PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO PINHÃO MANSO
SUBMETIDA A DIFERENTES FONTES DE ADUBAÇÃO
(1)
(2)
(3)
Edmundo da Paz Cabral ; Marice Cristine Vendruscolo ; Rivanildo Dallacort ; Astor Henrique
(3
Nied
1
Acadêmico do curso de Agronomia, UNEMAT, Campus Universitário de Tangará da Serra, Bolsista
2
de Iniciação Científica FAPEMAT, email: [email protected]; Professora Orientadora, Depto de
3
Agronomia, UNEMAT, e-mail: [email protected]; Professor Depto de Agronomia,
UNEMAT, e-mail: [email protected]; [email protected]
RESUMO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta oleaginosa, perene, cujo
óleo pode ser extraído para obtenção do biodiesel. Este trabalho teve o objetivo de
quantificar a produtividade da cultura do pinhão manso submetida a diferentes fontes
de adubação. O experimento foi implantado no dia 19 de dezembro de 2007 e
conduzido no Campo experimental da Universidade do Estado de Mato Grosso UNEMAT, localizado no município de Tangará da Serra. O delineamento
experimental utilizado foi em blocos casualizados, com 9 tratamentos e 4 repetições.
Cada parcela foi constituída por 25 plantas, sendo arranjadas num espaçamento de
4 x 3 metros. Os tratamentos consistiram em diferentes fontes de adubação:
orgânica, mineral, orgânica e mineral. Foram avaliados peso de frutos, peso médio
de frutos, peso de casca, peso médio de sementes e produtividade de sementes.
Observou-se que o coeficiente de variação para as variáveis peso de frutos, peso de
casca e produtividade de sementes, apresentou valores acima da precisão
experimental aceitável, que é de até 30%. Isso se deve ao fato de alguns
tratamentos não terem produzido frutos em um determinado período de colheita,
devido à alta variabilidade genética da cultura.
Palavras-chave: Jatropha curcas L.; oleaginosa; biodiesel; produtividade; adubação
INTRODUÇÃO
O pinhão manso é uma oleaginosa com grande potencial para obtenção de
biodiesel. Poderá ocupar os solos menos férteis e arenosos encontrados no Estado
de Mato Grosso, devido à sua rusticidade, já que é nativa das Américas.
Segundo Nascimento (2006), abre-se espaço para novo modelo de
agricultura, não alimentar, responsável pela produção dessas matérias-primas. Essa
reconversão, além de gerar trabalho no campo, proporcionará mudança na matriz
produtiva rural, alterando o quadro inadequado das monoculturas.
Para Purcino e Drummond (1986), o pinhão manso é uma planta produtora de
óleo, com todas as qualidades necessárias para ser transformado em óleo diesel. É
uma cultura que pode se desenvolver nas pequenas propriedades, com a mão-deobra familiar disponível, como acontece com a cultura da mamona, na Bahia, sendo
mais uma fonte de renda para as pequenas propriedades rurais.
Segundo Möller (2006), possui excelente rusticidade, tolerância à seca,
sementes com teor de óleo de 35 a 38% e a torta pode ser aproveitada na produção
de adubos orgânicos.
Urchei (2006) ressaltou que é preciso conhecer melhor a cultura do pinhão
manso e desenvolver sistemas de produção adequados para cada região.
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a produtividade da cultura do
pinhão manso submetida a diferentes fontes de adubação.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi financiado com recursos da FAPEMAT e conduzido no
Campo Experimental da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT,
localizado no município de Tangará da Serra. O delineamento experimental utilizado
foi em blocos casualizados, com 9 tratamentos e 4 repetições, totalizando 36
parcelas, com dimensões de 20 x 15 m e área de 300 m2 cada. O espaçamento
entre as parcelas e entre blocos foi de 3 m. Cada parcela foi constituída por 25
plantas, sendo formada por 5 linhas com 5 plantas cada, arranjadas num
espaçamento de 4 x 3 metros. A área útil de cada parcela foi composta por nove
plantas, pois foram descartadas as bordaduras.
Cada tratamento correspondeu à quantidades e fontes diferentes de adubos,
conforme necessidade determinada pela análise de solo, sendo: T1: testemunha
(sem correção do solo e sem adubação); T2: 2 t/ha de calcário e sem adubação; T3:
aplicação de 10 t/ha de cama de aviário; T4: aplicação de 50 kg/ha de sulfato de
amônio; 1100 kg/ha de superfosfato simples; 85 kg/ha de cloreto de potássio; 11,77
kg/ha de ácido bórico; 28,57 kg/ha de sulfato de zinco; T5: aplicação de 50 kg/ha de
sulfato de amônio; 85 kg/ha de cloreto de potássio; 850 kg/ha de hiperfosfato
natural; 11,77 kg/ha de ácido bórico; 28,57 kg/ha de sulfato de zinco; T6: 10 t/ha de
cama de aviário; aplicação de 50 kg/ha de sulfato de amônio; 1100 kg/ha de
superfosfato simples; 85 kg/ha de cloreto de potássio; 11,77 kg/ha de ácido bórico;
28,57 kg/ha de sulfato de zinco; T7: 10 t/ha de cama de aviário; aplicação de 50
kg/ha de sulfato de amônio; 85 kg/ha de cloreto de potássio; 850 kg/ha de
hiperfosfato natural; 11,77 kg/ha de ácido bórico; 28,57 kg/ha de sulfato de zinco;
T8: aplicação de 50 kg/ha de sulfato de amônio; 85 kg/ha de cloreto de potássio;
1100 kg/ha de superfosfato simples; 850 kg/ha de hiperfosfato natural; 11,77 kg/ha
de ácido bórico; 28,57 kg/ha de sulfato de zinco; T9: 10 t/ha cama de aviário;
aplicação de 50 kg/ha de sulfato de amônio; 85 kg/ha de cloreto de potássio; 1100
kg/ha de superfosfato simples; 850 kg/ha de hiperfosfato natural; 11,77 kg/ha de
ácido bórico; 28,57 kg/ha de sulfato de zinco. Nas parcelas dos tratamentos com
adubação (Tratamentos 3 ao 9) foi realizada correção do solo, utilizando-se 2 t/ha de
calcário, bem como no Tratamento 2.
O experimento foi implantado no dia 19 de dezembro de 2007. As colheitas
dos frutos de pinhão manso foram realizadas quinzenalmente, sendo feitas nos dias
18/06/2008, 02/07/2008, 17/07/2008, 30/07/2008, 13/08/2008, totalizando cinco
colheitas, onde foi quantificado o peso de frutos, peso médio de frutos, peso de
casca, peso médio de sementes e produtividade de sementes.
Foi realizada análise estatística simples para as variáveis avaliadas no
experimento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado da análise estatística simples para as variáveis peso de frutos
(PF kg/ha), peso médio de frutos (PMF g), peso de casca (PC kg/ha), peso médio de
sementes (PMS g) e produtividade de sementes (PRODS kg/ha) do experimento
estão apresentados no Quadro 1.
Quadro 1. Estatística simples para as variáveis peso de frutos (PF kg/ha), peso
médio de frutos (PMF g), peso de casca (PC kg/ha), peso médio de
sementes (PMS g) e produtividade de sementes (PRODS, kg/ha) da cultura
do pinhão manso
Estatística
Variáveis
PF
PMF
PC
PMS
(kg/ha)
(g)
(kg/ha)
(g)
Média Geral
8,00
2,72
2,83
0,97
Desvio Padrão
10,30
0,61
3,88
0,16
Erro Padrão
1,71
0,10
0,64
0,02
Máximo
53,00
3,00
20,00
1,00
Mínimo
00,00
0,00
0,00
0,00
Amplitude
53,00
3,00
20,00
1,00
IC (P<0,05)
3,48
0,20
1,31
0,56
CV (%)
128,79
22,57
136,95
17,14
IC = intervalo de confiança; CV = coeficiente de variação.
PRODS
(kg/ha)
5,16
6,46
1,07
33,00
0,00
33,00
2,18
125,13
No Quadro 1 observou-se que os valores de coeficiente de variação (CV) para
as variáveis peso de frutos (PF), peso de casca (PC) e produtividade de sementes
(PRODS), apresentaram-se acima da precisão experimental aceitável, que é de até
30% (GOMES, 2000). Isso ocorreu devido ao fato de alguns tratamentos não terem
produzido frutos em um determinado período de colheita. Esse fato pôde ser
observado no valor de produtividade de sementes (PRODS), que apresentou valor
mínimo de 00,00 kg/ha ao nível de probabilidade de 5% (P<0,05). O tratamento 3,
com aplicação de 10 t/ha de cama de aviário e o tratamento 8, com aplicação de 50
kg/ha de sulfato de amônio; 85 kg/ha de cloreto de potássio; 1100 kg/ha de
superfosfato simples; 850 kg/ha de hiperfosfato natural; 11,77 kg/ha de ácido bórico;
28,57 kg/ha de sulfato de zinco, apresentaram valores médios de peso de frutos
(PF) a 11,5 % de umidade, de 2,63 e 2,05 g respectivamente. Valores estes, abaixo
dos encontrados por Ribeiro et al.(1999), que trabalhando com recomendações para
o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais, na cultura do pinhão manso,
encontrou valores médios de peso de frutos de 2,85 g. Os demais tratamentos
apresentaram valores médios acima do encontrado por Ribeiro et al.(1999), inclusive
o tratamento testemunha, onde não foi utilizado nenhum tipo de adubação.
Provavelmente isso ocorreu devido à existência de alta variabilidade genética do
material implantado no experimento, proporcionando condições diferentes de
absorção de nutrientes. A produtividade de sementes por ha (PRODS) apresentou
valor máximo de 33 kg/ha. Valor abaixo da estimativa de produtividade do pinhão
manso em lavoura de sequeiro, que é de 90 kg/ha, segundo Tominaga et al. (2007).
Provavelmente essa diferença ocorreu pelo fato de as plantas de pinhão manso
encontradas no experimento apresentarem apenas 180 dias de estabelecimento no
campo e possibilitarem apenas um período de colheita, sendo que há possibilidade
de acontecer até dois períodos de colheita, quando a planta se encontra com uma
média de 365 dias (TOMINAGA et al., 2007). Nesse sentido, os resultados obtidos
no presente trabalho sugerem que os dados das variáveis obtidos sejam
acumulados com os dados de um possível segundo período de colheita, que
ocorrerá, provavelmente, no período das águas, para se ter dados precisos da
influência de diferentes fontes de adubação na cultura do pinhão manso.
CONCLUSÃO
Devido à cultura do pinhão manso, neste experimento, ter iniciado a fase
reprodutiva com 180 dias, a produtividade de sementes por hectare foi baixa, onde
deve-se considerar que equivale a um único período de colheita e deverá haver
outro período de colheita na estação das águas, provavelmente com maior
produtividade.
O alto CV encontrado na análise estatística justifica-se devido à existência de
alta variabilidade genética entre as plantas de pinhão manso, considerando que são
nativas e não foram melhoradas geneticamente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOMES, F.P. Curso de Estatística Experimental, 14ª edição, Editora Degaspari,
2000, 477 p.
MÖLLER, M. Perspectivas do pinhão manso desperta interesse em dia de
campo (08/06/2006). Dourados: EMBRAPA, 2006. Disponível em: www.embrapa.br.
Acesso em: 19/08/2006.
NASCIMENTO, C.A.M. do. Biomassa – bioenergia – agroenergia. IBPS, 2006. 8p.
Disponível em: www.pinhaomanso.com.br. Acesso em: 19/08/2006.
PURCINO, A. A. C.; DRUMMOND, O.A. Pinhão manso. Belo Horizonte: EPAMIG,
1986. 7p.
RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.). Recomendações
para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais, 5ª Aproximação.
Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais – CFSEMG. Viçosa,
1999. 359 p.
TOMINAGA, N.; KAKIDA, J.; YASUDA, E.K. Cultivo de pinhão-manso para
produção de biodiesel. Viçosa: CPT, 2007, 220p.
URCHEI, M. EMBRAPA – Perspectivas do pinhão manso desperta interesse em
dia de campo (08/06/2006). Dourados: EMBRAPA,2006. Disponível em:
www.embrapa.br. Acesso em: 19/08/2006.
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