antropologia & cultura
carlos joão correia
estudos africanos
filosofia
artes & humanidades
2011-2012/2ºsemestre
“Cultura é o termo sociológico para o comportamento
aprendido [learned behaviour]; comportamento que, no
homem, não lhe é dado à nascença; que não é
determinado pelas suas células germinais como é, por
exemplo, o comportamento das vespas ou das formigas
sociais, mas que deve ser sempre aprendido novamente
por cada nova geração.”
Race and Racism. London: Scientific Book Club. 1943, 9 in Theories of Race and Racism. A
Reader. Ed. Les Back/John Solomos. London: Routledge. 2000, 115.
“Há sociedades em que a Natureza perpetua o mais
ténue modo de comportamento por meio de mecanismos
biológicos, mas tais sociedades não são de homens, são
de insectos. [...] Os insectos sociais representam a
Natureza não disposta a correr quaisquer riscos. O
padrão de toda a estrutura social confia-o ao
comportamento instintivo da formiga. [...] Feliz ou
infelizmente, a solução do homem ocupa o pólo oposto.
Nada da sua organização social tribal, da sua linguagem,
da sua religião local é transportado na sua célula
germinal.”
Patterns of Culture. Boston/N.York: Houghton Mifflin. 1934 [19462], 12 [trad.port.. Lisboa:
Livros do Brasil. 24-25].
Ruth Benedict [1887-1948]
• gestalt [configuração]: “culture and personality school”
• cultura diz-se no plural: culturas
• relativismo cultural
“A cultura, tal como um indivíduo, é um modelo
[pattern] mais ou menos consistente de pensamento
e acção.”
Patterns of Culture. Boston/N.York: Houghton Mifflin. 1934 [19462], 46 [trad.port.. Lisboa:
Livros do Brasil. 59].
“Toda a sociedade humana, onde quer que seja,
realizou [uma] escolha nas suas instituições culturais.
Cada uma delas, do ponto de vista de qualquer outra,
ignora o que é essencial e explora o que é irrelevante.
Uma cultura quase não reconhece valores monetários;
outra tornou-os fundamentais em todos os campos de
comportamento. Numa sociedade, a técnica é
inacreditavelmente desdenhada, mesmo naqueles
aspectos da vida que parecem necessários para
garantir a sobrevivência; noutra sociedade, tão simples
como ela, os aperfeiçoamentos técnicos são
extraordinariamente complexos e admiravelmente
adequados a cada situação. Uma erige uma enorme
superestrutura cultural sobre a adolescência, outra,
sobre a morte, outra ainda, sobre a vida futura.”
Patterns of Culture. Boston/N.York: Houghton Mifflin. 1934 [19462], 24 [trad.port.. Lisboa: Livros
do Brasil. 36].
“Passa-se na vida cultural o que se passa na linguagem [speech]. O número de sons que as
nossas cordas vocais e as nossas cavidades bucais e nasais é praticamente ilimitado. [...] Mas
cada língua tem de escolher os seus [sons] e de os aceitar, sob pena de perder toda a
inteligibilidade.” Patterns of Culture. Boston/N.York: Houghton Mifflin. 1934 [19462], 23 [trad.port.. Lisboa: Livros do Brasil. 35].
TESE
Cultura não é mais do que o sistema de símbolos - símbolos
associados ao conhecimento, aos valores e à acção técnico-prática que transita de geração para geração unicamente através da
aprendizagem no contexto de uma estrutura social.
Ba Gua - Taijitu
SÍMBOLO
[1874-1945]
“O homem vive num universo simbólico. A linguagem, o mito,
a arte e a religião constituem partes deste universo. (…) O
homem já não pode defrontar imediatamente a realidade; não
pode vê-la, por assim dizer, face a face. A realidade física
parece recuar na proporção em que a actividade simbólica do
homem avança. Em vez de lidar com as próprias coisas, o
homem está, num sentido, constantemente em conversa
consigo mesmo. Envolveu-se tanto em formas linguísticas,
imagens artísticas, símbolos artísticos ou ritos religiosos, que
não pode ver ou conhecer seja o que for, excepto pela
interposição deste meio artificial. (...) Razão é um termo muito
inadequado para incluir as formas da vida cultural do homem
em toda a sua riqueza e variedade. Mas todas estas formas
são formas simbólicas. Por isso, em vez de definir o homem
como animal rationale, devemos defini-lo como animal
symbolicum. Assim, podemos designar a sua diferença
específica e podemos entender o novo caminho aberto ao
homem - o caminho para a civilização.”
Cassirer, An Essay on Man. An Introduction to a Philosophy of Human Culture. (1944)
(trad.port. 1960) Lisboa:Guimarães, 33
SÍMBOLO
Claude Lévi-Strauss
(1908-2009)
“Qualquer cultura pode ser considerada
como um conjunto de sistemas
simbólicos na primeira fila dos quais se
colocam a linguagem, as relações de
parentesco, as relações económicas, a
arte, a ciência e a religião. ”
Lévi-Strauss, “Introdução à obra de Marcel Mauss”
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