FI092 Capítulo I Mauro M.G. de Carvalho CAPÍTULO I MEDIDAS E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS 0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7 Algarismo duvidoso Medimos 4,32 Qual o comprimento afinal? É melhor assunir que a medida é1: 4,32 ± 0,05 Qualquer algarismo à direita, no sentido usual de leitura, do primeiro algarismo não nulo é um algarismo significativo Exemplos: 0,02 0,2 2 2,0 2,00 2000 2,0 x 103 1 algarismo significativo 1 algarismo significativo 1 algarismo significativo 2 algarismos significativos 3 algarismos significativos 4 algarismos significativos 2 algarismos significativos 1 Convencionalmente, o erro de medida é a metade da menor escala, no caso ± 0,05. Todavia essa faixa pode ser diminuída de acordo com a exatidão do aparelho de medida e da confiança do experimentador. 1 FI092 Capítulo I Regras de arredondamentos N = 3,87XY N = 3,88 Se X > 5 N = 3,87 Se X < 5 N = 3,88 se Y ≥ 5 N = 3,87 se Y < 5 Se X =5 Operações levando em conta os algarismos significativos Soma: 135 + 2,73 - 10,57 - 4,3 + 0,8 123 Multiplicação e divisão: 24,63 x 12,3 = 302 no de algs.significativos = ao que tem menos 2 Mauro M.G. de Carvalho FI092 Capítulo I Mauro M.G. de Carvalho REVISÃO DE MATEMÁTICA Relações trigonométricas B A C sem B =AC/BC cos B = AB/BC tg B = AC/AB tg B = sem B/cos B Pelo teorema de Pitágoras: cosec B = 1/sem B sec B = 1/cos B (AB)2 +(AC)2 = (BC)2 Dividindo por (BC)2 , temos: sen2B+cos2B = 1 Fig.1 – Triângulo retângulo Dividindo por cos2B, temos: tg2B+1 = sec2B Outras relações trigonométricas: sen(x±y) = senx.cosy ± cosx.seny cos(x±y) = cosx.cosy senx.senyy sen2x = 2senx.cosx cos2x = cos2x – sen2x Gráficos Y (1,4) (-4,2) Representação de pontos (x,y) no gráfico cartesiano. Na figura estão os pontos (1,4); (-4,2); (-3,-3); (2, -5) X Exercício: (a) Marque os pontos (1,1), (3,2), (-2,3), (-4, -1), (-2,3) (b) Marque os pontos (-4,-1), (-2,0), (0,1), (2,2) e (4,3). Em seguida ligue esses pontos. Qual a realção que eles guardam entre si? (-3,-3) (2,-5) Fig.2 – Eixos Cartesianos 3 FI092 Capítulo I Mauro M.G. de Carvalho Cosideremos a equação: y = x2 + x - 2 y Calculando y para alguns valores de x (abaixo) podemos traçar a curva ao lado x -3 -2 -1 0 1 2 3 y 4 0 -2 -2 0 4 10 x F Fig. 3 – Parábola Em resumo, gráficos representam o comportamento de y em decorrência da variação de x. Por exemplo y pode ser, o número de crianças nascidas num hospital e x os anos. O gráfico irá mostrar, no eixo y, número de crianças nascidas a cada ano representado no eixo x, cmo se vê abaixo: Número de crianças nascidas 500 400 300 200 1990 1991 1992 4 Ano 1993 1990 FI092 Capítulo I Mauro M.G. de Carvalho Derivada Fixando x1 e fazendo x2 x1 (fig.4a), a secante se transforma em tangente à curva em (x1,y1) (fig.4b) e: y dy x dx y y2 y1 x x2 x1 (a) y y1 x x1 tgα dy dx (b) Fig4: A secante (em vermelho) de transforma em tangente quano x2 → x1 5 FI092 Capítulo I Mauro M.G. de Carvalho dy/dx é a derivada da curva em (x1,y1). Portanto, a derivada num ponto dá a tangente trigonométrica (tgdo ângulo que a tangente geométrica, no ponto considerado, forma com o eixo dos X. 6 FI092 Capítulo I Mauro M.G. de Carvalho VETORES sentido Módulo A direção Nomenclatura: A é normalmente representado por A (em negrito). O módulo de A é representado por A (sem negrito) Se A e B têm o mesmo módulo direção e sentido, então A = B Algumas propriedades importantes: B A Soma de vetores: Método geométrico A A+B A+B B Produto de escalar por vetor A k3A k1A k2A K1>1 0<K2<1 K3<0 Diferença entre vetores: Note que A-B = A + (-B) . Essa operação pode ser visualizada abaixo A-B A -B B 7 FI092 Capítulo I Soma (diferença) de vetores colineares. É só somar (subtrair) seus módulos: Mauro M.G. de Carvalho A A+B 8 FI092 Capítulo I Mauro M.G. de Carvalho EXERCÍCIOS 1) Na figura abaixo, dê o resultado das medidas de AB. A 0 B 1 2 A biol AB = B AB = 0 1 2 biol 0 1 2 biol AB = 0 1 2 biol AB = 2) Quantos algarismos significativos têm os números abaixo: a) 98,75 b) 2,00 c) 0,003 d) 0,0450 e) 3000 f) 1,0 x 103 3) Faça as aproximações solicitadas: a) = 3,14159 Para uma, duas, três e quatro casas decimais b) e = 2,71828 Para uma, duas, três e quatro casas decimais. c).me = 9,1091 x 10-31kg Para uma e duas casas decimais d) e = 1,6021 C Para uma e duas casas decimais 4) Transforme: a) 2,3 mm b) 2,303 m c) 2,8 km d) 2,0 kg e) 2,753 mg →m → mm →m →g →g 6) Calcule x nas figuras a seguir: 9 FI092 Capítulo I 5,0 cm Mauro M.G. de Carvalho 2,0 cm 30o 30o x x (a) (b) 6,0 cm x 30o 75 o 75 o x (d) 4,0 cm (c) 5o 2,0 cm x 60o x 10,0 m (e) (f) 10 FI092 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho CAPÍTULO II Movimento Velocidade média: Velocidade média de um corpo entre dois pontos é o deslocamento desse corpo (distância entre os pontos) por unidade de tempo, ou seja, a razão entre o deslocamento e o tempo em que esse deslocamento foi feito. v = S/t S é o deslocamento, medido em metros no sistema internacional (SI), e t é o tempo decorrido durante o deslocamento, medido em segundos no SI. A unidade de velocidade é o m/s no SI. Uma unidade muito usada na prática é o km/h. Aplic.1: Transforme: a) 10 m/s em km/h. b) 80 km/h em m/s R: a) 36 km/h; b) 22,2 m/s Aplic.2: Um automóvel faz a viagem de Campinas a S.Paulo em 1h 30min. A distância entre essas duas cidades é 120 km. Qual a velocidade média na vigem? R: 80 km/h A velocidade média entre um ponto A e outo ponto muito perto de A (distância tendendo a zero) é chamada velocidade instantânea em A. A velocidade indicada no velocímetro de um carro é a velocidade instantânea. Se a velocidade é constante, a velocidade média e a velocidade instantânea são iguais. Aceleração média: Aceleração média de um corpo entre dois pontos é a variação da velocidade do corpo (diferença entre as velocidades nos dois pontos) por unidade de tempo. a = v/t A unidade de aceleração é o m/s2 no SI. A aceleração média entre um ponto A e outo ponto muito perto (distância tendendo a zero) é chamada aceleração instantânea em A. A velocidade indicada no velocímetro de um carro é a velocidade instantânea. Se a aceleração é constante, a aceleração média e a velocidade instantânea são iguais. Aplic. 3: A velocidade de um carro vai de zero a 20 m/s em 10s. Qual sua aceleração média? R: 2 m/s2 Aplic.4: Qual a distância percorrida por um automóvel que mantém uma velocidade de 70 km/h durante 2h? R: 140 km Aplic.5:Uma pedra cai do 3º andar de um prédio (10m do chão). A aceleração da gravidade é 9,8 m/s2 . Qual a velocidade que a pedra chega ao chão? R: 14 m/s Equações do movimento: a) Uniformemente acelerado (aceleração constante): (2) ΔS v o t (1) v = vo + at (3) v 2 v o 2 2a.S Onde: v - Velocidade final vo – Velocidade inicial a – Aceleração t – Intervalo de tempo b) Movimento circular uniforme: Velocidade angular t Velocidade: v =R Aceleração normal: aN = v2/R aN 11 v 1 2 at 2 FI092 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho FORÇAS Leis de Newton 1a Um corpo permanece em repouso ou em movimento retilíneo uniforme se nenhuma força atua sobre ele. dp 2a A taxa de variação do momento de uma partícula é a força resultante que atua sobre ela, isto é: F dt onde p = mv é o momento da partícula (quantidade de movimento). Se a massa m é constante, podemos fazer: F ma 3a À ação de um corpo A sobre um corpo B, existe uma reação igual e de sentido oposto do corpo B sobre A. Obs: Por enquanto vamos sempre usar F = ma Aplic.6: Um bloco de 300,0 kg é puxado por uma força de 60,0N. Determine a aceleração do bloco. R: 0,2m/s2 Torque. Quando uma força atua num corpo sólido, o módulo do torque em relação a um ponto é o produto da força pela sua distância ao ponto de aplicação. x Seja NO o troque da força Fx em relação ao ponto O. Na figura ao lado, teríamos. F3 D4 D3 1 Módulo do torque da força F1 em relação a O 2 Módulo do torque da força F2 em relação a O 3 Módulo do torque da força F3 em relação a O NO = 0 O NO = F2xD2 D2 F1 F2 F4 NO = F3xD3 4 Módulo do torque da força F4 em relação a O NO = F4xD4 Observe que alguns torques giram o sólido num sentido e outros, no sentido inverso. Normalmente assume-se como positivo o torque num dos sentidos e, naturalmente, negativo no sentido inverso Alguns tipos de força: Peso, Normal, Atrito, Tração, Atração gravitacional, Atração / repulsão elétrica, Magnética, Nuclear etc Força de atrito: Quando um corpo está no limite do deslizamento sobre uma superfície, a força de atrito estático é dada por Fa = aN, onde a é chamado coeficiente de atrito estático e é característico das superfícies em contato. N é a força normal entre as superfícies. Força de deslizamento: Quando um corpo desliza sobre uma superfície, a força de atrito de deslizamento é dada por F= dN, onde d é chamado coeficiente de atrito de deslizamento (ou cinético) e é característico das superfícies em contato. N é a força normal entre as superfícies. Normalmente, d < a Condições de equilíbrio para um sólido: Um sólido está em repouso quando a soma das forças e dos torques que atuam sobre ele é nula. Aplic.7: a)Um bloco de 10,0 kg está em repouso sobre um plano inclinado de 30 o. Qual a força de atrito que atua sobre ele? R:50 N 30o b) É possível determinar o coeficiente de atrito entre o bloco e o plano? c) Aumentando o ângulo do plano, verificamos que a partir de 45 o o bloco começa a deslizar. Qual o coeficiente de atrito entre o bloco e o plano? R : =1,0 12 FI092 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Exercícios 1) O tempo de reação do ser humano (TRH) é, em média, 0,2s quando descansado e 0,45s em condições de cansaço. Determine a distância percorrida por um automóvel a 60 km/h entre o instante em que o motorista vê o perigo e o instante em que começa a frear o veículo nas duas condições, descansado e cansado. R: 3m e 7,5m 2) Repita o problema anterior para o caso em que o automóvel está a 100 km/h. R: 5,5m e 12,5m 3) A desaceleração máxima de um carro é de 6,0 m/s 2. Determine a distância mínima para um carro a 60 km/h parar. Repita o cálculo para um carro a 100 km/h. R: 23m e 64m 4) A felicidade. Determine o tempo para um motorista descansado parar seu carro a 60 km/h após ver o perigo. R: 26m. 5) A infelicidade. Determine o tempo para um motorista cansado parar seu carro a 100 km/h após ver o perigo.. R: 76m 6) Um automóvel acelera de 0 a 100km/h em 10s. Determine sua aceleração média e a compare com a da gravidade. R: 2,8m/s2 7) Um automóvel de 1200 kg a 72km/h freia e para em 40 m. Qual sua aceleração? Qual a força de atrito entre os pneus e o chão? R: 5,m/s2 e 6,0x103N 8) Um bloco de gelo é solto no alto de uma rampa que forma um ângulo com a horizontal. Considerando desprezível o atrito entre o o gelo e a rampa, determine a aceleração do gelo. A aceleração da gravidade é g. R: g.sen 9) No problema anterior considere = 30º , g= 9,8 m/s2 e o comprimento da rampa 3,0 m. Calcule a aceleração do bloco e sua velocidade final. 10) Como você pode notar nas figuras ao lado, a parte inferior do esqueleto humano é mais “robusta” que a parte superior. Em particular, observe como as vértebras lombares da coluna são maiores do que as cervicais e dorsais. Dê sua explicação para isso. 13 FI092 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho 11) No exercício mostrado na figura, o torque que o peso exerce sobre o joelho varia com a posição da perna. Calcule o torque para as quatro posições mostradas. R: (a) 36 N.m; (b) 31 N.m; (c) 18 N.m; (d) Não há torque 12) Uma pedra cai de uma altura de 12,0 m em 1,57 s. Determie a aceleração da gravidade. R: 9,7 m/s2 12) Uma carro de 1000 kg para numa ladeira que faz 30º com a horizontal. Qual a força de atrito em cada roda? Use g =10 m/s2 R: 5,0 x 103 N 13) Um homem de 80 kg calçando tamancos empurra um caixote de madeira. Qual a maior massa possível do caixote? R: 80 kg 14) Na figura, a roldana e a corda têm massa desprezível. Determine aceleração do bloco B sabendo que: m A = 2kg, mB = 4kg, g= 10 m/s2 . Considere B a) Não há atrito entre B e a superfície onde se apoia. R: 5 m/s2 b) O coeficiente de atrito estático entre B e a superfície onde se apoia é 0,6. R: 0 14 A FI092 Capítulo III Mauro M. G. de Carvalho CAPÍTULO III TRABALHO & ENERGIA PARTE 1 Trabalho: Quando uma força F constante que atua sobre um corpo se desloca r ao longo de uma reta, o trabalho realizado é definido por W = F.r.cos, onde é o ângulo entre a força F e a direção do deslocamento r. Se a força não é constante e/ou o deslocamento não é em linha em linha reta, a definição de trabalho requer uso de trabalho e deslocamento infinitesimais. Não estudaremos esses casos. A unidade de trabalho é o Joule (J) Aplic. 1: Calcule o trabalho realizado pela força F (constante) nos casos abaixo: F F F F F F d W= d d W= W= Energia: É a capacidade de realizar trabalho Aplic. 2: O bloco da figura tem 2,40 kg de massa e é arrastado por um cabo em cuja extremidade é aplicada uma força constante de 15,0 N. Qual o trabalho realizado pela força que puxa o bloco quando ele é deslocado de A até B sendo 2,00 m a distância entre A e B? Qual o trabalho realizado pelo peso do bloco? Despreze qualquer forma de atrito. R: 30 J ; zero A B 1 5 N Relação entre Trabalho e Energia cinética vo Não havendo atrito, a aceleração do bloco da figura 1 é dada por: a = F/m v F F F FPortanto: v2 = v 2 + 2(F/m).x o x Fig. 1: O bloco de massa m é submetido a uma força constante F. Dividindo todos os membros por 2 e multiplicando por m, temos: (1/2)mv2 = (1/2)mvo2 + F.x Mas F.x é o trabalho W realizado pela força F, e (1/2) mv2 é chamada energia cinética do corpo. Logo podemos escrever : W = (1/2)mv2 – (1/2)mvo2 = Ec Ou seja o trabalho realizado por uma força F sobre uma massa m é igual à variação da energia cinética de m. 15 FI092 Capítulo III Mauro M. G. de Carvalho E se houver atrito? Nesse caso, a força para deslocar o corpo terá que deslocar também a força de atrito f a. Portanto o trabalho de F será igual ao trabalho da força de atrito, fa.x ,mais a variação da energia cinética do bloco. W = Ec + fa.x Aplic. 3: Na aplicação 2, desprezando qualquer forma de atrito, calcular a energia cinética do bloco quando ele está em B supondo que tenha partido do repouso em A.. Calcule também sua velocidade. R: 30 J Aplic. 4: Repita o exercício anterior, considerando que exista uma força de atrito entro o bloco e o piso e que o coeficiente de atrito seja 0,5. R: 6 J Aplic. 5: Um corpo de massa m cai de uma altura h. Qual o trabalho realizado pelo peso do corpo? Qual a energia cinética do corpo quando está no ponto mais baixo de sua queda? Qual sua velocidade? R: mgh; mgh; v = (2gh)1/2 Energia Potencial Uma massa m cai do nível A para B sob a ação do peso, o trabalho da força peso é o mesmo qualquer que seja o caminho seguido: W = p.h = mgh onde h é a altura de A em relação a B (demonstrado em aula). Esta energia é utilizada pela massa para aumentar sua energia cinética. Assim mgh = EcB-EcA . Dizemos então que massa está parada em A A tem uma energia potencial de mgh em relação a B, isto é, ela pode chegar em B com energia cinética de mgh (pode chegar com menos se houver perdas por atrito, por exemplo). Se ela já tiver uma certa energia h cinética em A, ela chegará em B (desprezando qualquer perda) com sua energia cinética aumentada de mhg. Então podemos escrever: B Fig .2: Uma massa m está em A a uma altura h em relação a B EcB = EpAB + EcA EcB = EpAB + EcA - Eperdida (1) desprezando as perdas ou Se houver energia perdida onde EpAB é a energia potencial de A em relação a B. Energia potencial é sempre em relação a alguma referência, isto é, não existe energia potencial simplesmente, só existe energia potencial em relação a uma origem ou referência. No caso anterior, como dissemos energia potencial de A em relação a B, a referência é B. Poderíamos ter usado outra referência. Por exemplo, vamos supor que A esteja a uma altura h1 e B a uma altura h2 de um mesmo piso que tomaremos como referência. A Temos então: EpA = mgh1 EpB = mgh2 ambas em relação ao piso. A energia potencial de A em relação a B será dada por: h B h1 EpAB = EpA - EpB = mg(h1-h2) = mgh (2) como antes. h2 referência (h=0) Fig. 3: A energia potencial só depende de h1 - h2 Podemos escrever a equação 1 da seguinte forma: EcB = EpA - EpB + EcA ou EcA + EpA = EcB + EpB 16 (3) FI092 Capítulo III Mauro M. G. de Carvalho Esta equação é importantíssima! Ela diz que, não importa onde está B, a energia cinética mais a potencial da massa m em B é igual à mesma soma em A. Assim, podemos escrever que, de uma forma geral, quando as forças envolvidas são conservativas, E = Ep + Ec (3) onde E é, a energia mecânica total do sistema. Nem sempre a energia potencial é mgh. A energia potencial entre duas massas, por exemplo, é: Ep = - G.m1m2 / r, onde G = 6,7x10-11 N.m2 é a constante de gravitação universal e r a distância entre as massas m 1 e m2. Todavia, a equação (3) vale sempre (se a força for conservativa!). Aplic. 6: Um carrinho está parado no ponto A de uma montanha russa quando começa a descer. Desprezando as forças dissipativas, qual, será a velocidade do carrinho em B. R: 17,9m/s A 20m B 4m Potência - É a variação da energia por unidade de tempo: P = W/t Unidade: J/s = Watt (W) Aplic. 7: Uma pessoa empurra um bloco de pedra de 20kg, a partir do repouso, com uma força constante de 30N durante 4 segundos. Despreze atritos. (a) Qual o deslocamento do bloco nos 4s ? (b) Qual o trabalho realizado pela pessoa? (c) Qual a potência usada pela pessoa? R: a) 12m; b) 360 J; c)90 W Aplic. 8: Considere que o coeficiente de atrito cinético entre o bloco e o solo na aplicação anterior é 0,2. Qual o trabalho para a pessoa deslocar o bloco a mesma aceleração. R: 840 J Aplic. 9: Mostre que a potência necessária para uma força F manter uma massa com velocidade v é : P= F.v R: 40N, 400 W Aplic. 10: Um carro usa toda sua potência de 60hp para subir uma serra a 18km/h. Qual a força de atrito entre os pneus do carro e a pista? Dado: 1hp = 750W R: 9,0x103N Aplic. 11: Qual a energia em joules consumida por uma casa que consome 150kW.h em um mês? R: 5,4x108 J 17 FI092 Capítulo III Mauro M. G. de Carvalho Exercícios 1) Uma criança brinca num balanço. A figura mostra o balanço na posição de máximo afastamento da posição de equilíbrio. Determine a velocidade da criança quando ela passa pela posição de equilíbrio (a) desprezando o atrito e (b) considerando uma perda de 25% na energia devido às forças dissipativas. Dado: sen37o=0,6 R: (a) 2,8 m/s ; (b) 2,4 m/s 2,0m o 37 2) Qual a energia térmica liberada no sistema de freios de um trem de 1,0x10 7kg que freia para diminuir sua velocidade de 30m/s para 10m/s. Despreze todas as forças que também podem diminuir a velocidade do trem. R: 4x109J 3) A energia potencial acumulada numa mola é dada por (1/2)kx2, onde k é uma constante característica da mola e x sua deformação (em qualquer sentido). Suponha que uma massa de 4,0 g seja colocada na extremidade de uma mola que é comprimida de 10,0 cm. A constante da mola é 103 N/m. Se soltarmos a mola, qual a velocidade máxima atingida pela massa? R: 50m/s 18 FI092 Capítulo III Mauro M. G. de Carvalho CAPÍTULO III PARTE 2 Equilíbrio térmico Quando vários corpos que estão em temperaturas diferentes são colocados em contato, a energia térmica, que chamaremos de calor, se redistribui entre os corpos passando dos mais quentes para os menos quentes até que a temperadora de todos eles seja a mesma. Os corpos que perdem calor têm suas temperaturas reduzidas e os que ganham calor têm suas temperaturas aumentadas. A quantidade Q de calor ganho ou perdido por um corpo quando sua temperatura varia de é: Q = m.c. onde m é a massa do corpo é a variação de temperatura e c o calor específico do material de que é constituído o corpo. O calor específico é característica do material e é dado, usualmente, por cal/g. oC, embora no Sistema Internacional seja dado por J/kg.oC (usar oC ou K (Kelvin) não muda nada no valor do calor específico porque a variação de 1 oC é igual à variação de 1K). Se um material tem um calor específico de x cal/g. oC, então 1g desse material necessita de x calorias para que sua temperatura varie de 1oC. Tabela 4:Alguns calores específicos a 20oC (salvo menção contrária) de alguns materiais e gases a pressão constante Material Alumínio Cobre Porcelana Madeira Água (15oC) gelo (0oC) Vapor d´água (100oC) Corpo humano Ar c (cal/goC ou kcal/kgoC) 0,217 0,092 0,26 0,4 1,000 0,5 0,482 0,83 0,25 Q Define-se a capacidade térmica de um sistema como: C . A capacidade térmica é dada por cal/oC, J/oC etc. A ΔΘ capacidade térmica é usual para caracterizar um sistema, i.é, um conjunto de materiais. Observe que para um material, a capacidade térmica pode ser dada por: C = m.c Calor latente de mudança de estado (L): É o calor necessário para mudar de estado a unidade de massa do material: Q L m Unidade: U(L)= cal/g ; J/kg etc. Tabela 5: Algumas temperaturas de fusão (Tf), ebulição(Te) e alguns calores latentes de fusão (Lf) e evaporação(Lv) Material Oxigênio Etanol Água Alumínio Cobre Tf(oC) -218,8 (54,2K) -114 0 327 1083 Lf(cal/g ou kcal/kg)) 3,3 25 80 90 32 Te(oC) -183(90K) 78 100 2450 2300 Lv (cal/g ou kcal/kg) 51 204 540 2720 1211 Os líquidos podem permanecer líquidos mesmo abaixo da temperatura de solidificação. É o fenômeno da superfusão que ocorre principalmente em capilares, como os capilares que levam a seiva das plantas. Por isso algumas delas podem permanecer vivas mesmo a temperaturas muito abaixo de zero. R: 8,5 g/min 19 FI092 Capítulo III Mauro M. G. de Carvalho Aplic. 12: Um copo metálico de 20 cal/oC está em equilíbrio térmico com 100g de água a 20oC nele contida. Um bloco de Al com 200g de massa é mergulhado na água. Desprezando as trocas de calor com o ambiente, determine a nova temperatura de equilíbrio. R:55oC Dilatação Os materiais variam suas dimensões quando aquecidos. Essa variação, em geral, é um aumento de comprimento (área e volume) quando a temperatura aumenta e vice-versa. O aumento de volume para uma mesma massa faz com que a densidade dos materiais ( = massa/volume) diminua com o aumento da temperatura. Todavia isso nem sempre ocorre. A água tem uma dilatação irregular. Seu volume diminui quando a temperatura aumenta de 0oC a 4oC. Quando se solidifica a água aumenta seu volume causando a quebra de garrafas de vidro, por exemplo (ver gráficos abaixo). Volume Densidade (g/cm3 ) 1,0 g/cm3 Vmin Volume densidade 100oC 4oC 0oC Fig. 6: Gráfico da densidade e do volume de certa massa de água em função da temperatura. Observe que o mínimo de volume corresponde a um máximo de densidade. Na realidade, a variação da densidade da água entre 0 e 4oC é muito pequena (0,015%), mas tem consequências importantíssimas. É interessante mencionar ainda o baixo coeficiente de dilatação térmica do quartzo. Isto permite usá-lo para a confecção de ampolas que podem ser levadas a altas temperaturas e resfriadas rapidamente sem risco de trincas. Além disso, o quartzo não funde. Ele amolece e, dependendo de sua pureza, pode ser usado em temperaturas de até 1500 oC . Aplic. 13: Dê algumas consequências, para a vida, do alto calor específico da água e de sua dilatação irregular. Transporte de calor O transporte de calor se faz por três processos: Condução, convecção e irradiação. Tipicamente, temos: Em sólidos condução; Em fluidos convecção; No vácuo irradiação Pode ocorrer mais de um processo simultaneamente. Por exemplo, condução e convecção nos líquidos, convecção e irradiação nos gases etc. T2 T1 A d Na condução, temos: Q/t = kA(T1-T2)/d , onde Q/t é a taxa de calor transferido de uma face, na temperatura T1, para outra face, na temperatura T 2, de um paralelepípedo onde d é a distância entre as faces e A é a área da seção reta do paralelepípedo. k é a constante de condutividade térmica do material. K é dado por cal/s.m.oC ou J/s.m.oC Fig 7: Condução de calor numa barra 20 FI092 Capítulo III Mauro M. G. de Carvalho Tabela 6: Constante de condutividade térmica de alguns materiais Material Prata cobre Alumínio Aço Inox água Tecidos Humanos sem sangue Lã de vidro Ar k (J/s.m oC) 420 380 200 53 0,56 0,2 0,025 0,023 Na irradiação, temos: Q/t = eA(T14-T24) , onde Q/t é a taxa de calor irradiado por um corpo de área A e temperatura absoluta T1 para um meio cuja temperatura absoluta é T 2. A emissão de radiação dos corpos depende de um fator e chamado emissividade que varia de 0 a 1 dependendo da superfície do corpo. O corpo negro perfeito tem emissividade 1 assim como o branco perfeito tem emissividade zero para a luz visível. Para radiação infravermelha, as pessoas têm emissividade em torno de 0,97 independente da cor da pele. Finalmente, é uma constante que vale 5,67x10-8J/s.m2K4 (constante de Stefan-Boltzmann) 21 FI092 Capítulo III Mauro M. G. de Carvalho Exercícios Obs: Para a resolução dos problemas use as tabelas dos capítulos anteriores se for necessário. 1) Duas barras iguais, uma de cobre outra de alumínio, têm uma de suas extremidades soldadas. A região da solda é aquecida e as duas extremidades são mantidas à mesma temperatura. Qual a razão entre as potências escoadas pelas duas barras. R: 1,9 3) Numa caixa de isopor existe 100g de água a 10 oC. Um pedaço de 300g de um metal desconhecido a 50 oC é colocado dentro da caixa que é fechada. Após algum tempo, verifica-se que a temperatura da água dentro da caixa estabilizou-se a 26oC. Desprezando as perdas de calor, qual deve ser o material desconhecido. R: Alumínio 4) Um fogareiro, que fornece uma potência de 500W, é utilizado para aquecer 100g de gelo fundente contido numa caneca de massa desprezível. Considerando que a eficiência do processo é 80%, qual o tempo necessário para fundir o gelo e levar a água resultante à ebulição. R: 187,5s 22 FI092 Capítulo IV Mauro M.G. de Carvalho CAPÍTULO IV FLUIDOS Hidrostática Pressão média: É a razão entre a força normal a uma superfície de área A e a área A considerada: P= F/A Unidade: u(P)= u(F)/u(A) = N/m2 = Pascal (Pa) Existem outras unidades: Torr, atm, bar, mm de Hg, kgf/cm 2, pound/sq.inch (psi) etc. Todas são usadas até hoje. A tabela 1 dá os fatores de conversão entre as vátias unidades. A unidade torr não está na tabela porqie é igual ao mmHg. A pressãopode ser diferenteda média numa determinada região, mas não estudaremos estes casos m detalhe. Portanto usaremos sempre o termo pressão para a pressão média. Tabela1:Fatores de conversão de unidades de pressão 1 Pa(N/m2) 1 mmHg 1 Bar 1 Psi (lb/in2) 1 atm Pa(N/m2) 1 1,33x102 1x105 6,89x103 1,013X105 mmHg 7,5x10-3 1 750 51,71 760 Bar 1x10-5 1,33x10-3 1 6,89x10-2 1,013 Psi(lb/in2) 1,45x10-4 1,93x10-2 14,5 1 14,7 atm 9,87x10-6 1,32x10-3 0,987 6,8x10-2 1 Na tabela acima o caminho é da linha para a coluna. Por exemplo: 1 atm = 14,7 Psi; 1Bar = 750 mmHg etc Princípio de Pascal: A pressão aplicada a um fluido confinado se transmite integralmente a todos os pontos do fluido. P2+ P P2 P P1 P1+P Sistemas hidráulicos: F1 F2 F1 A1 F F A 1 2 F2 2 F1 A A2 A1 F2 1 P2 A 2 P1 Portanto, se A2>A1 então F2>F1 Aplic. 1: Na figura acima os cilindros 1 e 2 têm raios de 2,0 cm 20,0 cm respectivamente. Determine a força que deve ser feita no cilindro 1 para equilibrar um peso de 4,0 ton no cilindro 2. R:4000N 23 FI092 Capítulo IV Mauro M.G. de Carvalho Aplic. 2: O êmbolo de uma seringa tem 2,0 cm de diâmetro. Que força deve ser exercida sobre ele para injetar um remédio numa veia cuja pressão é 10,0 mm de Hg. R: 2,3x10-5 N Pressão devido a uma coluna de fluido. No fundo da coluna a força será : F = mg = V.g, onde = m/V é a densidade do fluido A pressão será; P = F/A = .V.g /A= A.h/A, onde A é a área da base do tubo. h Portanto: P = .h.g Observe que em todos os casos abaixo a pressão no fundo dos recipientes é a mesma: Aplic. 3: Determine em atmosferas a pressão no fundo de um lago de 10m de profundidade. A pressão atmosférica sobre o lago é 0,94 atm e a aceleração da gravidade 9,8 m/s2. R: 1,91 atm Aplic. 4: Uma pessoa pode conseguir uma pressão de 0,8 atm sugando um tubo. Se um tubo tem uma extremidade imersa num refrigerante, a que altura acima do refrigerante (basicamente água) pode uma pessoa conseguir tomá-lo sugando a outra extremidade do tubo? R: 2 m Pressão total e pressão manométrica : A pressão medida por um manômetro tipo bourdon é a pressão manométrica: Pabs = Pman + Patm Manômetro de Bourdon 24 FI092 Capítulo IV Mauro M.G. de Carvalho Empuxo Princípio de Arquimedes: Qualquer objeto imerso num fluido sofre uma força de baixo para cima igual ao peso de fluido deslocado F2 E = F1 – F2 = P1.A – P2.A = f.h.A.g = f Vig h Ou seja: E = f Vi g F1 Aplic. 5: Uma pedra de densidade 2,7x103 kg/m3 pesa 80 kg. Determine seu peso aparente quando dentro d’água. R: 29,6 kg Aplic. 7: A densidade do gelo é a 0oC é 0,917 g/cm3 e da água a 0oC é 0,970 g/cm3. Determine a fração do volume e gelo que fica imersa quando um bloco de gelo flutua na água. R: 95% Tabela2: Densidade de alguns materiais em g/cm3 ou 103 kg/m3 2,70 8,44 8,8 19,3 7,8 11,3 10,1 2.6 2,7 0.3 – 0,9 0,917 1,7 Líquidos Água (4oC) 1,000 Plasma sanguíneo 1,03 Sangue 1,05 Água do mar 1,025 Mercúrio 13,6 Álcool etílico 0,79 Glicerina 1,26 Azeite 0,92 Gases Ar 1,29x10-3 Oxigênio 1,43x10-3 Metano 0,72x10-3 o Vapor d´água(100 C) 0,60x10-3 Sólidos Alumínio Latão Cobre Ouro Ferro Chumbo Prata Vidro Granito Madeira Gelo(0oc) Osso 25 FI092 Capítulo IV Mauro M.G. de Carvalho Exercícios 1) Um bloco de madeira de densidade 0,7 g/cm3 flutua na água (H20 = 1,0 g/cm3). Qual a porcentagem do volume total do bloco fica submersa? R: 70% 2) Qual a força necessária para manter uma bola de borracha de 20,0 cm de diâmetro é submersa em água. Despreze o peso da bola e faça g = 10 m/s2. O volume de uma esfera é dado por V = 4R3/3. R: 41,9 N 3) Pra afundar uma lata de massa desprezível com 8,0cm de diâmetro e 5,0cm de altura num líquido desconhecido, é necessário colocar um peso mínimo de 800g no seu interior. Determine a densidade do líquido. R: 796 kg/m3 4) Um tubo contendo de mercúrio ( = 13,6x103 kg/m3) está ligado a um balão de vidro conforme mostra a figura. Determine a pressão dentro do balão. R: 0,73 atm 20 cm 26 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho CAPÍTULO V ONDAS Ondas transmitem energia. Existem ondas mecânicas, que necessitam um meio para se propagar, e eletromagnéticas, que se propagam (até melhor) no vácuo. Exemplo de ondas mecânicas – Som Exemplo de ondas eletromagnéticas – luz Quanto ao sentido da vibração, uma onda pode ser v A - Onda longitudinal v B – Onda Transversal Fig. 1: A- onda longitudinal e b- onda transversal Fenômenos ondulatórios Reflexão, Refração, Difração e Interferência reflexão refração transmissão Fig 2 : Reflexão, refração e transmissão de uma onda Fig3.: Difração: Ela é maior em fenda fina Velocidade, comprimento de onda e período (frequência). Período (T) : É o intervalo de tempo mínimo para a repetição do efeito ondulatório. Frequência (f) : É o número de repetições na unidade de tempo. Se o período é medido em segundos, a frequência é medida em Hertz (Hz). A frequência e o período se relacionam através de: f = 1/T Comprimento de Onda (): É a distância percorrida pela onda em um período. 27 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho v A partir das definições acima, temos:: f = 1/T v = vT v = f Na difração, a abertura provocada por uma fenda de largura a é dada por sen(/2) = /a Aplic.1 Considere uma fenda de 5,0m de largura. Determine a abertura de uma radiação vermelha ( = 780nm) e de um radiação violeta ( = 380nm) que passam por essa fenda. R: 18º e 8,7o Raios -9 10 Raios X -6 10 ultravioleta -3 10 infravermelho 0 10 Microondas 3 10 Ondas de rádio Ondas longas Espectro Eletromagnético -12 10 LUZ VISÍVEL 780nm 380nm Máxima sensibilidade do olho humano Fig.4: Espectro eletromagnético 28 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho Polarização da luz: Normalmente a luz vibra em todos os planos que contêm sua linha de propagação, conforme mostra a figura 5. Sentido de propagação da onda Direções de propagação do campo elétrico em quatro instantes distintos Fig. 5: Em cada instante o campo elétrico ( e o magnético) vibram em direções diferentes. A luz é não polarizada, Ao passar por certos materiais - denominados polarizadores – e ao sofrer reflexões, um plano de vibração prevalece sobre os outros e a luz torna-se parcialmente ou totalmente polarizada, com forme mostra a figura 6. . polarizador Eixo do polarizador Direções de propagação do campo elétrico em quatro instantes distintos Sentido de propagação da onda Luz polarizada Fig.6: O polarizador só deixa passar a luz que vibra numa direção tornando-a totalmente polarizada. A luz refletida sob certo ângulo (ângulo de Brewstwer) é altamente polarizada. Isso ajuda muito no aumento de contraste em microscopia óptica e também na fabricação de óculos para sol. Se um polarizador é seguido de outro – chamado analisador – a luz que sair polarizada do polarizador terá sua intensidade diminuída pelo analisador de acordo com o ângulo entre eixos de polarização. Se essa diferença for 90º, dizemos que polarizador e analisador estão cruzados e não sai luz pelo analisador. Se o ângulo entre seus eixos é então a intensidade I que sai do analisador pode se comparada com a que entra (Im) pela lei de Malus : I = Imcos2 A figura 7 ilustra este efeito (a) (b) (c) Fig. 7: (a) Polarizado e analisador com eixos paralelos. A superposição dos dois fica mais ecura dvido à cor dos vidros. (b) Polarizador e analisador cruzados. Nenhuma luz passa na superposição entre eles. (c) acrescentou-se um polarizador que forma uma ângulo de 45o com os outros dois. 29 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho Espectro sonoro Máxima sensibilidade do ouvido humano (3000 a 5000Hz) Faixa audível Infrasom 20 Hz Ultrasom 20000 Hz Fig5: Espectro Sonoro Aplic.2: Determine a faixa de comprimentos de onda audíveis. A velocidade do som no ar é 340m/s. R: 17m e 17mm Aplic.3: Determine a faixa de frequências visíveis. A velocidade da luz no ar 3x108m/s. R: 3,8x1014Hz e 7,9x1014Hz Aplic.4: Uma radiação tem comprimento de onda 6000Å no ar. Determine seu comprimento de onda num meio cujo índice de refração é 1,5. R: 4000 Å Intensidade: Define-se a intensidade de uma onda como a razão entre a potência incidente numa área e a área considerada.: I = P/A A unidade de intensidade é o W/m2. Na prática usa-se muito o W/cm2. Aplic.5: Mostre que a intensidade de uma onda a uma distância R de sua fonte pontual é dada por I = P/4R2, onde P é a potência da fonte. Calcule a intensidade de luz a 2m de uma lâmpada de 100W. R: 2 W/m2 Nível de intensidade: Define-se como = 10 log(I/Io). Apesar do nível de intensidade não ter unidade, criou-se u nome para ele. É o Decibel, cujo símbolo é o dB. Note que também pode-se escrever = 10log(P/Po) 30 25 20 10. log( x) 15 10 5 0 200 400 600 800 1000 x Fig.8: A figura mostra a curva 10.logx versus x. Note que ela não aumenta linearmente. Nosso ouvido comporta-se de forma parecida 30 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho Tabela 1: O efeito da intensidade do som no homem é mostradod na tabela abaixo Nível Do Som (dB) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 140 160 Intensidade (W/m2) Efeitos 1X10-12 1X10-11 1X10-10 1X10-9 1X10-8 1X10-7 1X10-6 1X10-5 1X10-4 1X10-3 1X10-2 1X10-1 1 1X102 1X104 Limite de audição para 1000Hz Farfalhada Sussurro a 1m de distância Casa em silêncio Música suave Escritório Conversa normal Escritório barulhento trânsito intenso Rádio alto, Aula Dentro de um metrô. Danos após exposição prolongada Fábrica, sirene a 30m. Danos para uma exposição de 8h/dia Danos para uma exposição de 30min/dia Hard Rock em ambiente fechado. Limite de dor. Danos em minutos Avião a jato a 30m. Dor forte Rompimento do tímpano 31 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho Interferência: As amplitudes das ondas se somam algebricamente onde elas se encontram. A isso se chama Interferência. As figuras abaixo mostram a interferência entre dois pulsos iguais. À esquerda, temos uma interferência construtiva e ,à direita, uma destrutiva. (a) (b) Fig.9: Interferência construtiva (a) e destrutiva (b) entre dois pulsos No caso de ondas periódicas alguns casos importantes ocorrem. Se a defasagem entre elas é /2 ou um número ímpar de/2 (também dizemos ondas de fase invertidas), a interferência dá uma anulação: /2 A A+B B Fig.10: Interferência destrutiva entre duas ondas progressivas iguais 32 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho Se a defasagem é zero ou um número inteiro de ou um número par de, a interferência dá um reforço : A A+B B Fig.11: Interferência construtiva entre duas ondas progressivas iguais Existem muitas aplicações da interferência, tanto luminosa como acústica. Para a luminosa podemos citar a medida de espessura (ou variação da) de filmes finos. Em acústica, podemos citar a ultra-sonografia de uso corrente na medicina. Ondas Estacionárias Interferência de ondas periódicas iguais e deslocando-se em sentidos opostos dá como resultado uma Onda Estacionária. A característica deste tipo de onda é ter pontos igualmente espaçados cuja amplitude é sempre zero e, exatamente entre esses pontos, pontos cuja amplitude da onda é máxima e igual ao dobro da amplitude das ondas que a Geraram. A figura abaixo mostra duas ondas (vermelha e azul) que se deslocam em sentidos contrários formando uma onda estacionária. Fig.12: Formação de uma onda estacionária 33 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho Aplic.6: Num violão as cordas são fixas nas duas extremidades. A velocidade de uma onda numa corda está ligada à tração T na corda e à sua densidade linear (massa por unidade de comprimento) através da equação v T . Considere uma corda que tem 1,00 g de massa por metro de comprimento. Se usarmos esta corda num violão μ cuja distância entre os pontos fixos das cordas é 65,0 cm, qual deverá ser a tração sobre ela para que vibre na nota C (264Hz) no seu modo fundamental. R: T = 117,8 N Batimento A interferência entre duas ondas periódicas de frequências próximas e deslocando-se no mesmo sentido dá como resultado uma onda de frequência igual à média entre as das duas ondas e uma amplitude modulada com seus valores máximos (em valor absoluto) ocorrendo a uma frequência igual a diferença entre as frequências das duas ondas. Essa frequência é chamada de frequência de batimento entre as duas ondas. 1 X1( x) 0 1 0 10 20 30 40 50 60 40 50 60 40 50 60 x 1 X2( x) 0 1 0 10 20 30 x 1 X1( x) X2( x) 0 1 0 10 20 30 x Fig.13: Formação do batimento. Na figura acima, onda X1 tem frequência f1, a onda X2 tem frequência f2 e a onda X1+X2 tem frequencia (f1 + f2)/2 e sua amplitude é modulada numa frequência f1 - f2. As linhas verdes mostram a posição dos picos das ondas e o resultado da interferência. Aplic.7: Determine a frequência de batimento entre duas notas musicais de 400Hz e 450Hz. R: 50Hz Efeito Doppler 34 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho Uma fonte de ondas em movimento muda o comprimento de onda (frequência) da onda emitida, mas não sua velocidade. Quando uma fonte se aproxima de um observador parado, o comprimento de onda (a frequência) diminui (aumenta). Quando a fonte se afasta do observador parado, o comprimento de onda (a frequência) aumenta (diminui). A B v Fig. 14: Um observador ouve freqüências diferentes se está na frente ou atrás de uma fonte sonora em movimento Na figura 14, vemos que o comprimento de onda quando a fonte está parada (à esquerda) é o mesmo em todas as direções; já com a fonte em movimento, o comprimento de onda é menor para o observador A de quem a fonte se aproxima, e maior para o observador B, de quem a fonte se afasta. O comprimento de onda l1 vale:1= (vs –vf)T = (vs –vf)/f O observador A percebe a frequência da onda como: f A = vs/1 vs Substituindo (1) em (2), temos: fA f (v s v f ) (1) (2) Analise esta equação e entenda porque o observador B percebe uma frequência: vs fB f (v s v f ) Portanto, o sinal + ou – no denominador será usados conforme a fonte afasta-se ou aproxima-se do observador respectivamente. Fonte sonora parada E quando a fonte está parada e o observador em movimento? A velocidade do som percebida pelo observador é : v = vo+ vs (1) Portanto para ele: v = fA , onde fA é a frequência que percebe. Mas = vs/f, sendo f a frequência verdadeira do som. Então podemos escrever: v = vsfA/f Substituindo v em (1), temos: vsfA/f = vo + vs Ou seja: fA vs vo vo vs f vs v vo f Analise esta equação e entenda que quando o observador se afasta da fonte: f A s vs 35 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho Ouvido humano Fig.15: Uma vista interna do ouvido humano Fig. 16: Sensibilidade do ouvido humano. O percentual refere-se a quantos por centos de pessoas seguem a curva. 36 FI092 Capítulo V Mauro M.G. de Carvalho Exercícios: 1) A velocidade do som é mais rápida nos sólidos do que nos gases. Por quê? E o que dizer da velocidade do som nos líquidos? 2) Qual a intensidade do som num ponto onde o nível sonoro é zero? R: 10-12 W/m2 3) Qual o fator mais importante para uma nota musical quebrar um cristal, a frequência ou a potência? R: A frequência 4) Qual o tempo necessário para um ciclo completo de vibração no ultra-som de 2,0 MHz? R: 5,0x10-7 s 5) A velocidade de uma onda numa corda (ou fio) é dada por v T , onde T é a tração e a massa específica linear da corda (massa por unidade de comprimento). Uma corda de aço de 0,5 mm de diâmetro é esticada entre o cavalete e a pestana de um violão. A distância entre esses dois elementos é 65 cm e a densidade do aço é 7,86 g/cm3. Determine a tração com que deve ser esticada a corda para que ela emita a nota C (264 Hz) no seu modo fundamental. R: 181 N 6) Se a nota C (264 Hz) e D (297Hz) de um violão são tocadas simultaneamente, qual será a frequência dos batimentos? R: 33 Hz 7) Quais as frequências de ressonância de um tubo de 34,0 cm fechado numa das pontas e aberto na outra? R: (2n+1)x250 Hz 8) A figura mostra um tubo semi-aberto no qual existia um pó muito fino quando entrou em ressonância com uma onda sonora. Os pontos a, b, c e d são pontos onde o pó ficou acumulado devido ã ressonância. Qual o comprimento de onda da onda sonora? a b 5 cm d c 5 cm 5 cm 5 cm R: 3400Hz 9) Um caminhão desloca-se numa estrada com a buzina ligada. Nominalmente a buzina emite um som de 800 Hz, mas um observador parado na estrada observa 750 Hz. (a) O caminhão aproxima-se ou afasta-se do observador? (b) Qual a velocidade do caminhão? R: Afasta-se a 81,6km/h 11) A trompa de ouvido, muito usada pelos deficientes auditivos até o início do séc. XX, aumenta a intensidade do som devido à diferença de área entre a parte que capta o som e o tímpano. Qual o ganho, em decibéis, de uma trompa com uma entrada de 884 cm2 se a área do tímpano é 0,45 cm2 e a eficiência da trompa para transmitir o som é 5%. R: 20dB 37 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho CAPÍTULO VI ELETRICIDADE A carga elétrica RESULTADO PARCIAL DA EXPERIÊNCIA ATRAI REPELE REPELE ATRAI ATRAÇÃO ! CONTATO NÃO HÁ FORÇA Fig. 1: Experiência que demonstra a existência de dois tipos de carga A experiência demonstra a existência de dois tipos de cargas que, convencionalmente formam denominadas positiva e negativa. As características principais das forças entre cargas são: 1) A força pode ser de atração ou repulsão; 2) A força entre duas cargas tem a direção linha que as une; 3) A força que duas ou mais carga exercem sobre uma carga q é a soma vetorial das forças que cada uma das cargas exerceria sobre q se não existissem as outras (Princípio da Superposição). 4) Vale a lei da ação e reação entre duas cargas Lei de Coulomb O módulo da força entre duas cargas é: FK q 1q 2 r2 Onde K = 9x109 u(SI), q1 e q2 são as cargas em Coulomb(C) e r a distância entre as cargas. O valor de K está ligado ao meio e pode ser expresso como: K=1/(4o) , onde o é a permissividade elétrica do meio (8,85x10 -12 u(SI) no vácuo). A direção da força é a direção da reta que as une e o sentido, depende se a força é atração ou repulsão. 38 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho Exemplos: - + + + + + - (a) C (b) Fig. 2: Atração e repulsão entre cargas e força resultante(azul) na carga C (positiva) usando o princípio da superposição. Aplic. 1: Calcule a força sobre a carga q1= 2,0 C nas figuras abaixo: a) b) q1 q1 3,0C q1 3,0C 3,0m 1,5m d) c) q1 3,0C 3,0m -2,0C 3,0C 1,0m q1 3,0m 39 3,0C 1,0m FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho Campo Elétrico: A intensidade de campo elétrico é definida como: E = F/q A unidade de E é o N/C ou V/m. Aplic. 2: Calcular o campo elétrico num ponto A distante r de uma carga q positiva. Faça uma figura para mostrar o vetor Campo Elétrico. Repita o exercício para uma carga q negativa. R: E = kq/r2 Aplic. 3: O campo elétrico numa certa região é dado por E = 100 (V/m) na direção e sentido do eixo x. Calcule o trabalho para deslocar uma carga de 2 C (a) de (1,0) a (5,0); (b) de (3,0) a (0,0); (c) de (2,0) a (2, 7). As coordenadas estão em metros. R: (a) 8x10-4J ; (b) -6x10-4J; (c) zero Aplic. 4: Na figura abaixo identificar os pontos onde o campo é mais intenso, onde ele é menos intenso e onde ele é zero. Diferença de Potencial (ddp): Def: VA-VB = VAB = WAB /q onde WAB é o trabalho realizado pela força elétrica sobre a carga q durante o deslocamento de q entra A e B. Unidade de VAB é o Volt Essa definição só é possível porque o campo elétrico é conservativo. Aplic. 5: Mostre que o campo elétrico também pode ser medido em V/m. Aplic.6: Duas placas metálicas iguais de 25cm2 são colocadas faca-a-face a uma distância de 1cm. Uma ddp de 100V é aplicada entre as placas. Qual o campo elétrico entre elas. Pode-se demonstrar que o campo entre duas placas é dado, neste caso, por /o, onde é a densidade de carga das placas (carga por unidade de área) e o é a permissividade elétrica do meio (no vácuo (e no ar) o = 8,85x10-12 u(SI)). Calcule a carga nas placas. R: 104V/m; 2,2x10-10C Aplic. 7: Um elétron é acelerado entre dois pontos entre os quais a ddp é 1000V. Considerando que inicialmente sua velocidade era de 10m/s, calcule sua velocidade final. A massa do elétron é 9,1x10 -31kg. R:1,9x107m/s Propriedades específicas dos condutores em equilíbrio elétrico. O campo eletrostático dentro de um condutor é zero. O potencial elétrico dentro de um condutor é constante, logo a ddp entre dois pontos no seu interior é zero. Cuidado! O potencial dentro do condutor não é ZERO e sim constante. Capacitores: São armazenadores de energia. Símbolo: As cargas nas placas dos capacitores são sempre iguais e de sinais opostos. O campo elétrico no seu interior é : E = / onde é a permissividade do meio. A razão k = o é chamada constante dielétrica do meio. 40 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho Capacitância: A capacitância de um capacitor é definida por: C = Q/V Onde Q é a carga na placa positiva do capacitor e V a diferença de potencial entre suas placas. A unidade de C é o Farad (F). Aplic. 8: Calcule a capacitância de uma capacitor de capacitor cujas placas têm área A , distam d entre si e , entre elas existe um dielétrico de constante k. R: C=koA/d Aplic. 9: Aplica-se uma tensão de 100V num capacitor de 20F. Qual a carga no Capacitor. R: 2x10-3C Aplic. 10: Quando um capacitor está carregado, a energia nele armazenada é dada por U= CV2/2. Calcule a energia armazenada no capacitor do exercício acima. R: 0,1 J Aplic. 11: Considere um capacitor carregado e duas lâmpadas, uma de 20W e outra de 100W. Ao se ligar a lâmpada de 100W no capacitor, ela acende e apaga logo depois. Explique o porquê desse comportamento. O que aconteceria se a lâmpada ligada fosse a de 20W. 41 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho A corrente elétrica No caso de corrente constante, matematicamente i é definido por: i = q/t Unidade: A unidade de i é Coulomb/segundo que é chamada Ampère (A). Para haver corrente é necessário haver: 1) Cargas livres (ou quase). 2) Um Campo elétrico (ou, o que vem a ser a mesma coisa, uma ddp). Resistência eletrica : É a resistência que um condutor opõe à passagem de corrente elétrica. É dada pela razão entre a ddp e a corrente no condutor. R = V/I (volt/Ampère) A unidade de R é o Ohm () Lei de Ohm: É constante a resistência de um condutor. A resistência elétrica de um material é diretamente proporcional a seu comprimento (L) e de suas características intrínsecas e inversamente proporcional à área de sua seção reta (A). R ρ L A é a resistividade do material e é medido em Ohm-m ou Ohm-cm. O inverso da resistividade é a condutividade que é medida em Ohm-1-cm-1 A resistividade (condutividade) está ligada ao material. É uma característica intrínseca de cada material.. Resistor : É um elemento passivo que dissipa energia elétrica. Símbolo: Aplic. 12: Determine a ddp num resistor de 100k percorrido por uma corrente de 1mA. R: 100V Aplic. 13: Calcule a ddp nos resistores da figura abaixo onde VAB = 120V. R:24 V e 96V A B 2 8 Gerador: É um elemento que transforma algum tipo de energia em energia elétrica. Símbolo - + Força Eletromotriz (FEM): É a energia por unidade de carga que um gerador fornece às cargas. E = W/q A unidade de FEM é o Volt. Os geradores têm uma resistência interna que dissipa parte da energia que é obtida da sua fonte de energia. A potência útil de um gerador é, portanto: P u = Pf - Pp , onde Pu é a potência útil que um gerador pode fornecer, P f é a potência fornecida pelo sua fonte de energia (química, mecânica, solar etc) e Pp é a energia dissipada no gerador (internamente). Energia e potência elétrica Se V é a ddp entre dois pontos, então, pela própria definição de V , W = qV ., mas sendo q = it, temos: W = V.i t Evidentemente, a potência será: P = Vi Obs: Como a potência é definida por P=W/t , temos que W = P.t. Portanto, se multiplicarmos a potência por qualquer unidade de tempo, teremos energia. Uma unidade de energia muito usada é o kW.h. 1kWh é a energia gasta (ganha) durante 1 hora por um aparelho que dissipa (absorve) 1kW. Em Joules essa energia corresponde a: 42 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho 1Kw.h= 1000Wx3600s = 3,6 x 106J A conta de luz: A energia gasta em sua casa é medida em kWh (quilowatt hora). Se o ferro de engomar que dissipa 500W fica ligado durante 1 hora, a energia consumida é de 500Wh. Um chuveiro elétrico que dissipa 3000W, consome 3000Wh (3kWh) em 1hora. A companhia de luz cobra cada kWh que você gasta em seus equipamentos elétricos! Aplic. 14: Num gerador a ddp entre seu terminal positivo e negativo é 10V quando a corrente é 10A. Qual sua potência útil. R: 100W Aplic. 15: Mostre que a potência dissipada numa resistência pode ser dada por : P = Vi = Ri 2 = V2/R Aplic. 16: Se a resistência interna da bateria da aplicação 16 é 0,20, qual sua FEM? R: 12V Aplic. 17: Qual a resistência de uma lâmpada de 60W-120V? R: 240 Aplic. 18: Qual a corrente num chuveiro elétrico de 2200W-220V? R: 10ª Aplic. 19: Se você tem que escolher entre um chuveiro elétrico de 2200W-120V e outro de 2200W-220V, qual escolheria. 43 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho Magnetismo Existem dois pólos - norte e sul - que não podem existir separadamente. A divisão de um imã gera outros imãs sempre com os dois pólos S S N S N D S N D S N DD N S N Figura 3 – Imãs divididos continuam imãs com dois pólos S N D A passagem de uma corrente elétrica num fio faz aparecer um campo magnético. Isso pode ser constatado pelo movimento de uma agulha magnética colocada sobre o fio, conforme mostra afigura ao lado. Sem corrente Figura 4 - Desvio da agulha magnética devido à corrente no fio. i O fio também sofre ação do campo magnético como pode ser constatado com a experiência mostrada na figura Figura 5 – O condutor sobe quando é colocado num campo magnético demonstrando que aparece uma forçca na corrente devido ao campo magnético F 44 FI092 Capítulo VI S Mauro M.G. de Carvalho v N Figura 6 – O imã em movimento faz aparecer uma corrente na espira circular. Em resumo, campo magnético variando dentro de um circuito fechado gera corrente elétrica Do que acabamos de ver, a conclusão é óbvia: Magnetismo e eletricidade estão intrinsicamente ligados! Força sobre carga em campo magnético Características: B V 1. Força magnética só se manifesta em cargas em movimento; 2. A força magnética é perpendicular à velocidade da carga e ao campo magnético (ou seja, ao plano formado por v e B). Portanto, a força magnética não muda o módulo da velocidade ou, em outras palavras, não muda a energia cinética da carga. 3. O módulo da força magnética vale F= qvBsenPortanto, se a velocidade tem a mesma direção do campo, a força magnética é nula. F Figura 7 – Os três vetores v,B e F. Regra da mão direita: Esta é uma regra útil para determinar a direção de um dos três vetores (v, B ou F) conhecendo os outros dois. Figura 8 – A posição da mão direita representando v B e F 45 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho Num plano, se uma força é sempre normal à velocidade o movimento é circular uniforme. Portanto, se uma partícula carregada entra numa região de campo magnético uniforme e perpendicular a sua velocidade, seu movimento será circular e uniforme. Vejamos algumas propriedades desse movimento. Partícula carregada em campo magnético uniforme A força que faz a partícula girar é a força centrípeta que, no caso é a força magnética Fc = FM onde Fc = m v2/R e FM = qvB sen90o , logo: mv2/R = qvB R = mv/qB (Não precisa decorar!) Observe que mv é o momento da partícula, ou seja, p = mv. Logo, podemos escrever: R = p/qB (Não precisa decorar!) R Se expressarmos a energia cinética da partícula em função do momento, o raio da trajetória poderá ser dado em função da energia cinética e da massa da partícula. Isto é muito útil para os espectrômetros de massa com campo magnético (ver exercício 6 da lista 4). F v Figura 9 – Trajetória de uma partícula carregada (no caso, positiva) num campo magnético uniforme Uma importante característica do movimento da partícula é o seu período. Por definição, o período T é o tempo necessário para a partícula completar uma volta:, portanto, como sua velocidade escalar é v, temos: vT = 2R , ou seja, v = 2R/T. Substituindo esta expressão para v na primeira equação para R, temos : T = 2m/qB ou ainda, lembrando que =2/T = qB/m (Não precisa decorar!) que é chamada frequência ciclotrônica. Observe que nem o período nem a frequência ciclotrônica dependem da velocidade da carga. Força sobre um fio que conduz uma corrente i. A corrente num fio é o deslocamento de cargas. O sentido convencional da corrente é o de cargas positivas deslocandose. Logo é de se esperar que um fio sofra ação de campo magnético se estiver conduzindo corrente. L Esta ação é uma força dada por: i F = iBLsen (não precisa decorar!) B Figura 10 – Fio num campo magnético F 46 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho Campo devido a um fio. O campo magnético em torno de um fio retilíneo, infinito (mas nem tanto!) e conduzindo uma corrente i é dado por: B r (ar) i μ i o , onde o é a permeabilidade magnética do vácuo 2ππ e vale: o = 4 x 10-7 u(SI). (Não precisa decorar!) A direção do campo é perpendicular ao fio e o sentido é o do fechamento da mão direita que tem o polegar apontando no mesmo sentido da corrente (isto precisa saber!), conforme mostra a figura 12. Figura 11 – Campo devido a um fio Figura 12 - Regra da mão direita para campo de um fio Aplic. 22: Dois fios paralelos e distantes d entre si conduzem correntes iguais a i1 e i2. Determine a força por unidade de comprimento entre eles: a) no caso das correntes terem o mesmo sentido. R: Atração - F/l = oi1i2/2r b) no caso das correntes terem sentidos opostos . R: Repulsão - F/l = oi1i2/2r 47 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho Campos magnéticos importantes (não precisa decorar as equações!) B i B i Campo no centro de uma espira B= oi/2R i Campo no interior de um solenoide. É aproximadamente uniforme e vale: B = oni, onde n é o número de espiras por unidade de comprimento Fluxo de campo uniforme através de uma superfície plana: É o produto da componente do campo na direção normal à superfície pela área da superfície. = B.A.cos B Lei de Faraday A força eletromotriz induzida num circuito fechado é numericamente igual ao valor absoluto da taxa de variação de fluxo magnético no circuito. E dφ dt A corrente induzida é tal que cria um campo oposto à variação do fluxo. Aplic. 23: Determine a força eletromotriz induzida numa espira quadrada de 2 cm de lado quando o campo magnético uniforme e perpendicular a seu plano varia de acordo com a equação: a) B(t) = 2t R: E = 2V Aplic. 24: No exercício anterior, representar o sentido da corrente. 48 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho Exercícios I- ELETRICIDADE 1) Qual a massa de um grupo de prótons cuja carga total é 1C? Qual a carga total de 1kg de prótons? dado: mp = 1,67x10-27 kg R: 1,04 x 10-8 kg; 9,6 x 107 C 2) A massa de um elétron é 9,1x10-31 kg e a do próton 1,67x10-27 kg. A constante de gravitação universal vale 6,67x10-11 u(SI). calcule a razão entre as forças de atração gravitacional e elétrica entre um próton e um elétron. -4 C 3) Calcule a força sobre uma carga de 10-10 C no pontos A da figura ao lado. R: 0,176 N para baixo. 0,5m 4C 4) O campo elétrico num determinado ponto vale 300V/cm na direção e sentido do eixo X. Qual a força que atuaria numa carga de –2mC colocada no ponto considerado. R: 60 N na direção x e sentido –x 2,5m A 5) A Figura abaixo representa um campo elétrico, através de linhas de força, e quatro pontos . a) Em qual ou quais dos pontos o campo elétrico é mais intenso? b) Em qual ou quais dos pontos o campo é horizontal? c) Em qual ou quais dos pontos o campo pode ser considerado B uniforme? A d) Desenhe o vetor força para uma carga positiva colocada em D; C e) Idem para uma carga negativa colocada em B. D R: a) C; b) A e C; c) A 6) Considere os pontos A, B e B’ do campo elétrico uniforme de 1000V/m representado abaixo. B' A B 0,50 m a) b) c) d) e) f) Qual a força elétrica que atua numa carga de 20 C em A ? E em B? Onde a energia potencial da carga é maior, em A ou em B? Onde o potencial é maior, em A ou em B? Responda aos itens a e b considerando uma carga de –20 C. Determine a diferença de potencial ente B e B’. Desenhe uma equipotencial que passe por A e outra que passe por B. R: a) 2,0x10-2 N no sentido das linhas de força; b) Em A ; c) Em A; d) 2,0x10-2 N no sentido oposto ao das linhas de força; e) 500 V; f) zero 49 FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho 7) Considere um sólido qualquer (uma batata, por exemplo) carregado com carga q positiva. Qual o campo para pontos a uma distância r do sólido, r sendo muito maior que a maior dimensão do sólido. R: É o mesmo que o de uma carga pontual q no lugar do sólido. 8) Num tubo de raios catódicos, um elétron é acelerado, a partir do repouso, por uma diferença de potencial de 16kV. Qual a energia cinética final do elétron? Qual sua velocidade? Dado: me = 9,1 x 10-31 kg R: 16 keV; 7,5x107 m/s 9) Duas placas metálicas de 10x10 cm2 são colocadas face-a-face e ligadas numa fonte de tensão fixa de 500V. Se à distância entre as placas é 10 cm, qual o campo elétrico entre elas? R: 5000 V/m 10) Experiência de Millikan -A massa m de uma gotícula de óleo pode ser facilmente calculada conhecendo seu diâmetro e a densidade do óleo . Suponha que uma gotícula carregada com N elétrons (o que também não é difícil se fazer em laboratório) entra, por cima, numa região entre duas placas paralelas, horizontais e submetidas a uma ddp V que pode ser variada. Um operador (em geral, aluno) observa, através de uma luneta, as gotículas passarem e tenta, até conseguir, parar uma. Conhecendo a massa m da gotícula, a distância d entre as placas, a ddp V aplicada e a aceleração local da gravidade qual a carga da gotícula? Como, com muitas repetições desta medida pode-se chegar ao valor da carga do elétron? ionizador Olho do aluno Fonte de tensão variável ... . . . pulverizador d R: q = mdg/V lâmpada 11) Nos trechos de circuitos abaixo, calcular : a) A corrente em cada resistor; b) A ddp em cada resistor; c) A ddp entre A e C d) A potência dissipada em cada resistor 6 3 B A C 8 I=9A R: a) 3A (6) , 6A(3) e 9A (8); b) 18V (6 e 3e 72V; c) 90V; d) 54W (6), 108W (3) e 648W (8) 12) Na figura, cada lado do hexágono é um fio de resistência 1,0 e C é um capacitor de 20 F. a) Uma tensão de 15 V é aplicada entre A e D. Calcule a corrente em cada fio; b) Nas mesmas condições, determine a carga no capacitor; c) Nas mesmas condições, determine a ddp ente B e C; R: a) 5,0 A; b) 3,0x102 C; c) 5,0 V C D A B 50 E F C FI092 Capítulo VI Mauro M.G. de Carvalho II- MAGNETISMO 1) Uma partícula (2 prótons + 2 nêutrons) com energia de 1,0MeV penetra num campo magnético uniforme de 2000G. A velocidade da partícula é perpendicular ao campo. (a) Determine o raio do círculo descrito pela partícula; R: 0,72m (b) Determine o tempo para a partícula descrever meia volta. R: 6,5x10-7s -27 Mp ≈ Mn ≈ 1,67 x 10 kg 2) Um feixe de elétrons de 10keV penetra numa região de campo magnético uniforme perpendicular a esta folha. A trajetória do feixe é mostrada abaixo. Determine: (a) O(s) sentido(s) do(s) campo(s); R: Entrando na folha no 1o arco e saindo no segundo 3,4cm 3,4cm (b) O(s) módulo(s) do(s) campo(s); R: 200G 3) Na figura abaixo, calcule a força (módulo, direção e sentido) na espira de 40x60 cm2 percorrida por uma corrente de 100mA. O módulo de B é 0,5T. R: 2x10 –2 N 40 cm 60 cm 4) Acelerado por uma ddp V, um feixe de ions positivos de massa m penetra num campo magnético uniforme B conforme mostra a figura abaixo. Os ions têm carga +e (ionização simples). (a) Determine D. (b) Determine D para ions de ionização dupla. Considere íons de H , C e N, todos com carga +e. Para um campo magnético de 0,5T, e ddp V = 10kV, calcule D para os três casos. 2 V 12 2 2V 12 m m R: (a) D (b) D B e B e Canhão de íons D (c)DH= 5,0 cm; DC = 17,4 cm; DN = 18,7 cm 5) Na figura abaixo, o campo magnético cresce. Qual o sentido da corrente induzida?. 51