XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL PERFIL SOCIOEDUCACIONAL DOS COMPRADORES ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES NO ESTADO DO PARÁ E AMAZONAS. Fabrício Lemos de Siqueira Mendes, Universidade Federal do Pará, PA. [email protected] Lígia Terezinha Lopes Simonian, Universidade Federal do Pará, PA. Mauro Márcio Tavares da Silva Universidade da Amazônia, PA INTRODUÇÃO Com imensa biodiversidade, é estimado que o Brasil abranja cerca de 10% de todas as espécies existentes no globo terrestre. E, em se tratando de Amazônia a biodiversidade é uma das características mais marcantes. Nessa região, encontram-se cerca de 60 mil espécies de plantas superiores, 2,5 milhões de espécies artrópodes, 2.000 espécies de peixes e 300 espécies de mamíferos. No que se refere a essa biodiversidade, destacam-se os Animais silvestres (AS), que são aqueles naturais de determinado país ou região, que vivem junto à natureza e dos meios que esta lhes faculta (LOPES, 2003; MARTINS, 2002). Na Amazônia e perda populacional de AS é preocupante, uma vez que a redução das populações de AS ocorre devido ao consumo de carne pelas populações locais (JEROZOLIMSKI e PERES, 2003). Nessa região a população nativa retira mais de 50% de sua proteína da carne animal, fonte de alimento para dieta alimentar. Além disso, essa população mantém o hábito de criar AS para a estimação, em decorrência da herança cultural herdada dos povos indígenas pela população brasileira. Tal realidade alvejou principalmente as aves canoras, o que permite a manutenção desses animais por amor ou hobby (DAVIES, 2002). Com relação à região Norte do Brasil, no nordeste paraense, a população cabocla consome cerca de 20% da proteína animal. Pelos cálculos isso corresponde a um total acima de 67 mil toneladas de carne de caça por ano em toda região. No estado do Amazonas, além da caça, a população ribeirinha utiliza a fauna local como produtos ou subprodutos para tratamentos de saúde, chamados de produtos zooterápicos. Tudo isso tendo as feiras-livres da região como principal ponto de comercialização (PEZZUTI, 2004; SAMPAIO, 2003; TERRA e RÊBELO, 2003). OBJETIVO O estudo em questão teve como objetivo traçar o perfil socioeducacional de frequentadores, que comercializam AS em feiras livres em municípios paraenses e amazonenses. MATERIAL E MÉTODO Local de Estudo: Com uma área de 3.869.637,9 km2, correspondente a 45,27% do território brasileiro, a região Norte é constituída pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. De clima equatorial, é banhada pelos rios grandes da bacia amazônica. Os estados do PA e AM são os mais desenvolvidos dessa região, onde possuem aproximadamente 5.510.849 e 3,8 milhões habitantes, respectivamente. Levantamento dos Dados: Para o levantamento dos dados, selecionaram-se 16 municípios do Pará e do Amazonas. Nas visitas às feiras-livres 1 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL desses municípios identificou-se frequentadores que comercializam AS. Em seguida foi aplicado um questionário. Neste haviam perguntas fechadas relacionadas ao perfil socioeducacional dos entrevistados. Foram entrevistados 320 pessoas. RESULTADOS Nas feiras-livres, das cidades pesquisadas nos estados do PA e AM, a maioria dos entrevistados relatou que residem na própria cidade. Desses, no estado do PA estão residindo a mais de 20 a 30 anos, e no AM entre 15 a 20 anos. Em ambos os estados houve um equilíbrio no que diz respeito ao gênero. Com relação à faixa etária dos entrevistados, nos dois estados a maioria apresentava idade entre 30 a 40 anos de idade. No que diz respeito à frequência com que visitam as feiras livres, nos estado do Pará os entrevistados informaram, em sua maioria, que vão todos os dias, e no Amazonas, houve um equilíbrio, ou seja, vão todos os dias e uma vez por semana às feiras. Os entrevistados relataram que são, na maioria, naturais da cidade onde residem, tanto para o estado do PA como do AM. Para as questões de escolaridade, identificou-se um baixo nível de escolaridade nos dois estados. Destes, a maioria sequer apresentam o ensino fundamental incompleto. DISCUSSÃO Pelos dados obtidos nos estado do Pará e Amazonas, no que se fere aos objetivos da pesquisa, percebe-se necessidade de implementação de Políticas Públicas (PP) em todos os setores. O enfoque sociocultural e econômico, nesse contexto, fortalece para que esse tipo de ação seja mais concreto no plano da conservação e das questões culturais. A aplicação do Desenvolvimento Sustentável não consiste apenas no crescimento de seu PIB, mas também no enfoque social e individual, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. O desafio para diminuir o comércio de AS seria o de gerar, no contexto social e político, a conscientização de preservar e exercer a atividade sustentável (LIMA, 2007). O processo educativo, independente da região, está baseado principalmente na escola, que passa a ser agente de mudanças em todos os aspectos, principalmente no social. Em decorrência da grande carência econômica no interior do Brasil, há significativa contribuição para o aumento da caça predatória e captura de AS (TAMAIO, 2002). Diversos trabalhos diversos realizados em feiras-livres a traçar o perfil socioeducacional dos frequentadores e vendedores, comprova que a maioria possui nível baixo para tais fatores, principalmente, para o educacional. Um desses de relevância em feiras-livres no estado do Pará, mas precisamente na cidade de Abaetetuba, comprovou o baixo nível de escolaridade entre os comerciantes. Dos entrevistados, 83% sequer concluíram o EF (BAÍA JÚNIOR, 2006). CONCLUSÃO Infelizmente, o nível de escolaridade nos municípios visitados é muito baixo. Tanto nos municípios paraenses como nos municípios amazonenses, onde a maioria dos frequentadores das feiras-livres só possui o EFI. Isso leva a crer que a falta de esclarecimentos por escassez de PP e programas de Educação Ambiental. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DAVIES, G. Bushmeat and international development. Conservation biology. v. 16, n. 3, p. 587-589, 2002. JEROZOLIMSKI, A; PERES, C. A. Bringing home the biggest bacon: a cross-site analysis of the structure of hunter-kill profiles. Biological Conservation, v. 11, n. 3, p. 415-425, 2003. LOPES, J. C. A. Operações de fiscalização da fauna: análise, procedimentos e resultados. In: ANIMAIS silvestres: vida à venda. 2. ed. Brasília, DF: Dupligráfica; RENCTAS, 2003. p. 15-49. PEZZUTI, J. C. B.; et al. A caça e a pesca no parque nacional do Jaú, Amazonas. In: BORGES, S. H.; IWANAGA, S.; DURIGAN, C. C.; PINHEIRO, M. R. Janelas para a biodiversidade no Parque Nacional do Jaú. Manaus: Fundação Vitória Amazônica, 2004. p. 213-230. 2 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL SALATI, E. Modificações da Amazônia nos últimos 300 anos: suas consequências sociais e ecológicas. IV ENCONTRO REGIONAL DE TROPICOLOGIA EM BRASÍLIA - Fundação SAMPAIO, P. A. M. Comércio ilegal de carne de animais silvestres em quatro feiras livres do estuário amazônico, Estado do Pará – Brasil. 2003. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) – Universidade Federal do Pará, Centro de Ciências Biológicas, Belém, 2003. TERRA, A. K; RÊBELO, G. H. Produtos da fauna de uso não alimentar comercializados em Manaus – AM. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 4. Fortaleza. Anais… Fortaleza, v.1, p. 31-32, 2003. AGRADECIMENTOS: Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (FIDESA) 3