Como ensinar por meio da pesquisa Importante ferramenta didática para todas as disciplinas, a pesquisa precisa ser mais bem usada em aula. Ao planejá-la e executá-la adequadamente, você possibilita que as crianças e jovens aprendam os conteúdos do currículo, enquanto se tornam estudantes autônomos Anderson Moço ([email protected]). Colaborou Ana Rita Martins Ensinar os alunos a estudar para que se saiam bem em toda a Educação Básica, no Ensino Superior e por toda a vida é, sem dúvida, uma das grandes responsabilidades da escola. Poucas atividades atendem tão bem a essa demanda como a pesquisa - que tem como procedimentos básicos ler para estudar e ler para escrever. Realizada com acompanhamento e numa escala progressiva de dificuldade, ela desenvolve as habilidades de localizar, selecionar e usar informações, essenciais para aprender com independência. "A criança transforma conhecimentos já disponíveis na sociedade em algo novo para ela", explica Pedro Demo, docente da Universidade de Brasília (UnB). Ninguém chega à escola sabendo pesquisar e também não aprende a fazer isso num passe de mágica assim que é alfabetizado - apesar de muitos professores simplesmente passarem a tarefa sem antes ensinar a realizá-la. Essa é uma competência que se desenvolve com a prática e com direcionamento. "A investigação na escola está intimamente ligada à orientação. Se até mesmo um doutorando tem um orientador, por que as crianças da Educação Básica dariam conta do trabalho sozinhas?", questiona Bernadete Campello, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora de obras sobre o assunto. Antes de convidar a meninada a explorar livros na biblioteca, a ler artigos na internet, a entrevistar um especialista ou a analisar vídeos e fotos, é preciso determinar os objetivos de aprendizagem com relação aos procedimentos de pesquisa e aos conteúdos abordados. Na hora de iniciar o trabalho, todos têm de estar cientes de seus propósitos: encontrar respostas para um problema. Aqui vale um destaque: buscar uma informação específica e que é facilmente encontrável - como a data ou os protagonistas de um fato histórico - não é investigar. "A pesquisa envolve, sim, a habilidade de localizar informações, mas não só isso. A chave, principalmente para os mais experientes, está na interpretação delas e na apresentação de um ponto de vista próprio para uma audiência interessada, como os colegas da sala e da escola ou a comunidade", ressalta Demo. A atividade só será produtiva também se a sala estiver completamente envolvida pelo tema. "Na vida real, só procuramos respostas para aquilo que nos aflige ou que gera grande curiosidade. O mesmo ocorre na escola: é necessário querer conhecer mais sobre o assunto para se envolver", ressalta Bernadete. Para que os alunos deem conta desse desafio, cabe a você apresentar fontes confiáveis e ensiná-los a tomar notas, a fazer resumos, a entrevistar pessoas e a construir sentidos para os textos. Além disso, é essencial mostrar modelos e formas de preparar um produto final em que as descobertas sejam apresentadas. Ao passar por diversas experiências nesse percurso, as crianças adquirem segurança para empregar os conhecimentos em outras situações de coletas de dados, de análise e de estudo (é o caso de provas, preparações para debates ou apresentações, por exemplo). Assim, tornam-se mais autônomas. Conheça em detalhes as cinco etapas para realizar uma boa pesquisa escolar: fazer uma boa pergunta, indicar fontes seguras, ensinar a interpretar, orientar a produção escrita e finalizar os trabalhos, socializando as aprendizagens. Em cada uma delas, há recomendações específicas para três etapas de ensino - da Educação Infantil ao 2º ano, do 3º ao 5º e do 6º ao 9º -, além de exemplos. Os erros mais comuns - Pedir que os alunos procurem tudo sobre um assunto. A turma não aprende com essa atividade e se confunde sem um objetivo claro. - Trabalhar com pesquisa o tempo todo. É preciso usar a estratégia com critério e mesclá-la a outras, como a boa e velha aula expositiva. - Passar para o bibliotecário a orientação da pesquisa. Ele pode ajudar na seleção do material, mas o papel de ensinar a buscar dados e interpretá-los é do professor. Cinco etapas para realizar uma boa pesquisa escolar Confira o passo a passo do trabalho necessário para que seus alunos aprendam a investigar temas em todas as disciplinas, na Educação Infantil e no Ensino Fundamental Anderson Moço ([email protected]). Colaborou Camila Monroe http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/planejamento/cinco-etapas-realizar-boa-pesquisa-escolar607946.shtml?page=4 1 Fazer uma boa pergunta O primeiro passo para organizar uma situação de investigação que funcione como ferramenta didática é definir o tema de estudo e, em seguida, criar uma pergunta ou situação-problema que desperte na turma a vontade de saber mais (leia o exemplo de uma pesquisa em Ciências no quadro abaixo). Fechada a questão norteadora, antecipe dúvidas ou questões secundárias, que surgirão durante os debates e as descobertas realizadas. Uma boa estratégia é você realizar previamente a pesquisa, levando em conta o nível de conhecimento dos estudantes, as necessidades de aprendizagem e os obstáculos que deverão enfrentar. Essa simulação vai possibilitar ajustes na situação-problema (é possível perceber se o resultado não será o esperado e é preciso reformular a questão, por exemplo) e no planejamento das intervenções. O tema da pesquisa deve ser atraente e estimulante. "É preciso certo grau de conhecimento sobre o que será investigado para ter a curiosidade despertada e querer se aprofundar no tema", explica Pedro Demo. Não adianta definir como foco a bolsa de valores, por exemplo, se os alunos nunca ouviram falar nesse assunto nem possuem um repertório básico para iniciar a procura. Por isso, antes de propor o trabalho, é importante falar sobre o assunto e exibir vídeos, fotos e outros materiais para aproximar a turma do assunto que será estudado. O grande desafio é formular questões abrangentes e que permitam diferentes soluções e interpretações, sem ser genéricas ou apenas opinativas. Um exemplo, sobre a independência do Brasil: "Qual foi a importância, para a nossa independência, da reunião de deputados nas cortes portuguesas em 1822?" Para respondê-la, os alunos têm de ler diversos textos, que certamente apresentam diferentes pontos de vista sobre o período e fatores que explicam o fato em questão. É necessário pensar sobre essas diferenças de visão e, em seguida, formular e defender uma ideia própria. Já a questão "Por que o Brasil se tornou independente?", por outro lado, não tem um foco claro e permite a apresentação de inúmeros argumentos e pontos de vista. Os alunos têm dificuldade de selecionar e ordenar as informações para respondê-la. Além de genérica, ainda permite uma resposta opinativa simples como esta: "Porque não queria mais ser comandado por Portugal" (que não está, necessariamente, certa ou errada). Da Educação Infantil ao 2º ano Com alunos menos experientes, o ideal é pesquisar uma única questão coletivamente. É importante anotar num lugar visível, como um grande cartaz na parede, a questão principal e as demais dúvidas surgidas durante o trabalho para que todas sejam relembradas sempre que preciso. Isso permite avaliar os avanços ao longo do processo. As perguntas propostas são simples e muitas delas se referem à localização pontual de informações: "Onde vivem os leões e as girafas?", por exemplo. Como as criança não têm tanta prática nesse tipo de tarefa e ainda estão em fase de alfabetização, isso resolve uma necessidade de aprendizagem fundamental: buscar informações nos livros mesmo não sabendo ler convencionalmente. Do 3º ao 5º ano As questões secundárias, feitas durante a investigação, devem incluir problemas interpretativos e abrangentes - e não somente questões pontuais. A ideia, nessa fase da escolaridade, é levar os alunos a selecionar nos textos lidos informações que ajudem a justificar seu ponto de vista, além de desenvolver a habilidade de fazer uma primeira leitura com base em índice, título, subtítulo e legendas. Do 6º ao 9º ano A questão principal deve ser suficientemente abrangente para que os jovens, já mais experientes nesse tipo de atividade, ampliem as relações entre diferentes textos e pontos de vista apresentados pelos autores. Com a tarefa, eles devem se tornar capazes de relacionar dados obtidos em diversas partes do texto (epígrafes, gráficos, índice, ilustrações etc.) e de identificar o que é opinião e o que é fato. Insetos, pequenos e intrigantes Professora Valdiane Maria de Lima Colégio Nacional, Uberlândia, MG Disciplina: Ciências 1º ano - Pergunta "Por que há tantas formigas no quintal da escola?" Durante o estudo sobre as formas de vida no ambiente escolar, as crianças encontraram uma grande quantidade de insetos espalhados pela área externa. Isso levou a professora a formular a questão inicial. Dúvidas sobre a estrutura do formigueiro e as necessidades das formigas para sobreviver também surgiram e se transformam em objeto de pesquisa. - Busca As crianças pesquisaram em livros, assistiram a desenhos animados, entrevistaram biólogos e fizeram observações de campo. - Interpretação Os textos tratavam das necessidades biológicas dos insetos, e a observação do local fez a garotada identificar ali as condições necessárias para a sobrevivência deles. - Escrita A turma preparou uma entrevista com biólogos e anotou as respostas. Durante as observações, cada um fez seus registros. - Socialização Com base nas informações coletadas, os estudantes ajudaram a construir um formigário e uma grande formiga, que ficaram expostos para toda a escola 2 Indicar fontes seguras A base de qualquer pesquisa são os materiais que os alunos vão analisar. Por isso, a escolha deles deve ser criteriosa e feita, necessariamente, por você assim que começar a planejar a atividade. Deixe claro para a turma que pesquisa não se faz somente em enciclopédias e apresente fontes de diferentes gêneros. De modo geral, não podem ficar de fora os textos típicos de cada área - por exemplo, reportagens de divulgação científica, artigos históricos e resenhas literárias -, mesmo que considerados difíceis para a faixa etária dos alunos. Fique atento à sequência de leitura dos textos. Eles têm de dialogar entre si e as novas questões surgidas precisam ser respondidas pelo próximo. Além de livros e artigos, fotos e ilustrações e arquivos de áudio e vídeo também podem ajudar. Outras alternativas eficientes, dependendo do tema e da disciplina, são entrevistas com especialistas ou testemunhas históricas e os dados coletados em saídas a campo, experimentos científicos e durante a observação de fenômenos ou situações sociais, além de levantamentos estatísticos. A consulta à internet é um capítulo à parte. Já está claro que a pesquisa na rede sem orientação não é uma atividade pedagógica produtiva. As diferenças entre a confiabilidade do conhecimento publicado em livros e na internet foi objeto de estudo de Roger Chartier, diretor do Centro de Pesquisas Históricas em Ciências Sociais na École des Hautes Études, na França. Para ele, há um sistema de referências nas fontes impressas que minimiza a possibilidade de erro na publicação de informações. Na internet, esse filtro, quando existe, é bem menos seletivo. Explique isso aos estudantes e deixe claros seus critérios de escolha das páginas indicadas, além de acompanhálos durante o trabalho. Um estudo da Universidade de Buenos Aires deu pistas de como os alunos buscam informações na rede para os trabalhos escolares. Eles acessam um site de busca (como o Google) e digitam uma ou mais palavras. Em seguida, tentam avaliar a qualidade dos dados dos sites indicados, refazendo o processo várias vezes até terem alguma certeza de que nomes, números e datas conferem - um procedimento altamente complexo e que nem sempre funciona. Quando a informação pesquisada não é pontual, a prática se torna mais ineficiente. Por fim, alerte os alunos para a importância das referências sobre cada fonte consultada (Quem é? Quando disse isso? Por quê?). Esse cuidado ajuda a chancelar a qualidade do trabalho e a demonstrar que há sempre algum viés ideológico e que não existe fonte neutra (leia o exemplo de uma pesquisa em Geografia no quadro abaixo). Da Educação Infantil ao 2º ano Para as turmas em fase de alfabetização, são uma boa pedida os textos curtos e com ilustrações, que ajudam a entender o assunto tratado. Reportagens de revistas, que contenham fotos, e infográficos podem atender aos mesmos objetivos. Na hora de escolher os livros de consulta, opte pelos que têm índices que façam referências claras aos temas de cada página ou capítulo. A internet deve ser usada com parcimônia, só para as dúvidas mais pontuais. Do 3º ao 5º ano Textos científicos e jornalísticos mais longos são adequados. Certifique-se de que eles contenham diferentes perspectivas e pontos de vista. Nessa fase, as crianças já podem lidar com a dificuldade que se apresenta quando dados não coincidem. Elas devem aprender que, diferentemente do que ocorre durante a leitura de ficção, as informações devem ser analisadas e confrontadas. Nos trabalhos em grupo, garanta que todos tenham acesso a diferentes fontes para que aprendam a comparar informações. Do 6º ao 9º ano Nesse segmento, a pesquisa deve ser realizada com mais autonomia. Indique fontes que tragam as informações procuradas e outras que não tratem diretamente do assunto. Na vida real, muitos dos materiais que consultamos não contêm o que buscamos. Debata com a sala o que são sites confiáveis e problemas encontrados em blogs, que muitas vezes não passam pelo crivo de um editor. Os que já estão cientes disso podem pesquisar sozinhos. Porém, durante o trabalho, eles terão de justificar por que consideram a informação confiável. Em artigos e blogs, opiniões diversas Professor Elias Oliveira Noronha EE Benedita Arruda, Jundiaí, SP Disciplina: Geografia 9º ano - Pergunta "Qual é o papel da Organização das Nações Unidas (ONU) na defesa dos direitos humanos?" A questão foi proposta durante as aulas sobre relações internacionais. - Busca Como alternativa aos livros didáticos, que traziam informações de fontes majoritariamente ligadas à ONU, os alunos leram reportagens e assistiram a vídeos de sites noticiosos. Páginas de organizações não governamentais (ONGs) e de órgãos do governo foram indicadas para consultas a dados oficiais. Já os blogs ampliaram o leque de opiniões sobre o tema. Todas as informações eram confirmadas em pelo menos dois sites, identificados pelo link. - Interpretação Ao analisar artigos e blogs, a garotada percebeu a diversidade de posições sobre uma única questão e a complexidade das relações entre países com posições ideológicas diferentes. - Escrita Após ler diversos artigos e aprender as características desse gênero, os jovens produziram artigos. - Socialização Os textos produzidos foram lidos em voz alta para toda a sala. A cada leitura, se seguia um momento de debate mediado pelo professor. 3 Ensinar a interpretar A etapa mais importante da pesquisa escolar é, sem dúvida, a interpretação de tudo o que foi lido, visto e experimentado durante o processo. "Com a ajuda do professor, os alunos vão conhecer modelos mais claros de leitura para estudar, aprender a tomar notas, fazer resumos e analisar imagens e procedimentos de observação e experimentação", ressalta Jorge Santos Martins, autor de livros sobre pesquisa. As situações de interpretação são de três tipos: individuais, em pequenos grupos e com toda a sala. Com qual delas começar é um critério didático que deve ser planejado com cuidado. O aluno pode ter um primeiro contato com o material sozinho, utilizando os conhecimentos que tem até o momento. Depois, coletivamente, é possível introduzir as discussões pedindo que todos indiquem pontos que contribuem para o propósito da pesquisa. Após a discussão, ajude-os a encontrar uma linha interpretativa ajustada aos propósitos do trabalho (leia o exemplo de pesquisa em Matemática no quadro abaixo). Cada material demanda um trabalho de análise diferenciado. Em relação à leitura de imagens, proponha comparações entre elas, identifique os autores, trabalhe a intenção comunicativa deles e contextualize o momento de produção. Durante experimentos científicos, indique formas de testar hipóteses. Nas saídas de campo, é preciso orientar o olhar das crianças e levar materiais de apoio para explicar o que está sendo visto. A interpretação de textos, por sua vez, é a atividade mais recorrente numa pesquisa. Em contato com o texto, os alunos aprendem determinado conteúdo enquanto relacionam o que está sendo lido àquilo que já sabem. Por isso, fique atento e avalie constantemente se eles possuem informações prévias que permitam compreender o sentido dos escritos e como lidam com as contradições entre o que já sabem e os novos dados. A atividade inclui revisar conhecimentos anteriores, reorganizá-los sob nova perspectiva, estabelecer diferentes relações, propor-se perguntas e buscar respostas. Um desafio e tanto. Para ajudá-los, faça leituras coletivas e vá acrescentando informações, destaque marcadores linguísticos de argumentação ou oposição, faça perguntas e proponha anotações. Da Educação Infantil ao 2º ano Para as turmas que ainda estão se alfabetizando, as situações coletivas de leitura e interpretação são essenciais. Nessa hora, você se apresenta como um modelo leitor desses novos gêneros. Aproveite esses momentos para mostrar a necessidade de fazer inferências para construir sentidos e peça que os alunos tomem notas, escrevendo da maneira que sabem. Do 3º ao 5º ano Nessa fase, é essencial ensinar a turma a fazer anotações e produzir resumos e tabelas que ajudem na compreensão do material que foi analisado. Essas atividades facilitam a organização lógica do pensamento das crianças. Do 6º ao 9º ano Os alunos devem ser convidados a interpretar textos, imagens e dados de forma autônoma cada vez com mais frequência. Acompanhe sempre. Ao observar problemas na compreensão do que está sendo estudado, retome o material utilizado e ajuste as interpretações. Comparações revelam o valor do salário Professora Hossana Santos Dantas EM São Judas Tadeu, Irará, BA Disciplina: Matemática 8ª série - Pergunta "O valor do salário mínimo acompanha o preço da cesta básica?" A questão foi formulada por estudantes durante discussões sobre o custo de vida. - Busca Os alunos pesquisaram o valor dos itens da cesta básica em um supermercado da capital e em outro do interior e os dados sobre salários e impostos em órgãos oficiais. - Interpretação Numa primeira análise, os alunos concluíram que não havia uma relação entre os dois valores e que isso não era suficiente para saber se o custo de vida de Irará, onde vivem, é menor que o de Salvador. Num segunda etapa, cruzaram dados sobre o valor de tarifas e impostos pagos nos dois locais e constataram que os moradores de Irará gastam menos, mas têm uma média salarial mais baixa. - Escrita Os alunos construíram planilhas e criaram bancos de dados. - Socialização Uma tabela com valores de itens básicos foi produzida para auxiliar os jovens a administrar seu salário. 4 Orientar a produção escrita Para estudar, não é importante somente ler, mas também escrever. A escrita é uma poderosa ferramenta de organização do conhecimento e favorece o aprofundamento do tema abordado. Por isso, é fundamental que você oriente a turma sobre como tomar notas e elaborar resumos que ajudem na seleção de informações que respondam à questão proposta. Leia alguns exemplos e modelos. Explique que não se trata de cópias de partes do texto, mas de explicações e anotações com as próprias palavras sobre o que foi lido. Deixe claro que esses registros ajudam na análise e na escrita da conclusão da investigação. Das etapas da pesquisa escolar, a produção de texto é a que requer mais atenção de sua parte e a que representa o maior desafio para os alunos. Isso porque, de modo geral, eles não estão acostumados a produzir textos em que é preciso demonstrar o conhecimento obtido na consulta a fontes variadas. Como assumir um ponto de vista próprio tendo como base as ideias de diversas pessoas? O que está em jogo é integrar de maneira coerente e pessoal as informações vindas dos vários meios, sempre tendo em mente a necessidade de responder à pergunta inicial e às secundárias. No seu planejamento, determine qual será o produto final, de acordo com os objetivos propostos e o nível de conhecimento da sala (leia o exemplo de uma pesquisa na Educação Infantil no quadro abaixo). Um livro de verbetes enciclopédicos produzido coletivamente, uma reportagem, um seminário com apoio escrito, um artigo e um cartaz são algumas das opções. Seja qual for sua escolha, não se esqueça de que a garotada precisa conhecer modelos. Para garantir a familiaridade, faça muitas leituras do gênero, discuta sua estrutura e função comunicativa e chame a atenção para os elementos linguísticos que caracterizam sua organização. Oriente cada passo da produção, propondo mudanças e realizando revisões coletivas dos elementos textuais e da apresentação da própria informação. Da Educação Infantil ao 2º ano Nessa fase, as produções orais com destino escrito são a melhor estratégia de sistematização. Com a sua orientação, os alunos podem refletir sobre a linguagem que se escreve e sobre a estrutura que a apresentação necessita ter. Um bom desafio para os pequenos é tentar escrever de forma autônoma verbetes e fichas contendo diferentes descobertas. Do 3º ao 5º ano Reportagens, relatórios e resumos são adequados para o nível desses estudantes. Para produzi-los, intercale momentos de produção individual, situações com toda a sala e em subgrupos. Reforce as orientações sobre a questão da cópia (usar uma informação não é copiá-la) e a importância de fazer referência aos dados usados. Do 6º ao 9º ano O desafio deve ser crescente. Convide os jovens a produzir monografias e artigos, como fazem cientistas e pesquisadores profissionais. É importante trabalhar cada tópico em aula e ajudar na definição de objetivos, justificativas e conclusões. Um quadro reúne as descobertas Professora Andressa Baena EMEI Anita Garibaldi, São Paulo, SP Pré-escola - Pergunta "Onde os leões moram?", "Como eles nascem e conseguem comida?". O tema leões foi escolhido pela turma. - Busca Livros literários e informativos, fotografias, revistas, documentários, visita ao zoológico e entrevista com uma bióloga. - Interpretação A professora deixou que as crianças explorassem os livros em busca de informações, apoiando-se nas imagens. Para que respondessem às questões, ela ajudava lendo trechos importantes. - Escrita As perguntas foram registradas em um quadro. Após as leituras, as crianças identificavam informações importantes sobre o tema, como o habitat dos leões, e ditavam para a professora. No zoológico, elas fizeram desenhos de observação, registrando as características do comportamento e da aparência dos animais. - Socialização As informações reunidas durante a pesquisa e registradas em desenhos deram origem a uma ficha técnica da espécie, que virou um livro. 5 Socializar os trabalhos Os resultados das investigações feitas pelos alunos devem ser mostrados aos colegas, a outras turmas da escola ou mesmo à comunidade. "No mundo real, as descobertas decorrentes de uma pesquisa são divulgadas em publicações especializadas e para plateias interessadas, possibilitando que o conhecimento circule. Cabe à escola organizar situações semelhantes", afirma Jorge Santos Martins. A organização de debates, palestras, seminários e feiras de Ciências abertas à comunidade, além da produção de murais informativos no pátio, livros, textos e outros documentos são algumas opções (leia o exemplo de uma pesquisa em História no quadro abaixo). Não se esqueça de que qualquer uma delas deve ser proposta após o oferecimento de modelos e ser desenvolvida com orientação direta. Nas situações de apresentação oral, o aluno se porta como um especialista que explica e tira possíveis dúvidas dos ouvintes. Quando toda a sala pesquisa uma única questão, é possível propor, por exemplo, um debate final dividindo os estudantes em dois grupos que devem discutir pontos polêmicos, se for o caso. Cheque as aprendizagens, perceba pontos que necessitam ser retomados, corrija possíveis erros conceituais e amarre as informações. Lembre: o professor é você. Se a turma foi convidada a investigar diferentes aspectos dentro de um mesmo tema, a socialização das descobertas se torna ainda mais importante. Os estudantes se informam com os colegas em apresentações orais ou por meio de resumos e aprendem com as intervenções que você propõe durante a aula. É essencial fazer uma sistematização de tudo o que foi trazido. Num novo texto, uma espécie de resumo coletivo, eles explicam o que foi aprendido. Assim, você avalia os avanços e verifica o que falta retomar. Da Educação Infantil ao 2º ano Uma maneira de fazer o conhecimento circular é preparar minisseminários para os pais com textos e desenhos das crianças. Ao ensinar os adultos, elas se sentem verdadeiros especialistas no assunto. Do 3º ao 5º ano Produzir cartazes e pôsteres para ser colocados no pátio da escola com as respostas a diferentes perguntas surgidas durante a pesquisa está entre as estratégias adequadas para essa faixa etária. A turma pode ser dividida em grupos para explicar com mais detalhes o que foi descoberto. Do 6º ao 9º ano O ideal é desafiar os alunos a produzir seminários e debates com a participação de toda a escola. Os grupos podem defender os trabalhos para uma "banca" ou criar experimentos e situações para explicar o caminho trilhado até chegar às conclusões em uma feira de Ciências. O passado da cidade, agora documentado Professora Silmara Aparecida Franco EM João Severino Sales, Ibaiti, PR Disciplina História 4ª série - Pergunta "Qual a história de Campinho?" Durante os estudos sobre a história local, constatou-se a falta de dados consistentes sobre o distrito onde fica a escola. - Busca A turma pesquisou documentos oficiais e posteriormente realizou uma série de visitas aos moradores mais antigos. - Interpretação Os alunos cruzaram as informações vindas de documentos oficiais com as obtidas por meio das entrevistas. - Escrita Após cada conversa, os alunos elaboravam um relatório individual. - Socialização Os relatórios, assim como todas as informações tiradas dos documentos e entrevistas, eram compartilhados com os colegas. Para finalizar o trabalho, os estudantes montaram um minimuseu sobre o passado de Campinho, aberto à comunidade. Por fim, os alunos criaram o primeiro documento histórico do distrito, com todas as formalidades exigidas, que se tornou um dos referenciais para o estudo de História local na escola BIBLIOGRAFIA Como Orientar a Pesquisa Escolar - Estratégias para o Processo de Aprendizagem, Bernadete Campello (coord.), 238 págs., Ed. Autêntica, tel. 0800-283-1322, 39 reais Como Usar a Biblioteca na Escola - Um Programa de Atividades para o Ensino Fundamental, Bernadete Campello (coord.), 304 págs., Ed. Autêntica, 41 reais Educar pela Pesquisa, Pedro Demo, 156 págs., Ed. Autores Associados, tel. (19) 32492800(19) 3249- 27 reais Pesquisa na Escola - O Que É, Como Se Faz, Marcos Bagno, 102 págs., Ed. Loyola, tel. (11) 2914-1922(11) 2914-, 9,80 reais Trabalho com Projetos de Pesquisa: do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, Jorge Santos Martins, 144 págs., Ed. Papirus, tel. (19) 3272-4500(19) 3272-34,90 reais FILMOGRAFIA Coleção Educação pela Pesquisa, Atta Mídia e Educação, tel. (11) 3675-6690(11) 3675-, 220 reais Iniciação científica nas séries inciais Observar, registrar e comprovar hipóteses sem simplificar a linguagem nem infantilizar. Esse é o caminho para a iniciação científica Anderson Moço ([email protected]), de Marília, SP Quem convive com crianças em casa ou leciona para as séries iniciais do Ensino Fundamental não tem dúvida: para os pequenos, perguntar é uma necessidade. Do ponto de vista pedagógico, eles estão corretos: perguntar é uma das maneiras mais eficientes de conhecer o mundo. Que tal aproveitar a força dos "por quês"? O estímulo ao questionamento gerou resultados luminosos na classe de 1º ano da professora Inês Prates Galindo Borges na Escola de Educação Básica e Profissional Fundação Bradesco, em Marília, a 443 quilômetros de São Paulo. Por lá, dúvidas teimosas intrigavam a criançada: o que acontece quando as pilhas usadas são jogadas no lixo? Qual a melhor forma de descartá-las? A curiosidade armazenada tinha potencial para virar uma excelente iniciativa didática. Foi o que fez Inês. Cheia de energia, ela concebeu um projeto que transformou seus alunos em pequenos cientistas - e lhe rendeu o troféu de Educadora Nota 10 no Prêmio Victor Civita de 2008 (leia mais detalhes sobre o trabalho dela no quadro abaixo). O mérito de Inês foi mostrar como o conhecimento científico explica problemas do dia-a-dia. "Formulando claramente a questão a ser investigada e conduzindo a classe nas descobertas, ela conseguiu realizar um belo projeto de iniciação científica", diz Luciana Hubner, coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da Sangari Brasil e selecionadora do Prêmio Victor Civita. Nas séries iniciais, o trabalho com Ciências exige que se respeitem as especificidades da faixa etária. Mas, diferentemente do que muita gente pensa, isso não significa substituir os termos científicos ou inundar os textos com diminutivos na esperança de que as crianças entendam melhor. É importante não simplificar conceitos nem infantilizar. "No 1º e no 2º ano, o trabalho de pesquisa pode tranquilamente incluir a leitura em livros e revistas antes mesmo de as crianças saberem ler. Além de ser uma atividade de alfabetização, a prática contribui para que todos aprendam a buscar informações específicas, uma competência essencial na disciplina", diz Luciana. Respeito ao potencial dos pequenos LEITURA INFORMATIVA Inês apresentou textos científicos para auxiliar a garotada no processo de alfabetização. Foto: Kriz Knack Inês Prates Galindo Borges nasceu em Marília na véspera do Natal de 1964. Professora desde os 20 anos, por três anos abandonou a carreira para trabalhar como secretária, mas não conseguiu ficar muito tempo longe da sala de aula. Ingressou num curso de Pedagogia e retornou à docência como alfabetizadora da Fundação Bradesco em Osasco, na Grande São Paulo, onde ficou até se transferir para a unidade de Marília. Casada há 12 anos, ela tem dois filhos - Iuri, 10 anos, e Ana, 6. Objetivos O trabalho vencedor do Prêmio Victor Civita amplia o escopo dos projetos que costumam ser feitos em educação ambiental (que, geralmente, apenas mapeiam os tipos de resíduo domiciliar e promovem campanhas de coleta de material reciclável). Depois de eleger um foco junto com a turma - discutir os problemas ambientais ocasionados pelo descarte de pilhas no lixo comum -, Inês criou um projeto que não descuidando da conscientização ecológica, elegeu como foco a iniciação científica. O passo-a-passo "Para descobrir o que as crianças pensavam sobre o descarte de pilhas, promovi uma discussão e entreguei um questionário para que os pais apontassem o destino dado às pilhas usadas", explica Inês. A professora privilegiou o contato com textos informativos: além de revistas e enciclopédias, os pequenos consultaram até a legislação ambiental sobre o assunto. As estratégias para a interpretação do material iam da leitura pela professora à exploração em grupo, com os estudantes em processo de alfabetização estabelecendo hipóteses sobre o que estava escrito. No laboratório, ao conhecer uma pilha por dentro, a criançada comparou com o que havia lido e visto nos textos. No fim, para enfatizar a importância da busca de fontes diversas numa pesquisa, ela convidou um engenheiro ambiental para sanar possíveis dúvidas. Avaliação Além de se basear na participação das crianças nas atividades e nos registros delas - textos curtos e desenhos de observação -, Inês avaliou a apreensão de conteúdo durante a campanha sobre o descarte de pilhas. Com a ajuda da professora, os pequenos prepararam textos informativos, organizaram apresentações para os colegas de outras turmas e distribuíram coletores de pilha pela cidade. A iniciativa deu tão certo que elas foram chamadas para dar uma palestra sobre o assunto na prefeitura. Procedimentos científicos têm de ser abordados desde cedo Considerando essas especificidades, já é possível pensar num projeto que sirva para apresentar as Ciências aos pequenos. Antes de tudo, nunca é demais relembrar que muitos projetos começam com uma pergunta. E perguntas não aparecem do nada: é natural que surjam de situações do dia-a-dia (leia sequência didática sobre a função do fermento na fabricação de pão) ou do interesse da turma - no caso de Inês, a questão sobre as pilhas veio porque as crianças, estimuladas pela escola a fazer coleta seletiva de lixo, não sabiam o que fazer com pilhas e baterias velhas. Mas cuidado: as dúvidas dos alunos têm de ser a faísca que mobiliza o interesse, não um fim em si mesmo. Em outras palavras, trata-se de transformar uma simples indagação em situação-problema, em que a turma põe em jogo seus conhecimentos por meio de uma série de procedimentos para chegar à resposta e aprender o conteúdo desejado. ANOTAR DETALHES Cada passo deve ser registrado. É o primeiro contato com os aspectos clássicos da disciplina. Foto: Kriz Knack Em Ciências, a estrutura que permeia as investigações tem, ao menos, quatro passos fundamentais. O primeiro deles, o levantamento de hipóteses, é uma decorrência do questionamento inicial. É o passo em que os pequenos expõem ideias que serão comprovadas ou refutadas mais adiante. "Ao imaginar caminhos para tentar resolver um problema, o aluno reconstrói o conhecimento. E isso é justamente um dos principais objetivos da Educação escolar", ressalta Luciana. Na classe de Inês, os alunos de 6 anos tinham várias explicações para o que acontece com a pilha no lixo: - Ela explode! - Não, ela nunca se desmancha. - Nada disso. Sai um líquido que faz mal e provoca doenças! A etapa seguinte é o levantamento de informações. Além de ampliar o conhecimento sobre o tema pesquisado, essa fase ajuda a criança a treinar o olhar para a observação científica, sabendo com mais precisão o que anotar em uma experiência prática, por exemplo. Levando revistas, livros e textos científicos para a sala, você pode deixar a turma explorar o material e ler os textos mais significativos. "Se aparecerem conceitos difíceis, é preciso explicá-los sem reduzir o sentido", relembra Luciana. Por isso, é tão importante se preparar e conhecer profundamente o objeto de pesquisa. O momento da experimentação, geralmente tido como o ápice do projeto, deve ser encarado apenas como mais uma etapa da aquisição de conhecimento. "Costumo brincar, dizendo que as crianças não aprendem com a mão, mas por meio da reflexão que ocorre ao longo de todo o processo", afirma Luciana. Buscar informações precede a experiência e segue depois dela FONTES DIVERSAS Uma opção é recorrer a especialistas para resolver as dúvidas mais específicas. Foto: Kriz Knack Inês, por exemplo, ao mostrar uma pilha por dentro no laboratório, frisou a localização e a aparência das substâncias químicas - que, como a turma havia aprendido, vazavam das pilhas descartadas. Outra recomendação é que a experiência seja documentada em textos ou desenhos. Conteúdo procedimental obrigatório, o registro permeia todas as etapas e contribui para que o aluno reflita sobre suas hipóteses iniciais, dando mais um passo para comprová-las (ou não). Entretanto, muitas vezes a experiência pode deixar velhas dúvidas no ar ou suscitar novas - cabe a você avaliar se elas justificam outro projeto de estudo ou se podem ser sanadas com o aprofundamento da pesquisa. Se for esse o caso, vale incentivar a turma a seguir vasculhando a resposta por meio de uma volta aos livros, uma navegada na internet ou uma entrevista com um especialista. Não importa o método: o que interessa é mostrar a importância de pesquisar e aprender com uma variedade de fontes. No exemplo de Inês, os pequenos do 1º ano aprenderam tanto sobre o conteúdo proposto que decidiram - sim, a ideia partiu deles! - socializar o conhecimento com as outras turmas da escola, organizando apresentações e uma campanha de recolhimento de pilhas. Vivenciando todas as etapas da investigação científica, eles superaram o senso comum e se tornaram experts no assunto. Quer saber mais? CONTATOS Escola de Educação Básica e Profissional Fundação Bradesco, R. Benedito Alves Delfino, s/nº, 17512-043, Marília, SP, tel. (14) 3425-1444(14) 3425Inês Prates Galindo Borges Luciana Hubner BIBLIOGRAFIA A Didática das Ciências, Jean Pierre Astolfi e outros, 136 págs., Ed. Papirus, tel. (19) 3272-4500(19) 3272-, 31,90 reais Didática das Ciências Naturais: Contribuições e Reflexões, Hilda Weissmann, 248 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444 (edição esgotada) Uma escola de pesquisas Como diretor Plácido Sousa transformou a escola em um espaço de produção científica MÉTODOS CIENTÍFICOS O diretor Plácido Sousa reorganizou o tempo escolar para incentivar a investigação em todas as áreas. Foto: Jarbas Oliveira "Agitação nos corredores. Alunos correndo para todo lado com maquetes, tubos de ensaio e líquidos coloridos. Era assim, de última hora e sem grandes impactos na aprendizagem, que se realizava a Feira de Ciências no Liceu Estadual de Maracanaú, em Maracanaú, a 25 quilômetros de Fortaleza. Eu era professor de Física e Matemática antes de assumir a direção da escola, em 2004, e sabia o quanto Ciências é importante para atiçar a curiosidade e o conhecimento dos alunos. Ensiná-la somente para apresentar trabalhos em feiras não tinha sentido. Era essencial também fazer com que os jovens se sentissem protagonistas do processo de aprendizagem para que se tornassem estudantes de verdade. Resolvemos transformar a escola em um espaço voltado para a pesquisa e o conhecimento científicos. As aulas espalhadas durante o ano dificultavam a investigação e a continuidade dos projetos. Por isso, nós, da equipe de gestão, apostamos na mudança do tempo escolar. Metade das turmas passou a ter aulas de Exatas e Biológicas em um semestre e de Humanas em outro, e a outra metade, o contrário. Para ajudar no planejamento das aulas, designamos um coordenador pedagógico para cada série e um professorcoordenador para cada duas turmas. Os trabalhos são desenvolvidos por grupos de três estudantes, que elegem os temas com base nos conteúdos curriculares. No horário extraclasse, um professor orientador acompanha a pesquisa, os experimentos e a investigação de campo. As conclusões dos trabalhos são apresentadas para a comunidade e uma banca avaliadora. Os autores das melhores propostas recebem uma assessoria para inscrevêlas em feiras de Ciências nacionais e internacionais - e, com isso, já ganhamos dezenas de premiações. Hoje, o sistema de projetos e pesquisa que começou em Ciências abrange todas as disciplinas. O mais importante para quem quer começar um trabalho assim é saber usar os recursos disponíveis. Quando começamos, nem laboratório tínhamos. Por meio de experimentos simples em sala de aula, os professores despertaram a curiosidade dos alunos e promoveram o conhecimento científico. A secretaria percebeu o sucesso da proposta e agora as viagens e os equipamentos são bancados pela rede. Nos últimos quatro anos, a escola se tornou a sexta melhor em desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio no Ceará e a décima na avaliação feita pelo estado." Plácido Sousa é diretor do Liceu Estadual de Maracanaú, em Maracanaú, Ceará