Companhia é incentivo comprovado para fazer exercícios
Publicado em Divulgação científica
03 de janeiro de 2011
Estudo realizado com quase 3,5 mil
moradores de Belo Horizonte demonstra
a boa influência da companhia para
manter a prática de atividades
físicas.
Convidar um amigo ou parente para fazer exercícios físicos em conjunto é
uma motivação a mais para quem quer começar a fazer ginástica. O
benefício foi comprovado por um estudo realizado no Observatório de Saúde
Urbana de Belo Horizonte (OSUBH) da Faculdade de Medicina da UFMG,
coordenado pelos professores Waleska Caiaffa e Fernando Proietti, do
programa de pós-graduação em Saúde Pública. A pesquisa revela que ter uma
companhia para a prática de atividades físicas pode dobrar as chances de
manter o hábito e melhorar a qualidade de vida.
A pesquisa, premiada na Conferência Internacional de Saúde Urbana (ICUH2010), realizada no final de outubro de 2010, em Nova Iorque, classificou
adultos com idades entre 18 e 69 anos das regiões Oeste e Barreiro, em
Belo Horizonte, em três grupos: inativos, insuficientemente ativos e
ativos.
Os 3.454 participantes responderam a um questionário padrão com perguntas
sobre estilo de vida, que incluiu especialmente questões sobre a prática
de atividade física: tempo, frequência e intensidade. Adicionalmente,
foram feitas perguntas sobre o incentivo recebido para exercitar-se, a
disponibilidade e o compromisso de pessoas próximas em fazer companhia
aos entrevistados durante estas práticas.
“Nós identificamos que as pessoas que recebem incentivos de parentes e
amigos para fazer exercícios físicos têm mais chance de manterem-se
ativas. A motivação também é maior quando essas pessoas têm companhia
para praticar as atividades físicas. Quem recebe esse tipo de suporte
social multiplica em 2,64 vezes as chances de atingir ou manter-se nos
níveis de atividade física recomendados pela Organização Mundial da Saúde
(OMS)”, afirma a nutricionista Janaína Goston, uma das autoras do estudo
que analisou a interferência social no estímulo à pratica de atividades
físicas.
“As taxas de sedentarismo reveladas pela pesquisa são alarmantes. Os
entrevistados classificados como inativos somaram 60,3% do total de
participantes, ou seja, 2.083 pessoas disseram que nunca praticam mais de
10 minutos consecutivos de qualquer tipo de atividade física. Descobrimos
que este grupo representa 77,1% das 666 pessoas que não recebem qualquer
tipo de incentivo para se exercitar. Já entre os 760 mais motivados
socialmente, os sedentários correspondem a um número menor, 51,7%”,
relata.
A pesquisadora avalia que o percentual de entrevistados que praticam
exercícios nos níveis recomendados ainda é baixo. “A OMS preconiza que,
para promover benefícios à saúde, são necessários ao menos 150 minutos
por semana que podem ser distribuídos, por exemplo, em 30 minutos diários
de atividades físicas, cinco vezes por semana, Apenas 577 participantes
(16,7%) afirmaram praticar atividades físicas com esta regularidade”,
explica a pesquisadora.
Mapeando mudanças possíveis
Além da influência do suporte social para os exercícios físicos, o OSUBH
pesquisa outras questões relacionadas ao contexto urbano, que podem
influenciar a prática de atividades físicas. Entre elas, destacam-se a
presença de espaço físico adequado e motivador à prática, como parques ou
praças, segurança na vizinhança, presença de passeios, calçadas e
iluminação apropriada que podem ser facilitadores para a prática.
“Vários desses estudos voltados à promoção da saúde estão sendo
desenvolvidos por nosso grupo de pesquisadores, de forma a possibilitar
melhorias contínuas na cidade. Um bom exemplo disso é o programa das
Academias da Cidade: espaços populares para prática de exercícios
físicos, que estão sendo instalados em várias regionais de BH com fins de
promoção da saúde entre jovens, adultos e principalmente os idosos”,
afirma Janaína Goston. De acordo com a pesquisadora, o programa irá
ajudar a prevenção de uma série de doenças crônicas na população, como
obesidade, hipertensão e diabetes.
“Há fatores de risco, como o sedentarismo, a má alimentação e o
tabagismo, que podem ser modificados a partir de mudanças no
comportamento das pessoas. O Observatório de Saúde Urbana da Faculdade de
Medicina da UFMG busca investigar como o contexto social, ambiental e
biológico de pessoas vivendo em grandes centros urbanos pode influenciar
a saúde, e o quanto o processo de urbanização pode impactar na qualidade
de vida das pessoas”, conclui Janaína Goston.
Em 2011, a 10ª conferência Internacional em Saúde Urbana acontecerá em
Belo Horizonte e vários temas relacionados a saúde urbana, políticas
públicas e sociais da saúde serão apresentados e explorados por renomados
pesquisadores da área.
Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG
[email protected] - (31) 3409 9651
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