Santos sofre por falta de planejamento
Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos
22/09/2010
O secretário de Transportes do Estado de São Paulo, Mauro Arce, defendeu ontem a adoção
de uma logística planejada da chegada dos caminhões ao Porto de Santos e a restrição do
tráfego de veículos de passeio na rodovia Anchieta. Diante da demanda inesperada de
cargas e do esgotamento da atual infraestrutura de acesso ao porto, a Baixada Santista vive
um cenário diário de congestionamentos de carretas com destino ao complexo. "O
caminhão não pode chegar aqui se não tiver navio destinado. O que está acontecendo é que
não existem silos para armazenar a carga na origem e o dono da carga põe no caminhão",
disse o secretário durante entrevista concedida no 5º Fórum Brasil Comércio Exterior,
realizado em Santos.
De acordo com Arce, o Estado está fazendo sua parte. O receituário de obras inclui a
construção de um viaduto em Guarujá, na Vila Áurea, para facilitar o acesso à rodovia
Cônego Domênico Rangoni; uma marginal na pista com destino a São Paulo; a duplicação do
viaduto Rubens Paiva, em Cubatão; e a reformulação do trevo de Cubatão, na junção das
rodovias Cônego Domênico Rangoni e Imigrantes. Mas nenhuma das intervenções ficará
pronta antes do fim de 2011. A possibilidade de construir uma ligação seca de cargas entre
as margens direita e esquerda do porto (Santos e Guarujá) também está em estudo
embrionário. Daí a alternativa mais imediata ser limitar o tráfego de veículos leves na
rodovia Anchieta de segunda a sexta-feira, liberando a descida apenas para o transporte de
cargas. "Já fizemos publicidade para que os veículos de passeio não usem a Anchieta", disse
Arce. A descida de carretas pela segunda pista da Imigrantes é proibida, pois há veículos que
não possuem sistema de freios adequados e seria praticamente impossível fazer essa
triagem, diz o secretário.
O porto de Santos terminou a década de 90 com pouco mais de 42 milhões de toneladas
movimentadas. Confirmadas as expectativas da Codesp (estatal que administra o
complexo), encerrará este ano com 94 milhões de toneladas - em 11 anos terá duplicado o
volume, mas com a mesma infraestrutura de acesso.
De acordo com dados da Ecovias, concessionária do sistema Anchieta-Imigrantes, que liga
São Paulo à Baixada, o número de caminhões que desceram a Serra do Mar em julho e
agosto deste ano superou em 20% os volumes dos mesmos meses de 2009, chegando a
quase 18 mil carretas por dia. Visto que a matriz de transporte é irracional - 85% da carga
movimentada no porto entra ou sai sobre rodas - e que o complexo continua batendo
recordes mensais, cenas de congestionamentos quilométricos na entrada da cidade se
tornaram recorrentes.
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