São Paulo, 10 de fevereiro de 2015.
MANIFESTO - ABUSO DA POLÍCIA MILITAR CONTRA OS PALMEIRENSES
Nós, conselheiros da Sociedade Esportiva Palmeiras, representando os grupos políticos existentes
em nossa associação, tendo presenciado ou sido informados dos atos desagradáveis e injustificáveis
protagonizados pela Polícia Militar do Estado de São Paulo nos dias 7 e 8 de fevereiro, nas
imediações da Sede Social da Agremiação que integramos, vimos por meio desta manifestar nosso
repúdio aos atos anteriormente citados.
Nada pode justificar que representantes do Estado brasileiro, munidos do uso exclusivo da força
que sua condição lhes dá, simplesmente atuem com excesso e de forma truculenta. Não se pode
apoiar ou mesmo compreender que seja necessário o uso de balas de borracha e bombas de efeito
moral em vias públicas com grande presença de crianças, mulheres e idosos. E nem se diga que
houve quaisquer provocações ou desentendimentos que teriam ocorrido (segundo a PM) com
pessoas ou grupos nas imediações do clube: é dever do Estado compreender que tais situações,
ainda que não desejadas, são esperadas e corriqueiras, e que deve integrar a preparação de seus
agentes a resposta contida e proporcional a tais eventos.
Tais “provocações ou desentendimentos” teriam ocorrido, segundo afirmações da própria Polícia
Militar, na barreira da entrada da torcida adversária, vale dizer, na esquina da Rua Padre Antônio
Thomaz com Av. Antártica. No entanto, o tumulto generalizado provocado pela Polícia Militar
ocorreu a 500 metros de distância, na esquina da Rua Turiassu com a Rua Caraíbas, onde até
então a paz reinava entre os palmeirenses. As imagens feitas pela imprensa e por torcedores não
deixam dúvida sobre o uso excessivo de força. Policiais Militares avançaram de forma totalmente
desnecessária da Av. Sumaré em direção à Rua Caraibas, atirando bombas e balas de borracha,
quando aqueles que supostamente haviam iniciado o tumulto já haviam se dispersado. O excesso e
o despreparo são evidentes.
Nesse sentido, “absolutamente necessário”, utilizando-se dos termos da lamentável nota oficial
divulgada pela Polícia Militar, é o dever de agente público em agir com discernimento! Não se
pode aceitar como legítimo e necessário que a Polícia Militar provoque com suas ações danos
às pessoas e às propriedades que não tenham qualquer relação direta ou indireta com atos que
reivindiquem a repressão dos agentes do Estado! Não se imagina que seja tarefa fácil: é contudo,
seu dever inafastável, e episódios como os do último final-de-semana mostram que ainda grassa
a visão, na Polícia Militar, que o torcedor de futebol é potencialmente um vândalo - ainda que
milhares de pais, crianças, idosos na multidão atacada confiassem e aguardassem da atuação estatal
uma resposta condigna ao seu status de cidadão, as bombas e balas de borracha reduziram tais
pessoas a elementos em uma massa a ser agredida e dispersa.
O abuso de poder ficou claro também no dia anterior, quando um bloco de carnaval que ocupava
parte na Rua Turiassu, também com grande presença de crianças, mulheres e idosos, foi dispersado
com uso de bombas de efeito moral (inclusive atiradas em brinquedos onde estavam crianças) e
balas de borracha. Fica a pergunta: é praxe da Polícia Militar do Estado de São Paulo dispersar
foliões dessa forma, ou só se estiverem nas proximidades do Palestra Itália?
Vivemos em um Estado Democrático de Direito! E, como tal, o cidadão exige e merece o devido
respeito dos agentes desse Estado! Que venha a paz dentro e fora dos estádios, e que o Estado
contribua, e não destrua essa possibilidade.
Exigimos a apuração dos fatos pela Corregedoria da Polícia Militar, punindo-se os responsáveis
pelo abuso de poder, pelo excesso de força e pelo tumulto generalizado causado.
Por fim, aproveitamos ainda para indagar aos Srs. Promotores de Justiça, Dr. Paulo Castilho e Dr.
Roberto Senise, sedizentes guardiões da paz nos estádios paulistas e brasileiros, a razão pela qual
somente Clubes e Federação serão investigados pelo ocorrido no último domingo, sem qualquer
menção à atuação da Polícia Militar.
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São Paulo, 10 de fevereiro de 2015. MANIFESTO