliar as principais dificuldades encontradas pela equipe organizadora para realizar o evento em comemoração aos dez anos de existência do Curso de Turismo da UNEMAT. Para que isso fosse possível foram traçados alguns objetivos específicos: localizar egressos e professores do curso de Turismo; definir a programação do evento e fazer o projeto com orçamentos e prováveis contratações; convidar todos os egressos, acadêmicos e professores do curso, juntamente com representantes do trade turístico e as principais autoridades municipais para troca de informações e experiências acerca da atividade turística; e, realizar o evento. A investigação teve como principais procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica para produção do referencial teórico, e a pesquisa de campo para coleta de dados e observação in loco das atividades realizadas. A abordagem de análise dos dados foi mista, visto que se fez uso da pesquisa qualitativa para aprofundamento dos aspectos relativos à operacionalização do evento, bem como da pesquisa quantitativa, na medida em que alguns dados tiveram tratamento estatístico. Quanto à sua estrutura, o trabalho está subdividido em: Introdução, Capítulos I, II e III, e Considerações Finais. Na Introdução é feita uma breve contextualização da temática a ser discutida, são apresentados os objetivos da pesquisa e é apresentada a estrutura do estudo. O primeiro capítulo contempla o referencial teórico produzido por meio de revisão bibliográfica acerca de Eventos, considerando alguns dos mais renomados autores brasileiros e estrangeiros nesta temática. O segundo capítulo, Metodologia, descreve os procedimentos metodológicos utilizados para concretização da investigação. A seguir, no terceiro capítulo, é feita a apresentação e discussão dos dados obtidos no trabalho de campo. Finalmente, o trabalho se encerra com as considerações finais sobre a pesquisa realizada. 8 CAPÍTULO I REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 EVENTOS: INSTRUMENTOS DE INTEGRAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO O conceito de evento tem sido modificado por ser uma atividade dinâmica, mas sua existência acompanha a história da humanidade em diferentes épocas desde que o mundo é mundo. Evento é uma atividade econômica e social que surgiu praticamente com a civilização humana e que caminha paralelamente a ela, adquirindo características representativas de cada período da nossa história até chegar aos tempos modernos e a forma como ela é conhecida hoje (MATIAS, 2004, p. 20). Sua origem está na Antiguidade, com os Jogos Olímpicos, e atravessou diversos períodos da história da civilização humana até os dias atuais. Há registros que no Brasil os eventos antecedem a chegada da Família Real, aconteciam algumas feiras e os comerciantes armavam barracas em locais abertos para vender seus produtos como eram realizadas na Idade Média. Segundo Matias (2004, p. 22) “esse tipo de feira, com o passar do tempo, foi se aperfeiçoando até apresentar a forma das atuais feiras que ocorrem nos grandes pavilhões de feira e exposições.” Na década de 20, mais precisamente em 1928, o Brasil realiza o seu primeiro evento de turismo, chamado Convenção Internacional de Turismo. De acordo com Matias (2004, p. 23), o Baile de Carnaval em 7 de fevereiro de 1840 foi o primeiro evento brasileiro organizado em um local destinado à realização de eventos. O cinema também transformou em evento o simples fato de se comparecer a uma sala para assistir a determinada projeção, que deu origem à avant-première, e marca o lançamento das grandes produções. Foi no pós-guerra que as ideias e incertezas de evento realmente se afirmaram. Os homens de negócio passaram a buscar meios para divulgar e comercializar seus produtos. Os artistas procuravam alternativas para difundir seus trabalhos e atingir mais pessoas. Os cientistas sentiram necessidade de apresentar e defender suas teses. Grupos com interesses em comum começaram a reuniremse para vender seus produtos a baixos custos, conquistando um público cada vez maior, dando origem a mais ideias e locais para realização de novos eventos. 9 São inúmeros os tipos de eventos hoje existentes. Eles estão presentes em toda a economia, em todas as classes sociais, religiões, raças e credos. Dependendo da visão de quem o realiza e dele participa, o evento poderá ter diversas definições. Partindo da compreensão mais ampla de seu significado, Martin (2003) esclarece que o evento poderá ter uma definição diferenciada da outra, mesmo não sendo conflitante, e Aurélio identifica evento como “acontecimento ou sucesso”. Já o SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial define evento como “qualquer acontecimento que foge a rotina, sempre programado para reunir um grupo de pessoas”. Assim, evento é todo fato inusitado que envolve pessoas. Conforme Watt (2004, p. 15), “o dicionário define evento como sendo qualquer coisa que aconteça diferentemente de qualquer coisa que exista” ou “uma ocorrência especial de grande importância”. Pode-se considerar evento desde uma simples reunião familiar até um mega evento como a Copa do Mundo, no qual milhões de pessoas são envolvidas. De acordo com Melo Neto (2001, p. 13), na verdade tudo é evento, e são os eventos que “mobilizam a opinião pública, geram polêmica, criam fatos, tornam-se acontecimentos, despertam emoções nas pessoas e fazem do entretenimento a nova indústria do terceiro milênio”. Para ele, evento é um conceito de amplo domínio, pois cursos, palestras, shows, competições esportivas, exposições, festivais, mostras de arte e publicidades criativas são eventos. Wilkison (apud WATT, 2004, p. 15) afirma que “os eventos de comunidades locais podem ser definidos como atividades estabelecidas para envolver a população local em uma experiência compartilhada, visando seu benefício mútuo”. Um evento geralmente provoca fortes emoções para os participantes, para os promotores e organizadores provocando um turbilhão de atividades que compõem seu universo. Watt (2004, p. 16) entende que os eventos no campo do lazer e turismo são extremamente diversificados, indo desde apresentações artísticas até corridas ao redor do mundo. O autor afirma que: “um evento é algo que acontece e não apenas existe”. Esta é uma questão muito importante, pois alguém deve fazer com que o 10 evento aconteça. Os eventos bem-sucedidos só acontecem por meio da ação de algum indivíduo ou grupos que faz com que as coisas aconteçam. Para Giacaglia (2003, p. 3) pode-se afirmar que o evento tem como “característica principal, propiciar uma ocasião extraordinária ao encontro de pessoas, com finalidade específica, a qual constitui o “tema” principal do evento e justifica a sua realização”. Quem organiza um evento precisa ser eficiente, ter empenho, capacidade de trabalho, iniciativa, criatividade, competência e obter resultados, e para quem participa, evento significa descontração, confraternização, integração pessoal e profissional, visto que pode gerar e concretizar vínculos. Clegg e Birch (2000, p. 6) mencionam diversos tipos de criatividade: “a criatividade artística (a produção de um livro ou quadro ou a composição de uma música), a criatividade da descoberta (descobertas, invenções) e a criatividade humorística”. Todo evento tem que ter muita criatividade por ser um meio de entretenimento. Para Mirshawka e Mirshawka (1993, p. 22), “o ato criativo implica três elementos: a pessoa criadora, o processo criativo e o objeto criado”, [...] “é a capacidade de dar origem a coisas novas e valiosas e, além disso, é a capacidade de encontrar novos e melhores modos para se fazer as coisas”. Segundo os autores, “a pessoa criativa é aquela que se move ao longo do tempo (pensa sobre o que acontecerá com seu trabalho), move-se por meio do espaço (está mentalmente em diversos lugares), sente as cores, materializa objetos (representa-os), tem sensações, experimenta coisas, escuta sons, emociona-se faz o proibido e, sobretudo, faz nascer uma ideia”. “A criatividade inclui dois aspectos essenciais: a produção de algo novo e que este algo novo seja valioso”. O evento desperta e estimula os sentimentos da alma, do coração e da mente. “Organizar um evento com eficiência significa demonstrar arte e competência para corresponder a todos esses anseios com a prestação de serviços eficientes que superem a expectativa dos participantes” (ZANELLA, 2004, p.14). O evento tem características de um produto – deve ser inovador, satisfazer as necessidades do público, criar expectativas, ser acessível a um grande número de pessoas, possuir um nome de fácil memorização e um forte apelo promocional. O bom evento é algo inusitado, inovador e desafiante. Uma oportunidade de vivenciar algo realmente diferente, pois somente 11 desta forma o publico vai dele participar. É uma promessa de entretenimento e lazer, uma expectativa de sucesso, uma certeza de vivencias emotiva. O público, ao participar de um evento, busca distração, sucesso, emoção, beleza e novidade (MELO NETO, 2001, p. 56). A realização de eventos é considerada importantíssima para o desenvolvimento do fluxo turístico em todo o mundo. De acordo com Andrade (apud BORBA, 2008), em sua maioria, os eventos independem de fatores climáticos, que para o turismo tradicional, são sempre limitantes. Ele ressalta ainda que, muitos eventos podem acontecer em qualquer época, sendo muitas vezes realizados na baixa temporada, com o objetivo de atrair turistas e aumentar a rentabilidade dos investimentos nessa época. Para que o evento seja bastante conhecido, o produtor de eventos deve buscar sempre rapidez na divulgação, promoção e publicidade, e a data e o tema do evento com bastante antecedência. A organização de eventos requer o domínio de uma série de conhecimentos e técnicas, para que se obtenha sucesso e lucro (BORBA, 2008). 1.2 – CLASSIFICAÇÃO E TIPOLOGIA DE EVENTOS Os diversos tipos de eventos podem ser classificados por diversos critérios e possibilidades de realização. Dependendo dos objetivos esperados, os eventos podem ser classificados em institucionais ou promocionais. Os eventos institucionais têm como finalidade principal desenvolver, manter ou aperfeiçoar a imagem da empresa, tornando-a simpática ao mercado, em especial ao seu público-alvo. Já os eventos promocionais são aqueles que visam promover a empresa, entidade, instituição, governo, pessoa, produto ou de um serviço com finalidade comercial, satisfação dos clientes e fidelização dos produtos e serviços. Conforme Giacaglia, (2003, p. 40), “qualquer evento dito institucional, mesmo que apenas a longo prazo e sem a conscientização de quem o organiza, gera ou deverá gerar retorno comercial para a empresa.” Devendo ser classificado entre comercial em curto prazo ou comercial a médio e longo prazos. 12 As principais formas de classificação dos eventos, de acordo com Capacitação em Turismo, no curso de Produção e Gestão de Eventos, realizado pela Fundação Universa e Ministério do Turismo (2011), são: - Categoria: pode ser classificada como institucional - quando visa criar ou firmar o conceito e a imagem de uma empresa, entidade, governo ou pessoa e promocional ou mercadológico - quando objetiva a promoção de um produto ou serviço, visando fins mercadológicos; - Localização ou abrangência: são agrupados segundo o alcance do evento e na captação dos participantes. Podem ser: mundiais, internacionais, latino-americanos, brasileiros, regionais ou municipais; - Data ou freqüência: podem ser fixos, quando tem data invariável de acordo com as comemorações cívicas (7 de setembro), religiosas (Dia de Nossa Senhora Aparecida); específicas (Carnaval), e periódicas (Copa do Mundo); - Dimensão: está relacionado com o número total de participantes. Podem ser: Macro – mobiliza milhares de pessoas, colaboradores e participantes. Exemplo: Copa do Mundo; Grande porte - mobiliza milhares de pessoas, sendo operado apenas por empresas privadas. Exemplo: Festa de Peão de Barretos; Médio porte com adesão de até mil participantes; Pequeno porte – abrange apenas um segmento e tem número específico e reduzido de público; - Perfil dos participantes: Geral, aberto a vários setores. Ex.: Salão do Automóvel de São Paulo; Dirigido e realizado entre profissionais com atividades comuns. Ex.: Convenção Nacional do Comércio Lojista; Especifico composto por técnicos e profissionais com atividades e interesses comuns. Ex.: Congresso Internacional de Endocrinologia; - Adesão: opção em aderir ou não. São classificados como: fechado - adesão restrita em que o participante recebe o convite restrito do organizador, que normalmente paga todas as despesas e, aberto - podendo o participante ser pagante ou não, ao acesso e serviços; - Objetivo ou área de interesse: é identificado de acordo com a finalidade e os objetivos do evento. Podem ser: artístico, científico, cultural, desportivo, cívico, gastronômico, religioso, empresarial, social, técnico, político, turístico dentre outros; - Tipologia: os tipos de eventos mais conhecidos e os que mais representam maior movimentação para a infraestrutura turística serão descritos abaixo. É importante lembrar que cada uma das classificações descritas pode e geralmente agrupa 13 inúmeros tipos de eventos que podem ser classificadas em: Feira; Road shows; Showcasing; Mostra; Salão; Congresso; Conferência; Simpósio; Painel; Seminário; Oficinas; Workshops; Fórum; Desfile; Desfile Cívico; Paradas; Excursões; Cerimônias: Casamento e Formatura; Encontros de convivência; Coquetel; Almoço ou jantar; Festival; Show; Programas de visitas: Fun tour e Open Day. 1.3 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS O evento é um acontecimento que desperta a atenção das pessoas e pode se transformar em notícia e divulgar quem o está realizando. Castelli (2002) comenta que a atuação individual é importante, mas que o desempenho em grupo é mais importante ainda, por isso devemos sempre ter uma boa convivência com a equipe de trabalho para que todos possam se entender e se ajudar. Além disso, segundo Campos et al. (2000), o planejamento é essencial para garantir o sucesso do evento, pois permite ganhar tempo nas outras etapas de realização, evita o desperdício, permite diminuir os imprevistos e facilita sua resolução quando aparecem, reduz a quantidade de esforço necessário nas outras etapas e permite atingir os objetivos propostos. Zanella (2004, p. 35) considera que pela complexidade, amplitude e importância, a promoção de um evento necessita experiência e especialização técnica com um eficiente planejamento na operacionalização abrangendo alguns aspectos básicos: - Definir os objetivos e amplitude do evento, domínio do ambiente, dos limites de atuação e etapas de execução; - Estruturar o roteiro de planejamento e o cronograma de execução com antecedência; - Prever recursos materiais, financeiros e de apoio para atender às exigências operacionais; - Dispor de pessoas, grupos ou comissões para assumir a responsabilidade pela coordenação e execução dos trabalhos; - Integração e relacionamento permanente com patrocinadores, promotores, empresas vinculadas, autoridades, especialistas, imprensa, agentes de viagem, fornecedores, participantes e colaboradores colhendo subsídios e sugestões; 14 - Instituir canais de comunicação ágeis e eficientes entre todas as áreas de operação e serviços prevenindo eventuais deficiências ou falhas no decorrer do evento; e, - Assegurar a quantidade e qualidade dos materiais, produtos e equipamentos necessários para a operacionalização dos eventos. Canton (apud ANSARAH 2004) aconselha, para que o evento se desenvolva e transcorra adequadamente, formar grupos de trabalho e fixar responsabilidades, levando-se em conta suas fases: o pré-evento, o evento e o pós-evento, formando equipes responsáveis pelo planejamento, pela organização e execução. As equipes devem saber como desempenhar determinada tarefa para que haja o êxito do evento como um todo. 1.3.1 Pré-evento Na fase do pré-evento é feito o planejamento para estabelecer uma série de atividades relacionadas com a preparação do evento. O pré-evento corresponde à fase inicial do evento. Segundo Matias (2004), o planejamento, a exemplo de qualquer atividade humana, é peça fundamental no processo de organização de evento. É neste momento em que são definidos o projeto e o planejamento das atividades, o detalhamento dos custos a serem arcados, a definição dos tipos de serviços e profissionais a serem contratados, e também os controles administrativos e financeiros. Tudo isso girará em função dos objetivos gerais e específicos do evento e da previsão de receitas estimadas. A elaboração do projeto para a organização do evento é o passo inicial, é a ideia do que se pretende realizar. A escolha do tema deve ser definida na fase anterior ao planejamento. O planejamento, de acordo com Canton (apud ANSARAH, 2004, p. 317), “não pode ser confundido com previsão, projeção, resolução de problemas ou plano, mas estabelece um conjunto de providências a ser tomadas pelo executivo para a situação em que o futuro tende a ser diferente do passado.” Esse processo envolve um “modo de pensar” com indagações, questionamentos sobre o quê, como, quando, o quanto, para quem, por que, por quem e onde será feito. 15 Martin (2003) considera como espinha dorsal do evento os objetivos, que devem ser claros, precisos, amplos e também específicos, definindo todos os resultados, expectativas e propostas que se deseja alcançar, apresentando quais as justificativas que permitem e viabilizam a execução do evento, além de avaliar os resultados. A definição dos objetivos vai depender muito do tipo de evento que será realizado. Dada a grande diversidade de eventos, é necessário que cada um tenha um projeto específico, contemplando os objetivos pertinentes, visto que cada evento é por si só, único, pelo menos para aquele cliente, naquele momento (MARTIN, 2003). Os tipos de mídia utilizados para divulgação devem estar de acordo com o público que se quer atingir. Para eventos abertos ao público em geral, por exemplo, mídias como TV e rádio fazem muito efeito. No entanto, se o público que se quer atingir é de uma determinada área de conhecimento, como é o caso de congressos científicos, mídias como TV e rádio devem ser utilizadas, mas deve-se convergir distribuição de material para associações, conselhos, instituições, ligadas à área em questão. Malas diretas, jornais corporativos, informativos científicos, sites específicos e folders devem ser enviados diretamente aos interessados. O rádio foi, e continua sendo, o maior divulgador de fatos entre todos os meios de comunicação, pois chega onde outros meios não alcançam (MARTIN, 2003). Com respeito à melhor data para realização do evento, é importante reservar determinada data na agenda de eventos da localidade com bastante antecedência, para garantir que nenhum outro evento similar divida o público interno, bem como o externo. Os dois públicos se complementam e somam divisas para o sucesso e a divulgação do acontecido. Quanto ao dia da semana, é interessante aproveitar feriados prolongados e finais de semanas para que se possa com isso agregar companhias aos participantes principais, aumentando a prestação de serviços e, consequentemente, a arrecadação em hotéis, restaurantes, entretenimentos, city tours etc. A escolha do local para a realização do evento é extremamente relevante, pois conforme Martin (2003), escolher o local é definir o evento, visto que o local escolhido é fundamental para o sucesso do evento. O local não envolve apenas o espaço físico onde o evento acontecerá, mas também a própria localização geográfica em que se encontra. 16 As questões financeiras também precisam ser definidas no processo de planejamento do evento a ser realizado. Algumas perguntas a serem respondidas nesta fase, segundo Martin (2003), são: Quanto custará o evento? Qual a estimativa de patrocínio? Qual será a arrecadação com as inscrições ou bilheteria? Qual é a estimativa de lucro? O valor a ser gasto em cada projeto deve ser o primeiro fato a ser discutido e, a partir daí, deve-se dar início aos ajustes de ambos os lados: cliente, dono do recurso, e gestor do evento, que vai transformar o dinheiro em sucesso. Logo, a captação de recursos é tarefa dos organizadores de eventos, visto que o dimensionamento e a própria realização do evento dependem disso. A gestão do evento começa por aí. No Brasil, o patrocínio em eventos culturais e artísticos é favorecido por leis de incentivo fiscal à cultura nas esferas federal, estadual e municipal. Dentre as principais leis de incentivo, destacam-se: - Lei Rouanet: Lei Federal nº 8.313, de 1991, que permite às empresas abater até 4% do Imposto de Renda; - Lei do audiovisual: Lei Federal nº 8 685, modificada pela Medida Provisória 1.515, que permite desconto de até 3% para pessoas jurídicas e de até 5% para pessoas físicas sobre Imposto de Renda para quem comprar cotas de filmes em produção, no limite de R$ 3 milhões; - Lei de Incentivo à Cultura: Lei Estadual nº 8.819 que permite destinar recursos públicos a projetos aceitos, até 80% do custo total de cada um. É necessário registrar o projeto pelo menos um ano antes, em leis de patrocínio para captação de recursos dos governos. Já a programação de Marketing das empresas privadas é realizada, geralmente, no ano anterior e considera um calendário de eventos previamente estabelecido, o que significa dizer que é preciso também, se antecipar com as solicitações de patrocínios, apoios e colaborações. A definição de cotas em quaisquer das etapas é estudada entre o cliente, o gestor e o produtor do evento. A escolha das estratégias a serem adotadas é feita depois de definidos os objetivos e orçamento. A estratégia constitui fator determinante para o alcance dos resultados e do sucesso do evento. Devem constar as seguintes ações e decisões: o objetivo, o público-alvo, tipo, o tema, o local, a data e horário, o que se pretende 17 atingir e como obter feedback. No mais é utilizar as ferramentas da administração, como estabelecer cronograma, fluxograma e checagem diária das atividades. A contratação de serviços de terceiros é o próximo passo na organização e a execução de um evento. São terceirizados como: equipamentos audiovisuais retroprojetor, data show, som, microfone, filmadora; gráfica - divulgação, crachás, ficha de inscrição, folders, cartaz, papelaria; Bufê – toda a parte de A&B (alimentos e bebidas); decoradores/ambientadores; fotógrafos/cinegrafistas; seguranças; manobristas; recepcionistas; transporte para palestrantes ou artistas; mestre de cerimônia; tradutores/intérpretes etc. A elaboração do programa deve estar em conformidade com o tema principal definido. É feito em combinação com o contratante. Os principais itens a constar neste programa são: período de realização do evento, horário de inicio e término, tema principal, atividades a serem oferecidas ao público e seus respectivos dias, horários e local (is), horários de intervalos para lanche e almoço, promoções a serem realizadas no evento, informações sobre transporte e hospedagem, caso necessário, aos convidados e participantes, atividades paralelas, como passeios, visitas, excursões etc., valor a ser pago pelo participante e formas de pagamento (MARTIN, 2003). Finalmente, a confecção do material promocional, o briefing do produto é passado à equipe de Marketing que elabora o material promocional e apresenta ao cliente. Cabe ao produtor e gestor do evento acompanhar essa etapa afim de que sejam cumpridas as regras de tempo e ações. 1.3.2 Evento Se a primeira fase for bem, a realização do evento, conforme Martin (2003, p. 72), “tem grande possibilidade de ser um sucesso, pois haverá uma boa base para que a organização da estrutura operacional do evento possa acontecer sem grandes problemas”. Também conhecida como transevento, esta fase consiste na aplicação das atividades previstas no pré-evento, será feita a montagem do evento no local escolhido e todos os fornecedores e profissionais que foram contratados no pré-evento farão a operacionalização. 18 O instrumento de trabalho mais eficaz nesta fase é o check-list ou mapa de produção, que nada mais é do que o documento que informa a relação de providências, tarefas e materiais necessários ao evento. A secretaria do evento é responsável pelo apoio administrativo do evento, portanto deve ser instalada e completamente equipada no local com materiais e equipamentos como computador, impressora, fotocopiadora, telefones, internet, e material de escritório. As principais atribuições da secretaria são: • efetuar inscrições e credenciamento; • recepcionar os participantes, convidados e autoridades; • providenciar materiais para os palestrantes; • atender aos participantes com informações e provisão de materiais; • atender e apoiar ao plenário; • entregar certificados. O serviço de recepção é considerado o cartão de visitas, pois o primeiro contato que o participante terá ao chegar a um evento é com os recepcionistas. As atribuições dos recepcionistas serão definidas pelos coordenadores, mas é valido lembrar que esses profissionais do serviço de recepção devem estar bem apresentáveis e preparados para lidar com o público. Dessa forma, quesitos como uniformidade, identificação, maquiagem discreta e poucas jóias, além de sapatos confortáveis devem ser lembrados ao pensar neste serviço. De acordo com Matias (2004, p.136) “é imprescindível demonstrar alegria ao participante, dar importância à sua presença e transmitir o desejo dos organizadores de que encontre no evento motivos de grande satisfação”. O estado emocional dos participantes é estimulado com artifícios como boas-vindas na recepção e serviços pessoais como simpatia, gentileza, eficiência, presteza, paciência e raciocínio rápido, além de hasteamento da bandeira, execução do Hino Nacional despertando a civilidade nas pessoas presentes, decoração agradável e temperatura amena. A depender da tipologia, do público e, principalmente do porte do evento, é interessante a existência de uma sala de imprensa, bem como uma sala VIP para recepcionar jornalistas, bem como autoridades e convidados especiais. No mais, a execução do evento em si deve buscar seguir todo o planejamento realizado, buscando evitar imprevistos e dissabores. Todavia, se acontecer alguma falha, o profissional encarregado e toda sua equipe devem ter 19 agilidade e versatilidade para solucionar o problema de modo que os participantes ou convidados não percebam a falha. Nos eventos solenes ou festas públicas o cerimonial é um conjunto de formalidades que devem ser seguidas pelas autoridades. O serviço de cerimonial atua fazendo-se obedecer as precedências entre as autoridades em um evento e também no planejamento do discurso, dos lugares de honra, das placas comemorativas e alusivas, bandeiras, hinos, filas de cumprimento, visitas de delegações, visitas de autoridades, condecorações, congressos, assinatura de atos, homenagem, dentre outros (FERREIRA apud BORBA, 2008). 1.3.3 Pós-evento Após a realização do evento é feita uma avaliação do mesmo, “por meio de uma análise crítica da verificação do grau de satisfação dos participantes, da eficiência dos serviços prestados e dos resultados obtidos” (FERREIRA apud BORBA, 2008, p. 116). O relatório é um importante instrumento que faz um balanço final, elaborado pelos coordenadores do evento. É etapa de encerramento do evento. Essas atividades vão além da desmontagem física das infraestruturas utilizadas para a realização do evento. É necessário encerrar os pagamentos pendentes e liquidar as pendências administrativas e contábeis. Prestar conta ao cliente (dono do evento ou a Comissão Organizadora), apresentando relatórios da movimentação financeira, dos resultados esperados e alcançados e devolver a ele sobras de todos os materiais não utilizados. Diante dessas atividades, ocorre a confrontação dos resultados esperados com os realizados, proporcionando a análise dos pontos positivos e negativos do evento. Avaliação Geral, importante etapa do pós-evento, onde os produtores e gestores analisam pontos fortes e fracos de todos e do evento em si. Como resultado, um relatório documental. Cada evento deve ser a plataforma para o próximo. Dentro do pós-evento ainda podemos identificar como atividades relacionadas a esta etapa os serviços de secretaria: elaboração e envio de ofícios ou cartas de agradecimento; separação, catalogação e arquivo de correspondências; 20 envio ou entrega de certificados (esta atividade também pode ser feita no encerramento do evento); publicação dos Anais do evento (caso seja encontro científico); envio de release aos meios de comunicação com resultados do evento; organização da desmontagem das instalações e equipamentos e transporte dos materiais terceirizados; planejamento da reunião de encerramento. 21 CAPÍTULO II METODOLOGIA Entende-se por metodologia, o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade, e que esta ocupa um lugar central no interior das teorias, distinguindo a forma exterior de abordagem de um tema. Ela promove “a articulação entre conteúdos, pensamentos e existência” (MINAYO, 2000, p.16). Para o alcance dos objetivos pré-estabelecidos, a pesquisa teve uma abordagem qualitativa, para descrever a complexidade do assunto, e quantitativa, para sistematizar os dados obtidos, ou seja, houve uma abordagem qualiquantitativa ou mista. De acordo com Sampieri, Collado e Lucio (2006, p. 755), “o enfoque misto é um processo que coleta, analisa e vincula dados quantitativos e qualitativos em um mesmo estudo, e que pode permitir a conversão de dados quantitativos em qualitativos e vice versa.” Quanto aos fins, a pesquisa pode ser classificada como exploratória e descritiva, visto que esteve voltada à maior aproximação com o assunto abordado – o evento comemorativo – e a descrição das diferentes etapas associadas à sua realização, identificando os meios utilizados para atrair todos os envolvidos no encontro. Trata-se ainda de um estudo de caso, pois, de acordo com Vergara (2007, p. 49), “é uma pesquisa circunscrita a uma ou poucas unidades, entendidas essas como pessoa, produto, empresa, órgão público, comunidade ou mesmo país. Este tipo de pesquisa tem caráter de profundidade e detalhamento”. O estudo de caso permite o conhecimento em profundidade dos processos e relações sociais. Possibilita grande flexibilidade, mas não permite a generalização dos resultados. Pode envolver exame de registros, observação de ocorrência de fatos, entrevistas estruturadas e não estruturadas ou qualquer outra técnica de pesquisa. O objeto do estudo de caso, por sua vez, pode ser um indivíduo, um grupo, uma organização, um conjunto de organizações ou até mesmo uma situação (DENCKER, 2004, p. 127). Yin (apud GIL, 2006, p. 73) afirma que “o estudo de caso é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, 22 quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência”. Como o Encontro de Turismólogos já teve sua realização, se faz necessária a sua investigação. Assim sendo, esta pesquisa é um estudo de caso, pois analisa particularmente o Encontro de Turismólogos, seu objeto de estudo. Inicialmente foi feita pesquisa bibliográfica para construção do marco teórico do estudo, bem como para coleta de informações para discussão dos resultados obtidos. Gil (2009, p. 59) lembra que esta “desenvolve-se ao longo de uma série de etapas”. A pesquisa bibliográfica, conforme Fachin (2003, p. 125), “diz respeito ao conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas obras publicadas.” Sua principal intenção é conduzir o leitor a determinado assunto e possibilitar a produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações necessárias para a discussão do tema escolhido. Segundo Gil (2007, p. 44), “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Essas fontes bibliográficas permitiram melhor definição e entendimento do que é o planejamento, organização e realização de um evento, e constituem a base da fundamentação teórica deste trabalho. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente (GIL, 2007, p. 45). Além da observação participativa em todas as etapas do planejamento e organização do evento, foi feita coleta de dados, uma pesquisa de opinião junto aos acadêmicos do 5º e 8º semestre do curso de Turismo da UNEMAT em Nova Xavantina, que são os responsáveis pelo evento. Essa investigação buscava identificar a participação de cada um, o comprometimento com a realização do evento, eventuais dificuldades e problemas. Assim, esteve envolvido na construção dos dados um grupo de 33 acadêmicos, que responderam questionários estruturados com questões abertas. As questões abertas são aquelas que dão condições ao pesquisado de discorrer espontaneamente sobre o que se está questionando (FACHIN, 2003). O evento foi fotografado e filmado, e os resultados obtidos na pesquisa serão apresentados fazendo uso de gráficos, tabelas e depoimentos. 23 CAPÍTULO III APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS 3.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO EVENTO PESQUISADO O planejamento do evento a ser promovido pelos acadêmicos teve início com a reflexão sobre o tipo de evento a ser realizado para celebrar os dez anos de existência do curso de Bacharelado em Turismo da Universidade do Estado de Mato Grosso, em Nova Xavantina. Após a prática de brainstorming, a ideia escolhida pelos alunos da disciplina de Eventos II estava associada ao desenvolvimento de um Encontro em comemoração aos 10 anos do Curso de Turismo que reunisse egressos, professores e acadêmicos. Ficou definido o tema “Encontro de Turismólogos” para o evento, que haveria a confecção de selo comemorativo, posteriormente criado por uma acadêmica, e o uso da marca Unemat – Nova Xavantina, para que se identificasse a Universidade e o campus onde o curso é ofertado (figura 1). Figura 1: Cartaz do Evento FONTE: Comissão Organizadora do evento 24 O evento foi realizado pelos acadêmicos do 5º e 8º semestre (vide figura 2) e supervisionado pela docente da disciplina como requisito de avaliação da disciplina de Eventos II. Figura 2: Comissão Organizadora Fonte: MESQUITA, R. (2011) Inicialmente, como o Curso de Turismo estaria fazendo dez anos naquele semestre, foi definido que seria feito um evento para comemorar os dez anos de existência do curso e para alcançar esse objetivo teria que reunir todos os envolvidos que fizeram parte desse processo. Deve-se escolher o tipo de evento mais adequado para que sejam atingidos os objetivos, segundo Ferreira (apud BORBA, 2008). Assim, de acordo com o objetivo inicial, ficou definido que seria promovido um “Encontro de Turismólogos” para reunir profissionais das áreas técnicas, para exposição, informação e possíveis resoluções de conduta a serem tomadas para determinado tipo de problema da classe. Assim, realizar o Encontro de Egressos do Curso de Turismo da UNEMAT para comemorar os dez anos de existência do curso de Turismo em Nova Xavantina, aproximando a universidade da comunidade e do trade turístico 25 municipal, foi o objetivo associado à disciplina de Eventos II. Entretanto, os acadêmicos também pensaram o evento como instrumento para facilitar o acesso dos acadêmicos aos estágios, que são tão extremamente importantes para a formação profissional dos mesmos. O evento também buscava permitir aos atuais acadêmicos conhecimentos sobre a dinâmica do mercado de trabalho na área de atuação do turismólogo, por meio dos depoimentos dos egressos do curso. Adicionalmente, foi planejada uma Palestra Técnica, “apresentação de um tema predeterminado a um grupo pequeno, que já possui informações sobre o assunto” (BORBA, 2008). O tema escolhido foi “A evolução do Turismo no Brasil em 10 anos: Histórico, Mercado de Trabalho e Tendências”, ministrado pela palestrante Profª. MSc. Giovana Pozzer. Em seguida houve a reflexão sobre duas novas questões: Para quem se destinaria o evento? A quem interessará o evento? Sabe-se que a escolha do público-alvo está relacionada à tipologia do evento. Neste caso, o público alvo do evento foi composto por 213 Turismólogos formados pela Unemat de Nova Xavantina até 2011; pelos 221 acadêmicos do curso que ainda estão em formação; pelos professores que contribuíram e colaboram para a formação desses turismólogos; por representantes do trade turístico local, pelas principais autoridades locais; a comunidade em geral; fotógrafos; imprensa; televisão; e, estudantes do 2º e 3º ano do ensino médio. O local escolhido para a realização das atividades comemorativas foi o Pavilhão da Sociedade Brasileira de Eubiose (figura 3), que possui capacidade para acomodar os participantes com infraestrutura adequada, inclusive com acesso a deficientes físicos, condições para instalação de som, retroprojetor, pontos de energia, palco, cortinas, e, área para montagem de bar e alimentação. Além disso, é de fácil de acesso, pois fica próximo dos hotéis e da rodoviária, e oferece ótimas condições de funcionamento de água, luz e sanitários. 26 Figura 3: Local de realização do evento Fonte: MESQUITA, R. (2011). A data escolhida inicialmente para realização do evento seria os dias que antecediam o feriado de 15 de novembro, o que possibilitaria a vinda de mais egressos que estão morando em outras cidades. Mas, em função de acontecer nesta mesma época o Festival de Música e as Olimpíadas Universitárias foi necessário mudar a data para que não chocassem dois eventos importantes da Universidade. Originalmente o evento foi planejado para acontecer durante três dias, assim, elaborou-se uma planilha de custos para cada dia do evento. No primeiro dia, no Pavilhão da Eubiose, solenidade de abertura com as autoridades locais, os egressos, comunidade acadêmica, comunidade em geral, palestra magna, lançamento do selo comemorativo e show musical. No segundo dia, alunos do ensino médio, comunidade acadêmica e egressos assistiriam a palestra técnica na Universidade e seriam feitos os depoimentos dos egressos em relação à atividade profissional e, após essas atividades, seria oferecido coffee break de confraternização. No terceiro dia, a partir das 12h haveria almoço de confraternização com todos os participantes do evento e muitas atividades culturais, músicas, danças, artesanato e exposições diversas. O cálculo inicial seria para 400 27 pessoas envolvidas e pensou-se em captar recursos de patrocinadores para bancar todas as despesas. Todavia, faltando três semanas para o dia do evento, o montante de recursos captados pelos acadêmicos era tão baixo que se chegou a pensar em cancelar o evento. Novamente o planejamento foi modificado, cancelando várias atividades e cortando despesas. Na tentativa do não cancelamento do evento a professora orientadora da disciplina de Eventos II, com experiência em outros eventos que organizou, buscou novos contatos e conseguiu recursos consideráveis para que os objetivos fossem alcançados e o evento se realizasse. Só houve cobrança de ingressos no dia 28 a partir das 23h, horário marcado para início do show com o Grupo Triêro. O patrocinador oficial do evento foi a Cerenge - Engenharia e Armazéns Gerais, empresa que opera no mercado de grãos e tem uma unidade na localidade. De acordo com Ferreira (apud BORBA, 2008, p. 100), o patrocinador oficial assume até 60% dos custos do evento e usa os espaços nobres para sua propaganda. O autor ainda esclarece que pode haver outros patrocinadores responsáveis pelo custeio do restante da produção, que foi o que ocorreu neste evento, onde a Mineração Caraíba disponibilizou recursos após os cartazes terem sido impressos, ficando com a propaganda vinculada apenas no dia do evento. Já o apoio, que se refere aos pequenos cotistas que participam com dinheiro ou trocam material pelo direito de usar um espaço no evento e são distribuídos os espaços em partes proporcionais, foi dado pela Universidade do Estado de Mato Grosso e pela Prefeitura Municipal de Nova Xavantina. Com isso, o evento (convite em anexo) aconteceu com seguinte programação: DIA 28/10/2011 – SEXTA-FEIRA Local: Pavilhão da Sociedade Brasileira de Eubiose 20h – Solenidade de abertura 21h – Lançamento do selo comemorativo 23h – Show com o grupo Triêro DIA 29/10/2011 – SÁBADO Local: Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) 14h – Recepção dos alunos do 2º e 3º ano do ensino médio 14h30’ – Palestra Técnica com Profª. MSc Giovana Pozzer 28 15h30’ – Coffee Break 16 – Participação dos Egressos do curso de Turismo 17h – Apresentação do Curso de Turismo pelos alunos do 5º e 8ºsemestre A figura 4 apresenta a equipe de recepção aos convidados instalada na entrada oficial do Pavilhão da Eubiose. Figura 4: Equipe de recepção Fonte: MESQUITA, R. (2011) O “Encontro de Turismólogos” não poderia deixar de seguir o cerimonial adequado, que é fundamental para quem exerce esta profissão. As pessoas envolvidas com a organização de eventos devem ter pleno conhecimento de todas as formalidades, além da atuação de mestre de cerimônias, indispensável para conduzir a sessão de abertura, saudando o público presente no evento e anunciando os nomes e os títulos dos participantes da mesa. Se houver personalidades no plenário, estas também devem ser anunciadas. Notou-se que o cerimonial ocorreu da maneira correta e contemplou adequadamente as normas, a exemplo dos lugares das autoridades na mesa de cerimônia (figura 5) que foram determinados pela ordem de precedência entre eles. 29 Figura 5: Composição da mesa de autoridades Fonte: MESQUITA, R. (2011) Após a fala das autoridades ocorreu a solenidade de lançamento do Selo Comemorativo dos 10 anos do Curso de Turismo, conforme ilustrado na figura 6. Figura 6: Lançamento do “Selo” comemorativo Fonte: MESQUITA, R. (2011). 30 A última atividade prevista para o primeiro dia do evento foi o show musical ilustrado na figura 7. Figura 7: Show “Grupo Triêro” Fonte: MESQUITA, R. (2011). Finalmente, a figura 8 apresenta imagens das palestras realizadas no segundo dia, no campus universitário da Unemat em Nova Xavantina. Figura 8: Palestras técnicas Fonte: MESQUITA, R. (2011). 31 A existência de sobra de materiais utilizados na preparação de alimentos utilizados no Encontro e nos que seriam vendidos no decorrer do evento, e de recursos financeiros que surgiram na véspera do evento e ultrapassaram o valor estimado para custear as atividades, ocorreu um terceiro momento não previsto no planejamento inicial. Alguns dias depois da realização do evento, ocorreu um jantar de confraternização destinado à comissão organizadora para comemorar o sucesso do evento, a conclusão da disciplina e a finalização do semestre (figura 9). Figura 9: Confraternização da Comissão Organizadora Fonte: MESQUITA, R. (2011). 3.2 DIFICULDADES ENCONTRADAS REALIZAÇÃO DO EVENTO PESQUISADO PELOS ACADÊMICOS PARA Após a realização do evento, foi feita avaliação junto aos acadêmicos por meio de questionário para identificar o aprendizado adquirido, as dificuldades enfrentadas e a opinião deles sobre o evento. Para essa avaliação interna, utilizouse da distribuição “in loco” de questionários específicos para cada área. Etapa realizada em reunião coletiva imediatamente após o encerramento das atividades. Os resultados obtidos e sua discussão estão subdivididos em: organização do evento; planejamento do evento; etapas da operacionalização; problemas 32 encontrados na execução; estratégias para resolução de problemas; e, avaliação do evento. 3.2.1 Organização do evento Inicialmente questionou-se sobre as etapas da organização do evento, e os acadêmicos do 5º semestre responderam: - Pré-evento, planejamento e organização; - Pré-evento, evento e pós-evento; - Pré-evento, planejamento, estudo das equipes, designação de papéis, procura de patrocínio e organização do local; - Planejar data, local, horário, procurar patrocínio, pré-evento, elaboração do projeto, distribuição das tarefas/equipes, evento e pós-evento; - Comissões, planejamento, projeto, organização, convites. Antes de organizar um evento, conforme Matias (2004, p. 111), “o importante é que a ideia seja incorporada pelos empreendedores” como uma forma de levantar elementos sobre o reconhecimento das necessidades desse evento, elaborar alternativas para suprir as necessidades, identificação dos objetivos específicos, coleta de informações sobre os participantes, patrocinadores e instituições em potencial. Os acadêmicos do 8º consideraram que a etapa da organização do evento estava associada a determinar o objetivo, fazer planejamento, público-alvo, recursos para elaboração do evento, a programação e procedimentos, definição dos dias, data e horário, orçamento, som, local, decoração e mestre de cerimônia; - Preparação, organização e execução; - Definir tarefas e planejar o evento; - Proposta da organização, distribuição de funções, criar o selo do evento, o folder, enviar convites às autoridades, buscar patrocínio e o pós-evento enviando carta de agradecimento aos patrocinadores e colaboradores do evento; - Planejamento, definição do tema, data e local, comissões de trabalho para decoração, patrocínios, buffet, comunicação, iluminação, bar, entre outros; - Elaboração do projeto, divisão de tarefas, pedir patrocínio, reservar o local, comprar materiais necessários, realização do evento e pós-evento; - Definir o tipo de evento, programação e orçamento, organização das comissões, busca por recursos financeiros, definir data e local, no evento foi feita a 33 decoração e arrumação do local e o pós-evento foi discutido pontos fortes e fracos para absorver tudo que a experiência pode proporcionar; - Elaboração do projeto com objetivos, justificativa e orçamentos, criação das comissões e traçar estratégias para por em prática o pré-evento, evento e pósevento; - A 1ª etapa da organização do evento: planejamento, traçar metas para alcançar os objetivos propostos, na 2ª etapa: executar na prática o que foi aprendido em sala e finalmente o pós-evento que analisou os prós e contras durante a realização de todo o evento. De uma forma geral, percebe-se pelas respostas dadas que os acadêmicos aprenderam quais as etapas para começar a organizar um evento. Sabe-se que cada tipo de evento possui características peculiares e, às vezes a sua ordem difere, apesar de haver alguma coincidência (GIACAGLIA, 2003). 3.2.2 Planejamento do evento Segundo Martin (2003), planejar o evento é ganhar agilidade no desempenho, é melhorar a eficiência na execução das tarefas, é mensurar com mais acuidade os resultados e ter referências para avaliá-los. Com respeito às dificuldades encontradas pelos alunos no planejamento do evento, houve muitas respostas apontando a falta de entrosamento com alguns colegas e a falta de conhecimento prático. Além disso, também foi relatado: - falta de recursos e dedicação de todos por não acreditaram que o evento poderia ser realizado com a grandiosidade que foi; - conciliação do serviço com o evento e busca de patrocínio; - falta de interesse de alguns alunos em colaborar para a melhoria do evento; - patrocínio, as pessoas não levam a sério os projetos apresentados pelos alunos e não acreditam que podem ser realizados; - falta de interesse dos comerciantes no evento, pois sem eles não teríamos dinheiro para executar o projeto; - descaso de muitos alunos e diretoria da Unemat; - falta de comprometimento por parte da comunidade e empresários que ao longo desses dez anos do curso de turismo receberam a contribuição dos acadêmicos que se deslocam de outros municípios, até mesmo de outros estados e 34 residem aqui por quatro anos comprando nos supermercados, pagando aluguel, água, luz, restaurantes, combustível dentre tantos outros benefícios, além de levar o nome da cidade aos quatro cantos do país. A falta de patrocínio foi considerada pela maioria o fator que mais prejudicou a execução do evento, impossibilitando realizar diversas programações que poderiam enriquecer ainda mais o evento. Observa-se que foram muitas dificuldades encontradas pelos alunos, e é imprescindível a atividade do ser humano para qualquer atividade. Nota-se que a falta de entrosamento entre eles, o fato de muitos não acreditarem na capacidade de realização, que são fundamentais para o êxito de qualquer evento, e a dificuldade de captação de recursos contribuiu para se formar uma equipe insatisfeita. Entretanto, isso não foi suficiente para prejudicar o bom andamento do evento, visto que havia o estímulo associado à avaliação de desempenho para a disciplina. Conforme Canton (apud ANSARAH, 2004, p. 323), “Toda pessoa precisa de elogios, de sentir-se útil e necessária ao grupo. Com isso há comprometimento, ética e empenho de todos. E o sucesso é inevitável”. Complementarmente, os alunos do 8º também encontraram dificuldades em relação aos colegas, falta de apoio da Unemat e falta de patrocínio da sociedade. Também foi mencionado: - dificuldades no planejamento, em montar o pré-projeto por falta de informações das equipes; - falta de interesse da população para com o curso de turismo; - patrocínio, abriu mão de certas programações que poderia enriquecer ainda mais o evento; - falta de interesse de alguns alunos durante o evento. Muitos citaram como maior dificuldade para a realização do evento a falta de patrocínio e apoio da Universidade, empresários e comunidade em geral. Para que qualquer evento seja bem sucedido todos os componentes da equipe devem ser cientes das suas funções e quais as atividades que serão desenvolvidas. Além de todos estarem “falando a mesma língua”, os colaboradores devem trabalhar em sintonia e com muita comunicação, a fim de evitar falhas na execução das atividades e conflitos pessoais internos. Notou-se que houve falta de entrosamento entre as equipes, falta de incentivo dos possíveis patrocinadores e por não acreditarem na capacidade de realização, muitos não se esforçaram. 35 Allen et al. (2003, p.31) descrevem que “a equipe do evento sendo grande ou pequena, é a expressão do evento, e cada qual contribui para o seu sucesso ou o seu fracasso.” Para o sucesso de qualquer evento é necessário traçar estratégias e preparar os agentes, visto que o sucesso dessas atividades está ligado ao planejamento e à qualificação dos que irão executá-lo. É interessante propor à equipe de colaboradores e parceiros um momento inicial de apresentação com dinâmicas de grupo a fim de integrar o grupo. Reuniões frequentes também é uma boa ideia para acompanhamento do grupo e resolução de possíveis conflitos. Ao perguntar se tudo ocorreu conforme o planejado, os alunos justificaram “que ocorreram inúmeras mudanças e adaptações até o último momento no que foi planejado, mas o evento superou até mesmo as expectativas e houve o sentimento de missão cumprida no final”. Também foi mencionado que: - Ocorreram deslizes no segundo dia; - Faltou um pouco mais de participação por parte da Unemat. O evento é uma disciplina do curso e necessita de acompanhamento e investimentos por parte da instituição; - Após várias mudanças por falta de incentivo da própria universidade e patrocínio, conseguimos superar as expectativas e fizemos o evento acontecer de forma organizada e planejada; - Não, porque primeiramente foi planejado um evento de três dias, mas por falta de recurso financeiro não foi possível; - Não, na hora aconteceram alguns imprevistos que pela maioria dos convidados nem foi notado, mas também aconteceram coisas boas como o show com o DJ Mongo; - Sim, até superou as expectativas, pois poucos acreditaram que iria dar certo; - Não, na sexta feira (28) tudo aconteceu como o planejado, dentro do horário previsto, já no sábado (29), faltou o som, a palestrante teve que se esforçar para que todos ouvissem, poucos alunos do ensino médio das escolas estaduais compareceram para assistir a palestra que era destinada a eles, como era previsto; - Na noite de sexta-feira sim, foi Ótimo!!! Já a programação do sábado não, porque as tarefas não foram bem divididas, não houve empenho das duas turmas deixando sem controle o que cada um faria de atividade; 36 - Não, tivemos um show que foi decidido de ultima hora DJ Mongo de Água Boa e os alunos das escolas não compareceram para a palestra do segundo dia do evento; - Nem tudo, no começo almejamos um mega evento, com muitas pessoas, só que tudo foi muito precipitado, diminuímos muitos itens devido ao pouco recurso financeiro, no dia do evento houve algumas falhas, a demora para começar, mas que representa muito pouco em vista do que foi o evento. Os grupos de trabalho responsáveis pelo planejamento, pela organização e pela execução do evento não souberam realizar determinadas tarefas e não formaram equipes responsáveis por cada etapa do evento com comprometimento para solucionar situações imprevistas numa abordagem rápida e eficiente. O planejamento, segundo Matias (2004, p. 112), “a exemplo de qualquer atividade humana, é fundamental no processo de organização de evento englobando todas as etapas de preparação e desenvolvimento do evento”. As diferentes opiniões dos alunos do 8º contribuíram para detalhar mais informações se tudo ocorreu conforme o planejado: “Um evento dificilmente ocorre exatamente como o planejado. No 2º dia do evento não teve organização no anfiteatro para as palestras, apenas no coffee break”; - Houve muitas mudanças do projeto inicial e isto dificultou a integração dos grupos, ideias não aproveitadas; - Sim, até mais que esperávamos, o evento foi um grande sucesso, todos comentavam como foi bem organizado; - Queríamos fazer um evento bem mais amplo, mas com a falta de patrocínio não foi possível; - Houve mudanças de data, reduziu os dias de realização do evento, porém, conforme se ajustou ocorreu muito bem na sexta-feira e no sábado falhou na organização com o datashow e microfone; - Nem tudo ocorreu como o planejado, porém, no decorrer do evento encontramos formas de sanar os problemas encontrados no dia do evento e principalmente no segundo dia em organizar o anfiteatro; - No início do planejamento o custo seria bem maior do que se tinha em caixa, mas com novas adaptações ocorreu conforme o planejado; - No primeiro dia foi maravilhoso, já no segundo dia houve muitas falhas, algumas pessoas não estavam dispostas a ajudar, mas depois deu tudo certo; 37 - Apesar de todas as dificuldades encontradas o evento quase ficou perfeito. Na noite de sexta-feira foi tudo maravilhoso, já no sábado não encerrou com chave de ouro por falta de planejamento. - Devido à falta de recurso houve a necessidade de redução de dias e de gastos para a realização do evento. Planejar um evento é ganhar agilidade no desempenho, considera Martin (2003, p. 73), “é melhorar a eficiência na execução das tarefas, mensurar os resultados e ter referências para avaliá-los”. Além disso, ganha-se tempo, despendem-se menos esforços, evita-se desperdício, tomam-se medidas que minimizem imprevistos e facilitem sua resolução quando surgirem e atingem-se os objetivos propostos. Meirelles (1999, p. 37) considera que o planejamento é um “fator fundamental ao desenvolvimento de qualquer atividade e, de modo especial, para a organização de eventos, permitindo a racionalização das atividades, o gerenciamento dos recursos disponíveis e a implantação do projeto”. Embora os alunos tenham visto todas as etapas do planejamento na realização do projeto, eles não conseguiram se organizar deixando tarefas e responsabilidades que foram determinadas a cada equipe para que outra fizesse. 3.2.3 Operacionalização do evento Os alunos do 5º semestre consideraram que as etapas da operacionalização do projeto que foram modificadas são: orçamento, atrações, cronograma, locais e programação, tudo em função da redução de custos. Nas palavras deles: - Os shows e algumas atrações por falta de recursos; - Mudaram as datas, atividades por falta de patrocínio que precisou reduzir ao máximo o orçamento; - Foi modificada a duração do evento; foi incluído o show com o DJ Mongo, são pequenos detalhes, que é difícil lembrar; - O evento foi reduzido de três dias para um por falta de verba, foram necessárias algumas modificações para ser realizado; - No projeto houve várias modificações, devido principalmente à questão financeira. Houve mudança na data, de palestrantes, redução de dias, decoração, shows etc; 38 - Foram várias, pois tivemos que diminuir várias coisas, inclusive um show, um almoço, uma palestra e a quantidade de dias do evento. Para que não haja muitas modificações nas etapas de operacionalização do planejamento é necessário elaborar um projeto com informações básicas que direcionem o desenvolvimento das atividades que serão realizadas. Existem alguns instrumentos que auxiliam no controle e desenvolvimento das atividades durante todas as fases do planejamento e organização de um evento. Os instrumentos mais utilizados são o briefing, que ajuda a captar informações, esclarecer os aspectos relevantes do evento ou problemas que não estão sendo solucionados, e o checklist, que é a relação das providências, tarefas e necessidades do evento que está sendo organizado. Embora os alunos tivessem elaborado as etapas do briefing e do checklist, na prática não as utilizaram para que não houvesse tantas falhas e que pudessem solucionar os problemas e tomadas providências antes do evento acontecer. Os alunos do 8º consideraram que a data foi mudada, a quantidade de dias foi modificada por falta de patrocínio, no dia contratou-se um DJ de última hora que por sinal acrescentou para o sucesso do evento; - O projeto estava com um orçamento elevado, foram eliminados alguns itens; - No pré-projeto havia mais programações que por falta de apoio financeiro não pode ser executado tendo que cortar algumas bandas e palestras; - O custo do evento sem dúvida foi o mais modificado, porque sem recurso não foi possível contratar a palestrante que desejávamos; - Foram modificadas datas, duração do evento, foram retirada parte da programação como show, palestra, coquetel e almoço; - A palestra motivacional que era para acontecer na sexta foi cancelada, outros shows que estavam programados não ocorreram, o evento era para ser três dias de comemoração, atividades e palestras foi modificado também; - O orçamento, foi eliminado do projeto inicial shows e palestras; - Algumas etapas foram modificadas por falta de patrocínio, era para ter outras palestras, a programação de sábado era para ter show, no domingo era para ter almoço, mas a falta de patrocínio teve que reduzir muito o evento; - O cronograma de atividades e a planilha orçamentária; 39 Conforme foi sentido pelos alunos, criou-se uma expectativa muito grande para a realização do evento com muitas palestras, shows e várias atividades. Inicialmente, o chefe do Departamento de Turismo revelou que haveria um valor inicial significativo, antes mesmo de dar início à elaboração do projeto por se tratar de um evento considerado importante para o curso. A partir disso, iniciou-se a primeira etapa com a elaboração do projeto, contando também que os empresários e comerciantes poderiam ser forte aliados como patrocinadores. Todo evento independente de seu tamanho, conforme Matias (2003, p. 95), necessita decidir como primeira etapa qual será a filosofia financeira e orçamentária do evento. O estudo de viabilidade econômica e o projeto de eventos serão eficientes, se permitirem: [...] conhecer de onde vêm os recursos e para onde eles vão; identificar qual a porcentagem de recursos derivados de que área; analisar o que a organização está gastando e onde as despesas poderão estar sendo muito altas; determinar onde pode haver flexibilidade para aumentar os recursos e tomar decisões sobre diversas variáveis, num modo inteligente e profissional. (PCMA apud MARTIN, 2003, p. 95). Em função de acontecer no mesmo período dois outros importantes eventos na Universidade, o encontro pesquisado foi o que teve menor apoio e o valor inicial que contávamos como certo foi cancelado, depois do projeto já ter sido iniciado. A partir desse momento, os organizadores tiveram que fazer muitas alterações e modificações, cortando grande parte da programação. Os prováveis patrocinadores foram contribuindo com a proximidade do evento e com isso foram feitos muito ajustes. 3.2.4 Execução do evento Ao perguntar aos alunos do 5º quais os principais problemas encontrados na execução do evento, continuaram afirmando que a falta de recursos financeiros, de conhecimento formalizado em relação à prática e de domínio sobre a organização do evento. Foi mencionado que: 40 - Acredito que o apoio da nossa faculdade e de alguns empresários que ao longo desses dez anos do curso foram beneficiados de diversas maneiras, principalmente em divisas de recursos; - Acho que diante das dificuldades na medida do possível, cada um fez o que tinha que ser feito e tudo foi ok; - A falta de responsabilidade e comprometimento, pois muitos não ajudaram a realizar as atividades propostas; - O entrosamento entre as turmas, o empenho e o desempenho de alguns colegas e conseguir patrocínio; - Em minha opinião um dos maiores problemas foi no sábado com duas palestras interessantes, a comunidade local não participou mesmo tendo ônibus para conduzi-los; - A união das turmas por não se comunicarem deixou a desejar durante a organização das palestras no sábado; - Para a realização do evento não tivemos apoio da instituição, poucos do comércio ajudaram com patrocínio. A falta de verba foi um dos maiores problemas; - Aos empresários e comerciantes locais que não contribuíram para a realização desse evento. Ficamos boquiabertos e decepcionados com o descaso dos comerciantes, isso foi um grande problema encontrado, no entanto houve alguns patrocinadores e outros que aprovaram este evento e assim pode ser realizado; - A colaboração de patrocínio e a falta de interesse da própria Unemat; durante as etapas da execução do evento foram encontrados dificuldades na escolha do local, a quantidade de dias, a divulgação no começo não se atingiu o esperado, a verba para execução do evento, a falta de participação de alguns, o apoio da universidade, a escolha da programação entre outros. Canton (apud ANSARAH, 2004, p. 322) considera que todos os nossos adjetivos terão valor real e se auto sustentarão “quando acreditarmos e investirmos na qualidade dos nossos profissionais e assumirmos nossa responsabilidade realizando parcerias verdadeiras, que trarão resultados positivos para os organizadores de eventos”. Já para os acadêmicos do 8º os principais problemas encontrados foram “promover um evento grandioso com muitas pessoas ao mesmo tempo, mesmo 41 dividindo as tarefas, tem grupos (equipes) que fazem mal feito sua parte sobrecarregando os que se dedicam mais”. Além disso: - A maior dificuldade é a união das equipes, muitos deixaram a desejar e com isso sobrecarrega outras pessoas; - Falha na comunicação em alguns momentos, pois as vezes não se sabia o que fazer, ou de que comissão fazia parte; - Falta de comunicação entre as turmas, uma jogando para a outra, não queriam trabalhar, falta de organização no anfiteatro, um esperando pelo outro; - Faltou colaboração da Unemat e patrocínio do comercio e no dia do evento alguns colegas poderiam ter ajudado mais; Um grande percentual considerou a falta de patrocínios tanto da Instituição quanto do comércio, o maior problema para a realização do evento. Isso desmotivou os acadêmicos na realização das atividades e faltou empenho das tarefas que foram distribuídas em comissões com um cronograma de atividades para cada comissão, que é imprescindível na operacionalização, evitando que o responsável não saiba onde irá atuar como foi declarado por uma acadêmica. O orçamento, segundo Canton (apud MARTIN, 2003, p. 121) é “uma previsão dos investimentos que pretendemos realizar, da prestação de serviços e receitas de qualquer natureza; (...) um limitador de ação e uma antecipação dos resultados que nortearão as nossas ações; um excelente instrumento de controle para comparar o previsto e o realizado”. 3.2.5 Estratégias para resolução de problemas Em seguida questionou-se os pesquisados sobre estratégias, meios que a equipe utilizou para solucionar problemas, e as respostas obtidas foram: - Buscar parcerias e aperfeiçoar o trabalho em equipe; - As estratégias foram a redução da programação, assim redução de custos; - Nós mandamos bem e com a ajuda dos professores Fatinha e Delfos tudo deu certo; - Foram divididas todas as tarefas, porém nem todos as cumpriram; - Infelizmente isso pegou toda a organização de surpresa porque como tinha anúncios em todos os meios de comunicação, era muito improvável a comunidade não se interessar em participar; 42 - Apesar de não ter sido bem organizado a segunda parte do evento, foram solucionados os problemas com rapidez e agilidade para a realização das palestras; - Com muita persistência os alunos correram atrás e com o grande apoio da professora Fátima, que não mediu esforços, conseguimos o suficiente para que o evento acontecesse; - A estratégia utilizada foi a redução de custos, já que o financeiro não era o bastante, então, reduziu-se os dias do evento, conseguimos palestrante gratuito, locação do local do evento com o preço inferior ao que era posto primeiramente, enfim, fomos buscar meios para redução de custos em todos os setores; - A diminuição de gastos e de atrações que tínhamos em vista; - A ausência de muitos alunos na questão participativa, na área da comida houve dificuldades em conciliar com o bar que teve a falta de troco, para solucionar essa questão os alunos se apoiaram com ajuda mútua em vários aspectos, muitos desempenharam papéis de outras pessoas para resolver tais problemas. Esse resultado demonstra que houve iniciativa dos organizadores na busca por soluções para os problemas surgidos, o que é ótimo, e está coerente com Canton (apud ANSARAH, 2004, p. 308-309): “Todo evento é o resultado de um ato criativo. Essa criatividade, esse ato deve espelhar a vontade de fazer, como fazer e por que fazer, isto é criar”. A criatividade pode ser desenvolvida e aprimorada pela aquisição de conhecimentos, da habilidade com capacidade de sentir e definir problemas e produção de novas ideias, encorajamento e incentivo a equipe para funcionar mais criativamente. As estratégias que o 8º semestre definiu para conseguir solucionar foram: - Reduzir os gastos, cortar atividades e diminuir a programação; - Foram utilizadas as estratégias da Profª Fatinha, que não mediu esforços para a realização do evento; - O meio que foi utilizado para solucionar foi dialogar entre as equipes e dividir o trabalho para não acumular apenas numa minoria; - Diante da falta de verba a equipe decidiu diminuir o tamanho do evento, cortar alguns gastos considerados como não preferencial, excluir palestras e shows da programação, reduzir para dois dias o evento, cancelar bufett; - Baratear o custo do projeto sem que perdesse muito a qualidade; 43 - Os membros foram conversando e se entendendo entre sí e os professores que ministravam a disciplina de Eventos II, a união que uns tinham com os outros ajudou a solucionar as falhas que ocorreram durante o evento; - Tentamos fazer o possível para que o evento fosse realizado de acordo com o que planejamos; Promover o entrosamento entre as turmas foi imprescindível para que todos se entendessem e não deixassem de fazer o que era proposto e assim mesmo houve falhas. Uns deixaram para os outros, tarefas que eram importantes para a realização das palestras, confiando que o outro iria fazer. O segredo para um evento de sucesso está na criatividade, no encantamento do público participante, no planejamento e organização, na execução de todos os detalhes previstos e dimensionados, assim como, na escolha dos parceiros e patrocinadores. 3.2.6 Avaliação do evento Em seguida, pediu-se que os pesquisados avaliassem os itens da organização, considerando ruim (0 a 4), razoável (5 a 6), bom (7 a 8) e muito bom (9 a 10). Os resultados obtidos estão sintetizados nas figuras 1 e 2. Figura 10: Opinião dos acadêmicos do quinto semestre sobre os itens de análise do evento FONTE: Questionários respondidos pelos acadêmicos envolvidos na relizaçao do evento 44 Percebe-se que os aspectos mais bem avaliados foram, respectivamente, as palestras, os shows e os locais para realização das atividades. É um resultado bem interessante visto que demonstra que foi possível oferecer com sucesso atividades técnicas (palestras) e culturais (shows), em locais apropriados para tal. Já as principais críticas dos acadêmicos do 5º semestre foram feitas à divulgação e ao coffee break, ambos muito importantes para o sucesso de um evento com essas características. Figura 11: Opinião dos acadêmicos do oitavo semestre sobre os itens de análise do evento FONTE: Questionários respondidos pelos acadêmicos envolvidos na relizaçao do evento Como verificado na tabela 2, os acadêmicos do 8º semestre avaliaram o evento mais satisfatoriamente do que os do quinto. Para eles, as palestras e os shows foram os pontos altos do evento, a exemplo do avaliado pelos outros acadêmicos. Entretanto, este grupo também avaliou muito bem o coffee break, contrariamente ao outro grupo. 45 Essa disparidade na avaliação pode estar associada ao fato de que foram os acadêmicos do oitavo semestre que ficaram responsáveis pelo coffee break, e em função disso, eles estavam se auto avaliando de maneira mais positiva do que o percebido pelos colegas do quinto semestre. Notou-se que a divulgação do evento também foi o aspecto que foi pior avaliado por esta turma, indicando uma percepção de todos os organizadores de que este foi o aspecto menos trabalhado pelo grupo. Ao perguntar o que deveria ser feito para que uma próxima edição deste evento seja melhor, foi dito pelos alunos do 5º semestre que é fundamental mais apoio da própria universidade, que a busca por patrocínios seja mais intensa e feita com mais antecedência, cada um dos organizadores dê o máximo de si, e que haja melhor divulgação do evento. Percebe-se que é necessário mais tempo para a organização de um evento deste porte, pois o projeto deve estar pronto e ser entregue aos eventuais patrocinadores meses antes, visto que as empresas maiores têm cotas de patrocínio, mas com um mês de antecedência não é possível a disponibilização de patrocínio. A universidade também deve se conscientizar e ajudar os acadêmicos num evento como este, pois divulga não só o nome da universidade e também o curso. Os alunos do 8º semestre acharam que é necessário mais tempo para planejar e elaborar o projeto. Este ficou muito em cima da hora e muitas coisas deixaram de ser feitas por falta de tempo. Além disso, a divulgação e o envolvimento da Instituição também foram apontados. Todo evento para ser bem organizado, precisa cumprir todas as etapas de seu desenvolvimento. O tempo proposto para a realização deste evento foi na primeira aula do semestre letivo e as duas turmas teriam que realizar esta atividade até o final do semestre como o término da disciplina e avaliação final do que foi feito e alcançado. No entanto, todos ficaram muito tranquilos achando que seria fácil já que teríamos uma verba inicial para dar andamento no projeto e organizar as atividades da programação. A partir do momento que este recurso foi retirado, os alunos perderam a iniciativa e ficaram sem saber como agir diante do tempo transcorrido e a proximidade da data agendada. 46 Organizar evento é uma tarefa prazerosa, porém árdua, imprevistos acontecem a todo instante e o organizador precisa de uma equipe de coordenadores que atuarão no momento da execução, estar preparado para solucionar imprevistos, improvisações de última hora e tomada de decisões importantes para a realização do evento. Nas palavras de Elbert Hubbart, “A melhor preparação para o bom trabalho de amanhã é o bom trabalho de hoje”. A disciplina de eventos é ministrada em dois momentos, no 3º semestre é dada a parte teórica e no 8º é realizada a prática, mas em função de existência de duas grades curriculares distintas, haviam alunos que realizavam a prática só no 8º semestre. Embora haja muita demanda por pessoal capacitado, conforme citado por Giacáglia (2003) em seu prefácio, mesmo as escolas bastante conceituadas ainda não estão formando futuros profissionais capazes de desincumbir-se a contento dessa tarefa, apesar da importância de que ela se reveste. Muitos recém-formados têm que aprender na prática – a duras penas e com os próprios erros muitas vezes irreparáveis – a zelar pela imagem da empresa que os emprega. Dessa forma, é relevante que as disciplinas de Eventos I e II do curso de Turismo da Unemat permitam aos alunos vivenciar na prática a organização de um evento e corrigir os possíveis erros antes de chegar ao mercado de trabalho. Segundo Watt (2004, p. 95), “é fundamental que cada evento, seja pequeno ou grande, tenha um processo de avaliação criterioso, que deve ser desenvolvido ao final e durante a sua realização.” Essa avaliação que é chamada de controle ou monitoramento constitui uma avaliação permanente dos erros e acertos, sendo muito importante para garantir que o desembolso financeiro e a ação estejam bem direcionados. Nesta linha, optou-se por avaliar o evento também considerando a perspectiva de envolvimento e dedicação dos organizadores por ocasião do pósevento. Os acadêmicos foram solicitados a descrever aquilo que fizeram em cada etapa do evento e se auto avaliarem. Este exercício permitiu a reflexão e uma análise crítica dos erros e acertos, e levou a um feedback importante para os próximos eventos a serem promovidos durante a vida acadêmica e profissional. 47 CONSIDERAÇÕES FINAIS Cada evento, independente do seu tamanho, formato ou tipologia, é antes de tudo um sonho, uma expectativa, que uma vez idealizada precisa ser materializada, num processo bastante complexo e envolvente. Neste sentido, a disciplina de Eventos II permitiu aos acadêmicos a vivência prática do processo de planejamento, organização, operacionalização e avaliação do evento pesquisado, e isso possibilitou alcançar todos os objetivos propostos nesta pesquisa. O objetivo final da investigação era avaliar as principais dificuldades encontradas pela equipe organizadora para realizar evento em comemoração aos dez anos de existência do Curso de Turismo da UNEMAT. Para que isso fosse possível foram traçados alguns objetivos específicos: localizar egressos e professores do curso de Turismo; definir a programação do evento e fazer o projeto com orçamentos e prováveis contratações; convidar todos os egressos, acadêmicos e professores do curso, juntamente com representantes do trade turístico e as principais autoridades municipais para troca de informações e experiências acerca da atividade turística; e, realizar o evento. As atividades desenvolvidas permitiram aos acadêmicos entender que o planejamento detalhado permite potencializar as chances de sucesso, bem como minimizar o nível de stress dos organizadores por ocasião da operacionalização do evento. Entretanto, eventualidades podem surgir e demandam decisões rápidas para solucionar os problemas emergentes. Houve o entendimento de que a organização envolve a captação e disponibilização dos recursos necessários para que o evento efetivamente ocorra. Para isso é preciso pessoas capacitadas, recursos financeiros em quantidade suficiente, programação pertinente e de qualidade, infraestrutura adequada e divulgação eficiente, entre outros fatores necessários para satisfação das expectativas dos participantes. Dentre esses aspectos, a captação de recursos financeiros foi percebida como o expediente mais difícil na organização do evento proposto. Uma vez promovido o evento, ocorreu a avaliação do mesmo para que as próximas edições sejam melhores que a última realizada, num processo de melhoria 48 contínua. Quando se avalia o desempenho e isto fica registrado, passa a existir análise crítica e isso faz com que haja evolução. Pode-se perceber que a tarefa de realizar eventos demanda pessoas com conhecimento prévio e experiência prática, o que não é facilmente encontrado no mercado de trabalho. Daí a importância da realização de eventos no decorrer dos cursos universitários de Turismo, Hotelaria e Gastronomia, para que os futuros profissionais tenham a oportunidade de vivenciar as atividades associadas ao processo, antes de ingressarem no mundo do trabalho. Neste estudo também foi diagnosticado pelos acadêmicos organizadores do evento problemas com o trabalho em equipe, visto que foi mencionado em vários momentos a falta de comprometimento de alguns colegas, a pouca dedicação destes ao grupo, bem como a falta de envolvimento dos gestores da própria instituição que deveria ser a maior interessada no sucesso do evento proposto. Com isso, percebeu-se que as habilidades de trabalhar em equipe e promover relações interpessoais de forma satisfatória também são relevantes para quem for atuar na área de eventos. Entretanto, apesar de todas as dificuldades apontadas, o evento investigado foi percebido como tendo superado às expectativas dos próprios organizadores, o que foi uma conquista para o grupo, que se sentiu recompensado por todos os esforços despendidos, e mais preparado para atuar profissionalmente. 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALLEN, Johnny et al. Organização e Gestão de eventos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. BRITTO, Janaina; FONTES, Nena Dantas. Turismo e eventos: instrumento de promoção e estratégia de marketing. São Paulo: Aleph, 1997. BORBA, Antônio Máximo. Planejamento e organização de eventos. Viçosa, MG: CPT, 2008. CAMPOS, L. C. A. M.; WYSE, N.; ARAÚJO, M. L. M. S. Eventos: oportunidades de novos negócios. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2000. CANTON, Antonia Marisa. Eventos. In: ANSARAH, Marília (Org.). Turismo: como aprender, como ensinar. 3. ed. São Paulo: Senac, 2004. CASTELLI, Geraldo. Excelência em hotelaria: uma abordagem prática. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. 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Mesquita Disciplina: Organização de Eventos II Discente: _________________________________________________________ AVALIAÇÃO Refletindo sobre o evento Comemoração dos 10 anos do Curso de Turismo 1. Quais as etapas da organização do evento? 2. Quais as dificuldades encontradas por você no planejamento do evento? Explique. 3. Tudo ocorreu conforme o planejado? Justifique. 4. Quais etapas da operacionalização do projeto foram modificadas? 5. Quais os principais problemas encontrados na execução do evento? Explique. 6. Quais estratégias/meios a equipe definiu/utilizou para solucioná-los? 7. Avalie os itens da organização, considerando ruim (0 a 4), razoável (5 a 6), bom (7 a 8) e muito bom (9 a 10). Itens Locais Datas Horários Programação Palestra Infraestrutura Duração total do evento Shows Convites Muito bom Bom Razoável Ruim Divulgação Recepção Coffee break 8. O que deveria ser feito para que uma próxima edição deste evento seja melhor do que esta? 9. Qual foi sua participação no pré-evento, evento e pós-evento? 10. Que nota você daria para sua atuação no evento? Convite As turmas do 5° e 8° Semestre de Turismo têm a honra de convidar Vossa Senhoria e família para o evento comemorativo dos 10 anos de existência do Curso de Turismo da UNEMAT – Campus de Nova Xavantina, a ser realizado conforme programação abaixo. Programação DIA 28/10/2011 – SEXTA-FEIRA Local: Pavilhão da Sociedade Brasileira de Eubiose 20h – Solenidade de abertura 21h – Lançamento do selo comemorativo 23h – Show de abertura com o grupo Triêro DIA 29/10/2011 – SÁBADO Local: UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso 14h – Recepção dos alunos do 2º e 3º ano do ensino médio 14h30’ – Palestra Técnica com Profª. MSc Giovana Pozzer 15h30’ – Coffee Break 16 – Participação dos Egressos do Curso de Turismo 17h – Apresentação do Curso de Turismo pelos alunos do 5º e 8º semestre