Jornal de Barcelos
quarta-feira 26 abril 2006
Os novos presidentes de Junta
fernando
araújo faria
Presidente da Junta de Freguesia de Couto de Cambeses
“A população está a
aumentar, muito por
causa do comboio”
Carlos Braga
josé de coelho
O PSD voltou ao
poder na Junta de
Cambeses, que é
agora presidida
por Fernando
Araújo Faria, de 44
anos, dono de uma
empresa de aluguer
de equipamentos
para obras públicas
e que tem o 11.º ano
de escolaridade.
Com esta entrevista,
termina a série Os
novos Presidentes
de Junta, em que
ouvimos todos os
novos líderes autárquicos (com excepção de Carlos Sousa,
de Campo S. Salvador, que se mostrou
indisponível).
Por que é que se candidatou à presidência da
Junta de Cambeses?
Candidatei-me porque,
em primeiro lugar,
gosto da minha terra.
E em segundo lugar,
porque vi a minha terra
a ficar muito para trás,
em relação às outras
freguesias e que precisava de alguém que
lhe conseguisse dar um
empurrão. Foram essas
as razões da minha
candidatura.
Na sua perspectiva,
quais são as grandes
carências da freguesia?
As grandes carências
abrangem um bocado
de tudo: a rede viária,
a água e saneamento
(que não existe nada),
Fernando Araújo Faria, presidente da Junta de Freguesia de Couto de Cambeses.
a iluminação pública (a
rede só cobre 33% da
freguesia), o cemitério,
que tem problemas de
espaço. Queremos alargar o cemitério, para dar
dignidade aos mortos,
porque não tem nexo
estar a levantar jazigos
por não haver sepulturas neste momento.
Quanto à água e saneamento, o presidente
[da Câmara] disse-me
que já estamos contemplados no orçamento
[municipal] deste ano.
Portanto, já vamos ter
água e saneamento, não
em tudo, mas numa
parte da freguesia este
ano. Neste momento, a
rede está a zero.
Também conseguimos
que a Câmara tenha
aprovado o projecto
do cemitério, que já
foi posto em concurso
público.
Quanto à rede viária,
neste momento já pavimentamos dois caminhos neste mandato. E
já temos mais três para
pavimentar.
Portanto, tudo indica
que está tudo a correr
bem e que se mudou
para melhor.
Do centro do concelho,
fica-se com a impressão que freguesias
como Cambeses vivem
um pouco afastadas.
Mas isso é geral. O concelho é muito grande…
Agora, as pessoas
começam a conhecer as
freguesias mais afastadas. Dantes é que se
criava uma ideia que
uma parte do concelho
não conhecia a outra.
Dantes, por exemplo,
em Cambeses, as pessoas até tinham a mania
que Braga e Famalicão eram mais perto,
porque, para ir para
aquelas duas cidades,
não tinham de mudar
de comboio, que era o
meio de transporte que
tínhamos – enquanto
que para vir a Barcelos
tínhamos de mudar de
comboio…
Houve até uma altura
em que se fez um
abaixo-assinado para
que a freguesia passasse
a pertencer ao concelho
de Braga.
Isso foi há muito
tempo?
Foi após o 25 de Abril.
As pessoas tinham
a ideia de que como
somos a última freguesia, seríamos os últimos
a ter tudo. Mas não vai
ser assim. Isso, a partir
de agora, vai mudar
completamente. Todos
pensavam que a água só
iria para Cambeses em
2009, que iríamos ser a
última freguesia, mas
já fomos contemplados
este ano no orçamento
da Câmara – já é muito
bom, já não seremos os
últimos em tudo. Apesar
de estarmos longe do
centro do concelho,
também temos de
ser beneficiados com
alguma coisa.
Quais são os seus principais objectivos para
este mandato?
O alargamento do
cemitério é uma obra
fundamental (e que
já está em concurso
público), é a iluminação
pública (que também
já está orçamentada),
é a habitação social…
Havia um terreno da
Câmara, comprado há
16 anos, que as juntas
anteriores nunca deram
seguimento e que nós já
temos em elaboração o
projecto – ainda este ano
iremos vender os lotes.
Com isso vamos fixar lá
mais 18 famílias.
A população tem vindo a
aumentar. Com a duplicação da linha férrea,
fomos previlegiados com
comboios directos de
Cambeses a Braga, numa
viagem que demora
apenas nove minutos, e
podemos vir a ser um
dormitório de Braga.
A população da freguesia está a aumentar
bastante, e isso deve-se
muito ao comboio. Com
a duplicação da linha
fomos beneficiados com
algumas obras. Mas
há algumas que ainda
é preciso acabá-las. E
não foram acabadas
porque não houve bom
relacionamento da Junta
anterior com a Câmara e
a Refer. Essas obras vão
ser agora acabadas.
Há boas perspectivas da
abertura de uma frente
de obras para Cambeses,
resultantes de um protocolo entre a Câmara e a
Refer.
Tomou posse há cerca
de seis meses…
Foi no dia 27 de Outubro. Mas só tomei conta
da sede da Junta, passados nove dias.
Porquê?
Houve um mau perder
do anterior presidente, e
quando tomamos posse,
ele pôs-se a mexer e
levou a chave [da sede da
Junta] com ele. Passados
alguns dias, através da
secretária, foi aberta
a sede, eu troquei os
canhões da fechadura e
só então tivemos acesso.
Houve mau perder.
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“A população está a aumentar, muito por causa do comboio”