Leandro Vizioli Deonor
Os demônios de Andrones.
Livro 1.
“Em Busca do anti-demônio”
Versão 1.0
Seu melhor erro foi me conhecer
Leandro Vizioli Deonor
SÚMARIO
Seu melhor erro foi me conhecer
Leandro Vizioli Deonor
GUIA DE PRONÚNCIA
Grorelosm = GRO - re - los - me
Vaocro = vao - CRO
Toroca = to - RÓ - ca
Ordeco = or - DÉ - co
Inderto = in - DER - to
Crinanna = cri -NÃ - na
Vuiolosw = VUI - o - los –u
Zaira= za - Í -ra
Fwhinf = fu - in - FÊ
Tordenavco = tor - de - NÁ - vi - co
Medilo Ogn = me - DI - lo Ogn
Wantor Ogn = uan - TOR Ogn
Truioplo = tru – i – o - PLO
Paast = pa – ÁS - te
Seu melhor erro foi me conhecer
Leandro Vizioli Deonor
PRÓLOGO:
O PORTAL PARA TERRA
U
m lugar estranho. Desolado e abandonado pela vida. As três grandes esferas
azuis iluminavam aquela gosma negra sobre o chão. Diante daquele ambiente
demoníaco, caia uma chuva ácida, rechaçando tudo o que tocava. O único ser
presente era um tipo de lagarto, com longas escamas e língua aspira e longa dividida em
três pontas. A criatura rastejava naturalmente pela gosma até um pé azul sem dedos a
esmigalhar. O dono do pé possui uma estatura média, com aparência bastante parecida
com humanos, sua pele é azul e amarelo, não possui dedos nas mãos e nem nos pés.
Dois olhos brancos sem pálpebras, um sorriso cheio de caninos pontiagudos. Peitoral
simples, sem musculatura e nem presença de ossos. Ele caminhou mais um pouco
parando ao sentir um deslocamento de ar absurdo. Quando o vulto negro tocou a gosma
no chão. Um felino, bastante parecido com um lobisomem rosnou. Tinha dois metros de
altura. Com seus olhos verdes claros, uma boca comprida cheias de pelos finos curvados
sobre a mesma. Os dentes longos e pontudos, liberavam uma baba a todo instante. A
língua veio para fora. Os pelos prateados são longas gomas curvadas e o rabo uma única
goma que se agitava a cada instante. Suas patas eram robustas e com a ajuda de grandes
garras se firmavam em qualquer lugar precisamente. Ele uivou alto e claro, fazendo um
distúrbio sonoro poderoso.
- Grorelosm, para de se exibir – soou uma voz metálica e aguda.
O novo ser presente é o mais alto de todos, até mesmo do grande felino sobre duas
patas. Sua face acinzentada tinha um quadrado preto como olhos, um risco da mesma
cor andava sobre a face, ao pronunciar sua fala, ele se abre mostrando duas chapas de
metal. O mais esquisito era a movimentação da boca a todo instante. Seu pé tinha
apenas duas unhas, uma grossa no calcanhar e uma fina na frente. Sua mão três dedos,
dois finos e um grosso na palma. Seu corpo é todo feito de um metal demoníaco sobre
uma película negra. Sobro os cotovelos, tinha um pedaço do osso metálico para fora.
- Estou ansioso, você não está? – respondeu a fera.
Ele fez a boca girar sobre a face abrindo as longas asas das costas. As asas tinham três
pontos prezas na haste de sustento e a ultima não era coberta pela película negra de pele.
- Não tanto quando você.
- Não partiriam sem sim, partiriam? – A nova voz veio do demônio roxo, com um braço
grande, musculoso tocando ao chão, e outro, era normal e possuía nos seis dedos iguais
uma pedra azul na ponta. Tendo um tórax robusto e pequenas pernas com grandes pés
que queimavam em uma chama azul.
- Chegou a tempo Vaocro – disse o azul e amarelo.
- Muito bom – o demônio com sua face de olhos chamuscados azulado sem nariz, boca
que liberava labaredas da mesma cor ao se abrir. Olhou para os quatro lados e coçou
seus cabelos azulados. – Onde está Inderto?
- Deve estar fugindo de Tordenavco – disse mostrando seus dentes afiados o azul e
amarelo. Voacro não conseguiu segurar o riso liberando uma labareda azulada pela
boca.
- Essa foi engraçado Toroca – recrutou jogando o braço longo para o alto.
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Toroca apenas sorriu em resposta observando uma luz branca e irritante surgiu ao
longe. Olhou para trais analisando um rasgo no ar, de dentro dele um núcleo negro e
misterioso.
- Espero não feito esperar muito tempo - Disse Inderto, segurando um cajado recheado
de caveiras. Com longos cabelos brancos arrastando pelo chão, mantendo suas costas
envergadas e com uma face cheia de ondulações. A pele branca e clara, tendo oito dedos
em cada mão. Sobre seu peitoral, diversas esferas vazias. Ele caminhou no meio dos
quatros, chegando a frente do rasgo no ar. - É esse mesmo, como havia descoberto.
- Vamos logo, essa chuva esta me irritando – brandiu Grorelosm.
- Precisa controlar sua ansiedade – Inderto levantou o cajado e as caveiras logo se
soltaram do mesmo. Elas voavam sobre eles movimentando seus maxilares. Giravam,
trombavam e riam a todo o instante. – Vamos amigos, temos de encontrar o antidemonio antes de Tordenavco.
Tomando a frente foi o primeiro a entrar no rasgo de ar. Grorelosm sorriu iluminando
mais seus olhos e saltou para dentro. Em seguida Toroca e logo atrais Vaocro. O ultimo
a ficar, observava aquelas caveiras girando. Esperou mais um tempo parado. Recolheu
suas asas e sorriu para uma das luas.
- Que os Lordes nos mutilam – disse Ordeco adentrando o portal. Logo atraís dele, o
aglomerando de caveiras foi também. Mas antes que a ultima entrasse uma mão verde
gosmenta a agarrou.
Foi meio da quadra de basquete que eles vieram. Correntes de vendo surgem do nada,
as folhas acompanharam a fúria do ar. Por estar no cair da noite, nenhum ser humano
presenciou a coisa mas estranha que ocorreu naquela cidade dês que se conhecem por
gente. Então a imagem da quadra tremeu e se rasgou. Assim os cinco demônios
passaram pela passagem. As caveiras os circulavam, algumas trombaram com a tabela
de aço que chocalhou, mas nadas de humanos.
- Você precisa dar um jeito nesses seus filhos – Orientou Vaocro apontando seu grande
braço a caveira tonta que bateu na tabela. Mas Inderto não parecia preocupado em
responder ao demônio, ele estava parado mexendo os dedos das mãos livre, com a boca
que abria e fechava timidamente.
- Perdeu alguma coisa? – A voz fez o demônio com o cajado olhar para o portal. Inderto
sabia que um filho estava faltando, mas não esperava que o clã Wantor Gno estivessem
descoberto o portal tão rápido.
- Mostre sua feição demônio! – Ergueu o cajado e as caveiras começaram a girar
envolta dos cinco.
A mão verde e gosmenta apareceu, em seguida mais três. A cabeça cheia de gosmas
surgiu, por ultimo os pés que eram tentáculos esverdeados. Com aparência de uma
planta, tendo dois braços saindo de seus ante-braços. O demônio abriu com suas mãos o
peito, rasgando como tecido e liberando a caveira faltante. O filho de Inderto vôo pelo
céu até juntar aos irmãos. Nesse momento Vaocro deu as costas para o acontecimento
sentando no banco de cimento que dividem as quadras de basquete e handebol.
Grorelosm rosnou ficando sobre as duas paras e arranhando o ar, ele voltou a engatinhar
quando o cajado do demônio o barrou.
- Deixa ele Grorelosm, mexeu com o filho de Inderto, o demônio chora ódio –
Pronunciou Vaocro com o semblante tranqüilo. Ele então galopou até o banco de
cimento deitando com a cabeça sobre as partas. Os outros dois não se moveram e apenas
assistiram o dialogo parado.
- Porque está aqui?
- Estou em busca de novas adrenalinas, e quando fiquei sabendo sobre o ante-demônio
segui você até o portal. Roubei um dos seus filhos para não me perder. – Respondeu ele
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a pergunta. Seu peito tinha sido costurado pela gomas do seu corpo. – Ninguém do meu
clã sabe. E já digo, não vou voltar, se não me matarem -. Ele caminhou observando as
árvores, as casas mas ao longe, o ambiente cheio de vida, o ar puro, o cheio da friagem e
o céu negro rechiados de pontos amarelos, branco e vermelho, sendo que alguns
pareciam se mover. – É incrível esse mundo.
- Não estamos aqui a passeio – Gritou apontando seu cajado para o demônio a sua
frente. No mesmo momento os olhos das caveiras começaram a brilhar, em oito cores
diferentes; azul, verde, vermelho, amarelo, branco, preto, laranja e marrom. Inderto
rosnou ao perceber um sorriso desabrochar do rosto gosmento.
- Já disse demônio, só vou embora renascendo.
Inderto estava furioso por dentro, apesar de suas feições jamais saberem representar
esse sentimento. Roubar um de seus filhos, era o fim dos tempos para seus olhos. E a
única forma de perdão conhecida por ele, era mandá-lo de volta a seu mundo. O portal
ficaria aberto por uma tripici-goun(quando as três luas azuis ficam juntos sobre o céu).
Era perigoso se mais andrones passassem por ele. Tinha já pensado nisso quando o Lord
Fwhinf o contou sobre o anti-demônio. Tinha junto de seus companheiros a missão de
encontrar esse demônio e levá-lo com vida até seu mundo. Mais os outros clãns e Lords
já queriam o contrario, temiam o poder do anti-demônio. Muitos diziam que era o fim
de seu mundo e outros já pensavam em uma renovação. Andrones são imortais, e a
única forma de acabar com eles era indo até um dos poços pegar o liquido Fura e fazer o
ritual da destruição. Mas esse liquido é corrosivo para eles e poucos que já tentaram só
conseguiram sua própria destruição. Inderto então, analisava seu irmão de raça até o
mesmo lançar seu braço que se esticou até sua mão firmar num poste de luz. Em
seguida seu corpo foi puxado e ele estava encima daquela grande haste de cimento por
onde passavam fios.
- Não vai ficar nesse mundo! – Gritou Inderto batendo o cajado no chão. As seis
caveiras de olhos azuis voaram até o demônio, ele observou tentando se prevenir de um
ataque. Lançou suas mãos conseguindo segurar duas, mas as restantes abriram a boca
cheia de mistérios liberando um jato gélido que foi congelando lentamente. O demônio
gosmento tinha sobre seu corpo uma grossa camada de gelo. Então as caveiras
começaram a trombar contra os tentáculos dos pés que a mantinham sobre aquela haste.
Em pouco batida o gelo quebrou e ao tocar no chão se partiu liberando o andrones, que
sem a sua gosma e com a pele azulada começou a se arrastar sobre a rua iluminada. As
caveiras brincavam, enquanto algumas congelavam partes do corpo outras trombavam
contra o gelo até quebrarem.
Grorelosm sorriu com seus largos dentes, enquanto Vaocro afundava o chão com cada
soco de felicidade por ver o demônio verde-gosmento levar a maior sura do Inderto.
- Mal chegamos e já gostei desse mundo.
- Vai ser bom, estava cansado da rotina que tínhamos – respondeu fazendo seus olhos
verdes liberarem chamas finas.
- Nem me fala. Não sei o que aqueles dois têm na cabeça.
Vaocro apontou para Toroca e Ordeco com o braço grande. Os dois pareciam estatuas
apenas observando as caveiras de olhos azuis brincarem. Ele começou então
acompanhar com os olhos o caminhar lento de Inderto, que só parou quando não ficou
próximo do demônio. Ele levantou o cavado e as caveiras que brincavam voltaram para
formação. A gosma do corpo do andrones começava a querer voltar. Sem ela aquele
demônio parecia uma planta feita de musgos.
- Posso facilitar sua existência! Volte para o portal! – Gritou Inderto. Mas o demônio
estendido no chão não respondeu e nem ao menos olhou para ele. O mesmo apenas fazia
surgir aquela gosma que voltava a cobri-lo. – É a sua ultima chance!
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A paciência que ele tinha com aquele demônio penetra, não era a mesma que Vaocro
tinha, depois de perceber que Inderto iria implantar sua filosofia de superioridade e não
pararia de torturar até o demônio se jogar pelo portal. Tomado em tédio, se levantou,
caminhando apressadamente até chegar perto do andrones estendido no chão o
agarrando pela cintura com o braço grande e arremessando para dentro do rasgo no ar.
- Perdeu a graça – resmungou olhando para Inderto que apenas murmurou em raiva,
queria torturá-lo até ele se jogar pelo portal.
- Será que agora podemos continuar – foi a voz metálica que fez todos se juntarem
novamente no centro da quadra de basquete. – Não vai demorar muito para os humanos
verem o portal. – Todos sabiam que Ordeco estava certo, mas o que poderiam fazer?
Enquanto se perguntavam ele caminhou até Inderto com aquele quadrado negro como
olho que pareceram ficarem maiores. – Fecha logo! – Gritou.
Inderto, não queria fazer aquilo, mas Ordeco estava certo, deixar a passagem aberta e
esperar ela se fechar sozinha era arriscado de mais e podia entregá-los. Tocou uma das
esferas vazias sobre o peito, a mesma brilhou. O corpo branco como leite começou a
tremer, o cajado dava impressão de ser cinco. O brilhou cresceu e uma sombra
majestosa surgiu sobre Inderto. Com olhar vago, o espírito foi se formando, seus braços
eram longos e grossos, sua cabeça fina e achatada, com um sorriso macabro, tendo um
solitário chifre de osso sobre a cabeça. A pele tomou o tom de marrom e o espírito foi
diminuindo até fica do tamanho do seu invocador. Os braços do espírito começaram a
girar em círculos, os dedos brilharam e raios nasceram de suas unhas. Os mesmo
grudavam nas extremidades do portal, o espírito então se aproximou e agarrou as duas
pontas do rasgo as juntando. Os raios cresceram e foram costurando a fenda até ela
desaparecer.
- Cada dia que passo com você, me surpreendo mais – Falou Vaocro abraçando o
espírito e o invocador com o grande braço.
- Precisamos de disfarces. – Disse Ordeco quebrando o clima novamente. – Pode dar
conta disso? – Encarou Inderto.
- Certamente.
Inderto levantou o cajado e as caveiras correram pelos céus novamente. Os quatro
demônios se aproximaram deixando serem cercados por elas. Em alguns instantes
risadas soaram pela quadra e no mesmo momento quatro caveiras tinham os olhos
brancos. Cada uma delas entrou dentro do corpo de um deles. Todos começaram a se
contorcerem, tendo suas formas molduradas para a aparecia humana. O primeiro a
finalizar foi Ordeco, com um corpo alto e musculoso, possuindo cabelos negros e lisos
sobre o ombro, olhos pretos e pele amarelada. O segundo era um jovem ruivo,
incomodado com o braço direito e analisando sua mão em todo momento, com olhos
verdes e um corpo musculoso Vaocro sorriu encantado. Ele olhou para o lado vendo um
homem calvo, magro de média estatura, olhos azuis, que não parava de abrir e fechar a
mão.
- Adorei isso! – Disse o ultimo a se modular, Grorelosm tinha cabelos grisalhos, olhos
verdes, um sorriso carismático, alto e músculo, de pele rosada. O mais estranho era que
ele estava agachado se próprio admirando.
- Tem alguma coisa errada aqui? – Vaocro percebia que todos estavam meio simples de
mais. O que mudavam neles era o cabelo, tamanho, largura, cor de pele e olhos. Nas
nitidamente, eram da mesma raça. – Está um friozinho chato Inderto.
O espírito sorriu. Seu invocador achou aquilo esquisito, mas sabia que realmente
deveria estar faltando algo. Pensou mais uma vez, o que podia tinha esquecido, analisou
os humanos por um bom tempo, comportamento, crenças, culturas... mas o que tinha
esquecido? As formas estavam perfeitas! Sorrio elogiando seu próprio trabalho.
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Caminhou saindo da quadro, pisou no meio fio, olhando longamente para os dois lados
da rua, quando há cinco quadras dali viu dois jovens maltrapidos. Isso! Ele não tinha
errado, mas precisavam de roupas! Olhou ao redor, e parou. Vaocro percebeu que ele o
encarava, mas apenas fez uma careta tentando se acostumar com o leve braço de onde
estava um grandioso membro. Ele arregalou os olhos sentindo sua fraqueza quando
Inderto caminhou até sua localização. Mas o demônio passou reto rumando para um
mato verde, depois daquele mato de cimento e em seguida tomou aquele outro mato
cinzento mais escuro pisando no outro mato colorido e quebrando uma película fina e
transparente. Confuso com ação vista, fez o mesmo caminho acompanhado pelos outros
demônios só parando ao lado dele.
- O que tem de bom ai? – Perguntou.
- Roupas, vocês precisam de roupas.
Sem cerimônia Ordeco e Toroca entraram na loja e já começaram a vestir camisas.
Mas antes de por calça de jeans Inderto os alertou das cuecas. Assim que Ordeco com
uma calça jeans branca, camisa preta sem espanta foi visto pela dupla parada a porta,
ambos se olharam e começaram a caçar peças do seu agrado. Toroca, vestia um vestido
vermelho, mas Inderto explicou que eles eram homens e aquela roupa era das mulheres.
Irritado por ter gostado recebeu uma camisa de Ordeco. Grorelosm vestiu um short
cinza e uma camisa regata, achou também um boné pousando sobre a cabeça. Já Vaocro
curtiu as roupas de Ordeco e procurou igual mudando apena as cores. Achou uma calça
jeans azul marinho e uma camisa social roxa. Vestiu colocando por ultima uma boina
branca. O ultimo a se vestir foi Toroca, colocou uma calça social, uma camisa regata
sem manga da cor amarela. Eles se olharam por um instante. Incredo então apontou o
espelho, onde eles se viram.
- Agora sim... – Concluiu satisfeito batendo o cajado no chão.
- Mão na cabeça! É a policia! – Gritou o homem fardado apontando sua arma.
- Policia? – Perguntou alto. Tinha ouvido falar sobre eles antes, eram os protetores dos
humanos, contra um clãn chamado criminosos. O homem repetiu a ordem. Inderto então
percebeu que a situação não era boa, precisava achar Crinanna, Vuiolosw e Zaira logo.
– Acalme, não estamos fazendo mal algum, apenas pegando algumas roupas.
- Está de palhaçada comigo! Vire-se! – Ordenou o policial. Vitor estava de plantão
naquela noite calma, recebia o recado da central afirmando que o alarme havia
disparado. Ao chegar, vê o vidro estilhaçado e um senhor muito pálido, com longos
cabelos segurando um cajado cheio de furos, cajado que pela grossura devia ser pesado.
Ele firmou a mão sobre a arma e apontou a lanterna para dentro do estabelecimento.
Focou quatro pessoas, com roupas sem estilo e classe. Não emitiam emoção nem
espanto com sua presença. Concentrado com os olhos na loja e outro no homem a
frente, arrepiou-se todo ao ver a face e a forma macabra. O homem tinha um olhar
pesado, face ondulado, olhos escuros como o fim. O policial tremeu a base, engoliu a
ceco ao contar mais de cinco dedos nas mãos. Apontou a luz da lanterna no peito,
franziu a testa tentando descrever aquelas esfera cravada na pele muito mais pálida por
sinal do que ele havia percebido. Gritos e gargalhadas surgiram as suas costas, com
medo de olhar e ser atacado, apontou a arma na cabeça do ser macabro que levantava o
cajado minutos antes das vozes surgirem. Ao se virar, viu diversas caveiras voando,
com olhos coloridos por toda a quadra da praça. Elas estavam ao lado de uma pessoa
marrom e chifruda, se é que aquilo é humano? Abaixou desviando de uma, caminhando
para o lado quando cinco trombaram com sua moto que perdeu retrovisor, farol e ficou
com a lataria amassada. Atirou contra uma delas, que girou no ar rindo dele. Uma de
olho vermelho pousou na linha de seus olhos e quando abriu o maxilar, nasceu uma
pequena chama, apavorado abaixou enquanto a labareda de fogo passava sobre seu
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corpo. Correu ainda acocorado paro o lado, com as mãos na cabeça atirou em duas de
olho amarelo e outra verde, indo ao chão após uma cabeçada nas costas. Os quatro
saíram da loja observando o humano. Vaocro tinha um sorrio largo no peito, ele sempre
foi divertido levando sua imortal existência como um momento para sempre. Adorava
fazer trocadilhos e provocar, não perdia uma luta., muito menos era demônio de levar
desaforo para toca.
- Adorei esse humano – Sorriu para Inderto. – Bem que você disse que eles eram fracos.
- Quem era ele? – Foi a vez do curioso perguntar. Toroca olhou o homem gritando por
ajudo e fugindo das caveiras. – Inderto, fala alguma coisa!
- Precisamos encontrar ou outros e rápido. Esse humano pode estragar nossos planos.
- Como assim? – Toroca queria respostas, mas não pareciam vir. Inderto apenas bateu o
cajado no chão fazendo suas caveiras voltarem para o mesmo. O espírito virou uma luz
marrom e voou até entra na esfera de onde havia saído.
- Não é o momento para perguntas – Foi o que ele simplesmente disse. – Vamos ao
local de encontro.
Os cincos andavam lentamente, Inderto percebeu que sua aparência não estava
ajudando, mas precisa dela para manter todos em segurança. Por isso vestiu uma camisa
branca e um paletó bege. Colocou por fim um shot entregue por Grorelosm cinza
resmungando bastante por não ter um branco.
A noite estava tranqüilo, o grupo cruzou apenas com dois mendigos que não moveram
um músculo. Vaocro estava contente, ele conversa com Grorelosm sobre como seriam
os poderes dos humanos. Toroca já acostumado com a falta de resposta por parte do
Inderto, tentava aprender sozinho, parando algumas vezes, para observar. Estranhou a
diferença do homem de roupa azul escura e aqueles de roupas da cor da pele. Deviam
ser de clãns diferentes, pensou sozinho. Já Ordeco, andava com as mãos no bolso da
calça jeans. Inderto cruzou a rua e viu duas luzes brancas se aproximarem, os outros
demônios não pararam.
Diego estava voltando para casa, depois de deixar uma gata que pegava na boate.
Aquela terça-feira estava tranqüila. Dirigia o corsa vermelho que ganhou do pai ao se
formar em odontologia numa faculdade particular. Vinha em velocidade baixa quando
percebeu um velho de cajado estranho, com cabelos brancos e longos arrastando no
chão, seguidos por quatros homens. Pensou em buzinar, mas estava tão feliz que apenas
parou o carro esperando. O único que olhou para ele foi o ruivo. Encarou seus olhos
castanho claro e sorriu. “Esse cara é bicha”. Pensou. Assim que eles passaram, fez o
veiculo se mover.
Vaocro achou aquilo bacana, um humano dentro de um quadrado de ferro com poder
de luzes. Sorriu para o humano sem resposta, queria ficar e bater um papo, mas com
certeza Inderto não acharia boa idéia. Caminharam por mais quatro quarteirões até
chegarem a casa de madeira. As luzes estavam apagadas, do lado mais duas casas feitas
do mesmo material apesar de serem bem mais precária. Parou diante do portãozinho
enferrujado e bateu palmas. Toroca postou ao seu lado e percebeu uma luz se acender lá
de dentro. Uma mulher de cabelos pretos lisos na altura do peito apareceu pela janela.
Observou cada um deles e sorriu ao reconhecer Inderto. Ela abriu a porta deixando a luz
escapar de dentro do móvel e começou a caminhar pela estrada de cimento que dividia a
garagem de grama com o pequeno jardim.
- Oi Inderto, até em fim chegaram – disse sorrindo.
- É bom revê-la Crinanna.
- Vamos, entrem. Entrem – Pediu a todos.
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Inderto tomou a frente da estradinha, seguido por Toroca que analisou aquela mulher
dos pés a cabeça. Grorelosm, Vaocro e Ordeco apenas seguiram. A mulher foi a ultima
da fila e a ultima a entrar na casa de madeira.
- Essa é uma toca de humanos? – Perguntou Toroca.
- É sim. Eles as chamam de casa. – Respondeu com um sorriso Crinanna.
- O que é essa luz? – Continuou.
- É uma lâmpada. Ela recebe energia elétrica e acende, para não ficarmos no escuro
quando o sol se por.
- Sol? – Toroca tocou a lâmpada sentindo seu corpo arrepiar. A lâmpada piscou. Ele
afastou a mão e tocou de novo. Sentiu a mesma sensação e ela piscou várias vezes. –
Sinto eletricidade nela.
- Foi o que eu disse. Só não faça mais isso. Estamos precisando economizar. – Sorriu
ela.
- Gostei desse apoio! – Vaocro sorriu satisfeito com a maciez do sofá para dois acentos.
- Isso se chama sofá, e é muito confortável mesmo. Vocês iram se adaptar rápido na
Terra.
- Terra? – Perguntou novamente Toroca.
- É o nome desse planeta. Fala nisso, quais são os seus nomes? – Perguntou lembrando
que na Terra todos tinha nomes.
- Eu sou Voacro, esse aqui é Grorelosm, aquele Toroca e por ultimo Ordeco.
Ela colocou a mão no queixo pensando por um instante. Meditou sobre os nomes e
encarou Inderto.
- Sem problemas.
- Perfeito. – Foi o que ele disse batendo o cajado no chão.
- Do que eles estão falando? – Perguntou Grorelosm para Ordeco.
- Não sei. – Respondeu serio.
- Venham, vou colocar vocês em seus quartos – Disse Crinanna rumando o corredor.
Todos a seguiram até um cômodo com duas beliches. – Dois dormem encima e dois
embaixo. Vejo vocês amanha cedo para o café. – Encerrou fechando a porta.
Vaocro levava aquilo na esportividade. Não questionava, nem discutia. Apenas
concordava e curtia o momento. Subiu pela escada lateral da beliche para cama de cima.
Acompanhado por Grorelosm na outra.
- Vou dormir encima. – Disse para os dois lá em baixo.
- Não importo – Retrucou ríspido Ordeco.
- Menos mal. – Sorriu.
- E você Toroca?
- Eu durmo embaixo.
- Qual o problema com vocês dois? – Quebrou o clima Vaocro.
- É. Estamos em outro mundo, precisamos nos adaptar. Apesar que, vai ser estranho. –
Grorelosm tentou coçar a orelha com os pés, tendo um pouco de dificuldade. – Estranho
e chato. – Finalizou cabisbaixo deitando sobre a cama de cima.
- Estamos aqui com um objetivo. Que não vai ser fácil – Toroca chamou a conversa
para ele sentando sobre sua cama. – Temos que nos adaptar até encontrarmos o antidemônio. Sem dizer que com esses corpos humanos não temos poderes. Ordeco
concordou e isso o deixava bravo. Humanos eram seres fracos, e estavam sentindo isso
na pele. Pensou em dizer alguma coisa mas foi cortado pela voz de Inderto sobre a porta
do cômodo.
- Vou voltar. Amanhã, vocês terão todas as duvidas tiradas e os procedimentos para
virarem humanos.
- Nossos poderes. – Questionou Toroca.
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Inderto deu as costas e saiu. Toroca caminhou até o cômodo encontrando a mulher que
o barrou postando sua delicada mão rosada sobre seu peito magrelo. Ele sentiu um
arrepio subir a espinha e a encarou.
- Amanhã... amanhã. Agora vá dormir.
Crinanna foi até a sala de estar, ao lado da porta o sofá de Três acendo, na parede
adjunta a porta, o de dois. Á frente do de três, o armário, com várias fotos e uma TV de
29 polegadas.
- Quanto tempo para ela aparecer? – Perguntou Inderto.
- Cinco anos, até lá eles já estarão adaptados a esse mundo.
- Perfeito!
- Inderto... – Ela parou e pensou. Tentou falar novamente, não construindo força.
- Quer saber se vou voltar algum dia?
Crinanna apenas sorriu.
- Voltarei daqui cinco anos.
Inderto caminhou até a porta.
- Contou a eles?
- Não é a hora.
Ela fechou a porta, o observando pela janela. Ele a encarou e rumou pela rua. Com o
semblante preocupado, pausou o caminhar ao lado do quarto onde estavam. Apenas
duas vozes. Sorriu.
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ANDRONES INVASORES
O
carro fez a curva e rumou parando enfrente a casa de madeira. Do monza preto,
desceu Ordeco. O dia estava lindo naquela terça-feira. Desligou o motor e
puxou o freio de mão. Olhou no espelho percebendo que precisava fazer a barba
urgente. Abriu a porta saindo do veiculo. Respirou o ar puro, aquela era uma sensação
estranha para demônios. Mas depois de quatro anos de adaptação, já se tornavam tudo
natural. Fechou a porta e caminhou até o portãozinho. Viu uma mulher loira, de cabelo
cacheado preso numa chuchinha. Vestia uma blusa rosa curta e com um avental por
cima. Seu nome no mundo humano era Sara Medilo Ogn, e o verdadeiro Zaira. Não
conhecia sua forma verdadeira, mas dês do momento que a conheceu percebeu que era
uma pessoa boa no sentido demoníaco.
- Bom dia Sara.
Ela o olhou pela janela, parando de passar pano no chão, esfregou duas vezes a costa
da mão enluvada na testa.
- Bom dia. Saiu cedo hoje.
- Precisei resolver uma parada. – Ao chegar na porta parou. – Posso passar?
- Espera cinco minutos? – disse voltando a passar pano – como está na delegacia?
- Hoje está tranqüilo.
- Pegarão o vagabundo? – Disse brava.
- Não.
Ordeco não tinha pistas ainda sobre o assassino. Mas ele queria pega-lo por uma
questão de dignidade. Faz dois meses que o corpo de uma menina de cinco anos foi
encontrado na beira da estrada. Estupro, violência, estrangulamento. A criança
encontrava desaparecida há cinco dias. Não chegou a ver o corpo no local, apenas no
IML. Como um ser humano podia fazer uma barbaridade dessa? Colocou a mão no
bolso pegando um cigarro, mas logo desistiu. Sara brigaria. Não era viciado, mas
fumava para relaxar, durante os quatro anos de vida humana. Só conseguiu quebrar
aquele semblante de serio depois de um cigarro. A pericia sobre o crime, disse que
havia o DNA do tio da pequena. No dia do enterro, Ordeco ouviu os lamentos e choros
dos famílias. Ele esperava que o tio aparecesse, para despistar o crime. Mesmo com
cinco policiais disfarçados e duas viaturas escondidas á quadras do velório. Não
serviram de nada, pois o desgraçado não deu o ar da sua graça. A única pista que tinham
até agora era que ele estava em São Paulo.
- Pode passar.
Ordeco sorriu balançando levemente a cabeça e rumou do corredor para a cozinha.
Onde deparou com Crinanna, agora conhecida como Cristina Medilo Ogn.
- Chegou cedo para almoçar hoje – Falou a mulher que mexia nas panelas sobre o
fogão. Ela jogou um guardanapo no ombro e sentou ao lado dele na mesa. – Fala, o que
ouve para você sair de madrugada.
- Fui resolver uma parada.
Cristina o encarou fuzilando, mas logo voltou a mexer nas panelas. Ordeco respirou
fundo observando o lindo dia que fazia.
- Aposto que Carlos deu a mesma resposta para você – Sara disse passando com o balde
e o rodo na mão, rumando da cozinha para a porta que levava ao quintal dos fundos. Ele
apenas sorriu jogando o maço de cigarro sobre a mesa. Cristina pegou um garfo e
começou a fritar os bifes.
Seu melhor erro foi me conhecer
Leandro Vizioli Deonor
- Aproveita e arruma a mesa – Disse ela. Carlos foi até o armário e pegou a toalha de
mesa. Colocou sobre a cadeira, empurrando o vaso e a de decorava toalha. Estendeu
sobre a mesma. – Vai fazer o que hoje ainda?
- Não tenho nada marcado.
- Ótimo, vou precisar de um braço forte para lavar o quintal – Falou Sara escorada na
porta.
- Mas e a Cristina? – Tentou esquivar da intimada.
- Ela vai sair.
- Para onde?
- Não é da sua conta – Retrucou Sara satisfeita com a cara dele de irritação. Nesse
momento ouvem o portãozinho rangendo. – É tão chato assim me ajudar? – fez cara de
dengo.
- Não. Mas esperava dormir.
- Mas vai, assim que me ajudar. – Ela sorriu. Carlos foi até o armário pegando os pratos
e postando os talheres por cima.
- Fala família querida! – Disse Grorelosm acompanhado de sua irmã.
- Olá, como foi o trabalho? – Cristina perguntou para Vuiolosw, que possui o nome de
Vanessa Medilo Ogn. Elas se abraçaram enquanto Glauber Medilo Ogn como é
chamado agora sentou a mesa observando Carlos distribuir os pratos e garfos.
- O dever chamo mais cedo hoje? – Falou Glauber sorridente.
- Sim – Respondeu secamente.
- O Carlos hoje está misterioso – Complementou Sara.
- São vocês que se metem nos meus assuntos. Já disse que muita coisa da policia precisa
de sigilo. – Disse num tom bravo pegando os copos no armário.
- Hui poder! – Brincou Glauber. Sara não conseguiu segurar o riso com o gesto
afeminado das mãos de Grorelosm ao falar, já Cristina deu de ombro e Vanessa sentou a
mesa sorridente.
- Já vi que esse almoço vai ser duro de engolir – Completou Carlos desanimado.
- Vamos comer. – Minimizou o clima Cristina.
Carlos se sentou na ponta. Cristina e Vanessa coloram as panelas sobre a mesa. Sara
tirou as luvas e foi se juntar a eles. Não demorou muito para Toroca, Tomás Medilo
Ogn e Vaocro, Vidigal Medilo Ogn aparecerem para o almoço.
- E ai, quais as novidades? – Perguntou Vidigal quebrando o silencio.
- Consegui uma entrevista – Carlos encarou Cristina após revelar seu mistério.
- Parabéns! – Falou Vanessa. – Espero que de tudo certo.
- Vai dar. Pode apostar.
- Como vai o golf? – Perguntou Sara.
- Vai bem, domingo agora tem a final estadual e quero vocês lá. – Respondeu Vidigal.
- Pode contar comigo – Falou Glauber.
- Creio que vou estar livre também – Falou Vanessa.
- Está falando da reunião?
- Sim. – Afirmou para o irmão. – Não decidiram se vai ter ou não, estão aguardando o
gerente de São Paulo confirmar presença. – Ela olhou para o ruivo. – Mas se não tiver
vou sim.
- Acredito não ter coisa melhor para fazer – Disse Tomás.
- Temos compromisso Carlos? – Perguntou Sara o encarando.
- Não.
- Estão vamos todos. – Finalizou ela.
- Beleza! – Gritou de alegria Vidigal.
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Leandro Vizioli Deonor
O relógio marcava duas da tarde quando Sara entrou no quarto acendendo a luz. Carlos
picaretou jogando o travesseiro sobre a cabeça. Vanessa e Glauber já tinham retornado
para fabrica. Vidigal foi no treino de tênis. Tomas tinha um grupo de estudo para ir e
Cristina como tinha dito estava em sua entrevista de emprego. Sara assumiu os afazeres
domestico, já que não podiam viver com humanos por perto. Nunca reclamou e todos
pagaram um salário para ela.
- Vamos logo folgado! – Gritou parada a porta.
- Sara, me deixa vai? Hoje que eu consegui um dia de folga, você me pega pra trabalha?
- Basta você me ajudar a lavar o quintal e deixou o príncipe dormir.
- Promete?
- Prometo.
- Vamo então.
Sara molhava a calçada da casa quando percebeu algo estranho. No começo apenas
observou, mas depois confirmou suas suspeitas. Carlos passava o rodo na estrada de
cimento.
- Carlos, Carlos – Chamou apressada. Ele bravo, fez de preguiçoso e voltou a passar o
rodo. – Carlos vem aqui, rápido.
- O que foi.
- Olha aquele homem, não é o suspeito.
O homem a quem Sara se referia era um senhor de idade, vestido todo de preto que
andava com as mãos no bolso. Ele estava enfrente a uma casa chique olhando para os
dois lados.
- Não deve ser nada. Ele deve estar esperando alguém. Só um louco roubaria uma casa
no meio da tarde.
Sara ignorou ele que voltou a seu afazer. Ela voltou a jogar água na calçada mantendo
seu olhar de desconfiança. O homem, checou o relógio duas vezes seguida. No ponto de
vista dela, ele parecia muito ansioso. Avançou com a mangueira até o meio fio. Seus
olhos cruzaram com o do homem, que rapidamente disfarçou. Aquilo a tinha posto em
insegurança. Olhou para a rua não vendo ninguém e resolveu se prevenir.
- Esta esperando alguém? – Gritou alto e em bom som. O homem a encarou e pegou um
celular começando a discar. Sara cada vez mas confiada, largou a mangueira no chão
rumando até ele – O que está fazendo ai? Fala! – Olhou para casa não avistando Ordeco.
– Carlos, Carlos! – O chamou enquanto atravessava a rua. O homem começou falava no
celular. A mulher estava já no meio da rua quando começou a gritar o nome de algum.
Bruno só precisava pegar a grana do moleque e vazar. – Estou falando com você! O que
faz aqui? – Gritou.
- Não é da sua conta.
- Acho bom você sair daqui, senão chamo a policia.
- Pode chama, não estou fazendo nada. – o homem parecia firme nas palavras, mas
quando percebeu algo seus olhos esbugalharam. – Merda!
Carlos só queria uma tarde de folga, só isso. Mas Sara tinha que estragar. Sem dizer
que ainda arranjava bico extra, porque todo homem estranho é criminoso? Se fosse ou
não, hoje o bandido teria seu dia de sorte, porque não iria mover um músculo até ouvir
ela gritando. Balançou a cabeça entrando para casa. Já com a arma sobre a mão, ouviu
ela chamar pelo seu nome duas vezes. Escondeu sobre a camisa colocando seu óculos
escuro. Ao sair pelo portão o malandro partia em disparada. A pior parte é em saber que
Sara azucrinaria sua paciência o dia inteiro e finalizaria seu dia senão pegasse aquele
homem. Correu. O homem olhava a todo instante para o seu perseguidor, a cada
segundo a distante se encurtava rapidamente. Com uma jogada de ombro, o homem foi
com força contra o muro de uma casa.
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Leandro Vizioli Deonor
- Fala o que estava falando ali? – Gritou Carlos percebendo o medo nele.
- Vim, vim receber um divida
- Divide de quê? De quê? – Chocalhou pela gola da camisa. O homem devia no cartório,
porque olhou para o lado sem responder. – Fala senão te meto em cana!
- Droga... – Disse desapontado.
- Vaza! – Carlos largou o homem que agarrou a parede. – Vaza Carairo! – Ele correu
sem olhar para trais. – Mas que merda! – Disse chutando o ar. Andou de um lado para o
outro. Voltando para casa.
- O que ele disse? – Perguntou Sara varrendo a calçada molhada.
- É cobrador de dividas de droga.
- Por que deixou ele ir então?
Carlos respirou fundo para não ser desagradável.
- Vou dormir agora.
Sara fechou o semblante dando as costas para ele, que estava feliz por conseguir
dormir de tarde e triste por aturar a birra dela depois.
A noite pesou nos ombros de Vidigal, ele estava cansado e suado. Correu para o banco
de cimento e logo um homem de baixa estatura, moreno de cabelo preto raspado entrou
na quadra. Passou a toalha vermelha sobre o rosto e bebeu água.
- Vida dura, heim cara.
Vidigal respirou firme mandando mais algumas goladas de água antes de responder ao
colega do lado.
- Rapaz, to morto.
Aquele sim, estava sendo um dia puxado. Depois de sair do clube onde treinou tênis
por quatro horas, agora estava ali reunido na praça jogando um basquete com os o
pessoal do bairro. No primeiro momento em que Vaocro teve o contato com o esporte
se apaixonou, jogou futebol primeiro, descobrindo ter um grande potencial. Em seguida,
durante um passeio pela quadra sua curiosidade pelo basquete nasceu ao ver jovens
dando dribles desconcertantes e passes imprevisíveis. Um ano depois já estava no time
titular de basquete da região. Após o grupo todo ir na confraternização da empresa onde
Vanessa é gerente Financeiro. Aprendeu a jogar tênis com os donos da empresa. Eles
gostaram tanto de suas habilidades com a raquete o convidando para jogar golf. Golf
hoje é o esporte que ele mais gosta. Não existe um campo de golf oficial na cidade, por
isso sempre viaja aos fins de semana para treinar. Deixou o futebol para horas vagas e
toda terça e quinta joga um basquete de noite. O tênis nessa semana está treinando
puxado para o campeonato estadual de duplas, cuja seu parceiro é o dono da empresa
que Vanessa trabalha. Também treinou boxes por dois anos e há um parou. Enquanto
observava seus amigos jogando ouviu uma voz familiar ao seu lado.
- Perfume novo? – disse ela desabrochando um sorriso.
- Não. – Respondeu sem jeito. – É catinga mesma. – Os dois sorriam. Cristina então
sentou ao lado dele. – Como foi a entrevista?
- Acho que fui bem. – Respondeu meia sem jeito.
- Aposto que foi sim.
- Vai demorar muito para ir para casa?
- Não, já estou indo.
O silencio pairou no ar durante alguns minutos. Eles assistiram a partida sérios.
- Vou indo então. – Disse ela se levantando.
- Até mais Cris.
Vidigal sorriu para ela, mas a mesma já andava. Ele então, começou arrumar suas
coisas e assim que a concluiu gritou – Espera por mim. – Ela parou e se virou.
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- Tudo bem? – Perguntou Cristina ao lado dele que arfava de exaustão.
- To bem... sim... só preciso recuperar o fôlego.
- Não precisava vir correndo, eu não ia fugir – ela sorriu sendo correspondida –
Podemos ir? – Vidigal assentiu. Os dois atravessavam a rua quando os gritos
começaram. Ele olhou para trais vendo as pessoas da quadra correm de espanto. Um
raio branco surgiu do nada e quando desapareceu a imagem se rasgou.
- Um portal?
Vidigal não sabia por que o portal estava sendo aberto. Mas podia ou não ser Inderto.
E essa duvida os deixou preocupado.
- Vamos. – Ordenou ele.
Os dois voltaram para quadra ouvindo palavrões e perguntas “Que porcaria é essa?”,
“O que está havendo aqui?”, “Apocalipse?”. Todas as pessoas mantinham uma boa
distancia do rasgo no ar. Uma mão rochosa agarrou uma das pontas jogando seu corpo
para fora. O demônio sorriu com aquela boca de pedra e sem dente. Seus olhos pretos e
corpo todo feito por rochas, possuindo em varias partes rachaduras. O demônio enfiou a
mão no portal e puxou outro demônio. Esse tinha uma pele azulada, delicada e olhar
perfeito. Os seios nus eram fartos e as asas liberam um pó azulado e brilhante. As mãos
dela tinham uma luz negra que as rodeava. Era um demônio lindo com aparência
feminina. Quando pisou parando de bater as asas sorriu avistando os humanos.
- He, He, He. Bem que Truioplo falou. Esse planeta é vivo – Disse o rochoso. A voz
dele era pesada e parecia rouca.
- Achei lindo. Nada comparado ao nosso. Amei – Disse o outro com sua voz feminina,
fina e delicada jogando os braços para o céu e girando seu corpo sobre os calcanhares.
- Vamos nos divertir – Ele sorriu encarando um grupo de jovens, um deles segurava
uma esfera laranja. Os humanos se afastaram ao primeiro passo dele.
- Isso não é bom sinal – comentou Vidigal.
- Vou chama a Sara, antes que seja tarde.
- Eu seguro eles – Vidigal correu sendo seguro pelo braço. – Que foi?
- Não pode mostrar seus poderes para eles.
- E vou ficar de braços cruzado enquanto ele mata meus amigos.
Cristina tinha que dar razão ao amigo, mas sabia que essa atitude entregaria seus
disfarces. Não podia prever descobrindo como o portal tinha sido aberto. Precisavam de
Sara.
Carlos assistia jornal. O clima naquela casa estava pesado. Dês do momento em que
falou com ela na calçada não tinham trocado uma palavra. Dormia a tarde inteira, aquilo
o deixou feliz. Estava descansado, o corpo humano era fraco e possuía pouca energia.
Ela estava na cozinha, começava a fazer a janta. Ouviu ela xingar quando queimou o
dedo. Pensou em ir lá, mas já previa a reação da mesma. Quando chegou no comercial,
trocou de canal, procurando outro programa jornalístico naquela hora. Sara passou pela
sala tomando o corredor para seu quarto. Os passos delas estavam pesados e os olhos
brilhavam de raiva. Ouviu o celular dela chamado. Olhou para o corredor, nada. Voutou
para o canal do jornal encarando o celular.
- Sara! – Gritou.
Ela não apareceu. O aparelho não parava, quem quer que fosse realmente esperaria até
o ultimo toque. Irritado pegou o celular vendo no display colorido Cris.
- Sara, é a Cris! – Gritou sem vela novamente.
O celular tinha parado, mas começou a tocar novamente. Não iria ficar ali ouvindo
aquele aparelho buzinar no seu ouvido. Caminhou até o quarto dela encontrando-a
chorando.
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- Sara, é a Cris... acho que é importante.
A voz dele foi tímida e envergonhada. Ela tinha lagrimas descendo pelo rosto. Não
entendia muito bem ela, mas os quatro anos o ensinaram muito coisa.
- Aló – Sara atendeu o celular vendo Carlos sair de seu quarto.
O demônio de rocha pisou firme no chão. Um som vago ecoou no ouvido de todos,
que ficaram em silencio. Quando o demônio sorriu novamente levantando seu pé. A
quadra tremeu derrubando todos no chão.
- Eu estou adorando isso aqui – desse ele batendo a mão no peito.
Cristina tentava falar com Sara dizendo “atende, atende. Vai, atende” baixinho diversas
vezes. Vidigal trincava os dentes que barravam uma chama azul de sua boca. Quando a
onda sonora os atingiu. Caiu pondo de pé rapidamente.
- Droga! – Disse Cristina no chão. Vidigal a olhou percebendo a mesma pegar seu
celular de chip dividido em dois. – Quebrou meu celular! Junto na hora que ela atendeu.
Vaocro pegou sua bolsa a abrindo, começou a procurar o seu aparelho. Assim que o
encontrou discou para Sara. Seus olhos estavam nos andrones. O rochoso rancou um
pedaço de rocha de seu peito e jogou no chão. A rocha que era amarelada como o
demônio ficou cinza ao tocar no cimento. Dela nasceram braços e pernas, virando uma
miniatura do seu gerador. A rocha cinzenta olhou para os humanos que permaneciam ali
abismados com a cena. Alguns ainda tentavam se levantar. Como era o caso de uma
menina, que tentava desgrudar suas pernas do chão. Ela tinha a ajuda de suas amigas,
que seguravam seus braços chamando por ajuda.
- Preciso fazer alguma coisa – disse passando o celular para Cristina.
Cristina não o impediria dessa vez, esperava apenas que ele fosse cauteloso. Tinham
aprendido muito sendo humanos, sendo uma delas, a solidariedade. Apesar de serem
demônios e gostarem de carnes, viveram sobre guerras e matanças, sendo imortais e
morando num planeta sem vida. O poder de transformação de Inderto os permitiam
serem humanos de verdade. No começo era difícil, mas com o passar dos anos se
sentiam como protetores daquela raça inferior. Ela se perguntava como seria quando
voltassem a ser andrones.
- Sara?
- Sim. – respondeu a voz metálica.
- Preciso que venha até a praça agora. – Disse desesperada.
- O que ouve?
- Um portal se abriu e dois demônios estão soltos.
- Estamos indos.
Cristina desligou o celular aliviada. Pegou a bolsa de Vidigal quando uma luz negra
tocou seu peito. Sentiu suas forças vazarem e seus membros não responderem. Gritou
de dor revelando diversas veias. Um tecido de velcro lilás cobriu o seu corpo, obrigando
a esfera negra a soltar. Caiu de lado no chão. Levantou a cabeça presenciado o demônio
a sua frente.
Vidigal correu passando perto do rocha-cinza até as meninas. Fez seu braço crescer um
pouco e levantou ela facilmente.
- Vão para suas casas.
- Mas e você?
- Eu já estou indo. – Respondeu para Aline, do lado de seu namorado Tiago.
- Vamos Aline.
- Obrigada – Disse a menina ajudada. Assim todos correram para quadra de handebol
tomando a rua.
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Vaocro abriu a boca permitindo uma chama azul sair. Seu braço alargou mais um
pouco. O demônio rochoso sorriu para ele e saltou com velocidade e precisão perfeita
sobre três garotos que insistiam em presenciar aquilo. Ele correu para o lado dos
amigos, mas sentiu uma forte dor na lateral do corpo indo ao chão. De lado viu a
criatura cinza encarando. Girou o corpo para trias esquivando de um soco preciso, soco
que deixou um amassado no cimento. Procurou Cristina percebendo o outro demônio
sobre ela. O ódio cobriu suas têmporas, como era chato ser humanos, protegê-los sem
poder usar seus poderes. De pé, chutou o rocha-cinzenta para o alto quando ela pulou
sobre ele. O filho do demônio de rocha caiu de costa no chão o chamando a atenção. Ele
fuzilou Vaocro com os olhos esquecendo dos três pobres humanos que saíram em
disparada deixando apenas os demônios ali. Sabia que tinha cutucado a ferida daquele
andrones, mas agora sem os humanos podia mostrar seus poderes. Foi quando ele viu
que os moradores saíram de suas casas. Murmurou de ódio recebendo um soco indo
parar no meio da rua. Suas costas ardiam, com o raspar do cascalho do asfalto. Respirou
fundo mandando ar para os pulmões. Pensou em levantar, mas mudou de idéia, sem a
presença de Sara era melhor não.
Cristina analisou aquele demônio de perto. Era linda, as curvas do corpo dela eram
perfeitas. Seu sorriso encantador. Talvez fosse o motivo dos humanos não conseguirem
fugir daqui. Ela devia estar os controlando com sua beleza majestosa. As mãos dela
eram perfeita e se moviam com suavizes e delicadeza.
- O que vocês vieram fazer nesse mundo? – Cristina perguntou, afinal, ganharia tempo
já que os andrones estavam atordoados com as novidades.
- Viemos destruir. – Ela sorriu. Isso fez Crinanna se irritar. Recuperada do ataque
supressa, postou de pé.
- Não vai destruir esse mundo – Gritou.
- O que ser você criatura?
- Sou Crinanna, do clã Melido Ogn, seguidor do Lord Fwhinf.
Ela pareceu sorrir analisando a aparência humana de Crinanna. Tinha ouvido falar que
andrones do Lord Fwhinf levados por Inderto apareceriam para impedir. Eles estariam
disfarçados como humanos e privado de seu poder total. Mas ainda eram demônios.
- Sou Paaste, do clã Wantor Ogn, do Lord Tordenavco.
Crinanna se aproximou dela, mantendo olhos nos olhos. Esperou por quase cinco anos
até a chegada do clã Wantor Ogn. Estava entediada de não usar seus poderes. Eles
treinavam sempre que podiam, longe dos humanos em um lugar deserto. O único
problema era que não tinham todos os seus poderes e quanto mais exigisse, mas o corpo
humano ficava exausto.
- Carlos, Carlos. – Chamou por ele. – Onde esse homem se meteu? – Sara correu para a
cozinha depois de não o achar na sala. Ela já voltava para seu quarto ouvindo o barulho
da descarga no banheiro. Ele abriu a porta tomando um susto por vê-la.
- O portal se abriu e Vanessa esta em perigo. – Sara falou serio.
- Quem será? – Perguntou confuso. Ordeco não esperava que o portal se abrisse em
menos de cinco anos, mas já desconfiava daquele silencio vindo do mundo deles.
Inderto tinha muito o que se explicar. – Ela disse o quê?
- Que dois demônio saíram dele. – Irritada com a demora brandiu. – Vamos logo Carlos.
- Está bem, vamos. – Ele caminhou até a cozinha pegando a chave do carro. Passou pela
sala sendo recepcionado por ela, que fechou a porta assim que saíram. Entraram no
carro. Zaira fez seus olhos azuis mudarem de cores, eles escureceram virando um ponto
branco. Uma onda saiu de seu corpo e tudo ficou branco, menos o carro e eles. No raio
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de dois kilometros, ela tinha parado o tempo. Carlos deu partida e assim o monza rumou
até a praça.
Vidigal percebeu a presença de Ricardo, um dos garotos que moravam nas casas ao
redor da praça. Respirou fundo e esperou ele se aproximar.
- Cara! Se ta legal?
- Não, mas vou ficar bem. – Disse fingindo não conseguir se mexer.
- Quebrou alguma coisa?
Queria responder “Sua cara se não sair daqui”, mas apenas ensaiou um sorriso fraco
seguido por uma careta de dor.
- Acho que não.
- Aquele monstro te mandou longe, tem certeza que você não quebrou nadinha?
- Cadê ele? – Vidigal estava tão preocupado em se mostrar fraco, esquecendo do
demônio. Seu semblante demonstrava espanto. – Cadê o monstro?
- Está rançando pedaços de seu corpo e criando criaturas como a primeira.
Essa era um dois DOM que os andrones possuíram; capacidade de gerarem filhos.
Vaocro deixou as costas retas, ouvindo o garoto dizer “Meus deus” sem entender.
- Nossa, suas costas.
- O que tem? – Perguntou curioso.
- Ralo tudo.
- Mais essa. – Falou irritado. – Ajuda a levantar.
O garoto jogou o braço dele sobre o seu. Apoiado Vidigal o orientou a deixá-lo
escorado sobre uma arvore. Pediu em seguida que Ricardo fosse pegar pano para limpar
suas costas. Assim que ele foi, terminou de rasgar a camisa e passou no ralado. Senti o
dor subir a garganta, mas segurou firme. Respirou fundo, olhando para o demônio
rochoso. Já tinha sete rochinhas, uma verde pela cor da quadra de handball, outra branca
pela traves, outra cinza com uma faixa preta da quadra de basquete e o resto somente
cinza. Procurou Crinanna a encontrando rente ao demônio que na cultura humana
parecia mas uma fada. Olhou para o seu peito, onde tinha recebido o golpe vendo o chão
ficar branco. Levantou o olhar e tudo estava branco, parado, imóvel. Apenas os
demônios que não. Sorriu liberando chamas azuis pela boca. Seu braço cresceu mais um
pouco tendo o dobro do tamanho do outro. Correu sendo percebido pelo demônio
rochoso que foi de encontro. Ambos atingiram seus socos, Vaocro acertou o rosto dele
que atingiu seu peito. Ficaram parados ali por uns segundos.
- Não pode me vencer He, He – Disse sorridente o rochoso.
- Pode apostar que eu posso. – A cada abertura de boca uma fumaça azul saia. – E vou
mostrar! – Vaocro aumentou ainda mais seu branco sentindo a pele humana se esticar e
o incomodar. Respirou fundo cerrando os dentes e dois jatos de fumaça azul saíram de
seu nariz.
O demônio-rochoso sentiu a pressão sobre seu rosto aumentar e esbugalhou os olhos
quando uma labareda o atingiu em cheio. Sentiu sua pele de rocha arder. Retirou o
braço do peito dele e quando móvel para dar outro soco levou um certeiro no rosto
voando e caindo como tudo sobre a rua do redondo da praça. O asfalto afundou com o
atrito. A cabeça e os ombros na altura do peito estavam azul pelo contato com as
chamas.
Vaocro liberou de sua boca uma labareda o pegando de surpresa, forçou o seu punho
sobre o rosto rochoso afastando de seu corpo. Quando percebeu que ele tentaria atingilo, golpeou primeiro impregnando toda a sua força demoníaca.
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- Vai ficar me olhando o dia inteiro? – Questionou Brava Crinanna. Já fazia um bom
tempo que estavam paradas.
- Estou esperando o momento certo para matá-la mandando de volta a nosso mundo –
Retrucou Paaste.
- Isso não vai acontecer! Sara parou o tempo. Tudo ao nosso redor esta imóvel. Posso
lutar no mesmo patamar agora.
- Hum. – Murmurou olhando em volta. - Sei que é triste abandonar esse planeta lindo,
mas – ela voou respirando o ar puro aproveitando para apreciar a troca de socos dos dois
lá embaixo. – Não vou embora. Foi difícil conseguir achar esse portal. Fiz muito esforço
para chegar aqui. – Parou no ar, batendo as asas rapidamente. Vidigal ao perceber o pó
azulado no ar olhou para cima correndo os olhos para Crinanna que olhava para o
demônio-fada. Paaste viu que havia algo errado. Quem quer que fosse essa tal Sara
pagaria com a destruição eterna por ter congelado seu novo mundo. Sorriu percebendo a
presença de um objeto preto emitindo uma luz amarelada. Assim que a luz apagou,
pedaços foram deslocados e dois humanos saíram. Voou pousando sobre eles. – Vou
começar recrutando um casal da sua espécie!
Carlos deu um sorriso de canto ao ouvir a frase do demônio. Que por sinal era
encantadora, lembrava as fadas desse mundo. Ativou seus poderes e seus ossos viraram
metal demoníaco. O soco foi certeiro. Fazendo-a cair de costas frente a Cristina. Sara
com os olhos brancos, segurou para não debochar. “casal da sua espécie”.
- Do que você está rindo? – Perguntou ele vendo um sorriso depois de passar a tarde
emburrada.
- Nada não – Segurou o riso postando a mão na boca. – Coisa minha. – Correram até
junto de Crinanna, a mesma lançava um velcro lilás sobre todo o corpo do demônio que
se debatia. – Você está bem?
- Sim. Mas quebrei meu celular – Lamentou Cristina.
- Não vão me deter – Brandiu Paaste agarrando firmemente o veltro e rasgando com sua
força demoníaca. Antes dela levantar Ordeco espremeu seu pescoço com a mão direita a
suspendendo no ar. A força dele era impressionante. Ela pode ver que eles eram
realmente andrones. – Quem é você? – Perguntou com a voz fraca e quase sem força.
- Ordeco!
Os olhos dela brilharam. Ela restabeleceu suas forçar agarrando o braço que a
suspendia com as duas mãos. As esferas negras tocaram a pele humana trazendo gritos
da garganta dele. Cristina jogou o velcro sobre ele que caiu de joelho segurando o
braço. Livre Paaste voou espalmando suas mãos contra os três.
- Você esta bem? – Perguntou Sara passando sua mão sobre o rosto suado dele com
semblante de dor.
- Com certeza ela me conhece.
- Não tenho duvidas.
- Sei que vocês estão conversando, mas ela vai atacar! Ordeco, ela não está muito feliz
por vê-lo. - Cristina falou ficando a frente dos dois.
Vaocro afastou-se daquele pó azul prevendo algum poder. Seguia o demônio-fada com
os olhos. Gargalhando vendo ela levar aquele soco, sendo presa na seqüência pelo
velcro fino de tecido da amiga. Mudou deu foco ao perceber que todas as rochinhas
estavam do lado do rochão. Um por um foram se juntando, assim que levantou o
demônio rochoso tinha cores novas. Ele ficou todo branco, depois ficou todo verde, por
ultimo todo cinza. Sem perder mais tempo correu saltando sobre as árvores e caiu
atingindo a cabeça do andrenos com seu braço grande. A pressão fez os pés de rocha
aumentarem o buraco que havia no asfalto. Assim que caiu frente a ele. Viu que não
havia mas aquele sorriso banguela. Quando ele deu um passo com as pernas bambas,
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Leandro Vizioli Deonor
levou um soco lateral cambaleando para lado. A nova tentativa de atingir Vaocro foi um
fracasso também. Vidigal desviou gingando como um boxeador para o lado acertando
com toda a sua força demoníaca o queixo do demônio-rochoso que voou batendo as
costas no murro verde de uma casa, caindo sem mover um músculo.
As mãos do demônio chamaram as esferas negras que se fundiram triplicando de
tamanho. O pó produzido pelas suas asas finas que batiam rapidamente criou um anel ao
redor da esfera. Crinanna teceu de suas mãos rapidamente um longo e grande velcro
cobrindo os três. Atenção pairou no ar. Carlos levantou ainda segurando o braço. Sara
fez linha com sua amiga-demônio. Quando os três esperavam que ela lança-se, o
demônio-fada fez diferente, engoliu a esfera dobrando a mesma para que passa-se por
sua boca. Seus olhos brilharam negro. A pele iluminou mais mostrando uma magnitude
maior. Ela jogou a cabeça para trais, erguendo o dorso para o céu. Suas asas bateram
ainda mas rápido espalhando por toda a quadra de basquete seu pó azul. Paaste
composta fuzilou Ordeco com os olhos. Espalmou suas mãos, delas nasceram a esfera
negra. Cada uma atingiu uma mulher humana. Crinanna, não esperava que ela fosse
engolir aquele bola preta, muito menos atacá-las desse jeito. Mas o poder dela estava
maior, sendo que o seu velcro não fez o efeito. Sara Tentava manter suas forças, rangia
os dentes como a amiga, as duas estavam sendo suspensas no ar. O velcro possui dos
furos, mas se mantinha lá, presa ao chão chocalhando como uma bolha tendo apenas
Carlos dentro.
- Não! – Gritou Carlos ao ver as mulheres caírem sobre o capô de seu veiculo. As
esferas negras voltaram a rodear o punho de Paaste quando ela desceu entrando na bolha
de veltro por um dos buracos.
- Faz tempo que não o vejo!
- Já não posso dizer o mesmo de você! – Sorriu ele em deboche.
- O primeiro que vou mandar de volta, vai ser você Ordeco! – ela apontou seu dedo na
altura de seu rosto. Um brilho azul singelo surgiu na ponta do indicador e todo o pó que
pairava no ar, começou a girar sobre o corpo dele em espirou numa coreografia mágica.
– pronto para voltar?
Carlos não respondeu, pois aquela espiral de pó cristalino sobre o seu corpo não o
permitia se mover. Nem mesmo para falar. A única coisa que conseguia era apreciar a
sua beleza, coisa que os andrones não sabem fazer. Só esperava não ser realmente o seu
fim, sabia que Paaste queria, mas era coisa de andrones. Jamais esperaria vela na Terra,
por isso aquele gostinho especial em socá-la. Não conhecia todos os seus poderes, mas
também, nunca foi aliado de confiança de ninguém. Cansado da vida solitária, resolveu
se juntar ao clã Medilo, onde ficou sabendo sobre o anti-demônio e o portal por Inderto.
- Bem na mosca! – Vaocro pulou de alegria ao acertar o demônio-rochoso sobre o
demônio-fada. Ordeco estava no chão cheio de pó azul espalhado sobre o corpo. Mais a
frente sobre a grama verde de bruços no chão Paast, e quase no meio da rua o rochoso. –
Beleza ai? – Estendeu a mão para o amigo levantar.
- Vou ficar. – Carlos olhou com raiva olhando o demônio-fada. Queria poder matá-la,
mas estava fraco. – Vigia ela, vou ver as meninas.
- Pode deixar – Vaocro respondeu caminhando até o demônio, pisou sobre suas asas
forçando a deitar no chão. - Está gostando daqui, não é? – Agarrou a cabeça delicada
com o grande braço e começou a batê-la contra a terra. – Gostoso, gostoso. Não é? Isso
ai se chama grama! Faz bem, não lembro para que agora, mas faz. – Finalizou
esfregando na terra sem dó. – Não sai daí, já volto. – Disse caminhando até o outro
demônio.
Seu melhor erro foi me conhecer
Leandro Vizioli Deonor
Cristina ajudou Sara a descer do carro. Sabia que Carlos ficaria chateado. As duas
estavam fracas, mas mantinham-se firmes.
- Lá vem bronca – Sara falou percebendo Carlos se aproximar.
- Vocês duas estão bem? – Perguntou.
- Estamos sim – Respondeu Cristina encarando Sara que se ajoelhou e seus olhos
piscaram de demônio para de humano. – Sara?
- Não vou conseguir manter por mais muito tempo. – Cristina segurou ela antes que
caísse.
- Vaocro precisamos mandá-los de voltar e fechar o portal! – Gritou Carlos correndo até
ele que segurava a cabeça do rochoso.
- Mas o portal – Apontou com a mão livre. – Está parado no tempo? – Carlos não tinha
percebido também, mas Zaira não conseguia parar andrones com seu poder. – Ao
menos que esse portal...
- Não seja andrones, seja natural do planeta! – Conclui Carlos. – Vamos rápido.
Ele pegou Paast no colo, ela estava fraca, mas consciente. Correu vendo o outro
demônio voar caindo a frente do portal.
- Achava mesmo que eu ia ser delicado? – Sorriu.
- Não. – Correu seu olhar de Vaocro para Zaira. – Pode liberar o tempo! – Gritou. –
Como pedido os olhos delas piscaram humano e assim permaneceram. – Ah não! –
Paast tocou o rosto de Carlos e sua esfera negra o fez gemer e gritar.
- Não vou voltar! – Paast disse alçando vôo, deixando ele ajoelhado e respirando com
dificuldade.
- Já vi que o hoje, é o meu dia de salvar o mundo – Vaocro tocou com a mão normal no
ombro de Ordeco e lançou o demônio-rochoso para dentro do portal com a outra mão.
Ele observou ela ziguezagueando pelo ar, e, olhava rapidamente para ela e para o
amigo. – Tive uma idéia melhor. – Agarrou Carlos com o braço grande lançando ao céu.
– Voa passarinho. – Zombou.
Ordeco não contava com essa, sabia que de todos era o único que podia voar, mas
Vaocro podia ter avisado antes, abrir suas asas exigia muito do corpo humano. Agora
não tinha tempo para pensar, precisar agir. A camisa preta rasgou em duas linhas
diagonais que quase encontrava-se sobre as costas. Uma ponta preta rasgou a pele já
marcada saindo das duas linhas. Carlos gritava de dor, encolhendo seu corpo no ar.
Assim que a asas de metal demoníaco com película negra saiu por completo, ele a
escancarou soltando um urrou de alivio e alçou vôo atrais de Paast.
- Temos que ajudar – Pediu Sara.
- Ele vai se sair bem – Vaocro sorriu, por isso levou um tapa no ombro de Sara. – Tá
doida!
- Acho bom ele conseguir, senão eu mando você de volta!
- Ele é o único que sabe voar, e não podemos deixar Paast fugir. Ela é do clã Wantor
Ogn. – disse Cristina.
- Então, eles não estão aqui por acaso? – Vaocro olhou para Crinanna, coisa boa não
era. – Porque o portal é natural do nosso mundo.
- Percebi. – Ela observou o rasgo no ar. – Eles já sabem do plano de Fwhinf.
- Vamos para casa. – Sara falou cabisbaixa e todos concordaram.
- Carlos vai ter um treco – Vaocro falou vendo o capô amassado do veiculo. - Antes de
entrar no carro Sara gerou uma esfera luminosa que trocava de tonalidade do branco até
o laranja. Jogou a esfera sobre um canteiro. Os três voltaram para casa.
A distância aumentava a cada segundo, Nessa velocidade que ele ia, não chegaria.
Suava pelo corpo todo. Tinha gastado muita energia para liberaras asas. Parou em pé no
ar, forçando as asas a abrirem. Ambas pontos presas no osso de metal principal
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curvaram para cima. Ordeco bateu asas novamente e as pontas ganharam velocidade se
soltando, girando no ar indo até o corpo do demônio-fada. Paast não teve tempo de
reação, as pontas cravam suas costas prendendo as asas junto ao corpo. Pouco a pouco
foi perdendo velocidade sendo pega por Carlos pelo braço.
- Não é a hora certa para isso Paast – Ordeco falou jogando o corpo dela no chão, frente
ao portal. Muitos garotos abismados com os dois monstros se afastaram. – Volte para
nosso mundo.
- Não sei porque nos traiu, mas assim que saberem que está com eles. Tordenavco, vai
vir aqui pessoalmente. – Paast tentou se levantar, mas desistiu. O sangue azul escorria
como uma gosma nas bordas das pontas cravadas. – Sabe qual é o preso da traição, não
sabe?
- Sei. Por isso me juntei ao Lord Fwhinf. - Carlos pousou recolhendo as asas junto ao
corpo. – Nos vemos no nosso mundo Paast.
- Vou esperar para exterminá-lo pela eternidade!
- Boa sorte. – Carlos pegou uma das pontas de metal e jogou com facilidade o corpo do
demônio dentro do portal. Olhou em volta vendo os moradores descabelados com o que
viram essa noite. Sorriu. Ele gritou de dor recolhendo as asas para dentro do corpo
humano. Respirou fundo três vezes. As pessoas com medo não chegaram perto, então
começou a olhar para o chão, procurando algo, percebendo que seu carro não estava
mais ali. Foi até onde estavam pedaços do farol quebrado. “Aquele amassado ia custar
dois meses de salário”, pensou. Virou para quadra avistando a esfera. – Aqui está você.
– Segurou pela mão caminhando até o portal. – Precisamos voltar a ser demônios. –
Espremeu a esfera que liberou uma onda branca, a mesma varreu os raios de dois
kilometros. O portal ao contato, começou a emitir raios por todos os lados até se fechar.
Após alguns segundos, os humanos recobraram a visão sem se lembrar dos andrones e
do portal. Carlos acendeu um cigarro e voltou a pé para casa.
Seu melhor erro foi me conhecer
Leandro Vizioli Deonor
O MUNDO DOS ANDRONES
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