Teor de Nutrientes em Diferentes Clones de Mandioquinha-Salsa.
José Márcio Ribeiro Oliveira1; Maria Aparecida Nogueira Sediyama2; Maria José Granate2;
Fabrício de Sales Alves Pinto3; Mário Puiatti4
Bolsista DTI – CNPq/EPAMIG-CTZM, Caixa Postal 216, 36.570-000, Viçosa -MG.
E-mail: [email protected];
2/
Pesquisadora EPAMIG-CTZM;
3/
Bolsista Aperfeiçoamento da FAPEMIG/EPAMIG-CTZM;
4/
Professor do Dpto. de Fitotecnia da UVF.
/
RESUMO
O experimento foi conduzido em Viçosa-MG. Oito clones de mandioquinha-salsa, todos
com raízes de coloração amarela, foram plantadas em linhas no espaçamento de 0,8 X 0,4 m,
no delineamento em blocos casualizados, com três repetições. Cada parcela tinha 24 plantas.
Aos doze meses após o plantio, as plantas foram colhidas e as raízes pesadas, classificadas,
lavadas e raspadas para análise de sólidos solúveis, de umidade, de macro e micronutrientes e
de palatabilidade. Para análise de macro e micronutrientes amostras das raízes foram secas
em estufa e moídas. Para avaliação de palatabilidade as raízes foram cortadas e cozidas por
15 minutos em água. As médias das características quantitativas foram submetidas ao teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade. Os clones Araponga, BGH-4550, BGH 5742 e BGH 6525 se
destacaram na produção de raízes comerciais e também em peso de matéria seca. De modo
geral, a variação de produção de matéria seca acompanhou a variação de produtividade.
Todos os clones foram agrupados em conjunto, quanto ao teor de sólidos totais. O clone BGH6417, com reduzida produtividade de raízes comerciais foi o que apresentou maior
concentração de ferro. Raízes de todos os clones foram consideradas de cheiro e sabor
agradável e característico, de consistência macia a firme, para os quinze minutos de cozimento
e aparência boa a muito boa.
Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza, sólidos solúveis, macronutrientes, micronutrientes,
palatabilidade.
ABSTRACT
Nutrient contentes of several Peruvian carrot clones.
The experiment was conducted at Viçosa, MG. Eight Peruvian carrot clones, with yellow
roots, were planted in rows, spaced 0,8 m and 0,4 m between plants, the design was a
complete randomized block, with three replications. Each plot had 24 plants. At twelve months
after planting plants were harvested and roots were weighted, classified, washed and scraped
for analysis of soluble solids, of moist contentes, of macro and micronutrients and of edible
quality. For macro and micronutrient analysis root samples were dryed in stove and hashed. For
edible quality evaluation roots were cut and cooked during 15 minutes in water. Quantitative
traits meens were submitted to Scott-Knott test, at 5% of probability. Clones Araponga, BGH4550, BGH 5742 and BGH 6525 exceeded in commercial roots yield and in dry weight contents.
In general variation of production of dry weight contents followed yield variation. All clones were
grouped together regarding total solid contents. Clone BGH-6417, with small commercial root
yield presented largest iron contents. Roots of every clone were considered of pleasant and
characteristic savoury and flavor, with soft to firm consistency for fifteen minutes of cooking and
with good to very good appearance.
Keywords: Arracacia xanthorrhiza, soluble solids, macronutrients, micronutrients, edible
quality.
A mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Banc.) é provavelmente, a planta mais
antiga cultivada na América do Sul, sendo originária da região andina compreendida pela
Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, nas altitudes de 1700 a 2500 m e com temperaturas
entre 15 e 18 ºC. Em diferentes regiões produtoras do Brasil é nomeada cenoura-amarela,
batata-tupinambá, batata-fiusa, batata-cenoura, batata-jujuba, batata-suiça ou batata-baroa
(Casali e Sediyama, 1997). É uma hortaliça de importante valor econômico, social e alimentar,
possuindo raízes ricas em cálcio, ferro, fósforo, niacina, vitamina A, piridoxina (B6), riboflavina
(B2) e ácido ascórbico (Vitamina C). Por transformação culinária torna-se um alimento muito
nutritivo, de fácil digestão mesmo para idosos e lactentes.
O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a produtividade, a
porcentagem de umidade, o teor de sólidos solúveis, de macro e micronutrientes em raízes
comerciais de oito clones de mandioquinha-salsa, bem como a palatabilidade das raízes após o
cozimento.
MATERIAL E MÉTODOS
Oito clones de mandioquinha-salsa de raiz amarela, selecionadas em experimento
anterior e provenientes do banco de germoplasma de hortaliças da UFV, foram cultivados na
Horta de Pesquisa da UFV, em Viçosa-MG. Os clones usados foram: 1- BGH-6525; 2- BGH4550; 3- BGH-6425; 4- BGH-5747; 5- BGH-5744; 6- BGH-5742; 7- ARAPONGA; 8- BGH-6417,
cultivados no espaçamento de 0,4 X 0,8 m. Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso com
três repetições. A adubação de plantio foi feita de acordo com os resultados da análise do solo,
seguindo as recomendações de Ribeiro et al.,1999. Tanto a irrigação quanto os tratos culturais
foram realizados de acordo com a necessidade da cultura.
A colheita foi feita aos doze meses após o plantio. Após a colheita do experimento, as
raízes de cada repetição foram classificadas em comerciais e não comerciais, depois foram
pesadas, lavadas e secas ao ar. Posteriormente, foram raspadas com auxílio de faca, para
eliminar a epiderme e também foram eliminados dois centímetros de cada extremidade das
raízes. Em seguida, ralou-se em ralo inox uma amostra de raiz de cada repetição, para leitura
de sólidos solúveis totais, em refratômetro digital. Coletaram-se amostras de raízes de cada
repetição, para determinação da matéria seca em estufa de secagem e circulação de ar por 72
horas à temperatura de 65 oC.
Para avaliação das características de palatabilidade, quatrocentas gramas de raízes de
mandioquinha-salsa de cada clone foram picadas em rodelas e depois fragmentadas em quatro
porções semelhantes, colocadas em 500 mL de água fervente e cozidas por quinze minutos,
em fogo brando. Após o esfriamento, por trinta minutos, foram avaliadas por 12 pessoas que
deram parecer quanto ao sabor, cheiro, consistência e aparência.
Após a secagem em estufa, o material foi moído em moinho tipo Willey e levado ao
laboratório para análise dos teores de macro e micronutrientes: N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Cu, Zn
e Mn. Todas as determinações foram feitas com três repetições. Os dados quantitativos foram
submetidos à análise de variância e ao teste de Scott & Knott para agrupar as médias em
subgrupos, dentro dos quais estas não diferem estatisticamente entre si, podendo ser
consideradas homogêneas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados de produção de matéria fresca, matéria seca, porcentagem de umidade e de
sólidos solúveis em raízes comerciais de oito clones de mandioquinha-salsa estão
apresentados na Tabela 1.
Tabela 1- Produção de matéria fresca, de matéria seca, umidade e sólidos solúveis em raízes
comerciais de clones de mandioquinha-sasa. Viçosa, EPAMIG, 2004.
Clones
BGH-6525
BGH-4550
BGH-6425
BGH-5747
BGH-5744
BGH-5742
ARAPONGA
BGH-6417
CV (%)
Produção
Comercial
(t/ha)
19,60 a
23,30 a
17,67 b
17,46 b
12,28 b
22,46 a
25,64 a
13,90 b
18,85
Produção
Matéria Seca
(t/ha)
4,09 a
3,94 a
3,40 b
3,24 b
2,71 b
4,84 a
4,75 a
2,75 b
17,47
Umidade
(%)
78,93 b
83,36 a
80,92 a
81,49 a
77,83 b
78,47 b
81,42 a
80,18 a
1,93
Sólidos
Solúveis
(Brix º)
7,83 a
7,70 a
7,00 a
7,90 a
7,53 a
7,27 a
7,90 a
7,36 a
4,45
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott- Knott
a 5% de probabilidade.
Os clones Araponga, BGH 4550, BGH 5742 E BGH 6525 foram os mais produtivos,
colocados no mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott. Todos os clones avaliados produziram
acima das médias nacional e mineira,12 t/ha, tendo o clone Araponga atingindo a produtividade
máxima encontrada na literatura. Os clones de maior produtividade comercial também
apresentaram a maior produção de matéria seca. De modo geral, a variação de produção de
matéria seca acompanhou a variação de produtividade (Tabela 1).
Todos os clones foram agrupados pelo teste de Scott-Knott em um mesmo grupo,
quanto ao teor de sólidos totais. Este valor, em ºBrix, é medida indicativa de qualidade para
várias hortaliças, o que mostra que todos os clones apresentaram a mesma qualidade quanto a
esta característica (Tabela 1).
Em relação aos teores de cálcio e nitrogênio, todos os clones pertencem ao mesmo
grupo e quanto ao teor em fósforo, apenas o clone BGH-6525 é superior. Os teores de K e S
formaram três grupos, sendo os clones BGH-5747 e BGH-4550 os de maior teor em K e o
clone BGH-5744 o de maior teor em S (Tabela 2).
Tabela 2 - Teor de macronutrientes em raízes comerciais de clones de mandioquinha-salsa.
Viçosa, EPAMIG, 2004
Clones
N
P
K
Ca
Mg
S
(dag/kg)
BGH-6525
0,088 a
2,325 b
0,145 a
0,045 a
0,045 c
1,45 a
BGH-4550
0,115 a
1,63 a
2,575 a
0,107 a
0,038 b
0,041 c
BGH-6425
0,071 a
2,241 b
0,129 a
0,049 a
0,062 b
1,58 a
BGH-5747
0,136 a
1,43 a
2,533 a
0,128 a
0,037 b
0,042 c
BGH-5744
0,066 a
2,325 b
0,130 a
0,041 a
0,083 a
1,05 a
BGH-5742
0,107 a
1,30 a
1,949 c
0,136 a
0,049 a
0,062 b
ARAPONGA
0,115 a
1,782 c
0,112 a
0,031 a
0,064 b
1,22 a
BGH-6417
0,094 a
1,62 a
1,865 c
0,097 a
0,042 a
0,060 b
CV (%)
25,14
7,63
4,73
15,37
11,13
8,09
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott- Knott a 5%
de probabilidade.
Verificou-se que os clones mais produtivos pertencem ao mesmo grupo quanto ao teor
em ferro. O clone BGH-6417, com menor produtividade comercial foi o que apresentou maior
concentração de ferro (Tabela 3).
Raízes de todos os clones foram consideradas, por 72% dos avaliadores em média, de
cheiro agradável, de sabor agradável e característico, de consistência macia a firme, para os
quinze minutos de cozimento e aparência boa a muito boa.
Tabela 3 - Teor de micronutrientes em raízes de clones de mandioquinha-salsa. Viçosa ,
EPAMIG, 2004.
Clones
Fe
Cu
Zn
Mn
(mg/kg)
BGH-6525
20,25 b
6,20 a
3,77 b
1,45 a
BGH-4550
21,83 b
1,63 a
6,20 a
4,02 b
BGH-6425
17,80 b
6,85 a
6,28 a
1,58 a
BGH-5747
20,58 b
1,43 a
4,23 b
3,83 b
BGH-5744
18,15 b
6,50 a
6,62 a
1,05 a
BGH-5742
15,18 b
1,30 a
4,45 b
3,87 b
ARAPONGA
15,45 b
4,98 b
5,50 a
1,22 a
BGH-6417
40,60 a
1,62 a
5,75 a
4,07 b
CV (%)
16,82
16,63
13,15
13,73
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott- Knott
a 5% de probabilidade.
LITERATURA CITADA
CASALI, V.W.D., SEDIYAMA, M.A.N. Origem e botânica da batata baroa. Informe
Agropecuário, v.19, n.190, p.13-14, 1997.
RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES,P.T.G.; ALVAREZ V.;V.H. Comissão de Fertilidade do Solo do
Estado de Minas Gerais. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas
Gerais – 5a Aproximação, Viçosa, MG, 1999. 359p.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FAPEMIG o apoio financeiro ao projeto e a bolsa de pesquisa,
modalidade Aperfeiçoamento, agradecem também ao CNPq a Bolsa de pesquisa , modalidade
DTI, concedida ao primeiro autor.
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Características organolépticas e nutricionais de raízes de mand