AVALIAÇÃO CLIMÁTICA PARA ANOS NORMAIS DA ZONA DA MATA SUL DO ESTADO DE PERNAMBUCO PARA A SILVICULTURA Sérgio Ricardo Rodrigues de Medeiros1, Rafael de Figueiredo Ribeiro Macedo2, Pedro Rogério Giongo3, Geber Barbosa de Albuquerque Moura4, José Swami Pais de Melo5, Gerson Quirino Bastos6. RESUMO A Avaliação Climática na Zona da Mata Sul de Pernambuco para anos normais foi elaborada através da descrição das condições de disponibilidade e déficit hídrico. Foram utilizados dados de precipitação e temperatura do período de janeiro de 1970 a janeiro de 2001 da estação meteorológica localizada no município de Rio Formoso (PE). A partir desses dados foi elaborado o balanço hídrico proposto por THORNTHWAITE & MATHER (1955) utilizando a capacidade de água disponível no solo em 100mm, usado como índice padrão para médias climatológicas, e, através de técnica dos Quantis avaliouse a ocorrência de ano seco, chuvoso e normal. Avaliou-se o clima só para anos normais neste trabalho. Foi observado que a Zona da Mata Sul não tem restrição de natureza pluvial ao desenvolvimento de alternativas de silviculturas. PALAVRAS-CHAVES: Silvicultura, disponibilidade hídrica e déficit hídrico. ABSTRACT - The Climatic Evaluation in the Area of the South Forest of Pernambuco for normal years was elaborated through the description of the conditions of readiness and deficit hídrico. Precipitation data and temperature of the period of January of 1970 to January of 2001 of the located meteorological station in the municipal district of Rio Formoso (PE). To leave of those data the swinging hídrico it was elaborated proposed by THORNTHWAITE & MATHER (1955) using the capacity of available water in the soil in 100mm, used as standard index for climatological averages, and, through technique of Quantis the occurrence of year dry, rainy and normal was evaluated. The alone climate was evaluated for normal years in this work. It was observed that development of alternatives of 1, 3 Mestrandos de Engenharia Agrícola da UFRPE, Av. Dom Manoel de Medeiros S/N Recife-PE.Tel: 081 9214 5391. E-mail: [email protected] , E-mail: [email protected]. 2 Aluno Orientado da Disciplina de Meteorologia e Climatologia da UFPE, Av. Dom Manoel de Medeiros S/N Recife-PE. E-mail:[email protected]. 4, 5 e 6 Professores do Departamento de Agronomia da UFRPE, Av. Dom Manoel de Medeiros S/N. the Area of the South Forest doesn't have restriction of pluvial nature to the silvicultures. INTRODUÇÃO A silvicultura na Zona da Mata de Pernambuco vem aos poucos se destacando pela garantia de economicidade, da conservação do solo e da água entre outras divisas ambientais, além de oferecer mais oportunidades de trabalho por unidade de área, gerando assim mais empregos no campo; dessa forma a exploração de florestas cultivadas pode resgatar os anos de economia forte e competitiva. Dentre as atividades de Silvicultura, são as espécies da Eucaliptocultura que vem sendo exploradas com mais intensidade, ao contrário das críticas equivocadas existentes sobre o alto consumo hídrico dos Eucaliptos durante a fase de crescimento. Isto é desmentido por estudos recentes, que têm mostrado não haver muita diferença entre o consumo de água de diversas espécies florestais e o eucalipto (IPEF, 2006). O conhecimento sobre o comportamento sazonal do clima e sua aplicação aos diversos ramos das atividades florestais como hidrologia florestal, silvicultura, etc. Este trabalho tem por objetivo caracterizar o clima da Zona da Mata Sul do Estado de Pernambuco visando identificar em anos (normais) as condições de disponibilidade e déficit hídrico para a Silvicultura. MATERIAL E MÉTODOS Na realização deste trabalho, foram utilizados dados de precipitação e temperatura do período de janeiro de 1970 a janeiro de 2001, gerados na estação meteorológica localizada no município de Rio Formoso (8°38’ S, 35°17’ W, 62m). Foram utilizados dados de pluviosidade e temperatura do período de 1970 a 2001 coletados pelo Laboratório de Meteorologia e Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco (LAMEPE). A partir dos dados foi elaborado balanço hídrico proposto por THORNTHWAITE & MATHER (1955), para o cenário de anos normais. O processo de contabilidade hídrica no solo, mais utilizado para fins climatológicos é o balanço hídrico de THORNTHWAITE & MATHER (1955). Neste processo, foi calculado com a capacidade de água disponível no solo(CAD) em 100 mm, usado como índice padrão para médias climatológicas. nos revelando com bastante precisão as condições hídricas do solo representativas da região e permitindo determinar o quanto de água está disponível no ambiente, para atender a demanda hídrica das essências florestais. Técnicas de Quantis A técnica quantis foi utilizada para avaliar a ocorrência de anos secos, normais e chuvosos para a cidade de Rio Formoso. Seja X a chuva total de um ano da localidade, ao longo de anos ininterruptos, uma variável aleatória contínua. O quantil Qp, para cada número p entre zero e um, é o valor de chuva satisfazendo à condição Prob (X≤Qp) = p. Para cada valor observado X0 da chuva, o número (0<p0<1) tal que: F(X0) = p0, dizse de ordem quantílica p0, associada a X0. Uma interpretação simples para o quantil Qp é a seguinte, supondo que p se expressa em potenciais: espera-se que em p% dos anos a altura da chuva X não deve ultrapassar o valor do quantil Qp, enquanto para (100-p)% dos anos tal valor será excedido. Com respeito às ordens quantílicas p = 0,25; 0,50 e 0,75 (25%, 50% e 75%), os quantis respectivos são designados quartis, onde Q0,25, Q0,50 e Q0,75 são o quartil inferior, a mediana, e o quartil superior, respectivamente . (XAVIER et al., 1998). Nesse trabalho os quantis referem-se às ordens 0,33 e 0,66 com o fim de delimitar os níveis (ou faixas): SECO/(S), NORMAL/(N), e CHUVOSO/(C). Seja (X1, X2, ..., Xn) uma série de chuva num determinado período e numa dada localidade, ao longo de N intervalo de anos, sejam os quantis Q(0,33), Q(0,66). Então um ano i passa a ser considerado: (S) Xi≤Q0,33; (N) Q0,33 <Xi < Q0,66; e (C) Xi ≥ Q0,66, para cada valor de Xi da chuva for calculada a ordem quantílica pi correspondente, teremos, equivalente: pi≤0,33; 0,33<pi <0,66; e pi≥0,66 ( XAVIER et al., 1998). Desta maneira, seguindo a metodologia proposta por XAVIER et al (1998), dividiram-se os anos de acordo com os valores de precipitação, em período “seco”, “normal” e “chuvoso”, os anos que apresentaram valores menores ou iguais a 2.090,4mm foram considerados “secos”; os anos que apresentaram valores de precipitação compreendidos entre 2.090,4 e 2.537,4mm foram considerados “normais” e os anos com valores maiores ou iguais a 2.537,4mm foram classificados como “chuvosos” para a cidade de Rio Formoso. De posse da classificação dos cenários, avaliou climatologicamente a Zona da Mata Sul do Estado pelo o método empírico de THORNTHWAITE & MATHER (1955) para situações de anos normais. RESULTADOS E DISCUSSÕES Pela a Avaliação da Zona da Mata Sul, a média anual das precipitações na região fica em torno de 2.272mm, como mostra Figura 1, entretanto, nos últimos 30 anos, o comportamento pluviométrico em relação à média tem apresentado pequenos períodos anômalos que poderá se caracterizar em uma ciclicidade do comportamento desse parâmetro, havendo a continuidade da séria histórica em questão. 450 400 350 300 250 P recipitação 200 150 100 50 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 M ês Figura 1: Série histórica da precipitação pluviométrica na Zona da Mata Sul. Análise dos Anos Normais A precipitação média anual em Rio Formoso, para os anos normais (Tabela 1), foi de 2.272 mm. Os meses mais chuvosos são os de abril, maio e junho, com 379, 386 e 329 mm, respectivamente. Os mais secos e de menores totais pluviométricos são outubro, novembro e dezembro; com 58, 56 e 60 mm respectivamente. O índice de deficiência hídrica foi de apenas 196,3mm acumulado nos meses de outubro a fevereiro. Já o excedente hídrico obteve um total entre os meses de março a setembro de 1.071,3 mm. Tabela 1 - Balanço hídrico em anos normais em Rio Formoso, PE. Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano P (mm) 81 119 251 223 241 241 253 194 107 61 40 69 1880 T(ºC) I Cj 26,5 26,5 26,4 26,0 24,9 23,8 23,0 23,2 24,0 25,1 26,0 26,4 25,1 12,5 12,5 12,4 12,1 11,4 10,6 10,1 10,2 10,7 11,5 12,1 12,4 138,5 32,2 28,6 31,1 29,5 30,0 28,7 29,8 30,3 29,9 31,5 31,0 32,3 * ETp P-ETp (mm) (mm) 144,9 -63,9 128,7 -9,7 137,8 113,2 124,4 98,6 109,7 131,3 90,5 150,5 84,0 169,0 87,9 106,1 96,9 10,1 118,3 -57,3 130,7 -90,7 143,2 -74,2 1397,0 483,0 NEG ARM ALT ETr DEF EXC ACU (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) -286,1 5,7 -5,1 86,1 58,8 0,0 -295,8 5,2 -0,5 119,5 9,2 0,0 0,0 100,0 94,8 137,8 0,0 18,4 0,0 100,0 0,0 124,4 0,0 98,6 0,0 100,0 0,0 109,7 0,0 131,3 0,0 100,0 0,0 90,5 0,0 150,5 0,0 100,0 0,0 84,0 0,0 169,0 0,0 100,0 0,0 87,9 0,0 106,1 0,0 100,0 0,0 96,9 0,0 10,1 -57,3 56,4 -43,6 104,6 13,7 0,0 -148,0 22,8 -33,6 73,6 57,1 0,0 -222,2 10,8 -12,0 81,0 62,2 0,0 * 800,9 0 1196,0 201,0 684,0 Tabela 2- Classificação climática em anos normais em Rio Formoso, PE. Parâmetro Ih= 40,2 ETP= 1397,0 Iu= 49,0 Símbolo B2 A’ r a’ Cv= 30,0% Tipo de Clima Úmido Megatérmico Pequena ou nenhuma deficiê hídrica Novembro, dezembro e janeiro Ano Normal 80 Normal Déficit hídrico(mm) 70 60 50 40 30 20 10 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Mês Figura 2: Comportamento do déficit hídrico em anos normais. Ano Normal 500 Excesso hídrico(mm) 450 400 350 300 Normal 250 200 150 100 50 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Mês Figura 3: Comportamento do excesso hídrico em anos normais. CONCLUSÕES Baseado nos resultados obtidos, pode-se inferir que a classificação climática pelo método de THORNTHWAITE representa um grande avanço no sentido da racionalização ao introduzir ainda, além da precipitação pluviométrica e temperatura, a evapotranspiração como elemento de classificação climática. Assim não é aceitável classificar um clima como seco ou úmido, atentando somente para pluviometria, mas sim relacionando-a com as necessidades hídricas que são representadas pela evapotranspiração. Há forte necessidade de maior quantidade de observações e de pesquisas sobre a região estudada, para que se planejem de maneira cada vez mais eficaz as atividades silviculturais nela localizadas. A Zona da Mata Sul Pernambucana do ponto de vista hídrico, não tem restrição de natureza pluviométrica ao desenvolvimento de alternativas silviculturais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IPEF: Hidrologia Florestal . Disponível em: < http: // www.ipef.br/hidrologia/eucaliptoeagua.asp.> . Acesso em: 28 de abril de 2006. THORNTHWAITE, C. W.; MATHER, J. C. Instructions and tables for computing potential evapotranspiration and water balance. Drexel Institute of Technology. Publications in Climatology, X:3. Centernan, 1955. 104p. XAVIER, T.M.B.S; XAVIER, A.F.S.; DIAS, P.L.S.; DIAS, M.A.F.S. Papel da componente meridional do vento na costa do Nordeste Brasileiro e de outras covariáveis para prever a chuva no Estado do Ceará (1964-97). Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v3, n.4, p. 121-139, 1998.