1 SUMÁRIO EXECUTIVO DO RELATÓRIO SOBRE A CONSULTA PÚBLICA NO IICT ENTREGUE AO MCTES EM 31-07-06 1. PROCESSO O IICT pretende seguir as orientações que foram apresentadas pelo Conselho de Ministros de 29-06-06 e pelo relatório Grupo Internacional de Trabalho, no âmbito da Reforma dos LE. Para tal, apresentou em 31-07-06 um relatório ao MCTES, o qual mostra como aquelas orientações se devem reflectir no Plano de Actividades do 2007, cujo enquadramento na CPLP foi aprovado em 8 de Maio pelo Conselho de Orientação e Unidade de Acompanhamento. Durante o período de consulta pública: • reforçou-se o Grupo de Preparação da Avaliação (GPAV) que preparou um relatório para a Direcção, tal como já tinha feito para o GIT em Dezembro de 2005 (Relatório Zen); • criou-se no site um espaço de discussão aberto a todos os funcionários , com o compromisso do envio conjunto para o MCTES de submissões de investigadores ao Conselho Científico (que não chegaram a ser transmitidas à Direcção, não se sabendo sequer se ocorreram); • realizou-se uma reunião geral de funcionários, na qual: • se apresentou o resultado das várias consultas sectoriais • foi resumido o Relatório do Fórum dos Conselhos Científicos dos Laboratórios de Estado e o programa do Jardim Tropical. 2. CINCO RECOMENDAÇÕES 2.1 INCREMENTAR A ESPECIFICIDADE TROPICAL Foi manifestada preocupação por parte dos investigadores no sentido de haver casos em que a especificidade tropical não poderá ser exclusiva, para benefício da excelência de algumas das temáticas implementadas no IICT. Deve-se ainda ter em atenção a dificuldade de atracção de financiamento para aplicações tropicais. Admitindo que no recente Compromisso com a Ciência, em que o IICT manifestou interesse em contratar 17 doutorados, a FCT esteja mais voltada para o desenvolvimento, o certo é que a tensão entre “investigação” e “desenvolvimento” se verifica na maioria das instituições congéneres, nomeadamente na Europa. Existe o modelo sueco de fusão entre os equivalentes do IICT e do IPAD, dando destaque maior à dimensão do conhecimento do que é habitual mesmo entre os membros do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDE. Quanto a Portugal, seria desejável começar por clarificar o papel do Ministério dos Negócios Estrangeiros, presente no Conselho de Orientação do IICT através do IPAD. De qualquer modo, o Conselho de Orientação e a Unidade de Acompanhamento ligaram a actividade do IICT em 2007 a dois objectivos: 2 1. Iniciativa Portuguesa (IP) – promoção do acesso ao património do IICT (Ministerial de C&T de 2003, 2004 e 2005), através do Programa Interministerial de Tratamento e Divulgação do Património do IICT (PI), financiado pelo FCT 2. Acompanhamento do cumprimento dos ODM (Cimeira de Bissau, 2006) 2.2. MANTER A INTEGRIDADE, REORGANIZANDO ÁREAS CIENTÍFICAS Antecipando as recomendações do GIT, as três competências nucleares definidas no relatório ENCA em Janeiro de 2005 têm vindo a ser reestruturadas, sendo que a IP corresponde às sinergias que se devem estabelecer entre património histórico e investigação. Esta aposta estratégica implica a confluência de áreas de estudo entre MEM e PAT, com projectos direccionados para os países da CPLP e para a cooperação portuguesa. Enquanto PAT tem vindo a tratar os acervos de forma a preservá-los e disponibilizá-los, sendo imprescindível para a validação dos trabalhos científicos, os projectos em desenvolvimento de MEM apoiam-se em PAT, nomeadamente no trabalho de inventariação e tratamento do património (PI). Decorre ainda da reestruturação de MEM uma ligação mais íntima entre AHU e os historiadores afectos aos programas HIST e SOC, um pouco na linha do que se verifica entre o Jardim Tropical e o programa BIO. A divulgação e o conhecimento do acervo do IICT beneficia do fortalecimento das ligações entre as competências nucleares MEM e PAT. Há ainda que promover áreas específicas de contacto entre patrimónios coloniais associando-se quando pertinente ao tratamento e difusão de colecções científicas do SUS, como planeado no projecto de constituição de um Arquivo Científico Tropical (ACT). 2.3. REFORMULAR O ESQUEMA DE FINANCIAMENTO O IICT tem na sua Unidade de Acompanhamento a presença de instituições como o Banco Mundial e a Comissão Europeia. No Conselho de Orientação, o IPAD representa o Ministro dos Negócios Estrangeiros, o ICEP representa o Ministro da Economia e o IPM a Ministra da Cultura, sendo que os Ministros da Saúde e das Fianças são representados por directores-gerais. No futuro, estas e outras instituições nacionais e internacionais devem facilitar o financiamento de projectos. O IICT precisa de incrementar a dinâmica e capacidade de proposta e gestão de candidaturas, apoiada na afirmação da sua capacidade de execução de actividades científicas e de desenvolvimento e no reconhecimento e reafirmação da sua especificidade tropical. 2.4. ACELERAR A CONCENTRAÇÃO GEOGRÁFICA Para responder às recomendações do GIT, o IICT irá acelerar um processo que tem sido tomado como prioritário. Quando a presidência tomou posse, era tida como certa a possibilidade de concentrar muitos serviços do IICT no Palácio Burnay. No entanto, esta solução teve que ser abandonada uma vez que o piso inferior foi reclamado pela Reitoria da UTL, estando a sua posse ainda a aguardar decisão do tribunal. Por essa razão, foi entretanto decidido que a redução de moradas seria baseada na eliminação de moradas periféricas. O IICT passaria a estar localizado no Campus Junqueira/Tapada, 3 incluindo também o pólo de Oeiras, a que se chama TROPOEIRAS, e o Jardim Tropical. O processo de redução de moradas implica a deslocação de recursos humanos e patrimoniais e respectiva optimização dentro da nova estrutura do IICT, uma vez que as antigas moradas reflectem ainda as orgânicas e até chefias que perduram nas pertenças de funcionários e colaboradores. 2.5. REFORÇAR LIGAÇÃO A OUTRAS INSTITUIÇÕES IICT é a única instituição portuguesa no ECART-EEIG (European Consortium for Agricultural Research in the Tropics – European Economic Interest Grouping), congregando mais de 1600 investigadores com experiência em países tropicais. Além disso, o IICT representa Portugal no Grupo Consultivo para a Investigação Agrícola Internacional (CGIAR), o qual consiste numa aliança de países, organizações internacionais e regionais e organizações privadas que apoiam 15 centros de investigação internacionais, 13 dos quais se encontram sedeados em países em desenvolvimento. As orientações do GIT concorrem assim com as fortes ligações existentes entre o IICT e as diversas instituições sedeadas no pólo de Oeiras, nomeadamente DGPC, EAN, ITQB, IGC e IBET, concretizadas sob a forma de projectos de investigação, partilha de equipamentos e infraestruturas, transferência de tecnologias e know-how, co-orientação de estagiários, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos, para que o IICT se prepare desde já para participar no consórcio BIOPOLIS. No espírito que preside à ideia de lançamento dos consórcios, acresce ainda a ligação aos centros de investigação do ISA/UTL e de outras Universidades. No âmbito da Observação da Terra, o Consórcio CORNEA surge como núcleo do novo Departamento do IM dedicado à previsão meteorológica, controlo sísmico e de uma forma mais geral, aos assuntos relacionados com os riscos naturais e estudos ambientais, envolvendo o IH, LNEC, IGM e IICT para aplicações em África, além de outras instituições que desenvolvam actividades. A Comissão de Cartografia (constituída em 1883 e que deu origem ao IICT, estando relacionada com a temática da representação geográfica do território colonial) encontrase presentemente representada no Programa TER, através do património geográfico e de conhecimentos relacionados com o mesmo. Com o intuito de melhor corresponder a solicitações por parte da CPLP, nomeadamente de Angola, TER tem recentemente vindo a restabelecer contactos com as entidades responsáveis pela gestão de informação geográfica a nível nacional. Em particular, o Instituto Geográfico Português reiterou a intenção de trabalhar com o IICT. 3. BENCHMARKING Comentam-se a seguir alguns dos dados apresentados pelo GIT, salientando a posição do IICT relativamente ao conjunto dos LE. Na totalidade das despesas de I&D, o IICT representava em 2001-2003 cerca de 5% do total dos LE. As principais variações referem-se aos fundos com origem no estrangeiro, praticamente inexistentes, e aos fundos obtidos através de instituições sem fins lucrativos, onde a quota do IICT atinge 4 os 12%. Mais grave, entre 2001 e 2006, o orçamento do IICT passou de 1% para 0,6%, como se ilustra a seguir. Orçamento Global 1000€ 1000€ 1.400.000 12.000 1.200.000 10.000 1.000.000 8.000 Total dos LE 800.000 6.000 600.000 OE C&T IICT 4.000 400.000 2.000 200.000 0 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 4. IMPLICAÇÕES PARA 2007 As alterações efectuadas desde a apresentação do Relatório ZEN orientam-se no sentido de optimizar a estrutura orgânica interna do IICT, evidenciando a vantagem de interligação das diversificadas valências e tendo em perspectiva a capacidade de resposta às relações e solicitações externas (consórcios e utilizadores), ou seja: • Simplificação da estrutura orgânica reforçando ou reconvertendo áreas científicas, fortificando as interligações entre as várias vertentes e incrementando as vantagens da integridade; • Reorganização das unidades orgânicas com base na análise das solicitações dos utilizadores (países da CPLP) e na ligação a outras instituições. PA2007 MEM/DCH PAT/DSA SUS/DCN IP HIST/SOC/PI AHU/PI PI/ACT PI/BIO/JMAT ODMs SOC/DES AGRI/BIO/FLOR/TER CIFC, ECO-BIO A matriz reproduzida no quadro acima revela as ligações entre as três competências nucleares (que correspondem às chefias da lei orgânica) de modo a localizar a estrutura interna (programas e candidatos a centros extra-departamentais, nos termos do artº 25º da lei orgânica, em itálico, incluindo dois serviços abertos ao público, sublinhados). 5 Estes serviços devem alavancar as actividades de investigação de HIST e BIO respectivamente conferindo-lhes maior visibilidade. Temos ainda o reforço do TROPOEIRAS (CIFC e ECO-BIO), racionalizando os programas AGRI e FLOR sediados no Campus Junqueira/Tapada. Os dois objectivos do PA2007 (IP e ODM) e os consórcios mais relevantes enquadram actividades emblemáticas seleccionadas pela Direcção a partir das referenciadas no Relatório. 1. No âmbito da Iniciativa Portuguesa (IP) • • • • • Constituição do Arquivo Científico Tropical Espaço atlântico de Antigo Regime e reunião da Comissão Luso-Brasileira para a Salvaguarda e Divulgação do Património Documental (COLUSO) Patrimónios museológicos extra-europeus e o imaginário ultramarino Biblioteca Digital. Os desafios da memória Europa multicultural e a história da escravatura 2. No âmbito do acompanhamento do cumprimento dos ODM • Protecção integrada do arroz para consumo • Cooperação internacional com vista à criação de variedades de cafeeiros com resistência duradoura às principais doenças (ferrugem e antracnose dos frutos) • Interacção de plantas com factores ambientais, bióticos e abióticos - impacte na produtividade • Quimiometria - Desenvolvimento de métodos não destrutivos e amigos do ambiente por espectroscopia de infravermelho. • • Alterações do coberto do solo nas florestas do Cantanhez – Guiné Bissau Desenvolvimento no ponto de impacto em sociedades agrárias africanas • Parcerias sino-lusófonas, nomeadamente Cabo Verde Virtual – sistema de visualização para apoio ao desenvolvimento de Cabo Verde • Boa governação, consolidação da democracia e prevenção de conflitos Na sequência da consulta pública, a Direcção está a reajustar moradas dentro do Campus, inventariando o património envolvido, nomeadamente o equipamento partilhado com o ISA e a FMV. O resultado da avaliação foi interpretado como uma forma de apoio e dinamização do processo de reforma interno. Paralela ao Plano de Actividades, a preparação do orçamento para 2007 poderá consolidar esse dinamismo.