AGOSTINHO DA SILVA E A LUSOFONIA: PARA COMPREENDER A BASE FILOSÓFICA DA CRIAÇÃO DA UNILAB Francisca Dulcelina Feitosa Cavalcante Mestranda da Faculdade de Educação (UFC) E-mail: [email protected]. RESUMO O presente artigo está relacionado com a criação da UNILAB, no Ceará. Tem por base uma pesquisa bibliográfica e documental, com o objetivo principal de apresentar as ideias do filósofo e pedagogo, Agostinho da Silva, português nascido em 1906 e falecido em 1994, que viveu no Brasil, durante vinte anos, podendo ser visto como um homem bastante pragmático, de muita ação, que atuou em algumas Instituições brasileiras como a criação da Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal da Bahia, de Santa Catarina e de Brasília, além de sua participação política nas ideias embrionárias de criação da Comunidade de Países de Língua Portuguesa- CPLP. Conclui que o filósofo em questão representa um expoente do pensamento fundante da Lusofonia, que pode favorecer o nosso entendimento em relação à justificativa de criação da UNILAB, em sentido filosófico, por ser esta IES voltada à comunidade formada pelos povos de língua portuguesa. Palavras-chave: Filosofia - Intelectual- Lusofonia – Ensino superior Introdução Pesquisar não é uma tarefa fácil. Alguns autores fazem até a comparação com uma longa viagem, na qual o viajante se aventura em rumo ao desconhecido, sem saber o que o espera pela frente. Aventurar-se não é para qualquer um. Exige muita coragem. Mas viver é, antes de tudo, um ato de coragem. Neste artigo, vou procurar viajar em busca de conhecimentos sobre um autor, que tinha sido, até recentemente, totalmente desconhecido para mim e que, embora de presença marcante no Brasil, tem poucas e raras obras, escritas e publicadas aqui, o que torna minha viagem muito mais difícil. Trata-se de George Baptista Agostinho da Silva, ou simplesmente Agostinho da Silva, como gostava de ser chamado. Afinal, quem foi este homem e o que ele representou ou representa para nós brasileiros? Trago nestas poucas páginas um pouco do que representou a presença deste homem, no nosso país e sua contribuição para a nossa cultura. Agostinho da Silva, natural de Portugal, filósofo e pedagogo, veio morar no Brasil em 1944, por força de circunstâncias pessoais, profissionais e políticas e trouxe uma intensa e rica experiência de educação. Foi um homem que, por onde passou, deixou “evidente a defesa dos direitos humanos luso-brasileiros, foi homem livre e libertário"1. Ele tem sido considerado bastante pragmático, sendo considerado um intelectual que nos deixou um legado muito intenso, uma contribuição importante com seu trabalho, uma vez que atuou em Universidades e outras Instituições no Nordeste (Paraíba, Pernambuco, Bahia) e no sul (Rio de janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul) e também em Brasília. O ano de 2006 foi o ano em que se comemorou o Centenário do nascimento de Agostinho da Silva e que a mensagem agostiniana correu o mundo. Centenas de eventos em vários países como Portugal, Brasil Espanha, França e Timor e em territórios com profundas marcas portuguesas como Goa e Macau deram destaque ao autor, que faleceu em 3 de abril de 1994. Agostinho da Silva visto por alguns estudiosos do seu pensamento De acordo com Amândio Silva (2007, p. 19) um aspecto muito importante que ressalta a trajetória de Agostinho da Silva no Brasil é o de “sua influência na estratégia de uma política de relações internacionais com a África e a Ásia.” Agostinho da Silva foi assessor particular do Presidente Jânio Quadros e foi quem lançou os fundamentos dessa estratégia. Outro marco da participação política e influência histórica no nosso país, que marcou sua presença aqui, foi o Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da 1 Lúcia Helena Alves de Sá no artigo: Agostinho da Silva e José Luís Conceição da Silva: professores lusobrasileiros na Universidade de Brasília. Universidade Federal da Bahia, considerado, na visão de Amândio Silva (2007, p.19), “o motor dessa aproximação e dessa troca entre professores e alunos, brasileiros, africanos e orientais”. Amândio da Silva (2007, p.19) salienta que Agostinho da Silva lançou as bases da Política Externa Independente do Brasil, especialmente no que respeita à África e o fez de forma tão apropriada, costurando uma “teia”, intuindo o papel de Portugal, em absoluta “premonição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”, cujo “intérprete mais persistente e mais lúcido, algumas décadas depois, foi [...] o Embaixador José Aparecido de Oliveira”. Na visão dele, Agostinho da Silva foi o “avô profético” e Aparecido foi “o pai realizador” da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP. Ele enaltece muito o trabalho de Agostinho da Silva, quando esteve em nosso país, que nos diz: Só um semeador de vida, como Agostinho, poderia deixar um rasto tão brilhante, tão consistente, tão promissor. Agostinho ensinou, conversou, escreveu, pintou, gravou, moldou. Tratou de forma íntima o papel, o linho, a madeira. Sobretudo cuidou das mentes, dos afectos. Agostinho da Silva rasgou todo o Brasil como uma missão. Foi um bandeirante da educação, da cultura, da solidariedade. Agostinho, um apaixonado português libertário. Um pilar da liberdade. (Idem) Segundo o mesmo Autor (2007, p.279), José Aparecido de Oliveira, que conviveu com Agostinho da Silva, foi Secretário da Presidência da República no Governo Jânio Quadros, Ministro da Cultura no Governo José Sarney, Embaixador do Brasil em Portugal e participou efetivamente de todo o processo que culminou na fundação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP. Ele assevera, assim, o grau de importância de Agostinho da Silva, ao destacar que este foi homem de consciência livre e de vocação libertária. Pois ele foi importante sob dois aspectos: como pensador e como filósofo; outra faceta a destacar seria como homem de ação. “Ele conjugou essas duas virtualidades que, geralmente, não caminham juntas”. Era um homem de pensamento e de ação. Segundo José Aparecido de Oliveira, Agostinho da Silva, ainda no século XX teve uma presença muito marcante, não só no Brasil, como em todos os países de língua portuguesa e em toda uma política de desenvolvimento econômico e social. Isto porque ele tinha uma clara consciência do que representavam os povos que estavam submetidos a uma hierarquia das forças sociais que nunca abriam perspectivas maiores, nem melhores para os subdesenvolvidos. Agostinho da Silva era um homem que tinha “a visão do horizonte, que tinha a visão da perspectiva”. Era um homem que estava realizando um trabalho para o tempo e para o histórico. (AMÂNDIO, 2007). O que José Aparecido de Oliveira nos mostra é que, com sua visão de futuro, Agostinho da Silva “previa, como pensador que era, muito do que está acontecendo por aí”. No caso, se refere à presença de uma nova política para a lusofonia, de uma nova política para o desenvolvimento dos povos de Língua Portuguesa. Conforme nos informa Cavalcante (2008, p.79), o pensamento de Agostinho representa a síntese coerente e inovadora de todo o conhecimento humano acumulado, feito de um modo original, no qual existe um cunho de religiosidade cristã enraizado, literatura e poética. Trata-se de uma interpretação filosófica do mundo de raiz literária e teológica, que tem nos povos de língua portuguesa – da Europa, da América, África e Ásia – uma espécie de protagonismo especial, de amplitude de acção vasta, que explicaria a expansão da noção territorial e geográfica de mundo, um mundo que se mostra de porção oceânica, muito maior do que o de porção territorial, em que as nações ‘representam ilhas, perdidas no oceano imenso da lusofonia’. Em um dos raros textos escritos e publicados, entre nós, trago um, no qual Agostinho da Silva destaca o valor atual das Faculdades de Filosofia, numa palestra realizada na Rádio Tabajara, em agosto de 1953, conforme Amândio (2007, p. 76-77): E já que falo predominantemente em movimentos de caráter filosófico, quero dizer do modo mais explícito que me for possível que não estou pensando de modo algum numa filosofia de caráter laico, não no sentido em que tnta vez se toma de civil, mas no sentido em que desejo toma-la agora, de dessacratizado; penso, pelo contrário, que o novo sistema terá de ser na sua essência de caráter religioso, vendo o espírito humano como uma parte, um reflexo, uma centelha do espírito divino e vendo a história do homem como tendo seu primeiro princípio e seu fim último em atos de natureza divina. Em 1959, numa Comunicação apresentada no IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, decorrido em Salvador, Agostinho da Silva apresentou seus anseios a respeito da criação e do funcionamento de uma Comunidade Luso-Brasileira. Eis suas palavras: A Comunidade Luso-Brasileira tem de ser, quando existir, não outra qualquer espécie de Império, uma força concorrendo com outras forças, uma outra centralização que siga a monótona corrente das centralizações, mas realmente o começo de uma vida nova para a Humanidade, o primeiro passo seguro para a reconquista de um Paraíso que só tem estado em espírito de teólogos ou de filósofos ou de poetas, mas que jamais entrou nas cogitações de políticos; a linha mística e religiosa tem de ser aqui mais importante do que as argúcias dos realistas que manejam homens como se eles não fossem à imagem e semelhança de Deus: e nenhuma economia, nenhuma sociologia, nenhum ato humano verdadeiramente criador tem de ser considerado senão como o sinal, a manifestação e a indicação de que está na vontade divina, na própria estrutura do evoluir do mundo, que ele siga pelos caminhos a que a Comunidade o pode dirigir”.(AMÂNDIO, 2007, p.119-120). Nesta minha viagem à procura de informações sobre Agostinho da Silva encontrei uma fonte preciosa: vídeos que apresentam entrevistas com o autor, nos anos noventa, dos quais transcrevo aqui, algumas passagens que considerei muito importantes salientar, para caracterizar o seu pensamento: 1) A respeito da CEAO, ele diz: “Eu estava apenas interessado em que o Brasil pudesse conhecer África e o que eu fui propor à Universidade da Bahia foi que enviasse professores dela para África para aprender em África a África que era preciso conhecer e em seguida se estabelecesse em Salvador um centro de estudos africanos, a que por insistência da UNESCO se juntou depois um centro de estudos orientais, ficou Centro de Estudos Afro Orientais – CEAO”. https://www.youtube.com/watch?v=cRF9GcgivRE&list=PLJRz9eOs RSawCYjxtf2B_f-Lj93d5 (acesso em 21.4.15, às 8:04) 2) Sobre Política interna e externa do Brasil, ele avalia que: “O resultado foi, que ao passo que a política interna do Brasil tem sido – como sabe – bastante perturbada, a sua política externa, de ligação entre África e o Brasil há vinte anos que dura.” (https://www.youtube.com/watch?v=cRF9GcgivRE&list=PLJRz9eOs RSawCYjxtf2B_f-Lj93d5) (acessso em 21.4.15, às 8:04) 3) Sobre a lusofonia, ele afirma: “O que os portugueses deviam almejar por ter, e todos os que têm como língua oficial a língua portuguesa, é de ter um passaporte comum para todos os países de língua portuguesa, e a isso chegaremos a um dia. Vamos dar pequenos passos, passo a passo, linha a linha.” (https://www.youtube.com/watch?v=cRF9GcgivRE&list=PLJRz9eOs RSawCYjxtf2B_f-Lj93d5) (acesso em 21.4.15, às 8:04) 4) Perfil: um homem de espírito ecumênico, não se preocupa em acumular riquezas: “Pode fazer um voto de pobreza, um não eclesiástico, ele está se libertando da posse que o ter exerce sobre a pessoa que tem e exige dela um determinado esforço e um determinado sentido e a violenta muitas vezes, quando o natural seria não se importar com o que tem e com o que não tem.” (https://www.youtube.com/watch?v=cRF9GcgivRE&list=PLJRz9eOs RSawCYjxtf2B_f-Lj93d5) (acesso em 21.4.15, às 8:04) 5) Agostinho: um homem que preservava o SER e não o TER: “Não recebo. Quando disseram que tinham os direitos de autor para me entregar eu disse: ‘Não levanto e vocês transformam isso em doação cultural’, que era muito mais interessante do que ter comprado uns sapatos novos ou uma mesa chique”. (https://www.youtube.com/watch?v=cRF9GcgivRE&list=PLJRz9eOs RSawCYjxtf2B_f-Lj93d5) (acesso em 21.4.15, às 8:04) A propósito disso, Roberto Pinho, antropólogo que conviveu com Agostinho da Silva, na sua entrevista inserida no livro, “Presença de Agostinho da Silva no Brasil”, conforme Amândio (2007, p.207), confirma que Agostinho da Silva acreditava na humildade do espírito e a praticava. Segundo dizem, essa característica dele não era apenas discurso. Agostinho colocava a humildade na prática. A lição de humildade é uma coisa que caracteriza a obra do autor, seus textos, sua biografia. Estava no seu comportamento social, como estava completamente em toda a sua vida. “Seu cotidiano era o testemunho das suas convicções. Seus atos, a prova, por vezes inacreditável, daquilo em que acreditava.” LUSOFONIA: o seu significado conceitual e filosófico No artigo, intitulado, “Conceito de Lusofonia”, Maria Sousa Galito faz as seguintes indagações: se a palavra Lusofonia se refere aos lusos ou aos falantes de língua portuguesa. Ela também apresenta uma conceituação: A Lusofonia reporta-se ao conjunto de falantes de língua portuguesa à escala global. Geralmente abraça o total de habitantes dos países de língua oficial portuguesa (ou seja, Angola, Brasil, Cabo Verde, GuinéBissau, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe, e Timor-Leste); mas também os falantes das cidades de Macau (China), Goa, Damão e Diu (Índia); e os membros da diáspora (lusófonos e seus descendentes). (Galito, p. 05. In: http://www.ci-cpri.com/wpcontent/uploads/2012/10/Conceito-Lusofonia1.pdf;) Ao analisar o termo lusofonia, a autora se reporta a Fernando Cristóvão (2005), doutorado em filologia romântica, para quem “o conceito resulta da conjugação de duas palavras: uma que se reporta a Luso, que é sinônimo de lusitano-Lusitânia (português/Portugal) e a outra palavra seria fonia, que provém do grego e se refere a oral.” A autora considera que se a lusofonia é uma realidade complexa, não tem, necessariamente, de ser “um mar de complicações”. Segundo a autora, a lusofonia é parte de um processo histórico longo, que começou no passado com grandes vultos do diálogo intercultural como o Padre Antônio Vieira, com a aventura entre povos estranhos como Fernão Mendes Pinto, da exploração do espaço desconhecido como Gil Eanes, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e Serpa Pinto. Ela considera que existe uma “nova lusofonia”, que não se prende a personalidades singulares, como padre Antônio Vieira, por exemplo. Ela se concretiza no coletivo, por meio de uma geração dinâmica, que tem interesse em aprender sobre seu passado, mas, sobretudo transformar a língua que a une em um ambiente de oportunidades para seu desenvolvimento pessoal e profissional. A autora defende que, se no passado o espaço lusófono foi motivo de conflitos, hoje, esse espaço tende a ser ocupado por jovens, que estão a liderar a construção do que se denomina “nova lusofonia”, que é palco de um movimento espontâneo que se manifesta maioritariamente no seio do ambiente universitário de todos os países falantes da língua portuguesa. Universidade Internacional da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB A propósito da realidade universitária, mais recente, temos aqui no Brasil, desde 2010, a Universidade Internacional da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira UNILAB, criada através da Lei nº 12.289, de 20 de julho de 2010, sancionada pelo Presidente Lula. A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia AfroBrasileira (Unilab) nasce baseada nos princípios de cooperação solidária. Em parceria com outros países, principalmente africanos, a Unilab desenvolve formas de crescimento econômico, político e social entre os estudantes, formando cidadãos capazes de multiplicar o aprendizado.São milhares de pessoas envolvidas entre estudantes, técnicos, docentes e colaboradores. Uma oportunidade de aproximar o interior do nordeste brasileiro a uma educação avançada. Foram mais de três mil inscritos no primeiro processo seletivo. (In: http://www.unilab.edu.br/como-surgiu/) Esta IES está localizada em dois estados brasileiros: no município de Redenção, no Ceará, e no município de São Francisco do Conde, na Bahia, a UNILAB tem como missão institucional específica formar recursos humanos para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os países africanos, bem como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional. De acordo com sua lei de criação, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira tem como missão institucional específica formar recursos humanos para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os países africanos, bem como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional. (Idem) Segundo seus documentos de fundação, a UNILAB é vocacionada, portanto, para a cooperação internacional e compromissada com a interculturalidade, a cidadania e a democracia nas sociedades, a Unilab fundamenta suas ações no intercâmbio acadêmico e solidário com Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Ela visa, portanto, (...) a cooperação internacional e compromissada com a interculturalidade, a cidadania e a democracia nas sociedades, a Unilab fundamenta suas ações no intercâmbio acadêmico e solidário com Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Seus cursos e ações têm foco preferencial em áreas estratégicas de interesse do Brasil e dos demais países parceiros, reunindo estudantes e professores brasileiros e estrangeiros e contribuindo para que o conhecimento produzido no contexto da integração acadêmica seja capaz de se transformar em políticas públicas de superação das desigualdades. Por isso, a Unilab representa um avanço na política brasileira de cooperação e de internacionalização do Ensino Superior, refletindo o engajamento do Brasil com a proposta da comunidade internacional. (Idem) Os seus cursos e as suas ações têm foco preferencial em áreas estratégicas de interesse do Brasil e dos demais países parceiros, reunindo estudantes e professores brasileiros e estrangeiros e contribuindo para que o conhecimento produzido no contexto da integração acadêmica seja capaz de se transformar em políticas públicas de superação das desigualdades. Por isso, a UNILAB parece representar um avanço na política brasileira de cooperação e de internacionalização do Ensino Superior, refletindo o engajamento do Brasil com a proposta da comunidade internacional.2 A UNILAB poderá ampliar seu projeto de integração internacional, focado a priori na relação com os países de língua oficial portuguesa, estendendo suas ações, de 2 Disponível em: http://www.unilab.edu.br/nosso-diferencial-de-integracao-internacional/, acesso em 23.04.2015, às 23:00h.. forma gradativa, às regiões e comunidades lusófonas e aos demais países, especialmente os do continente africano. Acreditamos que todos aqueles que buscam o conhecimento, que conseguem ter acesso a uma universidade são homens e mulheres que se identificam com sua ação, objetivam o tempo e fazem-se “homem-história”. Seguindo a premissa de Paulo Freire, tido como um dos maiores educadores de nosso país, acreditamos que: “quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e com seu trabalho pode criar um mundo próprio: seu eu e suas circunstâncias.” (Freire, 2008, p.30). Além disso, conforme assevera Gadotti (1998, p.121): “a relação universidade-sociedade é dialética: a universidade cria cultura para uma sociedade, mas ela também é fruto, reflexo de certas condições culturais que permitem o seu surgimento.[...]” Considerações Finais Acreditamos que sonhar é preciso. O que seria da humanidade se não existissem os sonhos? Agostinho da Silva, um homem muito à frente do seu tempo, sonhou, idealizou uma comunidade lusófona, talvez, aquilo já comentado, anteriormente, quando José Aparecido de Oliveira se referia à visão de futuro de Agostinho da Silva, que “previa, como pensador que era, muito do que está acontecendo por aí”. No caso em questão, ele se refere à presença de uma nova política para a lusofonia, de uma nova política para o desenvolvimento dos povos de Língua Portuguesa. Será que o fato de termos hoje uma universidade de cunho internacional, a UNILAB - criada no estado do Ceará, no município de Redenção - tem seu germe nas ideias de Agostinho da Silva? Ainda que nos pareça procedente esta indagação, não é nossa tarefa investigar, neste artigo, se as ideias agostinianas estão efetivamente presentes no projeto político pedagógico daquela universidade, pois é nosso objetivo apenas apresentar uma primeira aproximação e possível relação, que poderá ser melhor examinada, numa próxima ação mais apurada de pesquisa. Referências CAVALCANTE, Maria Juraci Maia. História Educacional de Portugal: discurso, cronologia e comparação – um ensaio d crítica histórica. Fortaleza, Edições UFC, 2008. Freire, Paulo. Educação e Mudança. Tradução: Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martins 31 ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro: 2008. GADOTTI, Moacir. Educação e Poder. Introdução à Pedagogia do conflito. 11. Ed. São Paulo: Cortez, Editora, 1998. GALITO, Maria de Sousa. Conceito de Lusofonia. In: http://www.ci-cpri.com/wpcontent/uploads/2012/10/Conceito-Lusofonia1.pdf SILVA, Agostinho da, 1906-1944. Presença de Agostinho da Silva no Brasil/Organização Amândio Silva e Pedro Agostinho. Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa, 2007. Sites/Vídeos Consultados: http://www.unilab.edu.br/ https://www.youtube.com/watch?v=cRF9GcgivRE&list=PLJRz9eOsRSawCYjxtf2B_fLj93d5 (acesso em 21.4.15, às 8:04) https://www.youtube.com/watch?v=cRF9GcgivRE&list=PLJRz9eOsRSawCYjxtf2B_fLj93d5) (acessso em 21.4.15, às 8:04) https://www.youtube.com/watch?v=cRF9GcgivRE&list=PLJRz9eOsRSawCYjxtf2B_fLj93d5) (acesso em 21.4.15, às 8:04) https://www.youtube.com/watch?v=cRF9GcgivRE&list=PLJRz9eOsRSawCYjxtf2B_fLj93d5) (acesso em 21.4.15, às 8:04)