1.1. MATERIAIS PARA DESENHO COM GRAFITE Dos primeiros esboços depende o sucesso do trabalho. Para ser um bom desenhista não é necessário nenhum dom divino, apenas muito treino. Isso só depende da vontade do iniciante. Lápis: o lápis acompanha a vida de todos nós, desde o primeiro rabisco feito na infância, passando pelo processo de alfabetização, até ser relegado ao segundo plano, nos rascunhos. Mas para o artista ele continua ocupando lugar de destaque, pois é indispensável para os seus esboços e mesmo como instrumento de acabamento dos desenhos. Existe uma grande variedade de lápis, e mesmo de bastões de grafite, dos mais duros aos mais macios, dos mais finos aos mais espessos e, para nossa sorte, não custam caro, assim como o suporte: o papel. A escolha do lápis, papel e demais materiais é importante, pois sua qualidade e dureza interferem diretamente no resultado final do desenho. Até mesmo variando o formato da ponta de um lápis, podemos obter linhas e tons diferentes, ou combinações de ambos. Os lápis de grafite são feitos com uma mistura prensada de grafita, argilas e outros materiais, recobertos de madeira. O grau de dureza de um lápis varia muito de acordo com o fabricante. Os mais duros são indicados pela letra H, produzem linhas mais finas e claras; os mais macios, indicados com a letra B, produzem linhas mais grossas e mais escuras e são bons para esboços rápidos. A graduação varia, geralmente, de 6H (mais duro), passando pelo H, HB e F (intermediários), ideais para um esboço inicial, até o 6B ou 8B (mais macio). Eventualmente podemos encontrar o sistema numérico na graduação dos lápis (1,2,3,4,...), sendo que, nesse caso, o 1 é sempre o mais mole. Bastões de Grafite: os bastões são as minas de grafite sem a proteção da capa de madeira e também possuem a mesma variação de dureza, além de variadas espessuras: de 0,5mm até cerca de 7mm de diâmetro. As mais delicadas devem ser usadas em lapiseiras e são próprias para quem não quer se dar ao trabalho de apontar os lápis. Os bastões mais espessos têm a vantagem de permitir que você cubra grandes áreas rapidamente, usando-os de lado. Eles costumam vir com uma película protetora, mas caso não a tenha, cubra a parte que você segura para que não suje as mãos MATERIAIS ACESSÓRIOS Borrachas: Uma boa borracha deve ser sempre macia e flexível e, sobretudo, eliminar as linhas indesejadas, sem ferir a superfície do papel e sem borrar. Há vários tipos de borrachas: plásticas, duras e limpa-tipos. As borrachas plásticas são macias e maleáveis e não ferem nem marcam o papel. São ideais para retirar as marcas de lápis e limpar a superfície. Uma das melhores é a borracha limpa-tipos, usada para limpar tipos de máquina de escrever, que pode ser moldada à vontade. É muito boa para apagar grandes áreas e também as pequenas, pois podem ser modeladas em ponta. Marcas indesejadas podem ser retiradas com o simples pressionar da borracha sobre o papel. Pode-se, desta forma, criar luzes no desenho. Não são recomendadas para trabalhos em papéis brilhantes. As borrachas duras têm o inconveniente de ferir o papel, logo não são recomendadas em papéis delicados, mas podem ser usadas para remover marcas mais difíceis de apagar. Encontram-se também em forma de lápis, muito usados para corrigir detalhes. Estilete: Os estiletes podem ser usados para apontar e apagar marcas fortes de lápis. O uso do apontador deve ser evitado, pois este, além de desperdiçar o grafite, não permite que se molde a ponta de acordo com a necessidade. Dê preferência aos estiletes com a ponta retrátil. Esfuminho: É um bastão feito com papel enrolado de formato cônico ou em bastão com ponta cônica, existindo em várias espessuras. Pode ser substituído pelo dedo ou mesmo um pedaço de papel bem enrolado artesanalmente, mas a sua vantagem é poder conseguir pontas mais finas para detalhes, que podem ser facilmente refeitas com um estilete ou lixa, se houver necessidade. Lixa: as lixas são muito úteis no dia-a-dia do desenhista, pois permitem a modelagem da ponta do lápis. Podem ser confeccionadas com uma pequena régua de madeira plana, revestida por um pedaço de lixa fina de um lado e do outro por uma mais espessa. O lado mais fino se destina a dar forma às pontas de grafite e o mais espesso para limpar as borrachas. Há blocos de lixa montados que podem ser adquiridas no mercado. Sua vantagem é que quando a lixa fica saturada, ela pode ser arrancada, expondo uma nova. Papel: o papel influi muito na linha do lápis, pois eles variam de acordo com sua gramatura, textura, composição, e método de fabrico. A gramatura do papel se refere ao seu peso por m². Os mais comuns são 90, 120 e 180g/m². Quanto maior a gramatura, mais espesso, resistente e durável será o papel. A textura dos papéis varia dos muito lisos aos ásperos. Nos papéis de textura áspera o traço ou a área coberta não é contínuo, apresentando pontos de interrupção. Isso por que o grafite se prende aos pontos mais salientes, deixando as reentrâncias livres. São bons para desenhos mais soltos e esboços rápidos. Os papéis de textura lisa permitem a criação de áreas chapadas, gradações de tons suaves e linhas bem definidas. Adaptam-se melhor à confecção de desenhos ricos em detalhes. Manter um trabalho limpo requer cuidados extras, como a maneira de empunhar o lápis. Deve-se evitar apoiar a mão sobre o papel, pois além de sujá-lo, isso limita os movimentos e a fluidez do traço. Se necessitar, apóie apenas o dedo mínimo e use um outro pedaço papel sob a mão a fim de evitar seu contato direto com o papel de desenho. Desse modo, o desenho não fica borrado nem seu papel engordurado. Se desejar que o trabalho dure muitos anos, é recomendado lavar bem as mãos e passar uma fina camada de talco nelas, especialmente aqueles que transpiram muito. Para os destros, o ideal é iniciar o desenho da esquerda para a direita e o contrário para os canhotos. O uso um pedaço de papel absorvente sob a mão, caso vá apoiá-la no que está desenhando, evita que a gordura da pele passe para o papel. Essa gordura, com o tempo, irá oxidar-se, acidificando e amarelando o papel, tornando-o quebradiço. Tipos de papéis: os papéis podem ser prensados a quente ou a frio em seu processo de fabricação. Os que são prensados a quente têm uma textura mais lisa e dura, ideais para desenhos com lápis macio, linhas finas e contínuas e variações sutis de tons. Os que são prensados a frio (papel NOT) têm uma textura média que interrompe a linha do lápis, dando-lhe um acabamento peculiar, mais espontâneo. São mais usados para aquarela. Classifica-se o papel, em geral, segundo: a) o processo de produção (papel de fôrma e papel de máquina); b) a natureza das fibras empregadas (papel de trapos, papel de linho, papel de palha, etc.); c) o acabamento dado à folha (papel apergaminhado, papel acetinado, papel couchê, etc.); d) a destinação (papel de escrever, papel de impressão, papel de embrulho, etc.); e) Outros: certas procedências que indicam qualidade ou especialização (papel da China, papel da Holanda, papel Oxford, etc.). Os papéis podem ser ainda transformados para empregos específicos (papel betumado, papel-carbono, papel fotográfico, etc.). Um detalhe importante é o pH do papel (grau de acidez). Os mais ácidos, de pH menor que 7, têm vida curta, pois a acidez torna-o amarelado e quebradiço com o tempo. Aqueles de pH neutro, igual a 7, duram mais, especialmente se forem acondicionados adequadamente. O ideal, entretanto, é que o papel tenha pH maior que 7 (básico) ou seja, que tenham reserva alcalina. Assim, a acidez natural do ar e de nossas mãos são neutralizados pela reserva de álcalis. Um cuidado adequado no manuseio e acondicionamento do papel, prolonga sua vida por dezenas e até centenas de anos.