Camargo Corrêa
Ecoagregado
Eixo temático
Meio ambiente
Principal objetivo da prática
•
•
•
•
•
Reduzir os custos de des&nação dos resíduos das centrais de concreto aos aterros;
Reduzir os custos de mineração das pedreiras;
Gerar nova receita com a comercialização do agregado reciclado de concreto;
Aumentar a vida ú&l do aterro e das minas; e
Trabalhar a imagem da marca a par&r de prá&ca alinhada à polí&ca sustentabilidade
Motivação
Atualmente, as centrais dosadoras de concreto geram 4 mil toneladas por mês de resíduo de concreto. As duas principais
fontes geradoras desse resíduo são a limpeza interna do balão do caminhão betoneira ao final do dia de trabalho e a
devolução de concreto fresco não empregado nas obras. Esta ocorre por motivos variados, tais como o vencimento de seu
prazo de u&lização (devido a problemas com a quebra do equipamento de bombeamento), mau planejamento do cliente
para o início da concretagem e erro de programação do volume total de concreto na peça. O destino final desse resíduo
eram aterros, e gastava-se mais de R$ 30 mil por mês com taxas e fretes. A equipe técnica e operacional, insatisfeita, iniciou
um trabalho de pesquisa para reutilizar tais resíduos, criando um novo produto: agregado reciclado do concreto fresco pelo
processo de estabilização com adi&vos químicos e britagem.
Descrição da prática
Para concre&zar a produção de agregado de resíduo de concreto, faz-se necessária uma gestão nas unidades de concreto e
nas pedreiras, que consiste na estabilização do resíduo com adi&vos químicos; implantação da logís&ca reversa; gestão
técnica do estoque nas pedreiras; britagem e classificação dos produtos; possibilidade de produção de brita graduada
simples (BGS); bica corrida para o mercado de pavimentação; e prospecção de clientes.
Estabilização do resíduo: o concreto devolvido pelo cliente ainda se encontra não solidificado. Antes de despejá-lo no pá&o,
aplica-se adi&vo retardador. A técnica tem como finalidade interromper a hidratação do cimento. Nesse período, o resíduo é
constantemente movimentado pela pá carregadeira, necessário para que sua solidificação ocorra em fragmentos possíveis
de movimentar e transportar para as pedreiras mais facilmente.
Implantação da logís ca reversa: os caminhões que transportam agregados das pedreiras para a central de concreto
retornam com o resíduo estabilizado para as pedreiras.
Gestão de estocagem: os resíduos chegam nas pedreiras ainda com cimento não hidratado, sendo necessário permanecer
por um certo tempo na estocagem.
Britagem e classificação por tamanhos: o resíduo segue para o equipamento de britagem e classificação. O processo é
INSTITUTO ETHOS | Práticas Empresariais de Responsabilidade Social – 2012
1
convencional, normalmente realizado a seco, nos mesmos equipamentos empregados na produção de agregados naturais.
Possibilidade de produção de BGS e bica corrida para o mercado de pavimentação: BGS é uma mistura de agregados (brita
2, brita 1, areia), com proporções predefinidas, cujo produto final é um material de curva granulométrica controlada. Bica
corrida é uma mistura de agregados, de diâmetro máximo a 50 mm, sem granulometria definida.
Prospecção de clientes: u&lizando-se todo o aparato, é possível disponibilizar três produtos dis&ntos, com 100%, 50% e 25% de
agregado reciclado de resíduo de concreto, formatando linhas de produtos ecoagregado-pavimento e de ecoagregadoconcreto. Dessa forma, a área comercial iniciou a prospecção de clientes para consumo desses produtos com o apelo
sustentável.
A construção de sub-base e base de pavimentação requer uma infinita reserva de agregados in natura. O agregado reciclado
de resíduo de concreto reduz drasticamente o consumo desses materiais, contribuindo para a economia de jazidas minerais
naturais e a redução de des&nação em aterros. Somente para a dosagem de bica corrida (1:3:3 – pó:reciclado:brita3) são
u&lizados 43% de agregado reciclado de resíduo de concreto e os 57% de agregado in natura. Considerando
3
3
hipote&camente a produção de 250 mil m por ano de bica corrida, tem-se o total de 118 mil m por ano de agregado in
natura não consumido; em contrapartida, o mesmo volume de resíduo de concreto que não foi destinado para aterros. Esse
número aumenta quando somado ao consumo u&lizado na produção de BGS (dosagem de 1:1:2 – pó:reciclado:brita2). Na
sua produção são u&lizados 25% de agregado reciclado de resíduo de concreto e 75% de agregado in natura. Considerando
3
3
o consumo hipoté&co de 170 mil m por ano de BGS, tem-se o total de 42.500 m por ano de agregado in natura não
consumido, em contrapartida, o mesmo volume de resíduo de concreto que não foi des&nado a aterros. Para concluir, se a
empresa atuar somente na linha de agregado para pavimento, comercializando bica corrida e BGS blendados com agregado
3
reciclado de resíduo de concreto, haverá um consumo de 160.500 m por ano de agregado in natura e aterros não
utilizados.
Além disso, outras fontes de energia são também conservadas: energia de detonação/extração, pois o resíduo não requer
essas atividades para explorar; emissão de gás, por otimizar o transporte por meio da logís&ca reversa; favorecimento no
sequestro de gás carbônico do ar, por meio da carbonatação do agregado reciclado de concreto. Umas das principais
inovações dessa ideia é que os equipamentos disponíveis para reciclagem de agregado são realizados pelo processo de
lavagem, com alto consumo de água, o qual a presente proposta não u&liza.
O principal desafio enfrentado compreendeu a quebra de paradigma de que o resíduo de concreto é uma matéria-prima do
BGS e bica corrida. Essa quebra de paradigma se estendeu para os profissionais internos das unidades e do próprio
consumidor. Por uma questão cultural, os profissionais e clientes apresentaram uma rejeição quanto ao uso do concreto
reciclado, que visualmente é um material heterogêneo e com fragmentos de diversos tamanhos. Em virtude disso, era
comum os próprios profissionais contaminarem as pilhas de resíduo de concreto com sacos plás&cos, ferragem, copinhos
plás&cos ou até mesmo com terra. Além dos profissionais da empresa, os clientes também reprovavam o seu uso por
associar a cor do produto final com o resultado do uso de terra, pois apresenta cor avermelhada, devido à presença da areia
de quartzo rosa em sua composição. A preocupação dos clientes com a cor deve-se ao fato de pedreiras alterarem as
especificações técnicas, fazendo uso de terra na composição do BGS e bica corrida. Essa é uma prá&ca condenável. Com o
Ecoagregado, apresenta-se aos clientes a não realização dessa prá&ca, pois trabalha-se com materiais nobres. A solução do
problema somente foi possível diante da forte conscien&zação dos profissionais. Foi demonstrado que são materiais
diferentes, mas que o agregado reciclado de resíduo de concreto potencializa algumas caracterís&cas do produto final. Para
o cliente, além da conscien&zação, existe também o acompanhamento de ensaios, demonstrando que o produto reciclado
de concreto apresenta propriedades exigidas para a sua aplicação, conforme norma brasileira.
A chuva também é um obstáculo que dificulta o uso do reciclado de agregado. Por sua grande concentração de fino, em
época de chuva o material se torna pastoso. Essa transformação Msica contribui para dificultar o processo de britagem e
peneiramento. Durante a britagem, o material não apresenta atrito e consequentemente “patina”, prejudicando o
processo. Na etapa de peneiramento, o material não consegue ser classificado corretamente, pois as peneiras entopem. No
momento, a equipe está discu&ndo a melhor solução para o problema da chuva, sem muito gasto nem tempo.
INSTITUTO ETHOS | Práticas Empresariais de Responsabilidade Social – 2012
2
Investimento
Na etapa de estabilização do resíduo de concreto com adi&vo químico foi necessário um estudo tecnológico para determinar
qual a melhor alterna&va aos processos atuais de disposição de concreto retornado à central, que garanta os pré-requisitos
de estocagem do resíduo do concreto no estado fresco, seguido de seu transporte. O estudo foi realizado pelos profissionais
e na estrutura do Centro Técnico da Unidade Jaguaré, com a consultoria da empresa CPTI, composta por profissionais do IPT.
Para a britagem e separação por tamanhos foi necessário um britador móvel com dois estágios: primário, com britador de
mandíbulas, e secundário, com britador de impacto. Em seguida, dispõem-se peneiras. Para alimentar o britador foi
utilizada escavadeira de concha, e para tirar o material da pilha, uma pá carregadeira. A produção do BGS e bica corrida é
realizada com o auxílio da pá carregadeira e de um caminhão basculante. A prospecção de clientes foi possível diante da
coletânea de resultados de ensaios realizados no produto final. Foram realizados seis ensaios exigíveis por norma. Estes
foram compilados, e a ficha técnica do produto foi redigida. A partir de então, a equipe da área comercial iniciou suas
atividades. As equipes de logís&ca da pedreira, de operação da central de concreto e dos transportadores também foram
envolvidas.
Resultados e benefícios
Os resíduos de concreto não vão mais para aterros e são transformados em um novo produto; reciclagem sem u&lização de
água para lavagem dos resíduos; conscien&zação dos profissionais para a não contaminação dos resíduos com plás&cos,
papéis, madeira.
A comercialização de agregado reciclado gera receita mensal de R$ 96 mil, para uma despesa de R$ 36 mil com frete da
logís&ca reversa, resultando em um ganho de R$ 60 mil por mês. Com a nova linha de produtos de pavimento utilizando
agregados reciclados, a es&ma&va de ganho é ainda maior, pois o preço de venda somente do resíduo é R$ 12 por tonelada,
ao passo que o produto de maior valor agregado, como BGS, é R$ 26 por tonelada. Outro ganho importante foi a redução
dos gastos com a des&nação para os aterros, que era R$ 12 por tonelada. Estima-se um ganho anual de mais de R$ 1,5
milhão.
Por ter um apelo sustentável, clientes das pedreiras aceitaram posi&vamente a produção de agregado reciclado de concreto.
A prá&ca foi apresentada para a Cetesb, que ofereceu total apoio à prá&ca e permi&u o pedido de licença. Construtoras que
estão buscando cer&ficações LEED têm procurado a InterCement para o fornecimento de agregados reciclados.
A prá&ca pode ser aplicada em outras empresas do Grupo Camargo Corrêa, ao vincular projetos de incorporação imobiliária.
Esse segmento pode contribuir para ofertar resíduos de construção e de demolição. Para essa operação será preciso
incorporar outras atividades, como triagem e concentração.
Contato
Nome: Fábio Lavezo
E-mail: [email protected]
Dados da empresa
Nome: Intercement
Setor: Construção
Porte: Grande
Localização: Estado de São Paulo
Website: http://www.intercement.com
INSTITUTO ETHOS | Práticas Empresariais de Responsabilidade Social – 2012
3
Download

Camargo Corrêa - Instituto Ethos