CONTRIBUIÇÕES PARA A COMPREENSÃO SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM CURSOS DA MODALIDADE A DISTÂNCIA Mara Lúcia Ramalho 1 - UFVJM Cláudia Elizabeth Baracho 2 - UFVJM Arlete Barbosa dos Reis3 - UFVJM Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas. Agência Financiadora: UAB-Universidade Aberta do Brasil. Resumo A modalidade da educação à Distância constitui-se um valoroso instrumento de formação para professores, legitimado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – Lei nº 9.394/96. Neste contexto de valorização da formação continuada é que se insere o presente estudo que tem como objetivo contribuir para a compreensão de significativos indicadores que fundamentam os processos de formação Continuada de docentes ingressantes em cursos na modalidade a distância na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri-UFVJM. Ao ingressar na Educação a Distância da UFVJM, o docente passa a integrar uma estrutura formada pelos coordenadores de curso, diretoria, técnicos, tutores presencial, pedagógicos e a distância. Para o presente estudo, utilizou-se da metodologia de estudo de caso, tendo em vista a análise da prática de docentes e tutores durante o processo de formação continuada. Por meio dos cursos foi possível desvelar aspectos similares e contraditórios da prática de tais profissionais, em relação a dificuldades encontradas na construção de um novo ideário de sala de aula (virtual), a fim de nortear a construção de indicadores para novas propostas de formação continuada. Deste estudo ainda em fase preliminar, percebe-se alguns avanços, em relação ao posicionamento de professores e tutores no que se refere ao relacionamento com os alunos e a construção do AVA, sendo possível identificar o investimento em novas metodologias e na construção de ambientes virtuais mais interativos. Pode-se concluir que a capacidade de reflexão e a interação entre a teoria e a prática são valorosos para a construção de propostas de formação inicial e continuada, em qualquer 1 Doutoranda em Educação: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais- PUC/MG. Professora Assistente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)- Diretoria de Educação a Distância. Vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Instituições Educacionais. E-mail: [email protected] 2 Mestranda em Educação, Cultura e Sociedade: Mestrado Profissional Interdisciplinar em Ciências Humanas (MPICH) pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Professora das redes Pública e Particular da Educação Básica em Minas Gerais. Tutora da Equipe Pedagógica da Diretoria de Educação Aberta e a Distância-UFVJM. E-mail: [email protected] 3 Doutora em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP. Professora Adjunta da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Coordenadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência-PIBID-EaD-Física. Professora do curso de Engenharia Química-Instituto de Ciência e Tecnologia-ICT-UFVJM. e-mail: [email protected] ISSN 2176-1396 32147 processo de aprendizagem, e em especial, na modalidade a distância. Assim a democratização da educação superior e a inclusão não se perde quando consegue-se não só elevar a taxa de matrícula, mas, ampliar a oferta com qualidade. Palavras-chave: Educação a Distância. Formação de professores. Políticas Públicas Educacionais. Introdução A modalidade da educação a distância segundo Nogueira (2003, p.149), começa a partir do século XX a ser largamente difundida, em países da Europa e nos Estados Unidos. De acordo com o mesmo autor, “no Brasil, a EaD surgiu em 1939, com a criação do Instituto Rádio Monitor, seguida das experiências do Instituto Universal Brasileiro, a partir de 1941”. Em tal contexto e a partir dele muitas foram as alterações referentes a inserção nacional de tal modalidade no contexto educacional brasileiro, dentre elas pode-se mencionar a alusão a tal modalidade na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – Lei nº 13.005, de 25 de Junho de 2014, que organiza o Sistema de Educação Escolar Brasileiro em níveis e modalidades de educação e ensino. Segundo o Art. 21 (LDB) os níveis escolares, são formados pela educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e a educação superior, quanto as modalidades é presencial e a distância (LDB, 1996). Assim, historicamente a educação a distância (EaD) tem sido tratada como uma modalidade diferente de educação, em contraposição à educação dita “convencional”, ou “presencial” (TORI, 2010, p.25). Tendo em vista a necessidade de redução da distância física inerente aos processos de educação nesta modalidade, na busca de superação para este grande desafio, as práticas pedagógicas também tem passado por transformações, objetivando o atendimento das exigências dos novos tempos, que introduzem novos elementos como essenciais ao se pensar nos processos didático-pedagógicos. Estes elementos podem ser caracterizados em três importantes pontos, que se constituem objeto do estudo em questão e, portanto, problemáticas da formação docente nesta modalidade. São eles: a construção virtual de uma sala de aula; a construção virtual da imagem de um professor e a construção virtual das relações que se estabelecem entre os sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Especificamente esse relato, do ponto de vista metodológico, se caracteriza como um estudo de caso que ocorre desde 2009 na Diretoria de educação a Distância da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, mas para efeito da produção do presente artigo, realizou-se um recorte temporal no período de 2013-2015, momento em que a 32148 UFVJM, recebe um quantitativo de 12(doze) professores para atuarem com dedicação exclusiva na referida modalidade. Ainda pode-se resaltar que objetivando o rigor científico do estudo, optou-se por ter como ponto de partida a realização de um criterioso levantamento bibliográfico, com vistas a identificar indicadores significativos para a formação dos docentes para atuação na referida modalidade. Assim, tendo definidas as três questões objeto do estudo, optou-se pela análise de tais elementos com ênfase na ação docente. Por assim ser, o avançar das discussões pressupõe uma clareza conceitual em torno do que se entende neste estudo, por educação a distância; Ambiente Virtual de Aprendizagem- AVA e relações entre ensino e aprendizagem. Após tal discussão passar-se-á então apresentação de questões específicas ao universo em análise no estudo de caso em questão. Em primeiro lugar é preciso enfatizar que a educação a distância ainda passa por um processo de conquista da confiabilidade e aceitação da população brasileira e da comunidade acadêmica, devido ao fato de trabalhar com procedimentos diferentes do ensino regular, como por exemplo, dispensar a presença física do professor, bem como o aluno não ser obrigado a cumprir uma carga horária diária em um determinado espaço físico para realizar as atividades previstas pelo curso. Este tem a flexibilidade de realizá-las no local e horário que melhor lhe convir. O que não significa que o aluno não terá nesta modalidade, que disponibilizar tempo para a realização de leituras e outras atividades previstas pelo curso, porém o diferencial é que o faz com maior autonomia. Essa questão da autonomia é um dos pontos que tem feito a educação a distância tornar-se alvo de severas críticas, pois se de um lado ao professor cabe o desenvolvimento de competências que o permita realizar um planejamento da estrutura das aulas e possibilite ao aluno exercer a sua autonomia, por outro lado, o aluno durante o seu processo de formação também precisa conseguir realizar a gestão do seu tempo, para concluir com êxito as atividades previstas como obrigatórias pelos cursos. Como se pode perceber então a construção da automina do aluno, depende de um bom planejamento da estrutura da aula pelo professor, ela não ocorre de forma independente. A educação a distância é uma modalidade que está a cada dia ganhando mais espaço, dado o seu caráter de formação de um grande contingente de professores à medida que atende a profissionais de diferentes regiões do país, superando as dificuldades do acesso geográfico. Assim, no âmbito desse contexto, o presente estudo tem como objetivo contribuir para a compreensão de importantes indicadores que fundamentam os processos de organização da 32149 dinâmica pedagógica que se estabelece no interior do planejamento de aulas para a modalidade a distância. Com esta possibilidade em mãos de inserção das tecnologias da informação e comunicação, ao contexto das práticas pedagógicas o professor vive um momento paradoxal. Por um lado, o mercado de trabalho exige um profissional altamente qualificado, ou seja, um profissional versátil, autônomo, aberto a incorporação de novas tendências e que tenha domínio das tecnologias comuns ao seu tempo. Por outro lado, a esse sujeito em formação em função da construção de um ideário em torno do que caracteriza uma prática pedagógica, na modalidade presencial, ficam restritas as possibilidades de inserção de tais tecnologias a dinâmica pedagógica na modalidade a distância. Importante ressaltar que não se tem a ingenuidade aqui de pensar que a prática pedagógica na modalidade presencial, não pressupõe historicamente do uso de tecnologias, ao contrário o termo tecnologia é aqui entendido como “[...] as ferramentas que auxiliam as pessoas a viverem melhor dentro de um determinado contexto social e espaço temporal” (KENSKI, 2003, p.25). É fato que a tecnologia acompanha o homem desde o início da civilização, pois passamos pela evolução, desde a utilização do osso como uma importante ferramenta para os primeiros humanoides, até o ambiente essencialmente tecnológico em que vivemos. Podendo afirmar então, que se alteram o perfil do professor para o atendimento ás novas exigências e consequentemente alteram-se também as propostas de formação de professores que demanda não somente a utilização das “tecnologias” às práticas pedagógicas, mas das “tecnologias da informação e comunicação”. Após tal exposição, pode-se então atestar que essa nova dinâmica social pautada na informação, traz implicações para a educação, à medida que demanda das escolas a formação de um aluno capaz tanto de acessar o mundo da informação, quanto de filtrá-las, realizar leituras e interpretá-las de acordo com a necessidade do momento, sem, no entanto dispersarse frente ao universo de possibilidades oferecidos pela mídia e pela imprensa. Este processo de incorporação das tecnologias da informação e comunicação às práticas pedagógicas acaba por demandar também do professor o domínio da informação e comunicação que na atualidade é salientado por Kenski (2003, p.26) ao afirmar que, o homem encontra-se num modelo de organização cuja matéria-prima, é a informação. Esta discussão nos arremete a uma importante questão relacionada às relações que se estabelecem neste novo contexto no interior das relações de ensino e aprendizagem, dentre elas pode-se mencionar a utilização das tecnologias para o planejamento e organização de 32150 ambientes virtuais, “as velhas e novas salas de aula” características da modalidade da educação presencial. . Neste sentido, na busca de compreensão acerca do que de fato vem a ser um AVA, faz-se-á necessário segundo Lévy (1996, p. 10) “a clareza acerca de que o virtual que tanto se refere nos dias de hoje, não se opõe ao real e sim ao atual”. Por tal motivo, pode-se aferir que a realidade educacional pressupõe interação com outros sujeitos e objetos de aprendizagem é um elemento necessário ao desenvolvimento de práticas pedagógicas em EaD. Já a virtualização pressupõe a atualização, processo este que parte na maioria das vezes de uma problematização, visando uma posterior solução para um problema, que novamente passará por questionamentos, novas problematizações e um processo de criação. (LEVY, 1996, p. 18). Por assim ser, pode-se assegurar que organizar um ambiente pressupõe para além do domínio do conteúdo a descoberta constante de formas de interação. Nesta questão reside um grande desafio dependendo da especificidade do curso que se pretende desenvolver. Afinal, disponibilizar objetos de aprendizagem é um processo simples mediante aos desafios que o ciclo em cada sujeito estabelece entre questionar, problematizar e criar, bem como os impactos desta vivencia individual nas relações sociais. Neste contexto, se inscreve o presente estudo, por partir do entendimento de que o movimento de ampliação da rede de qualificação docente conduzirá o professor ao domínio de instrumentos indispensáveis a sua atuação no mercado de trabalho e eleva-se então a qualidade da educação ofertada à população. Pois, o acesso a educação se constitui em fator preponderante para a construção de uma sociedade mais crítica. É necessário ressaltar ainda que não se trata aqui de entender a construção do processo educacional com o objetivo de formar o homem educado no sentido de erudito, mas no sentido de ser capaz de adquirir, refletir, construir e reconstruir os próprios conhecimentos. Partindo desse pressuposto, é possível afirmar que “não mais se trata de formar o professor para transmitir regras e conhecimentos acabados, que permitam a ele e aos alunos situarem-se num mundo relativamente estável” (BARRETO, 1997, p.309). Mas, de ampliarem-se as propostas de formação em serviço, enfatizando principalmente a reflexão do professor acerca da sua própria prática. Por fim, pode-se constatar que esse fato tem direcionado o olhar de administradores e educadores para a necessidade de repensar a estrutura organizacional dos cursos de formação de professores, cuja vertente de atuação enfatiza primordialmente a capacidade de entender, planejar e executar as ações de formação na condição de mediador. 32151 Conforme dito anteriormente neste artigo por se tratar de um relato de experiência, serão priorizadas discussões construídas ao longo do desenvolvimento de atividades no interior de uma equipe pedagógica da DEaD/UFVJM, que tem como função principal construir e desenvolver atividades de acompanhamento da prática pedagógica de docentes e também dos tutores. Desta forma, o desenvolvimento do presente relato encontrar-se-á composto por três importantes questões, a saber: a construção virtual de uma sala de aula; a construção virtual da imagem de um professor e a construção virtual das relações que se estabelecem entre os sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, buscando-se a compreensão sobre a relação entre a realidade dos cursos da Diretoria de Educação a Distância/UFVJM e a realidade que se apresenta nos pressupostos teóricos identificados no cenário nacional versando sobre a problemática em questão. Movimento este realizado durante a o processo de processo de revisão bibliográfica. A construção virtual de uma sala de aula A ideia de que a escola é um lugar destinado a formar cidadãos, capazes de assumir a opção pelo seu próprio destino, vem do iluminismo. Entretanto a sala de aula convive tradicionalmente com uma série de impedimentos que interferem no seu propósito de educar. Afinal carrega o peso de uma tradição bem formulada por Pierre Lévy (1996,p.12) quando diz que “a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no falar e ditar do mestre”. Partindo de tal alusão histórica, pode-se afirmar que a sala de aula no contexto atual expressa um processo de incorporação de novos elementos, sem deixar, no entanto, aqueles que a muito a estrutura. Todo ideário de uma sala de aula presencial necessariamente passa pela construção da representação em torno de quatro paredes, lugar para sentar, lousa para escrever, etc... Por assim ser a construção de salas de aula virtual na DEAD/UFVJM adotou como um dos elementos estruturantes, o pressuposto de que uma sala de aula virtual, um AVA demanda a desconstrução/reconstrução de um novo ideário, nem sempre bem aceito por todos os professores, tendo em vista que quebrar paradigmas não é processo fácil. Nesta perspectiva, a sala virtual troca as paredes e constrói um ciberespaço. As cadeiras se veem substituídas por pessoas que não precisam sentar para entrar nesta sala, então estas se tornam desnecessárias. O quadro negro aos poucos é substituído por outros recursos das tecnologias da informação e comunicação, adequados a esta nova realidade, em 32152 especial no caso da UFVJM, pelos recursos disponíveis na plataforma moodle e por outros que se adéquam a realidade de cada sala de aula. Assim pode-se concluir que uma sala virtual permite a produção de conteúdos e canais variados de comunicação e o gerenciamento de banco de dados acerca das informações que circulam no ambiente. Essas características vêm permitindo que um grande número de sujeitos geograficamente dispersos pelo mundo possa interagir em tempos e espaços variados, bem como este novo perfil do aluno EaD indica as novas competências a serem construídas pelo professor, consequentemente, todos estes elementos dão impacto na organização da sala de aula virtual. A construção virtual da imagem de um professor Se anteriormente mencionou-se uma alteração na representação de sala de aula que se construiu historicamente, em consequência não seria possível deixar de relacionar tal mudança com a alteração na imagem que a sociedade expressa por meio das propostas de formação de professores e na legislação vigente no Brasil sobre o novo papel do professor. Tendo em vista o referido processo, alguns elementos passam a ser identificados pela equipe em atuação na DEaD/UFVJM, como necessários à formação docente, dentre eles talvez o mais importante refere-se à capacidade de reflexão. Entendida neste estudo como uma característica dos seres humanos, por sinal é isso que o diferencia dos outros animais. Porém, a expressão professor reflexivo, desde o início dos anos 1990, passou a fazer parte do cenário educacional, tornando-se uma concepção tão vulgar que, a partir daí, rotular um professor como reflexivo passou a ser um ato recorrente. Assim, a equipe pedagógica, por entender como necessário o desenvolvimento dessas capacidades e reconhecer a importância e valor de cada uma delas para a formação de professores, adotou como indicadores para a construção das propostas de formação continuada dos professores e tutores em atuação DEaD/UFVJM, a capacidade de reflexão e de realização da transposição didática de conteúdos, antes ensinados por meio de estratégias do ensino presencial, e no atual contexto na modalidade a distância, visto que essa ação desencadeia o desenvolvimento de todas as outras habilidades. Assim, para avançar nos questionamentos faz-se necessária a reflexão sobre o que o termo reflexão permite buscar a matriz teórica, e reconstruir o contexto cognitivo responsável pela sua formulação (Tiballi 2001, p. 249). Desta forma, o termo professor reflexivo, assim como outras terminologias, vem sendo utilizado com muita frequência e com bastante 32153 intimidade nos cursos de formação, sem que o significado do mesmo seja incorporada pelos professores. O fato é que diferentes termos vão passando a fazer parte do cotidiano da educação, sem, no entanto acontecer de fato uma apropriação pelos docentes dos mesmos. A banalização do termo reflexão tem uma origem histórica. Ancorado nas terminologias pragmatistas, propõe a experiência como princípio orientador da prática. Assimilado pela pedagogia progressista, imprimiu pela crítica sócio-histórica, um novo modo de investigação e de compreensão, onde a teoria e prática formam uma unidade indissociável. Na visão sócio-histórica, é através da teoria que a prática se explica e adquire significado. Para finalizar, pode-se afirmar, no entanto, que durante os cursos na DEaD identificam-se profissionais (professores ou tutores) que defendem a ideia de que esse processo de reflexão pelo qual o sujeito passa durante a sua formação seja essencial. Não havendo, contudo, a autonomia intelectual por parte do professor quando se dicotomiza a teoria e a prática, pois não podemos negar que “toda teoria nasce de uma prática e toda prática pressupõe uma teoria” (Tiballi, 2001, p. 248), e um segundo grupo que aceita de forma superficial este movimento, não se posicionando contrário, mas também não realizando movimentos para a sua própria alteração de paradigmas em relação ao processo de formação. A construção virtual das relações que se estabelecem entre os sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem Diante das mudanças pelas quais passam a sociedade que pressupõe a inserção de novas tecnologias da comunicação e informação aos processos de ensino e aprendizagem, ocorre a disseminação da ideia no contexto nacional de que na educação a distância as relações se processam via internet, e assim professores e alunos assumem um novo posicionamento em relação ao ensino, que demanda do docente a construção de novas perspectivas no que se refere a sua própria atuação. Durante as atividades com professores e tutores, pode-se constatar que em função deste processo de construção de um novo ideário, constrói-se como consequência no decorrer do processo de formação, a intensificação de novas formas de relacionamento, com a utilização das tecnologias da informação e comunicação, a exemplo pode-se mencionar: a opção pelos recursos mediadores do processo de comunicação, como maior utilização de correio eletrônico, Google docs., whatsApp, dentre outros que anterior a este processo eram utilizados muito mais durante as relações informais. 32154 Considerações Finais Não se pode negar que a educação a distância validada pela legislação brasileira e pelas reformas educacionais, amplia as possibilidades de reformulação das propostas de formação de professores, que presenciamos emergir no interior da escola, demandadas por mudanças no contexto social. Este movimento conduz o professor ao enfrentamento de dois desafios: reinventar sua escola enquanto local de trabalho e reinventar a si próprios como pessoas e membros de uma profissão. Em síntese, a revisão bibliográfica realizada durante este estudo indicou de forma preliminar que não é possível no contexto atual formar professores, sem, no entanto levar em conta o caráter reflexivo e de interação entre a teoria e a prática docente. REFERÊNCIAS BARRETO, Elba Siqueira de Sá. Capacitação a distância de professores do ensino fundamental no Brasil. Revista Educação & Sociedade. Campinas, n. 59, agosto, 1997. p. 309-329. ISSN 0101-7330. BRASIL. Casa Civil. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: Casa Civil, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: jan. 2015. _____. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Brasília, DF: Casa Civil, 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm>. Acesso em: jan. 2015. KENSKI, Vani M. Novas tecnologias na educação presencial e a Distância. ALVES Lynn; NOVA, Cristiane (Org.). In: Educação a Distância uma nova concepção de aprendizado e interatividade. São Paulo: Futura, 2003. LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência - O Futuro do pensamento na era da Informática, SP, Ed. 34, 1996a. _____. O que é o virtual. SP: Editora 34, 1996b. NOGUEIRA, Solange Maria do Nascimento. Educação a distância e a formação de educadores. ALVES, Lynn; NOVA, Cristiane (Org.). In: Educação a Distância uma nova concepção de aprendizado e interatividade. São Paulo: Futura, 2003. TIBALLI, Elianda F.A. Considerações pedagógicas sobre formação do professor reflexivo. Revista educativa. v. 4, n. 2, jul/dez, 2001. p. 219-240. 32155 TORI, Romero. Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2010.