ANTIGA RESIDÊNCIA DO EMBAIXADOR DO REINO UNIDO REABILITAÇÃO DO PALACETE Dono de Obra: Lapa Properites - Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado Localização: Lisboa Data do projecto: 2009/2010 Data da obra: 2010/2011 Área de Construção: 2959.7 m2 Arquitectura: Silva Dias Arquitectos Fundações e Estruturas: Projecto: Maria do Carmo Baptista Vieira, Eng.ª Desenho: Abel Gonçalves; Luis Abrantes Maiquel Correia 1. Descrição O Palacete, objecto desta intervenção, está integrado na propriedade que constituía a Antiga Residência do Embaixador do Reino Unido, sita na Rua São Francisco de Borja n.º 63, em Lisboa, tendo constituído a residência do embaixador britânico durante mais de 150 anos, encontrando-se desocupado desde 2003. A intervenção pretendeu melhorar as condições de segurança do Edifício, através da recuperação das zonas degradadas e reforço dos pavimentos, adaptando simultaneamente o edifício ao modo de vida actual e às condições de habitabilidade que o mercado exige, evitando, dentro do possível, alterar o funcionamento estrutural do conjunto. No interior dos fogos, todos eles destinados a habitação, fez-se uma reformulação na organização interna com a criação de novas instalações sanitárias e cozinhas. Deve-se salientar que foram preservadas parte das paredes interiores resistentes, designadamente, as paredes resistentes de frontal das caixas de escadas e da ala de quartos confinante com a Rua da Arriaga. As soluções apresentadas para a reabilitação e reforço do edifício do Palacete, apontaram para o uso de materiais e processos tradicionais neste tipo de intervenções, de acordo com as normas e práticas da boa construção. 2. Aspectos Particulares 2.1. Caracterização da Construção Existente O edifício desenvolve-se em 5 pisos, quatro acima do solo e um parcialmente enterrado. Apresenta uma área de implantação de 706,30m2, e está inserido num lote com uma área de 6.466,6m2. As Coberturas, nos diversos pisos, são asseguradas por estruturas de madeira revestidas a telha e são constituídas por telhados de uma, duas, quatro ou múltiplas águas. O edifício do palacete, tendo como data de início da construção o final do séc. XVIII, mantém ainda uma forte identidade pombalina, com as características construtivas típicas desta edificação. As paredes exteriores resistentes do edifício, que constituem o perímetro exterior, com espessuras variáveis e profusamente fenestradas, são mistas de alvenaria de pedra irregular de boa qualidade, ligada com argamassa de cal, com uma estrutura de “gaiola” em madeira embebida nas paredes de alvenaria. Fig. 1 – Vista da estrutura de “gaiola”da parede exterior, em que se observa os elementos de madeira deteriorados 1/3 ANTIGA RESIDÊNCIA DO EMBAIXADOR DO REINO UNIDO REABILITAÇÃO DO PALACETE As paredes de compartimentação executam a divisão horizontal do espaço definido pelas paredes da envolvente e constituem o travamento de paredes envolventes, pavimentos e cobertura: são paredes de tabique ou, as paredes interiores com características resistentes, nomeadamente, as paredes das caixas de escada, e algumas paredes de compartimentação, são paredes de frontal. Os pavimentos também são assegurados por estruturas de madeira, sendo constituídos por vigamentos de madeira de secção aproximadamente quadrada, sobre os quais assentam as tábuas de solho, que descarregam nas paredes exteriores, em paredes interiores de alvenaria, de frontal e em paredes divisórias de tabique. Os vigamentos de madeira de alguns pavimentos apresentam sinais de deterioração devido à degradação biológica, principalmente nas zonas de “entrega” nas paredes exteriores e nas zonas onde se verificou contacto prolongado com a água, que gerou ou favoreceu ataques de xilófagos, em especial de fungos de podridão. Trata-se de uma construção que se encontra num razoável estado de conservação, mas com a generalidade das paredes exteriores apresentando sinais da presença de humidade, especialmente visível nos apodrecimentos dos elementos de madeira embebidos nas paredes de alvenaria da envolvente. 2.2. Intervenção Proposta A intervenção de reabilitação do edifício pode ser sintetizada nos pontos seguintes: Reparação e Consolidação das Paredes Exteriores de Alvenaria, consistindo na remoção dos rebocos existentes com picagem até aos inertes, seguida de secagem natural dos paramentos. Na face interior das paredes, após remoção dos elementos de madeira deteriorados, e saneamento dos elementos de madeira em bom estado de conservação, procede-se à sua substituição por elementos novos em madeira de pinho bravo, tratada em autoclave. Faz-se ainda um tratamento por pincelagem abundante com um produto insecticida tipo xylofene. As próteses de madeira nova são ligadas aos elementos de madeira existentes por meio de varões de fibra de vidro selados com uma argamassa de epóxido apropriada. Os novos rebocos são constituídos por argamassas de cal aérea e areia, aditivadas com um inerte, tipo pozolana, incluindo uma rede de fibra de vidro tipo S&P, gateada por grampos de aço inox. Reparação e Reforço das Paredes Fendilhadas, faz-se após avivamento das fissuras existentes com injecção de “grout”, utilizando uma mistura contendo cal hidráulica e um inerte tipo pozolana, finalizada com a introdução de grampos em aço inox, no caso de fissuras com aberturas superiores a 10 mm. Abertura de Vãos nas Paredes de Alvenaria, resolvidos com perfis metálicos colocados a par. Nova Caixa do Elevador autoportante, constituída por paredes de betão armado. Substituição de algumas Paredes Resistentes Fig. 2 – Reforços dos pavimentos. Apoio das vigas de reforço nas paredes exteriores Fig. 3 – Reforços dos pavimentos. Apoio das vigas de reforço nas paredes de frontal 2/3 ANTIGA RESIDÊNCIA DO EMBAIXADOR DO REINO UNIDO REABILITAÇÃO DO PALACETE Interiores, de frontal tecido de madeira, que as novas soluções de compartimentação não permitiram conservar, por pares de vigas metálicas, emparelhadas ao frechal de madeira, mantendo assim o apoio dos vigamentos do pavimento existente. Reabilitação de Pavimentos de Madeira através de técnicas de reparação ou consolidação, no caso dos elementos de madeira deteriorados, ou através de técnicas de reforço, no caso dos elementos em que foi necessário aumentar a sua capacidade de carga, ou limitar a deformação da estrutura. O reforço dos pavimentos consiste na introdução de perfilados enformados a frio, tipo ETRAN “U” rigidizado, ou perfilados tipo UPE, emparelhados com os barrotes existentes, solidarizados com peças metálicas de ligação. Novos Pavimentos de Madeira a refazer nas zonas onde os pavimentos originais serão removidos, de acordo com a definição do projecto de Arquitectura, recorrendo à madeira lamelada colada (GL24h) como material fundamental, mas também à madeira maciça em pinho bravo tratado, para os vão mais pequenos. Numa cobertura em terraço, optouse por uma solução mista aço-madeira, com vigamentos em madeira lamelada colada (GL24h), sobre os quais assentam os painéis OSB 3, e a laje de betão leve com 0.06m de espessura. Os conectores serão do tipo “maxi” da Tecnaria. Fig. 4 – Apoio dos novos pavimentos de madeira nas paredes exteriores Fig. 5 – Apoio das vigas metálicas, de suporte aos novos pavimentos, nas paredes exteriores Fig. 6 – Reforço com pares de perfis metálicos emparelhados a paredes de frontal a demolir Fig. 7 – Corte tipo do pavimento misto aço-madeira. Apoio do pavimento na parede de alvenaria existente 3/3