Este é um folheto muito básico de conceitos e expressões utilizadas no estudo da arte — um guia de referência rápido para leituras e encontros com a arte em geral. O que é Arte? Uma obra de arte pode ser descrita de forma bastante simples, em termos não-filosóficos, como tendo dois componentes: FORMA e CONTEÚDO. Ela também é definida por seu ESTILO, TÉCNICA, e PERÍODO. FORMA. Refere-se a aspectos puramente visuais da arte e arquitetura, a forma inclui a LINHA, COR, TEXTURA, QUALIDADES ESPACIAIS, e COMPOSIÇÃO. Estes vários atributos estão freqüentemente chamados ELEMENTOS FORMAIS. Linha é um elemento — normalmente desenhado ou pintado — que define a FORMA com uma marca mais ou menos contínua. O movimento dos olhos do espectador sobre a superfície da obra de arte pode seguir um caminho determinado pelo artista e assim criar linhas imaginárias, ou LINHAS DE FORÇA. A Cor tem vários atributos. Estes incluem MATIZ, TOM (valor) e INTENSIDADE. MATIZ é o que nós pensamos quando ouvimos a palavra cor. Vermelho, amarelo, e azul são as CORES PRIMÁRIAS porque outras cores podem ser criadas (CORES SECUNDÁRIAS laranja, verde, e violeta) com sua mistura. Vermelho, laranja, e amarelo são chamadas cores quentes; e verde, azul, e violeta são cores frias. TOM é o grau relativo de claro ou escuro no alcance de branco para o preto e é criado pela quantia de luz refletida na superfície de um objeto. Um verde-escuro tem um tom ou valor mais profundo que um verde-claro, por exemplo, e cinza-claro tem um tom mais claro que cinza-escuro. INTENSIDADE é o grau de brilho (presença do pigmento) ou opacidade (desbotamento) de uma cor. Por isto, a palavra saturação é sinônima de intensidade. Textura é a qualidade tátil de uma superfície. É percebida e descrita com palavras como lisa, polida, acetinada, rugosa, áspera, ou oleosa. A textura tem duas formas: a textura da superfície real de uma obra de arte e a superfície implícita (imaginária) sugerida pelo objeto que o artista está representando. As qualidades espaciais incluem MASSA, VOLUME, e ESPAÇO. MASSA e VOLUME são propriedades de objetos tridimensionais. Elas ocupam o espaço. ESPAÇO pode ser tridimensional e real, como na escultura e na arquitetura, ou pode ser representado em duas dimensões. O espaço não preenchido ou vazio é chamado ESPAÇO NEGATIVO; o espaço sólido é chamado ESPAÇO POSITIVO. Composição é a organização, ou arranjo, da forma numa obra de arte. PROFUNDIDADE PICTÓRICA (RECESSÃO ESPACIAL) é um aspecto especializado de composição na qual o mundo tridimensional é representado em duas dimensões em pinturas e desenhos. Artistas usaram muitos métodos para descrever objetos como parecendo retroceder da superfície bidimensional, chamada PLANO PICTURAL A área “de trás” do plano do quadro é chamada ESPAÇO DO QUADRO e convencionalmente contém três “zonas”, divididas em PRIMEIRO PLANO, PLANO INTERMEDIÁRIO, e FUNDO. Perpendicular ao plano pictural, formando “o chão “ do espaço, está o PLANO DO CHÃO. Várias técnicas foram utilizadas pelos artistas para criar uma sensação de profundidade pictórica, em diferentes culturas e em diferentes momentos (ver texto introdutório sobre Perspectiva). CONTEÚDO. O Conteúdo é um aspecto da obra de arte bem menos específico do que a forma. Também há uma menor concordância quanto a sua definição. O Conteúdo inclui o ASSUNTO, que pode ser definido de forma bem simples como aquilo que é representado, mesmo quando isso constitui-se, por exemplo, estritamente de linhas e elementos formais — linhas e cores, sem um assunto reconhecível. Conteúdo inclui também as IDÉIAS contidas num trabalho. Quando usado de forma abrangente, o termo conteúdo pode abarcar os contextos sociais, políticos, e econômicos nos quais um trabalho foi criado, a intenção do artista, a recepção do trabalho pelo observador (o PÚBLICO ou o ESPECTADOR), e em última instância o significado na obra de arte. O estudo do “o que” é representado se chama ICONOGRAFIA. A ICONOLOGIA é o estudo do “por que” do assunto tratado. ESTILO. Utiliza-se uma terminologia muito especializada para descrever estilo na história de arte. Expresso muito amplamente, estilo é a combinação de forma e características de conteúdo que perfazem um trabalho especificamente distintivo. O estilo representacional e não-representacional (também chamado NÃO-OBJETIVO) se referem a um assunto reconhecível ou não, respectivamente. Linear é o estilo no qual um artista usa a linha como os meios primários de definição. Quando sombras e sombreados ou modelados e altas luzes dominam, o estilo pode ser chamado PICTURAL. Arquitetura e escultura podem ser lineares ou picturais. Realista, naturalista, e idealizado são descrições de estilo freqüentemente usadas. REALISMO é a tentativa de descrever objetos como se eles fossem reais, como fossem parte da realidade visível. NATURALISMO é um estilo de representação no qual a aparência física da imagem provinda da natureza é sua inspiração primária. Um trabalho em um estilo naturalista se assemelha ao original mas não com a mesma exatidão e literalidade como um trabalho em estilo realista. A IDEALIZAÇÃO é um esforço pela perfeição que é fundamentada pelos valores que prevalecem numa determinada cultura. A escultura clássica grega é um exemplo de arte que é naturalista e idealizada. ABSTRAÇÃO é o oposto estilístico destes três últimos estilos, porque o artista cria formas que não descrevem objetos — freqüentemente com a intenção de extrair a essência de um objeto ou idéia. Muito da arte préhistórica pode ser considerada abstrata neste sentido. O estilo EXPRESSIONISTA nomeia ou refere-se às respostas subjetivas do observador, freqüentemente por exagero na forma e na expressão. TÉCNICA ou MEDIUM. O que é denominado por técnica ou medium (utilizada assim para distinguir da palavra mídia, utilizada na imprensa e publicidade) é o material do qual um determinado objeto é feito. Distinção ainda mais abrangente do que a técnica é a definição entre bi-dimensional, tridimensional, técnica-mista, e arte efêmera. As artes bi-dimensionais incluem pintura, desenho, as artes gráficas, e a fotografia. As artes tridimensionais são escultura, arquitetura, e muitas das artes ornamentais e aplicadas. A Técnica mista inclui categorias como colagem e assemblagem, nas quais a superfície bidimensional é construída com elementos que não são pintados, como pedaços de papel ou metal ou artigos de vestuário. As Artes efêmeras incluem principalmente categorias modernas como a performance, trabalhos ambientais, cinema, vídeo-arte, e a arte feita em computador. Todas têm como aspecto central a temporalidade, onde a arte é vista por um período finito de tempo e então desaparece para sempre, estando em constante mudança, ou devendo ser exibida de novo para ser novamente experimentada. Pintura inclui pintura mural e afresco, iluminuras (decoração de livros com pinturas), pintura em painel (pinturas em painéis de madeira), pinturas miniatura, pintura em papel e em tela pendurada sem bastidor, e pintura de cavalete. Desenhos podem ser esboços (notas visuais rápidas para desenhos maiores ou pinturas); estudos (análises desenhadas mais cuidadosamente tomando detalhes ou composições inteiras), desenho como arte propriamente dito; e projetos (desenhos completos feitos em preparação para trabalho em outra técnica, como o afresco por exemplo). As artes gráficas são as artes de imagens impressas que são reproduzíveis e que tradicionalmente incluem a xilogravura, gravura em metal, ponta seca, e litografia. A fotografia é uma arte bi-dimensional. A Escultura é uma obra de arte tridimensional que é esculpida, modelada, ou montada. A escultura esculpida é redutiva no sentido que a imagem é criada com a retirada do material utilizado (pedra, madeira, etc). As esculturas em madeira ou pedra, grandes e pequenas, são esculturas esculpidas porque o material não é maleável. Escultura modelada é considerada como aditiva, significando que o objeto é construído com um material como o barro, que é suave bastante para ser modelado ou moldado (feito através de um molde). Escultura em metal normalmente é fundida (como na técnica de cera perdida) ou juntada por solda ou meios semelhantes de acoplamento. A escultura pode ser DE BASE (escultura em torno da qual se pode dar a volta) ou em RELEVO, quando ela projeta-se de uma superfície da qual é parte. O RELEVO pode ser ALTO RELEVO, com partes da escultura que se projetam para longe do fundo, ou BAIXO RELEVO no qual as projeções só são elevadas apenas ligeiramente. O RELEVO AFUNDADO, realizado principalmente em escultura egípcia, é uma imagem esculpida na superfície, com a parte mais alta do relevo sendo uma superfície plana. A arquitetura é tridimensional e altamente espacial, e é proximamente ligada ao desenvolvimento de tecnologias e materiais. Outros meios. Além de pintura, desenho, artes gráficas, fotografia, escultura e arquitetura, são feitas obras de arte nos meio cerâmico e vidro, têxtil e costura, trabalho em metal e esmaltaria, e muitos outros materiais. Hoje em dia qualquer coisa — até mesmo o “lixo“, o que é descartado por uma sociedade — pode ser transformado em uma obra de arte. PERÍODO. Palavra muito freqüente nos escritos de história da arte, período significa a era histórica a qual uma obra de arte pertence. É bom não trocar as palavras período e estilo, pois elas não são intercambiáveis. Estilo é a soma de muitas influências e características, inclusive o período de sua criação. Um exemplo de correta utilização é “uma casa americana do período Colonial construída em estilo georgiano.” Este texto foi traduzido e adaptado do livro Art History, de Marilyn Stokstad – Harry N. Abrams, 1995, páginas. 29-31.