UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ-UESC PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MEIO AMBIENTE - PRODEMA ALBERTO BARRETTO KRUSCHEWSKY ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO NA CAMINHADA EM TRILHA POR DIFERENTES MÉTODOS ILHÉUS-BAHIA DEZEMBRO-2009 ALBERTO BARRETTO KRUSCHEWSKY ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO NA CAMINHADA EM TRILHA POR DIFERENTES MÉTODOS Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, à Universidade Estadual de Santa Cruz - Uesc. Área de Concentração: Qualidade Ambiental e Saúde Orientadora: Professora Dra Cristina Setenta Andrade Co-Orientador: Professor Mestre Luiz Fernando Paulino Ribeiro ILHÉUS-BAHIA DEZEMBRO-2009 K94 Kruschewsky, Alberto Barreto. Estimativa do gasto energético na caminhada em trilha por diferentes métodos / Alberto Barreto Kruschewsky . – Ilhéus, BA : UESC, 2009. vi, 78 f. : il. ; anexos. Orientadora: Cristina Setenta Andrade. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Inclui bibliografia e apêndices. 1. Caminhada em trilhas – Jussari (BA). 2. Ecoturismo. 3. Caminhada – Aspectos fisiológicos. 4. Aptidão física – Testes. 5. Trilhas – Jussari (BA). 6. Caminhada (Condicionamento físico). I. Título. CDD 796.51098142 ALBERTO BARRETTO KRUSCHEWSKY ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO NA CAMINHADA EM TRILHA POR DIFERENTES MÉTODOS Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, à Universidade Estadual de Santa Cruz-Uesc. Área de Concentração: Qualidade Ambiental e Saúde Orientadora: Professora Dra Cristina Setenta Andrade Co-Orientador: Professor Mestre Luiz Fernando Paulino Ribeiro Ilhéus, 14 de dezembro de 2009 Professora Doutora Cristina Setenta Andrade (Orientadora) Professor Doutor Neylor Alves Calasans Rego (Prodema-Uesc) Professora Doutora Gisele Maria Schwartz (Unesp – Rio Claro) RECONHECIMENTO À minha esposa e filha, Rita Márcia Amorim Mendes e Bárbara Mendes Kruschewsky, companheiras nesta caminhada, pilares de apoio e berço de conforto nos momentos mais difíceis. Sem elas, não teria persistido. Aos meus pais Dante Siuffo Kruschewsky e Lindaura Maria Barretto Kruschewsky, meus irmãos Isabella Kruschewsky, Silvino Kruschewsky Neto e Ivan Barretto Kruschewsky, cujo convívio e estímulo foram decisivos para minha formação enquanto pessoa. Ao amigo e orientador, companheiro de todas as horas, Professor Mestre Luiz Fernando Paulino Ribeiro, que me apresentou à pesquisa, fornecendo elementos essenciais à caminhada, porém permitindo autonomia no desenvolvimento. Obrigado por ter, literalmente, me “carregado” para o mundo acadêmico. Ao Professor Mestre Samuel Macedo Guimarães, amigo, conselheiro e incentivador, determinante no caminho até o mestrado. Ao Professor Dr. Neylor Alves Calasans Rego, estímulo incessante à tentativa para o mestrado no PRODEMA, que esteve sempre aberto, aconselhando e acompanhando esta trajetória. Às companheiras de pesquisa, Médicas Cardiologistas Zaira Jacqueline Pinto Loureiro e Marisa Viggiano Kruschewsky Bastos, que abriram as portas da Policlínica de Ilhéus para realização de testes e avaliações. Aos funcionários, diretoria, médicos e demais sócios da Policlínica, sempre atenciosos e disponíveis. A Eneida Leite Carneiro, do Laboratório D. Eduardo, sensível e prestativa, determinante na minha largada como pesquisador. À professora Adélia Maria Carvalho de Melo, sempre presente, orientando a apoiando, companheira e principal incentivadora nesta volta à universidade; à amiga Ana Carolina de Melo, que se tornou cada vez mais próxima e presente, diretoria do Colégio Nossa Senhora da Vitória, professores e funcionários. A oportunidade de ter trabalhado com vocês durante 5 anos e de tê-los conhecido foi maravilhosa. À vice-reitora da Uesc, Dra Adélia Maria de Melo Pinheiro, colega do ensino fundamental e médio, pela atenção e constante estímulo. À minha orientadora, Cristina Setenta Andrade, pelo rápido acolhimento e apoio incondicional em todas as etapas dessa caminhada. Aos colegas e demais professores do mestrado do PRODEMA, pela colaboração e apoio, em especial a Fabiana Faxina, sempre disponível e atenciosa, apoio determinante na elaboração da defesa. Ao colega, Professor de Educação Física e mestrando em Florianópolis, Thiago Ferreira Sousa, consultor para todos os momentos. A Maria, secretária da coordenação do PRODEMA, pela paciência e atenção. Ao pessoal da Proximus, empresa importadora da marca de frequencímetros Polar, pela sensibilidade e disponibilização do modelo S-810 e adaptador para PC necessários à coleta de dados da pesquisa, nas pessoas de Natureza França, representante para o nordeste, e José Carlos de Seixas, Diretor Geral. Ao professor Marcelo Daneu, responsável principal pelo enraizamento e crescimento da paixão pela atividade física e esporte. Aos meus amigos, a quem saúdo nas pessoas de Frederico José Ramos de Menezes, meu compadre, e do casal João Tude e Luciana Mendonça, sempre presentes em todos os momentos. A Henrique Berbert de Carvalho (homenagem póstuma), Lucélia Berbert e Joel Carvalho, a família da RPPN de Serra do Teimoso, pelo apoio em todas as fases da pesquisa. i ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO NA CAMINHADA EM TRILHA POR DIFERENTES MÉTODOS Autor: Alberto Barretto Kruschewsky – Mestrando em Desenvolvimento regional e Meio Ambiente. Orientadora: Professora Doutora Cristina Setenta Andrade Co-Orientador: Professor Mestre Luiz Fernando Paulino Ribeiro RESUMO A atividade física caminhada, mormente aquela realizada em contato com a natureza, tem sido bastante difundida no atual contexto de crescente urbanização e inatividade da população. Não existe, entretanto, planejamento adequado na disponibilização das opções de trilhas existentes, o que vem trazendo problemas e limitações aos usuários. A necessidade de informações acerca da modalidade, importante para o desenvolvimento do ecoturismo na região sul da Bahia, motivou a presente pesquisa, que tem por objetivo estimar o gasto energético (GE) na caminhada em trilha por diferentes métodos. Para tanto, foi realizado estudo quantitativo e descritivo que incluiu anamnese, avaliação antropométrica e monitoração da freqüência cardíaca em trinta e seis indivíduos saudáveis dos dois sexos (16 no masculino e 20 no feminino) durante caminhada em trilha de 2.109, 13 metros na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Serra do Teimoso, localizada em Jussari –BA, com aplicação posterior dos dados coletados em três equações preditivas do GE (Ainsworth et al, 1993; Hugo, 1999 e Keytel et al., 2005). Os resultados para os três modelos, descritos respectivamente por meio da média e desvio padrão e expressos em Quilocalorias (Kcal), são: 284,01 (46,70); 217,66 (34,71) e 316,80 (81,19). As diferenças se devem às variáveis consideradas em cada um dos modelos adotados, que parecem se adequar à quantificação do GE durante a atividade. Deve-se, entretanto, considerar as limitações do presente estudo, pois existem outros parâmetros que interferem na resposta fisiológica à caminhada na natureza, além daqueles usados pelos autores, que precisam ser contemplados. Portanto, são necessárias mais pesquisas sobre o assunto, uma vez que são escassas as informações existentes sobre a atividade caminhada em trilhas e existe pouca compreensão acerca dos efeitos integrados desta sobre o organismo das pessoas, bem como em relação ao nível de aptidão física exigida para sua prática. Palavras chave: ecoturismo, caminhada, trilhas, gasto energético, freqüência cardíaca ii ESTIMATE OF ENERGY EXPENDITURE IN HIKING TRAILS THROUGH DIFFERENT METHODS Author: Alberto Barretto Kruschewsky – Candidate for Masters of Science in Regional Development and Environment. Advisor: Professora Doutora Cristina Setenta Andrade Co-Advisor: Professor Mestre Luiz Fernando Paulino Ribeiro ABSTRACT Walking as a physical activity, especially one held in contact with nature, has been widespread in the current context of growing urbanization and inactivity of the population. There is, however, no proper planning in the provision of options for existing tracks, which brings problems and limitations to the users. The need for information on the sport, important for the development of ecotourism in southern Bahia, has motivated the present research, which aims at estimating the energy expenditure (GE) to walk along a trail through various methods. For this work it was performed quantitative and descriptive study that included an anamnese anthropometric measurement and monitoring of the heart rate in thirty-six healthy subjects of both sexes (16 men and 20 women) during 2.109, 13 tracking meters in the Natural Private Reserve Heritage - RPPN in Serra do Teimoso, located in Jussari-BA, with subsequent application of the data collected in three equations of GE (Ainsworth et al, 1993; Hugo, 1999 and Keytel et al., 2005). The results of the three models, described respectively by the mean and standard deviation and expressed in kilocalories (Kcal), are: 284,01 (46,70); 217,66 (34,71) and 316.80 (81,19). The differences are due to these variables in each of the models adopted, which seem to fit the quantification of GE during the activity. It should, however, consider the limitations of this study, because there are other parameters that influence the physiological response to walking in nature, than those used by the authors that need to be addressed. Therefore more research is needed on the subject, since there is little information available concerning the activity of hiking trails and there is little understanding of the integrated effects of this on people’s bodies, as well as the level of fitness required for your practice. Palavras chave: ecotourism, hiking, trails, energy expenditure, heart rate iii LISTA DE FIGURAS 1 Localização da Serra do Teimoso em relação a algumas cidades da mesorregião sul Baiana (Fonte: IESB, CARVALHO et al., 2001).................................................. 32 2 Levantamento de hidrografia, planialtimetria e poligonal com localização da trilha da RPPN de Serra do Teimoso, Bahia (Fonte: CARVALHO et al., 2001)..... 37 3 Levantamento com declividades em porcentagem da trilha da RPPN de Serra do Teimoso, Bahia (Fonte: CARVALHO et al., 2001)..................................................... 37 4 Registro da FC durante o percurso na RPPN de Serra do Teimoso, 2009 (Fonte: MFC S-810, software Polar Precision Performance (Polar-Oy Electro).................. 60 iv LISTA DE TABELAS 1 Variáveis S, MCT e MIG, entre os sexos, 2009............................................................................. 46 2 Relação entre a FC média apresentada durante caminhada e a Percepção Subjetiva de Esforço autoavaliada....................................................................................................................... 51 3 Relação entre freqüência cardíaca em repouso (FCR) e gasto energético pelos 3 modelos, na RPPN de Serra do Teimoso, 2009................................................................................................... 58 4 Relação entre capacidade cardiorrespiratória e GE pelos 3 modelos, na RPPN de Serra do Teimoso, 2009................................................................................................................................... 59 5 Relação entre FCR e aptidão física obtida pelo MFC, na RPPN de Serra do Teimoso, 2009.. 59 v LISTA DE QUADROS 1 Sistema de gradação da dificuldade da caminhada com base no tempo gasto, distância percorrida e declividade.................................................................................................................... 2 17 Categorias de graus de dificuldade conforme distância, duração e energia gasta na caminhada em trilhas........................................................................................................................ 41 3 Segmentação da trilha para utilização de valores na equação de HUGO (1999)......................... 42 4 Antropometria dos sujeitos da pesquisa segundo estatura (S), massa corporal total (MCT), porcentagem de gordura corporal (%GC) e massa isenta de gordura (MIG), 2009................... 45 5 Antropometria para os sexos masculino e feminino, 2009............................................................. 45 6 Quadro normativo da capacidade aeróbia máxima (VO2max), segundo a faixa etária, 2009...... 47 7 Comportamento da freqüência cardíaca no grupo e por sexo, 2009............................................. 48 8 Gasto energético (Kcal) por diferentes métodos na atividade caminhada em trilha, na RPPN de Serra do Teimoso, 2009................................................................................................................ 53 vi LISTA DE GRÁFICOS 1 Relação entre MCT e GE calculado pelo modelo de Ainsworth et al. (1993), na RPPN de Serra do Teimoso, 2009.............................................................................................................. 2 Relação entre a FCR e GE calculado pelo modelo de Keytel et al. (2005), na RPPN de Serra do Teimoso, 2009.............................................................................................................. 3 54 58 Relação entre as cotas de altitude e o comportamento da FC em batimentos por minuto (bpm)............................................................................................................................................ 61 SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................ i ABSTRACT........................................................................................................... ii LISTA DE FIGURAS............................................................................................ iii LISTA DE TABELAS........................................................................................... iv LISTA DE QUADROS.......................................................................................... v LISTA DE GRÁFICOS........................................................................................ vi 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 09 2 OBJETIVO............................................................................................................ 12 2.1 Objetivo Geral......................................................................................................... 12 2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 12 3 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 13 3.1 Urbanização, ecoturismo e trilhas .......................................................................... 13 3.2 Controle das atividades em trilhas........................................................................... 15 3.3 Mensuração de atividade física e gasto energético.................................................. 19 4 METODOLOGIA.................................................................................................. 31 4.1 Área do estudo......................................................................................................... 31 4.2 Sujeitos da pesquisa................................................................................................. 32 4.3 Coleta de dados........................................................................................................ 33 4.3.1. Pré-seleção dos sujeitos da pesquisa....................................................................... 33 4.3.2. Determinação do nível de aptidão física dos voluntários, FC máxima (FCmax) e porcentagem da FC de reserva (% FC R)................................................................ 34 4.3.3 Levantamento topográfico da trilha......................................................................... 36 4.3.4 Critérios de exclusão durante a coleta de dados na trilha........................................ 38 4.3.5 Controle do percurso na trilha................................................................................. 38 4.3.6. Percepção Subjetiva de esforço............................................................................... 39 4.4 Tratamento dos dados.............................................................................................. 39 4.4.1. Cálculo do GE na caminhada em trilha com base em três diferentes modelos....... 39 4.5 Análise estatística.................................................................................................... 43 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 44 5.1 Características da amostra....................................................................................... 44 5.2 Capacidade Cardiorrespiratória............................................................................... 46 5.3 Comportamento da freqüência cardíaca.................................................................. 48 5.4 Percepção Subjetiva de Esforço (PSE).................................................................... 50 5.5 Tempo e velocidade média registrados durante o percurso.................................... 52 5.6 Resultados do Gasto energético total na caminhada .............................................. 53 5.6.1. Gasto energético x Idade......................................................................................... 56 5.6.2 Gasto energético e Aptidão física............................................................................ 57 5.6.3 Relação entre gasto energético e freqüência cardíaca............................................. 59 5.6.4 Freqüência cardíaca e características da trilha........................................................ 60 6 CONCLUSÃO........................................................................................................ 62 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 64 8 APÊNDICES E ANEXOS..................................................................................... 74 9 1 INTRODUÇÃO A população mundial experimenta tempos de crescente industrialização, urbanização e desenvolvimento tecnológico que, embora proporcionem conforto, geram problemas, dentre estes a degradação dos recursos naturais e o aumento da inatividade dos indivíduos. A solução envolve questões ambientais e de saúde pública, pois o estilo de vida sedentário está relacionado à redução da qualidade de vida e aumento da morte prematura nas sociedades contemporâneas (VANHEES et al., 2005). A minimização dos efeitos negativos sobre ambiente e população exige adoção de medidas no sentido da preservação da natureza e do estímulo à prática da atividade física. O quadro na região sul da Bahia não é diferente, pois a crise da lavoura cacaueira intensificou a degradação dos remanescentes naturais, propiciando o aparecimento de novas opções de desenvolvimento. Dentre estas, o ecoturismo tem se destacado por meio das atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN) que, além de proporcionarem emoção e aventura (SCHWARTZ, 2006, p.111), são praticadas ao ar livre, integradas às riquezas do patrimônio histórico e remanescentes naturais de rara beleza aqui existentes. O ecoturismo, também denominado turismo da natureza, engloba as modalidades praticadas no ambiente natural, a exemplo do turismo de aventura e caça e pesca, dentre outras (FENNEL, 2002; WEARING; NEIL, 2001). Nessa área, a caminhada em trilhas se destaca, devido à simplicidade da prática, que facilita a escolha da modalidade quando o objetivo é vivenciar o movimento em contato com a natureza. Entretanto, apesar da grande atração pela caminhada no ambiente natural, a falta de planejamento ou informações necessárias à atividade podem representar risco potencial aos caminhantes, limitando sua prática, ou, simplesmente, tornando-a menos atrativa. É importante considerar que caminhar ao ar livre, em trilhas, implica em lidar com fenômenos ambientais não controláveis (umidade, temperatura, pluviosidade etc) e com a possibilidade de ocorrência de imprevistos (quedas, escorregões, contusões, cansaço etc). Quem promove atividades nessas condições deve, portanto, ter maior atenção quanto às informações e planejamento necessários à segurança dos usuários das trilhas. Apesar disso, a necessidade da introdução rápida no mercado de novos percursos para atender à crescente procura não é acompanhada da preocupação necessária. Existem poucas informações sobre o que espera os usuários da caminhada em trilhas, seja no que diz respeito 10 ao esforço necessário à atividade, ou mesmo quanto a possíveis restrições quanto à participação de crianças e pessoas com limitações físicas em trilhas mais difíceis. Em decorrência do descaso quanto aos cuidados citados, acontecem eventos nos quais pessoas não suportam o esforço físico nas trilhas e estragam o passeio de grupos inteiros. Por outro lado, são disponibilizadas amplas informações para turistas acerca das acomodações em hotéis, por exemplo. Estas acomodações são até classificadas em categorias (1, 2, 3, 4, 5 estrelas), enquanto os dados referentes às trilhas não estão sequer disponíveis. As poucas classificações de trilhas existentes, apresentadas em periódicos e revistas especializadas, permitem acesso restrito ao público e se baseiam em conceitos subjetivos, sem utilização do conhecimento científico disponível. Questiona-se então, quais seriam as formas mais indicadas para calcular o grau de dificuldade ou esforço imposto aos praticantes da caminhada em trilhas? A quantificação da atividade física não é fácil e se tornou objeto de pesquisa. Alguns autores tentaram chegar a esta informação por meio da aferição do gasto energético (GE) decorrente do movimento. Ainsworth et al. (1993) criaram um compêndio que classifica diversos tipos de atividades físicas de acordo com seu equivalente metabólico (MET), enquanto Hugo (1999) concentrou foco nas dificuldades impostas durante a caminhada em trilhas pelas condições topográficas. O primeiro estabelece valor padrão para o gasto metabólico por modalidade, enquanto o segundo usa as mudanças de declividade do terreno, e afirma ser a trilha, e não a pessoa, o objeto da avaliação. O GE durante a caminhada tem sido também objeto de outros estudos (ABATTI, 2002; CENSI et al., 1998; FOISSAC et al., 2009; LIMA; DUTRA et al., 2007), embora estes tenham sido desenvolvidos em laboratório, por intermédio de equipamentos caros, que limitam coletas realizadas em condições de campo. Existem métodos que se propõem a quantificar a atividade física com base na monitoração da freqüência cardíaca (FC), o que não é muito recente (BERGREEN; CHRISTENSEN, 1950). Diversos autores têm utilizado esta monitoração para quantificação do GE como parâmetro de controle da intensidade da atividade física, em função da existência de relação linear entre o dispêndio de energia e a FC (CEESAY et al., 1989; GRAHAN et al., 2005; HIILLOSKORPI et al., 2003; KEYTEL et al., 2005; RENNIE et al., 2001; STRATH et al., 2000; WAREHAM et al., 1994). Entretanto, embora a FC tenha sido usada anteriormente para quantificação da atividade caminhada especificamente em trilhas (COTES et al., 2007), a maioria dos estudos citados procederam a estimativa do GE em laboratórios, o que limita a reprodução da metodologia em atividades na natureza. Ainda assim, não há como negar os 11 importantes avanços dos modelos que adotaram a FC em equações preditivas do GE (HIILLOSKORPI et al. 2003, KEYTEL et al., 2005), pois estes ainda permitem, segundo os autores, informações acerca do tipo de exercício praticado. Com base no exposto, o presente estudo se concentrou na aplicação de diferentes modelos de quantificação do GE durante caminhada em trilha localizada na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Serra do Teimoso, Município de Jussari. A escolha de uma unidade de conservação (UC) do sul da Bahia para a pesquisa se deu em função da sua importância na conservação da fauna, flora e desenvolvimento econômico da região. Trazer mais informações acerca da caminhada nestas áreas pode significar o aprimoramento do produto “trilha ecoturística” como instrumento de manutenção e fortalecimento destas. Por outro lado, apesar da existência de estudos sobre o assunto são muitas as diferenças e limitações a considerar, em função da diversidade metodológica das pesquisas existentes sobre o esforço e conseqüente GE exigido nas atividades de caminhada, fato que demanda maior investigação. Além disso, é grande o número de indivíduos envolvidos em atividades de caminhada em trilhas que buscam maior contato com o meio natural e benefícios à saúde. Da mesma forma, outros tantos indivíduos continuam realizando atividades físicas em centros urbanos, nem sempre com resultados desejados, seja por falta de opção ou pela pouca informação e receio de se aventurar em esportes da natureza, ainda considerados pelo senso comum, embora não seja o pensamento deste autor, radicais e desafiadores. Vale considerar que, mesmo com pouca informação e pesquisa sobre o assunto, muitas UCs, principalmente as de uso sustentável, têm nas trilhas um dos principais produtos para seu desenvolvimento. Existe a necessidade, portanto, de especial atenção sobre a caminhada em trilhas e da busca por melhor compreensão acerca dos efeitos integrados da atividade sobre o organismo, bem como em relação ao nível de aptidão física exigida para sua prática. A estimativa do GE em trilhas permitirá, futuramente, a validação de equações nas quais os caminhantes possam incluir características individuais para obtenção do esforço a ser exigido em cada percurso. Consequentemente, estes poderão escolher determinadas trilhas em detrimento de outras, com base na adequação do percurso à sua aptidão. Aumentar a informação aos usuários dessas atividades elevará a adesão às mesmas, ampliando as opções de contato com o meio natural e adoção de um estilo de vida saudável. 12 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral: Estimar valores de gasto energético (GE) durante caminhada em trilha na RPPN de Serra do Teimoso por diferentes métodos. 2.2 Objetivos Específicos - Quantificar GE na modalidade caminhada em trilha, por meio de modelo que utiliza equivalente metabólico de valor geral para todos os voluntários. -Quantificar GE na modalidade caminhada em trilha, com base em modelo que utiliza valores inerentes aos aspectos físicos do local (comprimento da trilha, inclinação do terreno). - Quantificar GE na modalidade caminhada em trilha, por intermédio de modelo que utiliza aspectos individuais (peso corporal, gênero, idade e freqüência cardíaca). - Comparar os escores médios do GE obtidos por diferentes modelos entre homens e mulheres. - Verificar a possível correlação entre variáveis relativas ao desempenho na trilha e o GE obtidos por diferentes modelos. 13 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1. Urbanização, ecoturismo e trilhas O recente contexto de industrialização e urbanização, aliado ao surgimento de novas tecnologias, apesar de proporcionar mais conforto ao ser humano, produz alguns problemas, dentre estes a degradação dos recursos naturais. A pressão sobre os remanescentes naturais (destruição de ecossistemas, fauna, flora, solos e águas superficiais) que acompanha o processo de expansão das cidades alertou o ser humano que, até então, pensava ser o estoque dos recursos da natureza ilimitado. Entretanto, os problemas gerados pelo avanço do concreto não se restringem apenas ao meio onde vivemos. O desenvolvimento tecnológico, que permitiu à humanidade transformar a natureza para seu conforto e proporciona imensos benefícios, também estimula a crescente inatividade física, hoje problema de saúde pública, pois o estilo de vida sedentário está relacionado à redução da qualidade de vida e aumento da morte prematura nas sociedades contemporâneas (ACSM, 2001; VANHEES et al., 2005). Na região sul da Bahia, uma das áreas mais ricas no bioma Floresta Atlântica ou Mata Atlântica (MORI et al., 1983; MYERS et al., 2000), o quadro não é diferente. Mas, mesmo com redução dos valores para 1 a 10% da sua área original (SAATCHI et al., 2001), esta região ainda mantém remanescentes de Mata Atlântica de grande biodiversidade, principalmente espécies arbóreas de grande porte, em função do cultivo do cacau em sistema de cabruca (SAMBUICHI, 2002; 2006). Apesar disso, a crise econômica, caracterizada por doenças na lavoura e graves perdas aos produtores, obrigou-os a buscar alternativas, dentre estas a substituição das árvores da mata por espécies exóticas, o que causou grande impacto na biodiversidade original. É importante pontuar que a degradação da Mata Atlântica não é um processo recente. Este se iniciou há muito tempo, desde a colonização do Brasil, de acordo com Lagos e Muller (2007), logo após o descobrimento, em 1500, época em que já se realizava aqui a exploração em larga escala do pau-brasil (Caesalpinia echinata). É nesse contexto de degradação e busca por novas opções de crescimento que a população testemunha o florescimento do ecoturismo como opção de desenvolvimento e lazer (OLIVEIRA, 2007). O chamado turismo da natureza ou ecoturismo é formado por atividades praticadas ao ar livre, dentre estas o turismo de aventura, caça e pesca e outras (FENNEL, 2002; WEARING; NEIL, 2001). Hugo (1999) estima o crescimento turístico em taxas de 5% ao ano, uma verdadeira indústria, que tem no turismo da natureza o setor que mais se 14 desenvolve. É importante considerar como objetivo principal da indústria do turismo e ecoturismo a busca pela satisfação de seus clientes, para que estes passem a mensagem adiante, convidando mais pessoas a participar das atividades oferecidas. A relevância da satisfação pessoal nas atividades da natureza é ainda maior, uma vez que estas dependem da percepção individual, fruto da experiência de cada praticante, influindo bastante a beleza paisagística do local escolhido e o prazer proporcionado. Portanto, é preciso criar situações que promovam o entrelace do ser humano com os ambientes preservados, embora isso possa soar como perigoso para alguns ambientalistas. Saberwal e Kothari (1996), por exemplo, consideram que, embora alguns preservacionistas insistam na manutenção das áreas protegidas (UCs) sem interferência humana, é necessária a adoção de medidas que promovam a interação homem/meio ambiente, o que é uma característica básica do ecoturismo. Este exige condições paisagísticas e naturais equilibradas, de notável beleza estética, para que seja mais atrativo aos potenciais usuários, o que propiciou sua prática em UCs que, segundo a Lei que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, são áreas criadas para proteção e preservação da natureza (BRASIL, 2000). Algumas UCs existentes no sul da Bahia, as RPPNs, foram criadas em fazendas de cacau que apresentam remanescentes florestais preservados e oferecem atividades ecoturísticas, corroborando Pereira et al. (2004), que vêem os parques florestais e propriedades rurais como destinos preferidos daqueles que valorizam atividades em contato direto com a natureza. As RPPNs são definidas no artigo 1° do Decreto n° 5.746 (BRASIL, 2006) da seguinte forma: “[...] unidade de conservação de domínio privado, com o objetivo de conservar a diversidade biológica, gravada com perpetuidade, por intermédio de Termo de Compromisso averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis”. São áreas que agregam ações de fiscalização, investimentos, infra-estrutura, fomento á pesquisa, turismo, lazer e educação ambiental, exercendo papel importante na conservação da fauna, flora e desenvolvimento econômico da nossa região. Nas ações de lazer que podem ser desenvolvidas em RPPNs estão modalidades exploradas pelo ecoturismo e, dentre estas, a caminhada em trilhas, que integra as AFAN, Atividades físicas de Aventura na Natureza (BETRAN, 2003). As AFAN são muito difundidas e praticadas, devido à já citada busca contemporânea por ações que compensem a cobrança e rotina diária das grandes cidades (PEREIRA et al., 2004), bem como pelo prazer, emoção e aventura que representam (SCHWARTZ, 2006, p.117). Acontece que, a despeito de se tratar de uma interação bastante incentivada e difundida, muito pouca atenção é dada aos aspectos da relação ser humano/natureza nas 15 trilhas. Sobre esta relação, Teruya apud Tahara et al. (2006) comenta: “[...] pode gerar um contato do homem contemporâneo de maneira mais consciente e significativa com a natureza, abrindo-se possibilidades que tangenciam aquisições de novas atitudes e hábitos e, por conseguinte, melhoria na qualidade de vida.” No seu trabalho Tahara et al. (2006) chegaram à conclusão que atividades realizadas em contato mais íntimo com a natureza, além de melhorar a vida das pessoas, com possibilidade de vivências prazerosas e sensações de alegria, promovem ampliação da percepção que os indivíduos possam ter dos limites, liberdade e da própria forma de viver. Além dos aspectos positivos das atividades realizadas na natureza, deve-se ressaltar que existem indícios de malefícios à saúde associados à prática de exercícios em ambientes mais poluídos de grandes cidades, fato constatado por diversos estudos (BRUNEKREEF et al., 1994; FOLINSBEE & RAVEN, 1984; MITTLEMAN, 2007; PIERSON et al., 1986). Deve-se, portanto, promover a prática de atividades físicas em contato com ambientes preservados e remanescentes florestais, distantes das grandes cidades, com menores níveis de poluição que aquele registrado nos grandes centros urbanos, com atenção aos cuidados referentes à preservação ambiental. 3.2. Controle das atividades em trilhas A modalidade caminhada em trilhas vem sendo bastante propagada pelas empresas ligadas ao ecoturismo. Caminhar é uma atividade geralmente descrita como aquela que “[...] mais se aproxima do exercício perfeito”, pois não requer equipamento, tem baixo impacto e proporciona benefícios à saúde (BROOKS et al., 2005). A adoção dessa modalidade de atividade física vem aumentando também com base em evidências que sugerem efeito protetor da sua prática regular na prevenção e tratamento de doenças crônico-degenerativas (VALANOU et al., 2006). O apelo à prática da caminhada é ainda muito maior no ambiente natural. Lacruz e Perich apud Tahara et al. (2006) consideram que o desejo de romper com o tédio do cotidiano e se aproximar da natureza, a oportunidade de respirar ar puro e reencontrar-se consigo mesmo, além das sensações e emoções fortes que acompanham o desafio de limites pessoais em situações de perigo eminente, podem ser citados como causas principais da aderência às diversas atividades físicas de aventura, dentre as quais se encaixa a caminhada. Entretanto, as situações de perigo eminente e emoções fortes que acompanham a prática das atividades físicas na natureza requerem certo planejamento, pois, na maior parte das vezes, não permitem controle de uma série de fenômenos ambientais e abrem 16 possibilidade às ocorrências inesperadas. Apesar disso, existem inúmeras opções de caminhada em trilhas anunciadas em sites e agências ligadas ao setor turístico, sem muitas informações senão aquelas cujo principal objetivo é conquistar o potencial usuário. Para Bewsher (1990), a introdução acelerada no mercado de novos percursos, visando atender à crescente procura, impossibilita a estruturação de planejamento adequado à segurança dos caminhantes. Ora, se não há qualquer triagem, exigência de avaliação física ou exame clínico para participação na caminhada em trilhas, deve-se pressupor que nem todas as pessoas que têm acesso à atividade estão acostumadas ou possuem aptidão física para o esforço exigido. Por outro lado, embora sejam comuns informações disponíveis para turistas sobre acomodações em hotéis, por exemplo, descrevendo exatamente o que espera essas pessoas e como obter o conforto necessário ä viagem, o mesmo não acontece com a disponibilização de dados referentes às trilhas propriamente ditas. Existe, então, um problema, pois trilhas continuam sendo disponibilizadas sem informações adequadas aos potenciais usuários. Hugo (1999) alerta para a necessidade de classificação dessas trilhas de acordo com seu grau de dificuldade, de forma a tornar a atividade mais segura, enquanto Cotes et al. (2007) dizem ser subjetivos os conceitos sobre o assunto existentes em periódicos e revistas especializadas, inadequados para esclarecimento do público usuário dessas atividades. Os autores exemplificam tais conceitos como rostos caricaturados de bonecos, que são apresentados com expressões sorridentes, sérias ou exaustas a depender do tipo de trilha, se leve, moderada ou pesada. Afirmar ser uma trilha leve, moderada ou pesada sem avaliar a resposta dos caminhantes ao esforço é demasiadamente subjetivo, pois um mesmo percurso pode gerar percepções ou respostas fisiológicas de intensidades diferentes, a depender da aptidão física de cada caminhante. A maioria das classificações existentes, a exemplo da utilizada pela European Ramblers Association (SCHWARZ et al., 1993), apresentada no quadro 1, tem, portanto, suas limitações. Informações tão fragilizadas não permitem que o usuário possa inferir, a partir dos dados disponibilizados, se esta ou aquela trilha é boa opção de atividade, se é adequada à sua condição física. O conceito “Fácil” pode ser adequado se a caminhada for praticada por indivíduos ativos, mas, mesmo para tempo inferior às três horas, exemplo existente no quadro 1, ser percebido com extrema dificuldade por outros, sedentários. HUGO (1999) aponta para a necessidade de disponibilização de mais informações aos usuários das trilhas, a exemplo das características ambientais (se esta é selvagem, preservada, natural, rural ou urbana), do tipo de acomodação no local (luxuoso, básico, ou rústico), 17 facilidades da trilha (presença de pontes, características da superfície do solo, obstáculos), e do grau de dificuldade (severa, difícil, moderada ou fácil). O autor utiliza o GE dos indivíduos para cálculo da dificuldade enfrentada na trilha, mas é importante pontuar que seu modelo valoriza principalmente características físicas do ambiente (declividade, extensão do percurso ou mesmo obstáculos formados por subidas e descidas íngremes). Quadro 1: Sistema de gradação da dificuldade da caminhada com base no tempo gasto, distância percorrida e declividade. Grau de dificuldade Tempo de caminhada Distância Mudanças na (h) percorrida (Km) elevação (m) menos de 3 0-10 Início em 300 3-5 10-20 Inicio em 600 Extenuante 5-8 20-24 Início em 900 Muito extenuante 8-10 24-29 Início em 1200 Extremamente 10-12 29-40+ Início em 1500 Fácil Moderadamente Extenuante extenuante Fonte: Adaptado da Ramblers Association Schwarz (1993) Apesar disso, e embora uma avaliação com base nos aspectos físicos possa ter suas limitações, as informações que utiliza deveriam constituir o mínimo à disposição dos usuários de qualquer atividade em trilha. Entretanto, se nem mesmo informações simples como as citadas são geralmente disponibilizadas aos praticantes da caminhada em trilhas, o que dizer de uma classificação com base no esforço proporcionado pela trilha aos indivíduos, ou seja, o grau de dificuldade da trilha medido a partir da forma como cada pessoa responde fisiologicamente à caminhada nesta? A caminhada apresenta ainda diversas variáveis interdependentes influindo na sua prática, como o peso da bagagem que o caminhante (Hiker, em inglês) carrega, a velocidade utilizada (ritmo), a altura em relação ao nível do mar, a saúde do praticante e outras geradas pelas deficiências no planejamento. Estudos realizados demonstraram que o caminhar sem bagagem ou peso extra permite a otimização da velocidade e minimização do custo energético por distância percorrida (BASTIEN et al., 2005). Este fator deve ser levado em conta na mensuração do GE, bem como no planejamento e escolha do percurso de caminhada, pois vai influenciar a percepção quanto ao esforço exigido na atividade, ou seja, a intensidade sentida por cada caminhante. Vale lembrar que esta sensação pode influenciar a adesão dos usuários 18 às trilhas, o que é de interesse das empresas que exploram essas atividades. A situação de estar o indivíduo inapto a cumprir o percurso, ou seja, impossibilitado de suportar o esforço, pode determinar a aversão à prática. Perri et al. (2002), por exemplo, colocam como fator de risco importante para a decisão de abandono de um programa de atividade física as elevadas intensidades de exercício, o que já havia sido debatido anteriormente por outros autores (DISHMAN & BUCKWORTH, 1996; SALLIS et al., 1986). Algumas variações ambientais podem também influenciar o estresse fisiológico imposto ao organismo dos praticantes durante a prática da atividade física. A altura em relação ao nível do mar, por exemplo, influencia a resposta do organismo ao esforço. Friedewald e Spencer apud Burtscher et al., (2001) alertam que a atividade física com exposição ä altitude pode deflagrar a ocorrência de eventos cardíacos, o que tornaria as trilhas em montanhas muito elevadas risco potencial aos praticantes desavisados. Ainda segundo Burtscher et al., (1993), cerca de 30% das fatalidades que ocorrem em modalidades praticadas nas montanhas têm como causa a morte súbita por problemas cardíacos, sendo que o risco de morte cresce paralelamente à idade dos indivíduos. Existe, portanto, a necessidade de estudos de quantificação e controle das respostas cardiopulmonares e metabólicas à atividade física em condições ambientais extremas. Com relação aos fatores ambientais, temperatura e umidade são outros aspectos que devem ser levados em conta. A prática de exercício incrementa a produção de calor, mas apenas cerca de 30% do produzido é transformado em energia mecânica, ou seja, o restante, 70%, precisa ser transportado para a pele e perdido para o ambiente (SAWKA; WENGER, 1998), em processos que acontecem da região de maior temperatura para a de menor temperatura. Entretanto, mais de 80% da dissipação do calor para fora do corpo durante o exercício se dá por meio da evaporação que segue a transpiração (GISOLFI; MORA apud LIM et al., 2008), e esta evaporação tem relação inversa com a quantidade de água presente no ar. Locais quentes e úmidos dificultam, portanto, a perda de calor. Espaços com esta característica exigem a ingestão constante de líquidos para prevenir o aumento excessivo do calor corporal e a desidratação, permitindo ao sistema cardiovascular a manutenção da pressão arterial e do débito cardíaco, com desvio do fluxo sanguíneo para vasos junto à pele e perda de calor pela transpiração (MURRAY, 1998). Trilhas em locais quentes e úmidos apresentarão, portanto, respostas cardiovasculares e metabólicas diferenciadas, o que constitui um alerta para a necessidade de consideração desses fatores. Para McArdle et al. (1992), por exemplo, o metabolismo de repouso dos indivíduos em climas tropicais é 5% a 20% mais alto que em climas temperados. Da mesma forma, afirmam os autores existir aumento de 5% no 19 consumo de oxigênio durante o exercício em tais condições, quando comparado aquele realizado em clima mais ameno. Portanto, qualquer predição de GE durante a caminhada baseada em valores padronizados, e mesmo aquela proveniente de modelos que utilizam características individuais e fisiológicas, porém não possibilitando o uso de variáveis ambientais, tem suas limitações. Uma visão holística na escolha do método para determinação do GE ou esforço praticado na caminhada em trilhas valorizar aspectos que podem influir nos valores obtidos. Variáveis de natureza individual (aptidão física, sexo, idade), que poderiam influenciar os resultados, geralmente não são levadas em conta, o que acontece no modelo proposto por Hugo (1999). Porém, não se pode desprezar o modelo deste autor que, apesar das suas limitações, utiliza a trilha como laboratório de pesquisa, enquanto outros métodos de quantificação da atividade física na caminhada através do GE, que valorizam características individuais e vêm sendo bastante utilizados ocorrem em condições fechadas, em laboratórios ou pistas artificiais (BUNC; DLOUHÁ, 1997; GRAHAN et al., 2005; LIMA; ABATTI, 2002; MINETTI et al., 2002;). Nestes, a estrutura exige instrumentos tecnológicos muito onerosos, o que dificulta a utilização em condições de campo. A seguir, considerações acerca da mensuração do GE. 3.3. Mensuração de atividade física e gasto energético A quantificação do GE dos indivíduos tem sido objeto de estudo de vários pesquisadores das áreas de metabolismo e nutrição. Lavosier e Seguin iniciaram, no século XVIII, o estudo da respiração como processo semelhante à combustão em câmaras fechadas (SCAGLIUSI; LANCHA JUNIOR, 2005). Os mesmos autores alertam, entretanto, que embora tenham se sofisticado ao longo dos anos, essas câmaras não conseguem reproduzir o número e complexidade das tarefas que os indivíduos realizam diariamente. Desde então, na procura por metodologias que permitam estimar a atividade física e conseqüente GE, mais de 30 técnicas diferentes têm sido usadas (MELANSON; FREEDSON, 1996), sendo que alguns autores sugerem a existência de até 50 metodologias diferentes (AINSWORTH et al., 1994) nos mais diversos estudos (AINSWORTH et al., 1994; DUTRA et al., 2007; FOISSAC et al., 2009; LIMA; ABATTI, 2002; MELANSON & FREEDSON, 1996; MURGATROYD et al., 1993; PERRIN et al., 2000; ZHANG et al., 2004). Dentre as técnicas adotadas pode-se citar a calorimetria, uso de questionários, marcadores fisiológicos, além de monitores mecânicos e elétricos como pedômetros, 20 acelerômetros e freqüencímetros (SCHOELLER; RACETTE, 1990; ZHANG et al., 2004). Os autores ressaltam, entretanto, que, no processo de escolha, algumas questões devem ser analisadas, a exemplo da validade, fidedignidade, custo, aceitabilidade ou não-reatividade, o que pode determinar vantagens ou desvantagens na potencial opção por este ou aquele método. Nahas (1996), por exemplo, diz ser importante considerar que os instrumentos de quantificação são construídos e validados em determinadas populações, com características próprias de sexo, idade, etnia e nível social, ou seja, um mesmo instrumento não é adequado para qualquer estudo. O autor considera que a escolha deve atender o tipo de atividade física e apresentar praticabilidade quanto ao custo relativo da medida. Para Zhang et al. (2004), quantificar a atividade física realizada para produzir benefícios à saúde de seres humanos requer adoção de métodos acurados, que permitam a estimativa do GE proporcional ao esforço, o que indica preocupação do autor com a escolha do instrumento adequado. Kriska e Caspersen (1997) consideram que a atividade física possui variadas dimensões, e que estas possuem estreita relação com diferentes efeitos ligados á saúde, ou seja, enquanto atividades praticadas por mais tempo e menor intensidade produzem melhora na aptidão cardiorrespiratória, exercícios contra uma resistência (sustentação da massa corporal ou pesos) podem promover crescimento da aptidão muscular. As principais dificuldades no controle são, portanto, as variáveis envolvidas, por ter a atividade física um comportamento complexo, que pode induzir a erros na sua mensuração (BRAGE et al., 2006). É interessante ter em mente não ser a atividade física a única responsável pelo GE corpóreo. O total da energia utilizada por um indivíduo durante o dia pode ser analisada por meio de três componentes principais, que são a taxa metabólica basal (TMB), efeito térmico dos alimentos e energia gasta devido à atividade física (MCARDLE et al., 2002; MEIRELLES; GOMES, 2004; SCHOELLER; RACETTE, 1990). Por outro lado, Ebine et al. (2000) alertam para o interesse crescente com relação à determinação das necessidades energéticas, não apenas das populações de forma geral, como também de atletas. A principal preocupação dos pesquisadores tem sido a construção de instrumentos simples e de baixo custo, que possam ser aplicados de forma maciça, devido às necessidades crescentes derivadas da associação entre atividade física e benefícios para a saúde, bem como, da elevação da inatividade física nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. A seguir, são apresentadas considerações acerca dos principais métodos de quantificação de GE existentes, no intuito de caracterizá-los, relacionando-os com o presente trabalho, dentre estas a “calorimetria direta” mede a energia consumida a partir da taxa de calor perdido 21 pelo corpo para o ambiente, caracterizando-se como medida de corpo inteiro, dentro de câmara fechada (MURGATROYD et al., 1993). Apesar de apresentar resultados fidedignos, este método possui custo elevado e exige ambiente artificial (câmara), onde fica muito difícil reproduzir a realidade das atividades da vida diária (MURGATROYD et al., 1993; SCHOELLER; RACETTE, 1990). Já a “calorimetria indireta” mensura o dispêndio de calor a partir da taxa de troca gasosa associada com o substrato energético predominante. A troca gasosa é controlada de forma semelhante à “calorimetria direta”. Alguns métodos móveis (analisadores de gases portáteis) apareceram mais recentemente, com aparelhos de dimensões reduzidas. A “calorimetria indireta” é bastante utilizada, mas existem limitações, devido à dificuldade de adaptação dos indivíduos aos aparelhos e altos custos envolvidos para aquisição e utilização destes (MCNEIL apud SCHOELLER; RACETTE, 1990; MURGATROYD et al., 1993). O método denominado “Água Duplamente Marcada”, nome original em inglês “Doubly labeled water”, criado nos anos 40, é muito usado em animais. Validado em humanos no ano de 1985 (MURGATROYD et al., 1993), tem como princípio a ingestão de água marcada com isótopos de deutério e oxigênio. O deutério é eliminado na forma de água, enquanto o oxigênio é eliminado na forma de água e dióxido de carbono. A taxa de concentração dos elementos na urina e no ar expirado permite o cálculo da demanda de energia (HENSLEY et al., 1993; MURGATROYD et al., 1993; SCHOELLER; RACETTE, 1990). Embora apresente boa precisão, o custo elevado e a necessidade de aparelhagem específica restringem seu uso (LAMONTE; AINSWORTH, 2001; ZHANG et al., 2004). Apesar disso, é defendido por muitos autores como método acurado para estimativa do GE em condições de campo (LAMONTE; AINSWORTH, 2001; EBINE et al., 2000). Ebine et al. (2000), por exemplo, consideram a “água duplamente marcada” método de campo que pode ser aplicado com interferência mínima, exigindo apenas amostras de urina e saliva. A quantificação do consumo energético também pode ser realizada por meio da aferição da movimentação. Segundo Melanson e Freedson (1996), a utilização dos sensores eletrônicos do movimento se baseia na premissa de que o movimento dos segmentos corporais reflete o GE da atividade. Esses aparelhos se tornaram cada vez menores e utilizam equações matemáticas para estimar o cálculo do consumo de oxigênio e GE (SCHOELLER; RACETTE, 1990). Pode-se citar, dentre os sensores de movimento, os pedômetros, acelerômetros, Large-Scale Integrators (LSIs), e monitores tridimensionais de atividades. Segundo Brooks et al. (2005), a limitação ao uso desses aparelhos está na impossibilidade de registrarem mudanças na inclinação ou carga imposta ao indivíduo durante a caminhada, na 22 dificuldade de identificação do momento em que se inicia ou cessa a caminhada, ou mesmo, no registro pouco fidedigno de atividades realizadas em terrenos não horizontais. O pedômetro se constitui de um contador mecânico que grava movimentos dos passos em resposta à aceleração vertical do corpo (HENSLEY et al., 1993). Para cálculo da distância calibra-se o aparelho à amplitude da passada de cada indivíduo. Apesar do custo baixo, Ainsworth et al. (1994) relatam tendência destes aparelhos em subestimar distâncias percorridas em velocidades baixas e superestimar percursos em caminhadas e corridas rápidas. Além disso, a postura do corpo e diferenças na tensão da mola entre os instrumentos podem gerar dados imprecisos (HENSLEY et al., 1993). Zhang et al. (2004) consideram que as leituras desses monitores chegam a resultados pobres e inconsistentes na estimativa do GE, mas, apesar disso, alguns autores consideram que o uso dos pedômetros é interessante, principalmente no registro de mudanças nos padrões da atividade física (AINSWORTH et al., 1994; HENSLEY et al., 1993). Já os sensores denominados Large-Scale Integrators (LSI’s) possuem o tamanho aproximado de um relógio de pulso, o que permite sua utilização em qualquer lugar do corpo. Esses equipamentos são sensores de movimento nos quais um balanço superior a 3 graus ativa uma chave de mercúrio. A cada 16 acionamentos da chave uma contagem é registrada (MELANSON; FREEDSON, 1996). Segundo os autores o mecanismo de mercúrio, mais durável que as molas, torna os LSI’s mais confiáveis e versáteis que o pedômetro. Porém, o alto custo torna difícil sua utilização em larga escala. Outro tipo de sensor é o acelerômetro, aparelho sensível à aceleração do corpo, que faz o cálculo com base na transformação dessa aceleração em unidades de consumo energético (HENSLEY et al., 1993). Dentre os aparelhos existe um mecanismo em cerâmica, o “Caltrac”, mais confiável e durável que aqueles de mola, sensível à intensidade e quantidade de movimento ou movimentos mais suaves do corpo humano, utilizado para substituir o pedômetro e os LSIs na pesquisa em atividade física (MELANSON; FREEDSON, 1996). Os mesmos autores se referem ao “Caltrac” como um aparelho preciso quando a atividade mensurada é a caminhada, sendo apropriado para estudos de campo nesta atividade. Existem alguns acelerômetros que se apresentam como monitores tridimensionais de atividade, embora alguns autores atestem ser a vantagem teórica do seu uso ainda não comprovada (SALLIS; OWEN, 1999). Estes citam ainda que outros estudos têm sido desenvolvidos com o modelo Tritrac R3D, mas o tamanho, superior ao Caltrac, dificulta sua utilização pelos voluntários de pesquisa, principalmente jovens e crianças. 23 Zhang et al. (2004) apresentaram recentemente o IDDEA (Intelligent Device For Energy Expenditure and Activity), método que consiste em um armazenador de dados em cinco pequenos sensores distribuídos sobre o peito e embaixo de cada pé, que realizam medidas da aceleração e do ângulo de cada segmento corporal. Os registros acontecem conectados a um computador por cabo, onde estão todas as características dos sujeitos envolvidos no estudo. Tal método possui, entretanto, apesar dos bons resultados alcançados, altíssimo custo, não estando sequer disponível no mercado. Os questionários também vêm sendo bastante usados. Estes se baseiam em informações dadas pelos sujeitos (Survey ou Levantamento), envolvendo questionários, entrevistas e diários de atividades. Sobre estes, Sallis e Owen (1999) atestam que exigem a recordação dos indivíduos sobre atividade realizada em um período determinado. Ainda segundo os mesmos autores, devem ser administrados por um entrevistador, por meio de telefone ou auto-administrados, incluindo lembranças sobre atividades de lazer ou trabalho. Podem incluir a descrição de atividades detalhadas, como frequência, duração e intensidade a cada hora, o que nem sempre é simples, a depender do indivíduo entrevistado. Os diários recordam a atividade realizada em determinado período de tempo, geralmente curto, de 1 a 3 dias, mas proporcionam maior dificuldade em recordar a atividade em crianças e idosos (SALLIS; OWEN, 1999). Rennie et al., (2001) colocam que, embora os questionários devam ser considerados métodos importantes na detecção de aspectos comportamentais, estes demonstram certa imprecisão quando utilizados para quantificação de atividade física, devido à sua subjetividade. Por outro lado, Hensley et al. (1993) destacam como vantagens dos levantamentos a grande quantidade de informação obtida em relação ao tempo e custo envolvidos, facilidade de administração, não reatividade e pouca dificuldade de preenchimento. O autor reitera que as medidas de reprodutibilidade e validade podem assegurar a precisão e qualidade da medida obtida em questionários. Outro instrumento bastante utilizado na quantificação da atividade física é a Percepção Subjetiva de Esforço (PSES). Nesta, o indivíduo preenche uma escala adaptada proposta por Borg (1998), contendo valores numéricos crescentes, de acordo com a percepção de intensidade do exercício (0-repouso, 1-Muito, muito fraco, 2-fraco, 3-moderado etc). Foster et. al., (1996; 2001) avaliaram a validade da PSES no monitoramento da carga e da intensidade de treinamento tendo como base a FC, encontrando elevadas correlações entre os valores. Da mesma forma, Impellizeri et al., (2004) observaram correlações significativas entre os valores de carga de treinamento obtidos pelo PSES e o comportamento da FC. 24 Existem estudos que se valem de monitores de FC (MFC) para quantificação da atividade física, o que não é recente (BERGGREN; CHRISTENSEN, 1950). Na estimativa do dispêndio energético, este instrumento vem sendo bastante difundido, devido à constatação da existência de uma relação linear entre FC e GE (GRAHAN et al., 2005; HIILLOSKORPI et al., 2003; KEYTEL et al., 2005; RENNIE et al., 2001), principalmente em intensidades mais leves, numa faixa entre 90 e 150 batimentos cardíacos por minuto (CEESAY et al., 1989; RENNIE et al., 2001). Hiiloskorpi et al. (2003) denominam “flex point” o ponto localizado a 80% da freqüência cardíaca máxima (FCmax), a partir do qual as equações de predição da energia consumida diminuem a sua acurácia, o que torna o método adequado para exercícios submáximos. Rennie et al. ( 2001) também atestam a proximidade da relação entre GE e FC durante o repouso ou atividades leves. Além de ser um método eficiente e econômico na estimativa da quantidade de energia gasta na atividade física, a FC permite chegar a informações fisiológicas a respeito do tipo de exercício praticado e energia consumida durante diferentes atividades no dia a dia (CEESAY et al., 1989; KEYTEL et al., 2005). Outros instrumentos, como a calorimetria indireta, também possibilitam a identificação das características da atividade praticada, mas têm custo elevado e exigem a retirada do indivíduo de seu ambiente natural. Nos estudos que utilizam a FC o dispêndio energético é estimado a partir do ajuste de curvas individuais e da utilização de equações criadas para este fim, testadas durante uma variedade de atividades em laboratório sob controle de MFCs e analisadores de gases expirados (BRAGE et al., 2007; GRAHAN et al., 2005; HIILLOSKORPI et al., 1999; 2003; KEYTEL et al., 2005; MELANSON; FREEDSON, 1996; RENNIE et al., 2001; STRATH et al., 2000). Acontece, que embora os MFCs tenham precisão no registro da FC, existem controvérsias quanto ao seu acerto na mensuração do GE durante o exercício (ZHANG et al. 2004), pois os batimentos cardíacos podem sofrer variações que independem da atividade física, sendo influenciados por fatores ambientais, posturais e emocionais (HEBESTREIT; BAR-OR, 1998; HENSLEY et al., 1993). Em alguns dos estudos citados foi utilizada calibração individual para obtenção do GE através de valores da FC (BRAGE et al., 2007; CEESAY et al., 1989; LUKE et al., 1997). Esta calibração consiste na participação de cada sujeito da pesquisa em teste progressivo realizado em esteira ergométrica ou cicloergômetro, com mensuração simultânea da FC e realização da calorimetria indireta para determinar o comportamento do metabolismo de cada um. Entretanto, existem pesquisadores que utilizam na medição do montante de energia consumida a FC, com equações preditivas obtidas em grandes amostras de sujeitos, sem a 25 necessidade de calibração individual, com sucesso (HILLOSKORPI et al., 1999; RENNIE et al., 2001). Hiilloskorpi et al. (1999) desenvolveram equações preditivas do gasto de energia pela FC por intermédio de análise multi-regressiva aplicada em amostra de 87 indivíduos saudáveis e ativos, do sexo masculino e feminino, chegando à conclusão que a idade, o gênero e o peso corporal são fatores que influenciam a energia consumida durante a atividade física. Já Rennie et al. (2001) desenvolveram equações de predição do GE durante o exercício utilizando amostra de 789 indivíduos, atestando serem valores da FC quando sentado, idade, peso corporal e gênero, variáveis que interferem na relação entre FC e energia necessária ao movimento. O cálculo do GE com base na FC também foi proposto por Keytel et al. (2005), que aplicaram equações preditivas em diferentes tipos de exercícios contínuos, realizados em esteira e cicloergômetro. Os autores coletaram dados de 115 indivíduos com ampla variabilidade de características individuais, sendo 72 homens (19 a 50 anos) e 43 mulheres com idade entre 22 e 44 anos, todos saudáveis, com obtenção das equações por regressão. As equações foram então aplicadas em amostra isolada de 17 indivíduos (9 homens e 8 mulheres), com sucesso. No seu estudo, os autores utilizaram, dentre outras, pesquisas de Hiilloskorpi et al. (1999) e Rennie et al. (2001), abordando limitações nas mesmas, mas ressaltando os avanços alcançados na estimativa do consumo energético por meio da FC, quando comparadas a pesquisas anteriores. Segundo Keytel et al. (2005) as equações preditivas do GE podem ser aplicadas em ampla variedade de estudos populacionais voltados para a saúde.A principal vantagem das equações propostas pelos autores está na consideração de características individuais. Em uma destas equações foi usada, inclusive, a aptidão física com base na captação ou consumo máximo de oxigênio (VO2max), que o Colégio Americano de Medicina do Esporte define como medida normativa da capacidade cardiorrespiratória, obtida pelo produto do débito cardíaco máximo em litros de sangue por minuto e da diferença arteriovenosa de oxigênio em mililitros desse gás por litro de sangue (ACSM, 2007) . A predição do GE por meio de modelos que utilizam a FC tem como vantagem a relação direta desta variável com a prescrição e controle do exercício físico (ALMEIDA, 2007). Além disso, alguns estudos que usam a FC para estimativa do consumo de energia em atividades físicas ainda levam em conta a influência de variáveis individuais como massa corporal, sexo e idade, a exemplo daqueles desenvolvidos por Hiiloskorpi et al. (1999), Rennie et al. (2001) e Keytel et al. (2005). A evolução tecnológica dos equipamentos, que têm se tornado cada vez menores, mais práticos e acurados, tem facilitado a utilização de modelos que utilizam os batimentos 26 cardíacos (LAUKKANEN; VIRTANEN, 1998). Os MFCs se tornaram pequenos aparelhos, relógios de pulso, que armazenam dados coletados por uma fita apropriada, fixada no tórax. Em alguns modelos é possível a transferência de dados a um microcomputador por meio de software específico. Para analisar a relação entre atividade física e conseqüente GE deve-se conceituar a primeira como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulte em gasto energético acima dos níveis registrados em repouso (CASPERSEN, 1985). A atividade física vem sendo propagada como importante elemento a ser considerado na adoção de um estilo de vida saudável, devido à associação direta desta com a saúde física e psíquica dos indivíduos (PATE et al., 1995). Entretanto, a questão ambiental parece estar diretamente ligada aos benefícios obtidos, pois alguns autores têm relatado problemas à saúde quando da associação atividade física/ambientes urbanos. Folinsbee e Raven (1984) abordaram possíveis efeitos da poluição do ar de Los Angeles sobre atletas participantes dos Jogos Olímpicos de 1984, e estabeleceram o ozônio como principal poluente. Segundo os autores, esta substância se torna irritante quando em contato com o trato respiratório, provocando broncoconstrição em atletas até mesmo em concentrações mais baixas, sendo os indivíduos asmáticos os mais afetados. Corroborando os autores, Pierson et al., (1986) constataram problemas respiratórios aumentados durante o exercício praticado em exposição à poluição do ar, principalmente devido ao aumento da atividade ventilatória. Para os autores, substâncias como dióxido sulfúrico e ozônio causam intensa broncoconstrição e reduzem o fluxo respiratório, condição que parece ser intensificada durante o exercício quando comparada aquela registrada em repouso. Da mesma forma, Brunekreef et al., (1994) encontraram redução de até 5% na função pulmonar em ciclistas expostos ao ozônio, mesmo durante treinos curtos. Ainda na mesma linha, a American Heart Association (AHA) apud Mittleman (2007) alertam para os riscos da exposição contínua a locais com ar poluído, condição de aumento crítico do risco de doença cardiovascular e morte. Segundo a AHA existe uma associação forte entre a poluição do ar, isquemia, infarto do miocárdio, arritmia ventricular e falência cardíaca, o que pressupõe ter a atividade física relação mais próxima com a saúde quando praticada em ambientes menos poluídos. Os benefícios da atividade física para a saúde podem ser quantificados por meio da mensuração do GE, seja em sessões que acontecem por dia ou por semana (USDHHS, 1996), uma vez que o dispêndio de energia pressupõe perda de peso e, consequentemente, melhora dos padrões de saúde. Já foi alertado, entretanto, que existe uma grande complexidade nos 27 elementos que compõem a atividade física, e cada um dos métodos vai ser mais ou menos valioso, a depender dos parâmetros a serem considerados. De acordo com princípios da física, mover determinada carga por uma distância específica exige dispêndio de energia (BUNC; DLOUHA, 1997), o que poderia nos levar a pensar que, para dada distância, é necessária a mesma quantidade de energia, quaisquer que sejam as condições, se o indivíduo caminha ou corre. Alguns estudos realizados em quadrúpedes têm encontrado o mesmo consumo energético em diferentes intensidades (KRAM; TAYLOR, 1990), muito embora esta situação não tenha sido registrada em pesquisas desenvolvidas com seres humanos (CHANG; KRAM, 1999; FARLEY; MACMAHON, 1992; GOTTSCHALL & KRAM, 2003; HOLT et al., 1991; MINETTI et al., 2002). A quantificação do GE na atividade física exige, portanto, a consideração de alguns aspectos. Antes da abordagem destes, deve-se considerar o GE durante a atividade física apenas parte do GE total, dividido em outros componentes, sendo o principal deles o gasto metabólico em repouso, mas com influência também daquele proveniente da atividade física ou muscular, maior a depender da massa muscular envolvida (VANHEES et al., 2005). Sobre esta questão, estudos realizados apontam que a massa isenta de gordura (MIG) tem explicado 65 a 90% das variações entre valores de consumo de energia em repouso verificado em sujeitos de pesquisas (RAVUSSIN; BOGARDUS apud ILNNER et al., 2000). Além disso, a despeito da relação entre MIG e taxa metabólica em repouso, segundo outros estudos existem evidências da influência da relação massa magra/massa gorda no dispêndio de energia durante o exercício. Hall et al. (2004), por exemplo, atribuíram as diferenças de sexo observadas na quantidade de energia gasta durante a corrida e caminhada em uma distância de 1600 metros à maior MIG registrada na população masculina. Os autores, após ajustarem o fator metabólico á MIG, encontraram resultados semelhantes para consumo de energia na atividade entre os dois sexos. Em outro experimento, que utilizou a FC na mensuração do GE, realizado por Hilloskorpi et al. (2003), os autores também encontraram diferenças na porcentagem de gordura corporal entre homens e mulheres, diferenças que podem fazer com que os homens apresentem maior GE em atividade de mesma intensidade, quando comparados às mulheres. As diferenças corporais devem, portanto, ser consideradas em qualquer estimativa do consumo de energia, pois as características individuais relativas ao nível de atividade física, estatura, peso, composição corporal e sexo podem influenciar o GE durante o exercício, e justificam a incessante busca por diferentes modelos de quantificação (CENSI et al., 1998; 28 DUTRA et al., 2007; LAMONTE; AINSWORTH, 2001; LIMA; ABATTI, 2002; KEYTEL et al., 2005). Analisando a prática da atividade física, pesquisadores têm avaliado variações do GE que acontecem, não somente devido às variações na intensidade, bem como em função do tipo de exercício praticado (ACSM, 2001; ILLNER et al., 2000; WILMORE & COSTILL, 2001). Andar e correr, por exemplo, se constituem em modalidades de movimento que fazem parte da natureza humana, sendo, porém, realizadas em diferentes intensidades (MONTEIRO & ARAÚJO, 2001). Das duas, a caminhada é a atividade mais presente em estudos que envolvem atividade física, pois não requer equipamento, tem baixo impacto e proporciona benefícios à saúde (BROOKS et al., 2005). Diversos fatores influem na caminhada. Aspectos como a velocidade adotada no deslocamento e a distância percorrida pelo indivíduo modificam o consumo de energia (DI PRAMPERO, 1986; MALATESTA et al., 2003). Di Prampero (1986) estima ser o GE de um indivíduo durante a prática de atividade física função da velocidade multiplicada por um fator que varia de acordo com o tipo de deslocamento realizado e das condições ambientais, dentre estas a resistência do ar. Para o autor, desde os estudos sobre GE realizados em meados do século XIX, a velocidade da caminhada e a massa do indivíduo, que determinam a potência mecânica e metabólica geradas, bastam para o cálculo da energia consumida. Mas, embora seja viável avaliar a velocidade por intermédio do tempo e da distância percorrida, nos percursos em terrenos irregulares isso não é uma tarefa simples. Diversas tecnologias vêm sendo utilizadas para quantificar, de forma mais acurada, velocidade e deslocamento de seres humanos enquanto desenvolvem atividades de caminhada e corrida. Há algum tempo o posicionamento de alta acurácia com base em satélites e aparelhos de GPS (Global Position System) vem sendo utilizado para monitorar o deslocamento de indivíduos (SCHUTZ; CHAMBAZ, 1997; TERRIER; SCHUTZ, 2005), com minimização dos erros pelo acesso de parâmetros como velocidade e distância por meio desses aparelhos, considerados ferramentas interessantes na aferição dessas variáveis. O método comumente utilizado para a quantificação do dispêndio energético na caminhada é a calorimetria indireta, com mensuração do VO2max em condições laboratoriais por meio da “espirometria de circuito aberto” (ACSM, 2007). Entretanto, o uso dos aparelhos para ergoespirometria torna-se dispendioso para coletas realizadas ao ar livre, característica das atividades em trilhas. Segundo o American College of Sports Medicine (ACSM, 2007), a necessidade de energia da atividade física pode ser calculada com base na estimativa da demanda de oxigênio necessária, já que em condições de estado estável o VO2max proporciona 29 uma medida do custo energético do exercício em quilocalorias (Kcal), fato também destacado no estudo de Keytel et al. (2005). O conceito de VO2max na quantificação do GE foi introduzido no “Guidelines for graded exercise testing and exercise prescription” (ACSM, 1975), por meio de equações metabólicas que prevêem um componente de repouso (R), equivalente a 3,5 mililitros de oxigênio por quilograma de peso em cada minuto (ml/Kg/minuto), um componente vertical (CV), equivalente ao deslocamento com inclinação no terreno ou na esteira, e o componente horizontal (CH), equivalente á velocidade do deslocamento. Com estes chega-se, segundo o ACSM, á fórmula para obtenção do VO2max da atividade: CV+CH+R. Essa equação exige, entretanto, que o indivíduo esteja em estado de equilíbrio, e que o consumo de oxigênio tenha aumento linear à medida que a velocidade seja incrementada em razão de, para indivíduos de 70 Kg, 0,1 ml/Kg/minuto para a caminhada (ACSM, 2007). Nas caminhadas em diferentes declividades, com ajustes constantes do organismo e dificuldade de obtenção do “estado estável”, a equação não se aplica. Outro exemplo de cálculo do consumo de energia durante a atividade física, com aplicação simplificada, foi desenvolvido por Ainsworth et al.(1993), que criaram um compêndio apresentando guia com classificação do equivalente metabólico das atividades físicas realizadas por seres humanos (METs), depois atualizado (AINSWORTH et al., 2000). Na classificação utilizada pelos autores as atividades são identificadas por código de cinco números e valoradas em METs, cada unidade equivalendo ao valor do consumo de oxigênio de repouso, 3,5 ml/Kg/minuto. O consumo energético é medido em quilocalorias ou quilocalorias por quilograma de peso corporal, para atividades gerais ou específicas. Entretanto, a principal limitação das estimativas de GE que apresentam valor padrão no cálculo é a desconsideração das características individuais. Por outro lado, já foi citada a importância dos parâmetros relativos á FC no controle da atividade física. Diversos autores têm abordado relação muito próxima entre a intensidade de esforço exigida por determinada atividade e a magnitude da FC (ASTRAND; RODAHL, 1986). Dentre os fatores que expressam o funcionamento cardiovascular pode-se citar a FC em repouso (FCR), bastante estudada, sendo citada por alguns autores como parâmetro que influencia diretamente a condição de saúde e aptidão dos indivíduos (ACHTEN; JEUKENDRUP, 2003; BLAIR et al., 1989; GENOVESI et al., 2007; GREENLAND et al., 1999). Outro parâmetro que chama atenção de pesquisadores é a FC de reserva (FC reserva), caracterizada pela diferença entre a FCmax e a FCR. A FC reserva é adotada como medida da capacidade funcional do indivíduo. Jouven et al. (2005), por exemplo, avaliam uma diferença 30 entre FCR e FCmax inferior a 89 bpm como fator de aumento no risco relativo de mortalidade de até seis vezes. Na procura por método de mensuração do trabalho realizado durante a caminhada que tenha como objeto principal o GE, e sabendo não existir modelo ideal na busca por qualidades como acurácia, precisão, simplicidade no uso, mínima influência nos movimentos realizados durante a atividade e possibilidade de registro do comportamento dos sistemas envolvidos no movimento, a utilização de MFCs aparece como acessível e promissor, com aplicação em várias pesquisas (DUTRA et al., 2007; GRAHAN et al., 2005; HIILOSKORPI et al., 2003; KEYTEL et al., 2005). Com base na literatura consultada, existe a necessidade de mais pesquisas sobre o assunto, com utilização de diferentes métodos, conforme descrito na metodologia aqui utilizada. 31 4 METODOLOGIA O presente estudo é de natureza aplicada e de delineamento transversal, caracterizado como quantitativo quanto à abordagem ao problema, descritivo quanto aos objetivos, pois buscou relatar os fatos observados, registrados e analisados (ANDRADE, 1999) sobre o gasto energético durante caminhada em trilha, por meio de diferentes métodos, no município de Jussari, no estado da Bahia. O estudo se iniciou em 2008, enquanto os deslocamentos para coleta dos dados aconteceram no primeiro semestre do ano de 2009 (07/03; 28/03; 20/04; 16/05). As viagens eram efetivadas aos finais de semana, invariavelmente aos sábados pela manhã, em função da maior disponibilidade dos sujeitos envolvidos. 4.1. Área do estudo A trilha escolhida para a coleta de dados da presente pesquisa está localizada na RPPN de Serra do Teimoso, Município de Jussari, sul da Bahia, que fica a cerca de uma hora e meia da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, Município de Ilhéus (Figura 1). A RPPN de Serra do Teimoso foi criada através da portaria Ibama n°93/97-N, de 15 de agosto de 1997, constituindo-se de importante local para o desenvolvimento de programas ambientais (CARVALHO et al., 2001). O percurso faz parte de uma das três opções de caminhada oferecidas pela RPPN, e escolha se deu em função da praticidade, próxima à sede, e da curta extensão, 2.109,37 metros, o que permitiu a participação de vários indivíduos a cada coleta. Esta trilha é também a mais utilizada pelos visitantes que procuram a RPPN de Serra do Teimoso, inserida no corredor central da Mata Atlântica, sendo considerada área de transição entre floresta úmida e floresta estacional semidecidual (THOMAS et al., 1998; 2009). Por abrigar dois tipos de vegetação, a área é habitat de diversas espécies endêmicas de animais e vegetais, como bromélias, orquídeas, samambaias arbóreas, palmeiras e jequitibás. Além das características da trilha, a diversidade biológica da RPPN e o fato de se tratar de unidade de conservação de uso sustentável, com atributos que permitem o uso indireto dos seus recursos, foram critérios utilizados na escolha do local para a presente pesquisa. A temperatura média anual na cidade de Jussari, a 7 km da RPPN é de 23-24 °C e a precipitação varia entre 1250-1500 mm,com estação seca anual de dois a três meses (Roeder 1975 apud THOMAS et al., 2009). 32 Figura 1- Localização da Serra do Teimoso em relação a algumas cidades da mesorregião Sul Baiana (Fonte: IESB, CARVALHO et al., 2001) 4.2 Sujeitos da pesquisa A população escolhida é composta por estudantes de graduação e pós-graduação da UESC, pela facilidade de acesso à mesma. Para tanto, foram disponibilizados avisos e convites nos quadros para este fim existentes nas dependências da universidade, abrindo a possibilidade de participação na pesquisa. Para cálculo do tamanho da amostra foi utilizada a equação: n= (Zα/2)2σ2, E2 Nesta, n = número de indivíduos na amostra; Zα/2 = valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado, no caso 95%, 1,96; σ=Desvio padrão referente a estudos anteriores, previsto em 30 Kcal e E= diferença máxima a ser considerada, 10 Kcal (ARMITAGE & BERRY, 1987). O valor achado para tamanho da amostra foi de 34,57 indivíduos. Inicialmente, 40 indivíduos responderam ao chamado e concordaram em participar de todas as etapas da pesquisa. Os sujeitos não poderiam ter limitações físicas de qualquer 33 espécie, devendo estar capacitados a caminhar de forma contínua em área de floresta de uma unidade de conservação (UC) com diferentes declividades. Além disso, não poderiam ser portadores de doenças crônico-degenerativas (obesidade, diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares) ou estar sob efeito de medicamentos que pudessem interferir no comportamento dos dados analisados. 4.3 Coleta de dados A coleta de dados foi realizada segundo os seguintes critérios: pré-seleção dos sujeitos da pesquisa, determinação do nível de aptidão física dos voluntários, determinação da FC máxima (FCmax) e porcentagem da FC de Reserva (% FC R), levantamento topográfico da trilha, aplicação de critérios de exclusão durante a coleta de dados na trilha e percepção subjetiva de esforço autoavaliada. 4.3.1. Pré-seleção dos sujeitos da pesquisa Na primeira participação todos os sujeitos envolvidos na pesquisa assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE - Apêndice 1) que continha informações acerca dos riscos e benefícios envolvidos, bem como forma de participação, instrumentos e procedimentos a serem aplicados nas fases da coleta. Neste momento, quando concordaram em participar do estudo, foram informados quanto aos procedimentos, riscos envolvidos e características da trilhas. Dentre as informações, a necessidade de deslocamento até o município de Jussari, sem qualquer ônus para os voluntários, a duração do percurso na trilha, entre quarenta minutos e uma hora, e o tempo total a ser gasto durante a atividade de caminhada e deslocamento (ida e volta) a Jussari, cerca de seis horas. O projeto que norteou este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Santa Cruz, conforme Resolução n° 196, de 10 de outubro de 1996, emitida em Parecer Consubstanciado n° 409 (Anexo 5). Ainda no primeiro contato com os voluntários foi aplicado o questionário “Q-PAF Questionário de Prontidão para Atividade Física” adaptado do Ministério da Saúde do Canadá (NAHAS, 2006, p.58) (Apêndice 2). Uma ou mais respostas positivas (Sim) no Q-PAF foi um dos critérios adotados para exclusão da pesquisa. Logo em seguida ao Q-PAF foi aplicada anamnese (Apêndice 3), no intuito de excluir possíveis patologias que pudessem influir nos resultados, bem como obter informações sobre histórico de atividade física dos sujeitos 34 envolvidos, o que permitiu o conhecimento básico das características de cada participante. Os questionários (Q-PAF e anamnese) foram aplicados em unidade de saúde, com ambiente silencioso e temperatura confortável, na presença do pesquisador responsável. Ainda como parte da pré-seleção, os voluntários foram submetidos a eletrocardiograma em repouso (ECG Digital) com aparelho eletrocardiógrafo (Wincardio da Micromed) e acompanhamento de cardiologista. O procedimento visava detectar problemas cardíacos que pudessem interferir na coleta dos dados. Exames positivos foram adotados como outro critério de exclusão dos voluntários. O ECG em repouso também foi o instrumento utilizado para determinação da FC em repouso (FCR), e os valores a serem considerados na análise dos dados foram transferidos para planilha (Apêndice 4). Este instrumento foi aplicado sempre no dia anterior à participação na trilha, no período da manhã. No mesmo momento de aplicação da anamnese e questionário Q-PAF os voluntários foram submetidos a avaliação antropométrica (Balança antropométrica Welmy com régua e adipômetro clínico Cescorf). Na análise da composição corporal foram utilizados dados de peso e altura, perímetros corporais e espessura das dobras cutâneas. No cálculo da composição corporal foi adotado o protocolo de três dobras cutâneas de Pollock (1978). O cálculo foi realizado após transferência de dados para software de avaliação física (Physical 3.4 – TERRAZUL), no qual foi determinada porcentagem de gordura de cada avaliado por meio de rotina pré-estabelecida, após transferência dos valores para planilha (apêndice 4). Por intermédio do mesmo software foram obtidos cálculos dos valores de MIG e massa gorda para cada um dos sujeitos avaliados. 4.3.2. Determinação do nível de aptidão física dos voluntários, FC máxima (FCmax) e porcentagem da FC de reserva (% FC R) Para determinação da aptidão física utilizou-se a função “Polar Fitness Test”, também denominada “OwnIndex”. Esta faz parte das opções do modelo de frequencímetro Polar S810 (Polar Oy Electro) e caracteriza teste cuja medida equivale à capacidade aeróbia máxima (VO2max) expressa em mililitros de oxigênio, por quilograma de peso corporal, por minuto (ml/Kg/minuto). O teste “OwnIndex” teoricamente indica quantos mililitros de oxigênio (O2) o corpo do indivíduo é capaz de transportar por cada quilograma de peso corporal durante um minuto de atividade física, o que corresponde à sua aptidão cardiorrespiratória. De acordo com o “Manual do Usuário Polar” o teste “OwnIndex” se baseia na FC em descanso, 35 variabilidade da FC em descanso, idade, sexo, altura, peso e nível de atividade física autoavaliada. Os dados são inseridos no MFC nos momentos que antecedem o teste. A avaliação do nível de atividade física é obtida com base na seleção da alternativa que melhor descreve a condição do avaliado nos últimos meses. Nos MFCs da série "S", modelos utilizados na coleta, os níveis de atividade são: Baixo (Low): quando você não participa regularmente de lazer esportivo ou atividade física pesada; Médio (Middle): você pratica esportes recreativos regularmente; Alto (High): quando você pratica regularmente, pelo menos três vezes por semana, exercícios físicos pesados; e Top: você participa regularmente em exercícios físicos pesados pelo menos cinco vezes por semana. O teste “OwnIndex” foi realizado em unidade de saúde localizada na cidade de Ilhéus-Ba, em ambiente tranqüilo, sem ruídos, sempre no período da manhã, com voluntários em posição supina na maca usando cinta e MFC Polar S-810 na função determinada. Na ocasião das coletas só se encontravam na sala o avaliado e o avaliador (responsável pela pesquisa), e cada um dos voluntários recebeu instruções para não comer exageradamente nem realizar exercícios físicos vigorosos no dia do teste. Antes da avaliação foram introduzidas no MFC as seguintes variáveis: data de nascimento, altura em centímetros (cm), peso corporal em quilogramas (Kg) e nível de atividade física. Após inserir os dados no MFC a cinta foi fixada no peito dos avaliados, logo abaixo dos músculos peitorais, sendo estes orientados para que se posicionassem na maca deitados em decúbito dorsal, ficassem calmos e relaxados, mantendo as mãos ao lado do corpo, e que evitassem fazer qualquer movimento ou falar com o avaliador. Após 3 minutos nessa posição dava-se início ao teste, executando a função do MFC, com duração de 3 a 5 minutos. A avaliação do VO2max através da função OwnIndex foi validada em estudos realizados por Peltola et al. (2000) com sujeitos em treinamento, demonstrando os autores elevada associação entre o VO2max predito e a medição do VO2max em laboratório, tanto em homens como em mulheres. Para determinação da aptidão física também foram considerados os valores de FCR obtidos pelo eletrocardiograma em repouso, corroborando alguns autores (ACHTEN & JEUKENDRUP, 2003; GENOVESI et al., 2007). A determinação da freqüência cardíaca máxima de cada voluntário (FCmax) foi obtida por meio da fórmula de Karvonen et al. (1957): FCMax = 220-Idade, onde: FCMax = Freqüência Cardíaca Máxima Idade: Idade em anos completos 36 4.3.3 Levantamento topográfico da trilha Na presente pesquisa foi utilizado levantamento topográfico obtido a partir de registros cartográficos existentes na RPPN de Serra do Teimoso e em trabalho conduzido por Carvalho et al. (2001), bem como gravação e registro do percurso com GPS – Georreferenciamento por satélites (GPSMAP 60CSX-GARMIN). A trilha foi dividida em segmentos diferenciados, de acordo com o relevo. O objetivo do fracionamento do percurso foi possibilitar a aplicação das equações de quantificação do GE propostas no modelo de Hugo (1999). A divisão foi realizada a partir de mapas elaborados de hidrografia, planialtimetria de localização do percurso (Figura 2), declividades (Figura 3), e dos dados gravados em GPS durante a caminhada na trilha. Outro objetivo do levantamento topográfico foi obtenção das declividades e distâncias percorridas pelos sujeitos, dados inseridos nas equações propostas por Hugo (1999). A monitoração da trilha com GPS operado pelo pesquisador também objetivou a determinação e controle da velocidade média da caminhada, com posterior transferência de dados para o software TRIP & WAYPOINT MANAGER (MAP SOURCE CD ROM- GARMIN INTERNATIONAL INC.). Como os grupos não entravam na trilha ao mesmo tempo, a monitoração da velocidade por meio de GPS determinava o ritmo do pesquisador, que ia à frente, seguido pelos demais caminhantes, no intuito de obter valores muito próximos de deslocamento em Km/h. Após análise dos dados no software e cruzamento dos mesmos com levantamentos anteriores foi estabelecida a distância total percorrida na trilha em 2.109,13 metros. 37 FIGURA 2. Levantamento de hidrografia, planialtimetria e poligonal com localização da trilha da RPPN de Serra do Teimoso, Bahia (Fonte: Carvalho et al., 2001) FIGURA 3. Levantamento com declividades em porcentagem da trilha da RPPN de Serra do Teimoso, Bahia (Fonte: CARVALHO et al., 2001) 38 4.3.4. Critérios de exclusão durante a coleta de dados na trilha Alguns sinais ou sintomas, critérios comumente adotados para interrupção de testes de avaliação cardiorrespiratória, foram estabelecidos como condição para imediata paralisação da atividade de caminhada na trilha, no intuito de preservar a saúde dos sujeitos da pesquisa. Dentre estes critérios pode-se citar: a) a própria percepção do voluntário, instruído a solicitar a interrupção da caminhada a qualquer momento, se percebesse qualquer desconforto (náuseas, vômito, tonteira etc), por mais simples que este pudesse parecer; b) exaustão ou dispnéia visível, constatada por observação do pesquisador ou demais caminhantes de aumento exagerado do ciclo respiratório ou FC registrada nos MFCs; c) constatação de palidez intensa ou cianose dos caminhantes; d) no caso de desconforto visível ou relatado, acompanhado de aferição da pressão arterial sistólica (PAS) apresentando valores superiores a 230 milímetros de mercúrio (mmHG) e pressão arterial diastólica (PAD) superior a 120 mm HG durante o esforço; e) constatação de instabilidade emocional que pudesse colocar em risco a segurança do voluntário ou do grupo. As situações enumeradas fazem parte das Diretrizes do ACSM American College of Sports Medicine (ACSM, 2007), que norteiam testes de esforço e prescrição de exercícios. 4.3.5 Controle do percurso na trilha Nos momentos que antecediam a entrada na trilha foi realizada a colocação dos MFCs em cada voluntário, da mesma forma que aconteceu nos testes anteriores. Houve então checagem dos MFCs para verificar funcionamento, além de breve explicação sobre a importância da relação entre atividade física, FC e parâmetros de saúde, além de esclarecimentos sobre o modelo de UC de uso sustentável denominado RPPN e comportamento a ser adotado durante caminhada na trilha. Na mesma ocasião, foi explicado como preencher, ao final da atividade, da Escala de Percepção de Esforço de Borg (FOSTER et al., 1996; BORG, 1998) (Apêndice 4). Foi realizado, então, alongamento e agrupamento dos sujeitos na entrada da trilha, para checagem final e acionamento do modo de gravação dos MFCs pelo pesquisador. Em seguida, deu-se início ao percurso na trilha da RPPN, em ritmo constante, determinado pelo pesquisador. Durante toda a caminhada, os voluntários portaram cintas transmissoras que transferiam continuamente dados para os MFCs. O modo de gravação da FC foi desligado assim que os voluntários chegaram ao final do percurso na 39 trilha, sendo os dados imediatamente transferidos para software (Polar S-Series Toolkit) por intermédio de interface IrDA USB - Adapter (Polar Electro Oy). 4.3.6. Percepção subjetiva de esforço Trinta minutos após o final do percurso na trilha, os voluntários responderam à Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (FOSTER et al., 1996; BORG, 1998), com numeração (notas) de 1 a 10, que possibilita a autodeterminação da percepção sobre a intensidade do esforço exigido na caminhada. De acordo com Foster et al. (1996), esperar 30 minutos para preenchimento da escala permite que o praticante consolide sua percepção da totalidade do esforço, evitando que o sentimento de cansaço presente no final da trilha prevaleça. Como a maior intensidade da caminhada na trilha analisada teoricamente ocorreria em subida íngreme, localizada ao final do percurso, se justifica a adoção da metodologia proposta por Foster et al. (1996). 4.4 Tratamento dos dados 4.4.1. Cálculo do GE na caminhada em trilha com base em três diferentes modelos O primeiro modelo utilizado para cálculo do GE foi aquele proposto por Ainsworth et al. (1993). Os autores criaram um compêndio que classifica o gasto na atividade física pelo seu equivalente metabólico (MET). Segundo eles, para determinar o gasto calórico de uma atividade deve-se usar um valor em METs sugerido pelo compêndio, proposto para um indivíduo padrão. No modelo, a quantidade de METs da atividade é multiplicada pelo peso corporal do indivíduo e pelo tempo (em horas) gasto na atividade. A equação é a seguinte: GE = METs X PESO CORPORAL X TEMPO, onde: METS = Valor de 6,0 no Compêndio (Código 17080 - Hiking, Cross Country), conforme compêndio de Ainsworth et al. (1993). PESO CORPORAL = Massa corporal total (MCT) do indivíduo em Kg TEMPO = Tempo total da caminhada registrado em horas*. *Na presente pesquisa, o tempo obtido em minutos foi dividido por 60 para chegar ao valor em horas. 40 O segundo modelo aplicado foi proposto inicialmente por Hugo (1999), que realizou a mensuração do GE para chegar à medida do grau de dificuldade. No cálculo, foram utilizadas as seguintes equações: (1) P= m.g[Cv.v.sen ϕ+Ch.v.cos ϕ+Cm], usada para subidas, onde: P = Taxa de energia utilizada m = massa (peso corporal) g = Aceleração da gravidade (9,8 m/s2) v = Velocidade (3 Km/h) sen ϕ = Seno do ângulo de inclinação Cos ϕ = Coseno do ângulo de inclinação Os valores de Cv (coeficiente de eficiência vertical), Ch (obtido pelo produto entre o coeficiente de eficiência horizontal e coeficiente de fricção) e Cm (equivalente de velocidade em m/s) são constantes, determinadas a partir da utilização da equação anterior em um caminhante específico, testado durante caminhada na esteira a várias inclinações e velocidade constante (DAEHNE; HUGO apud HUGO, 1999). Para obtenção dos valores o autor colocou sete indivíduos com média de 74,2 Kg e 20 Kg de bagagem caminhando em esteira à velocidade de 5 Km/h, com alteração progressiva da inclinação em 5% e mensuração da FC e consumo de oxigênio por ergoespirometria. Hugo (1999) considerou, entretanto, que apenas esta equação não representaria a mesma acurácia para o GE total, e propôs nova equação, para descidas: ( 2) P=m.g.v [7,8 (tan ϕ)2 + 1,35 (tan ϕ) + 0,95m, onde P = Taxa de energia utilizada m = massa (peso corporal) g = Aceleração da gravidade (9,8 m/s2) v = Velocidade (3 Km/h) Tan ϕ = Tangente do ângulo de inclinação Embora alguns autores já tenham utilizado anteriormente esse modelo com MCT constante (PAPINI et al., 2007), foram adotadas na presente pesquisa os valores constantes, além daqueles previstos nas duas equações, velocidade de 3 Km/h e aceleração da gravidade de 9,8 m/s2. A MCT de cada indivíduo foi usada no cálculo do GE total. Os resultados obtidos pela equação podem ser classificados de acordo com tabela proposta por Hugo (1999) (Quadro 2). 41 Quadro 2: Categorias de graus de dificuldade conforme distância, duração e energia gasta na caminhada em trilhas Designação Equivalente Tempo Energia Descrição numérica horizontal da trilha de caminhada a gasta da categoria (Km) 3 Km/h (h) A1 <5 1,7 <2.500 Muito fácil A2 5-10 1,7-3,3 2.500-5.000 Fácil B1 10-15 3,3-5 5.000-7.500 Confortável B2 15-20 5-6.7 7.500-10.000 Moderada C1 20-25 6,7-8,3 10.000-12.500 Difícil C2 25-30 8,3-10 12.500-15.000 Severa D 30+ 10+ 15.000+ Extrema Fonte: Adaptado de Hugo (1999) Uma análise rápida do quadro permite constatar que os percursos (equivalente horizontal em km) são longos, muito superiores às trilhas da região sul da Bahia e mesmo àquelas avaliadas em estudo não publicado de Papini et al (2006), no Rio de janeiro. O conceito “Muito Fácil” é utilizado para trilhas de até 5 km de extensão e menos de duas horas de percurso, características apresentadas pela grande maioria das trilhas da região sul da Bahia, inclusive a da RPPN de Serra do Teimoso, na qual os sujeitos praticaram a caminhada e os dados foram coletados. Para estimativa do consumo energético total dos indivíduos durante caminhada na trilha pela equação de Hugo (1999) esta foi dividida em segmentos (S1, S2...) (Quadro 3). O cálculo do ângulo de declividade foi realizado a partir dos intervalos entre as curvas de nível obtidas em mapa digital (CARVALHO et al., 2001), bem como via procedimentos realizados em software já citado. Os dados foram obtidos a partir do registro do percurso via GPS. Cálculos foram realizados para subidas (equação 1) e descidas (equação 2), com soma posterior e obtenção do GE total de cada indivíduo. A estimativa do GE em quilojoules (Kj) foi realizada em cada um dos segmentos, sendo a soma dos valores obtidos em cada uma das estimativas considerada o GE para o modelo. A taxa energética obtida foi multiplicada pelo tempo gasto no percurso para obtenção do consumo energético total. O resultado foi dividido por 4,18 para obtenção do GE em Quilocalorias (Kcal). Hugo (1999) considera que essas equações podem ser aplicadas em diferentes trilhas, depois classificadas segundo o quadro 2. 42 Quadro 3. Segmentação da trilha para utilização de valores na equação de HUGO (1999) Percurso Deslocamento altitude Distância percorrida Inclinação (Graus) (metros) (metros) (S1) Início descida 256-230 113,67 12° 53’02” (S2) Horizontal ida 230-232 54,24 02° 06’42” (S3) Subida 1 232-282 458,1 06° 13’44” (S4) Subida 2 282-323 380,6 06° 08’54” (S5) Retorno 323-326 24,05 07° 06’37” (S6) Descida 1 326-282 431,8 05° 49’06” (S7) Descida 2 282-232 479,0 05° 57’33” (S8) Horizontal volta 232-230 54,24 02° 06’42” (S9) Subida final 230-256 113,67 12° 53’02” Fonte: Dados obtidos por meio da gravação do percurso em GPS Para estimativa do GE durante a atividade física de forma a considerar as características individuais massa corporal total (MCT), freqüência cardíaca (FC), gênero e idade, foi escolhida uma das equações propostas por Keytel et al. (2005), descrita abaixo: EE= gênero x (-55,0969 + 0,6309 x freqüência cardíaca + 0,1988 x peso corporal + 0,2017 x idade) + (1- gênero) x (-20,4022 + 0,4422 x freqüência cardíaca – 0,1263 x peso corporal + 0,074 x idade), onde: A variável gênero comporta os valores (1) para homens e (0) para mulheres. Os valores são obtidos em Quilojoules por minuto (Kj/min-1), sendo posteriormente multiplicados pelo tempo gasto por cada sujeito para completar o percurso. O resultado foi dividido por 4,18 para obtenção do gasto energético em Quilocalorias (Kcal). A obtenção dos valores para FC a serem usados na equação de Keytel et al. (2005) se deu por intermédio do monitoramento e gravação dos dados durante todo o percurso da caminhada (MFCs), estratégia escolhida para que não ocorressem falhas devido à aferição em pontos distintos ou apenas no final da atividade, o que ocasionaria a perda de dados importantes. É importante ressaltar que o modelo de Keytel et al. (2005) originalmente foi aplicado durante sessão de exercícios em esteira ergométrica e cicloergômetro, e apresenta duas equações para predição do gasto energético. Na primeira, os autores usam dados da aptidão física obtidos com base no consumo máximo de oxigênio (VO2max), FC, idade, peso corporal e gênero. Já na segunda equação, são inseridos apenas dados sobre FC, idade, peso corporal e gênero. Para o cálculo do GE na trilha do Teimoso, a impossibilidade de utilização 43 do padrão ouro para avaliação do VO2max durante a caminhada, a ergoespirometria de circuito aberto, determinou a escolha da segunda equação. Apesar disso, através da anamnese, eletrocardiograma em repouso e coleta com frequencímetro Polar (Fit Test) em repouso, foi possível estabelecer diferenças na aptidão física dos voluntários, dados que farão parte da análise e discussão dos valores de GE obtidos. 4.5. Análise estatística Os dados coletados foram expressos em média e desvio padrão (dp). Tendo em vista a normalidade dos dados observada por meio do teste de Shapiro-Wilk, empregaram-se os testes paramétricos nas análises. As comparações entre os valores observados nas diferentes trilhas e pelos diferentes métodos foram realizadas por meio do teste t Student. Já o coeficiente de correlação de Pearson foi adotado para análise da relação entre os grupos de homens e mulheres em cada um dos diferentes métodos. O valor de significância adotado foi de p < 0,05. 44 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados obtidos no desenvolvimento do estudo sintetizam e discutem os resultados conseguidos por meio de estimativas e correlação dos valores de GE durante caminhada em trilha, por diferentes métodos. 5.1. Características da amostra Após aplicada pré-seleção e observados critérios de exclusão, quatro sujeitos foram excluídos do presente estudo, todos do sexo masculino, três por serem hipertensos, estando sob efeito de betabloqueadores, e um por não estar apto à atividade após responder ao questionário Q-PAF. Os dados aqui apresentados correspondem, portanto, a 36 sujeitos analisados (16 homens e 20 mulheres). A idade média do grupo foi de 32,25 (dp=11,23), obtida, principalmente, pela inclusão de indivíduos com até 50 anos (valor máximo), uma vez que não houve critério de limitação da idade dos voluntários devido à obtenção destes de forma aleatória, por intermédio de anúncios abertos. A menor idade constatada foi 19 anos, enquanto a mediana do grupo ficou em 31 anos. Os valores de idade obtidos para o grupo dos homens foram superiores àqueles encontrados para as mulheres, pois os indivíduos de até 50 anos que se apresentaram para participar da pesquisa eram do sexo masculino. Estes apresentaram média de idade de 37,2 (11,4), mínimo de 19 anos, máximo de 50 anos e mediana de 39 anos, enquanto o grupo do sexo feminino apresentou média de 28,25 (9,56), mínimo de 20 anos, máximo de 47 anos e mediana de 24 anos. Importante pontuar que Keytel et al. (2005) não encontraram grande influência da idade sobre a equação para estimativa do GE utilizada no modelo do autor e aplicada nesta pesquisa. Porém, existe uma diferença importante a ser considerada, uma vez que Hiilloskorpi et al. (1999) desenvolveram equações preditivas do GE com indivíduos saudáveis e ativos, do sexo masculino e feminino, chegando à conclusão que a idade, o gênero e o peso corporal são fatores que influenciam o consumo de energia. Da mesma forma, Rennie et al. (2001) colocaram a idade como fator importante no cálculo, junto às variáveis gênero, FCR e MCT. Apesar disso, e embora a questão etária seja sempre levantada quando se fala de dispêndio energético, o decréscimo da taxa metabólica com o aumento da idade tem sido explicado em estudos anteriores pela diminuição da MIG (TZANKOFF; NORRIS, 1977;1978). Ou seja, a 45 queda do metabolismo aconteceria devido à maior proporção de gordura e menor MIG, e mesmo indivíduos mais velhos apresentariam manutenção ou incremento de GE se apresentassem valores elevados de MIG. As características antropométricas do grupo estão apresentadas no quadro 4. Quadro 4: Antropometria dos sujeitos da pesquisa segundo estatura (S), massa corporal total (MCT), porcentagem de gordura corporal (%GC) e massa isenta de gordura (MIG), 2009. SUJEITOS S MCT (Kg) % GC MIG (Kg) 36 167,15 (6,67) 63,99 (10,21) 20,29 (6,57) 51,26 (9,59) FONTE: DADOS DA PESQUISA Como foram registradas diferenças antropométricas importantes, o quadro 5 apresenta os valores das mesmas variáveis, em separado, para os gêneros masculino e feminino. Quadro 5: Antropometria para os sexos masculino e feminino, 2009. GÊNERO S MCT (Kg) % GC MIG (Kg) Masculino 171,53 (6,30) 70,18 (8,78) 15,63 (5,28) 59,54 (6,66) Feminino 163,65 (4,64) 59,04 (8,53) 24,03 (4,97) 44,64 (5,54) FONTE: DADOS DA PESQUISA (* S=Estatura; MCT=Massa Corporal Total; %GC= Porcentagem de Gordura Corporal; MIG=Massa Isenta de Gordura e IMC=Índice de Massa Corporal). Alguns autores têm abordado a influência da estatura sobre o cálculo do GE. Censi et al. (1998), por exemplo, encontraram maior consumo de energia em indivíduos mais altos quando comparados a outros de menor estatura. Entretanto, apesar da diferença significativa verificada entre homens e mulheres no presente estudo, não apenas para S, mas também para outras variáveis antropométricas (Tabela 1), os instrumentos utilizados não permitem a mensuração da influência específica da estatura sobre os valores encontrados. Os valores de MCT obtidos para os grupos por sexo têm reflexos diretos sobre a estimativa do GE através dos modelos utilizados, principalmente os propostos por Ainsworth et al. (1993) e Hugo (1999), uma vez que a diferença foi muito significativa (Tabela 1). As mulheres apresentaram porcentagem média maior de gordura corporal, e, consequentemente, menores valores de MIG, enquanto os homens registraram uma porcentagem menor de gordura corporal e valores mais elevados de MIG. 46 Tabela 1: Variáveis S, MCT e MIG, entre os sexos, 2009. Variáveis Mulheres Homens p N Média (DP) N Média (DP) S 20 163,65 (4,64) 16 171,53 (6,30) <0,001 MCT 20 59,04 (8,53) 16 70,18 (8,78) 0,001 MIG 20 44,64 (5,54) 16 59,54 (6,66) <0,001 Fonte: Dados da pesquisa Devido à baixa taxa metabólica do tecido adiposo, já há algum tempo a MIG vem sendo difundida como melhor representação da quantidade de energia consumida (WEBB, 1981). Como foram encontradas diferenças antropométricas significativas entre homens e mulheres nos dados analisados, é importante ressaltar a influência MIG sobre o GE, pois já foi discutido ser este maior, dependendo da massa muscular envolvida (VANHEES et al., 2005). Além disso, alguns autores têm chegado à conclusão que a MIG explica de 65 a 90% das variações ocorridas também no GE em repouso (RAVUSSIN; BOGARDUS apud ILNNER et al., 2000). A influência da relação massa magra/massa gorda no dispêndio de energia durante o exercício foi também abordada por Hall et al. (2004), que alertam ser esta relação a possível explicação para as diferenças de gênero observadas no seu estudo. Para os autores, ter menos gordura significa carregar menor excesso de peso, com decréscimo no consumo de energia necessário por unidade de MIG. Hall et al (2004) calcularam a quantidade de energia gasta durante as modalidades corrida e caminhada em uma distância de 1600 metros, e verificaram terem sido as diferenças de GE entre os sexos devido à maior MIG registrada na população masculina. Além disso, conforme citado anteriormente, até diferenças do GE entre faixas etárias são explicadas pela MIG (TZANKOFF; NORRIS, 1977; 1978), que está diretamente relacionada com o decréscimo do metabolismo que acompanha o avançar da idade. 5.2. Capacidade cardiorrespiratória A capacidade cardiorrespiratória (VO2max) apresentou média de 41,25 (7,40) ml/Kg/min. A média dos sujeitos do sexo masculino ficou em 43,62 (8,38) ml/Kg/minuto, superior àquele obtido para o grupo das mulheres, 39,35 (6,23) ml/kg/minuto, contudo, essa diferença não foi estatisticamente significativa (P=0,09). 47 Após avaliação os valores de aptidão física foram classificados de acordo com as categorias apresentadas no quadro 6, que representa a graduação da aptidão física proposta pela American Heart Association (AHA apud Pitanga, 2004). A análise dos valores levantados com base nas categorias de classificação da AHA possibilitou o levantamento da porcentagem de indivíduos em cada categoria. Após os cálculos, a distribuição da aptidão segundo as categorias foi a seguinte: 37,5% dos homens da amostra apresentaram aptidão excelente, 31,25% boa, 25% regular e apenas 6,25% fraco, ou seja, 93,75% dos indivíduos do sexo masculino apresentam aptidão entre regular e excelente. Ainda com base na mesma classificação, dentre as mulheres pesquisadas 45% mostraram aptidão regular, 30% boa, 10% excelente e 15% fraca. Isto equivale a dizer que 85% de indivíduos do sexo feminino apresentaram aptidão entre regular e excelente. No caso das mulheres existe a predominância, entretanto, de uma maioria (45%) na faixa regular, enquanto entre os homens a maioria (37,5%) foi avaliada na faixa excelente. Quadro 6: Quadro normativo da capacidade aeróbia máxima (VO2max), segundo a faixa etária, 2009. Idade 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 60 - 69 Muito Fraco Até 25 Até 23 Até 20 Até 18 Até 16 Fraco 25 - 34 23 - 30 20 - 26 18 - 24 18 - 22 Regular 34 - 42 31 - 38 27 - 35 25 - 33 23 - 30 Boa 43 - 52 39 - 48 36 - 44 34 - 42 31 - 40 Excelente > 52 > 48 > 44 > 42 > 40 Fonte: Adaptado da American Heart Association - AHA (1972) citada por Pitanga (2004). Fisiologicamente existem diferenças de potência aeróbia máxima entre homens e mulheres. Foss e Keteyian (2000, p.38) atestam serem os valores encontrados para o sexo feminino entre 15% e 25% menores, principalmente devido a fatores relacionados às dimensões corporais, incluindo dentre estes as quantidades de hemoglobina e volume sanguíneo, além de coração de menor tamanho. Vale relembrar que foram constatadas diferenças importantes de dimensões corporais entre homens e mulheres no presente estudo. Obviamente, os maiores níveis de aptidão física apresentados pelos homens devem ser considerados na análise do GE, em função da maior eficiência mecânica e consequente economia de energia que estes podem apresentar durante a caminhada (DANIELS; DANIELS apud HALL et al. 2004). 48 Importante ratificar a não utilização do cálculo da aptidão física (VO2max) através de ergoespirometria. Entretanto, além do cálculo pelo protocolo de aptidão (Fitness Test) do MFC (POLAR by ELECTRO), também foi obtida a FCR, que alguns autores colocam como medida útil da aptidão (ACHTEN; JEUKENDRUP, 2003; BLAIR et al., 1989; GENOVESI et al., 2007; RENNIE et al., 2001), para ajudar na análise dos resultados. Os valores de FCR em batimentos por minuto (bpm) estão descritos no item 5.3, que trata do comportamento da freqüência cardíaca. 5.3. Comportamento da freqüência cardíaca O comportamento da FC em bpm de todo o grupo, incluindo parâmetros como FC máxima (FCMax), FC em Repouso (FCR), FC Máxima atingida na caminhada (FCMax Caminhada), Porcentagem da FC Máxima registrada no percurso (% FCMax caminhada), FC Média durante a caminhada (FC Media Caminhada) e a Porcentagem da FC de Reserva da caminhada (% FC Res Caminhada), está descrito no Quadro 7. Quadro 7: Comportamento da freqüência cardíaca no grupo e por sexo, 2009. Variável Grupo Homens Mulheres 189 (11,22) 183,25 (11,49) 191,75 (9,56) FC R 65,05 (12,73) 60,5 (10,91) 68,7 (13,15) FCMax Caminhada 147,52 (22,98) 130,56 (16,93) 161,1 (17,62) % de FCMax caminhada 78,38 (10,70) 71,26 % (8,22%) 84,08 (8,98%) FC Média Caminhada 113,88 (20,54) 100,75 (13,23) 124,40 (19,42) % da FC Res Cam. (%) 40,03 (13,01) 32,56 (7,72 %), 45,88 (13,47 %), FCMax Fonte: Dados da pesquisa Na análise em separado por sexo encontramos diferenças importantes. Os sujeitos do sexo masculino apresentaram valores mais baixos de FCMax quando comparados às mulheres. Como a FCMax foi avaliada por meio da equação 220 – Idade (KARVONEN et al., 1957), o menor valor apresentado pelos homens se deve a maior idade média deste grupo. Entre os homens a média da FCR foi mais baixa (quadro 8) quando comparada ao valor obtido para as mulheres. Já foi abordada em alguns estudos a existência de relação entre a prática continuada de exercícios e a bradicardia em repouso, ou seja, a presença de FCRs 49 mais baixas em indivíduos treinados quando comparados a sedentários (ACHTEN; JEUKENDRUP, 2003; GENOVESI et al., 2007). Os autores não esclareceram, entretanto, diferenças nesse aspecto quanto aos sexos. Já Rennie et al. (2001) consideraram a FC apresentada pelo indivíduo quando sentado útil na medida da aptidão física, enquanto existem evidências de relação inversa entre taquicardia em repouso e capacidade durante o exercício máximo (BLAIR et al., 1989). Entretanto, apesar da relação entre a redução da FCR e o treinamento físico regular existem controvérsias. Almeida et al. (2007), por exemplo, consideram um equívoco comparar a condição aeróbia de diferentes indivíduos com base na FCR, considerando, esta, importante para verificação da evolução da aptidão em um mesmo indivíduo. Apesar da não utilização direta da FCR na mensuração do GE pelos 3 modelos aqui aplicados, a variável terá sua relação próxima com a aptidão física considerada na análise dos valores obtidos. Nesse aspecto, não há como negar os menores valores de FCR do grupo masculino, que podem indicar uma melhor aptidão geral deste grupo. Outro dado importante analisado no presente trabalho foi o comportamento da FC durante a caminhada na trilha. Uma análise comparativa dos valores obtidos nos grupos por sexo (quadro 7) mostra que os homens atingiram picos de FC (FCMax) mais baixos durante a caminhada na trilha. ficando o valor máximo obtido nesse grupo em 156 bpm, enquanto um dos sujeitos do sexo feminino atingiu valor máximo mais elevado durante o esforço, 184 bpm. A menor FCmax atingida pelos homens durante a atividade pode decorrer da melhor aptidão física (VO2max) registrada para o grupo no “fitness test”, além da menor FCR registrada por estes indivíduos. Ou seja, a melhor aptidão pode ter proporcionado maior rendimento, com economia no trabalho cardiovascular. Em dados percentuais, os valores atingidos da FCMax durante a atividade, calculados em relação à FCMax prevista pela equação 220 – Idade (quadro 7), também mostram diferenças importantes. Os homens chegaram à média de 71,26% (8,22%), enquanto as mulheres atingiram valor médio de 84,08% (8,98%). Trata-se de um dado interessante, pois a FCMax predita por meio de equação para os homens era menor quando comparada às mulheres, devido à maior idade média do grupo masculino. Ainda assim, mesmo com teto máximo mais baixo para os homens, estes fizeram uso de porcentagem menor desse valor durante a caminhada na trilha, ou seja, apresentaram menores valores de FC em relação ao máximo que poderiam alcançar. Os 184 bpms citados, valor apresentado por um dos sujeitos 50 do sexo feminino, corresponde, segundo o cálculo pela equação 220-Idade, a 100% da FCMax prevista. A intensidade da caminhada para este sujeito foi, portanto, muito elevada. O mesmo aconteceu com a FC média durante a caminhada na trilha, ou seja, o número de batimentos cardíacos médio obtido por meio do registro (MFC) durante todo o percurso, dado que foi utilizado na estimativa do GE pelo modelo de Keytel et al. (2005). Na análise separada por sexo (Quadro 7) os homens atingiram valores mais baixos, pois dentro deste grupo o valor médio máximo foi de 126 bpm e o mínimo muito baixo, 81 bpm. Novamente, a melhor estabilidade do sistema cardiovascular dos homens durante a caminhada, consequência da melhor aptidão, pode ter influído. Já o grupo das mulheres apresentou valor médio de FC bem mais alto, com máximo de 154 bpm e mínimo de 85 bpm. Os valores mais elevados apontam para uma maior intensidade da resposta fisiológica das mulheres durante a atividade. Esta variável influiu diretamente na estimativa do GE pelo modelo de Keytel et al. (2005). A porcentagem da FC de reserva do grupo registrada durante a atividade, ou seja, a porcentagem da reserva funcional atingida pelos caminhantes, tem seus valores também apresentados no Quadro 7. Os sujeitos do sexo masculino apresentaram valores médios mais baixos que o grupo das mulheres. Conforme verificado em relação aos parâmetros anteriores, o fato de ter o grupo feminino acusado maiores valores indica maior dificuldade ou maior esforço desse grupo para cumprir o mesmo percurso dos homens. 5.4. Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) Após aplicada escala para autoavaliação do esforço desempenhado durante a caminhada (Tabela de BORG – Anexo 1), os valores ficaram muito próximos, com pouquíssima variação, principalmente se considerado o grupo como um todo. Entre os homens 43,75% avaliaram o esforço como “Fraco” (nota 2), enquanto 56,25% avaliaram ter sido uma atividade de esforço “Moderado” (nota 3). As mulheres apresentaram uma variação maior, uma vez que 5% atribuíram nota 1 (“Muito, Muito Fraco”), 20% “Fraco” (nota 2), 65% “Moderado” (nota 3), 5% “Um Pouco Forte” (nota 4) e 5% “Forte” (nota 5). Alguns autores têm utilizado a PSE com sucesso, a exemplo de Foster et. al. (1996; 2001), que encontraram elevadas correlações entre os valores obtidos por este método e o controle da FC. Da mesma forma, Impellizeri et al. (2004) observaram correlações significativas entre resultados obtidos pela PSE e o comportamento da FC. A autoavaliação, 51 na grande maioria dos sujeitos, acompanhou a resposta fisiológica da FC. É claro que, como se trata de uma avaliação subjetiva, o método tem suas limitações. TABELA 2: Relação entre a FC média apresentada durante caminhada e a Percepção Subjetiva de Esforço autoavaliada. FCMÉDIA PERCEPÇÃO M., M. FRACO (1) 81 82 85 87 88 94 95 97 98 99 101 104 111 112 113 116 117 118 125 126 128 131 132 133 136 143 145 148 152 154 1 TOTAL 1 Fonte: Dados da pesquisa - SPSS FRACO (2) MODERADO (3) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11 1 1 1 1 1 2 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 22 TOTAL UM POUCO FORTE (4) 1 1 FORTE (5) 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 2 2 1 1 1 3 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 36 A Tabela 2 mostra a relação entre a Percepção Subjetiva de Esforço e a FC média registrada no MFC durante a caminhada. Nota-se que a grande maioria, 22 sujeitos dos 36 avaliados, percebeu a caminhada na trilha como um esforço moderado (nota 3). Destes, 17 apresentaram FC acima de 100 bpm, embora três tenham ficado entre 81 e 85 bpm. O único 52 indivíduo que percebeu o esforço como muito fraco chegou a média de 116 bpm, enquanto, dos 11 indivíduos que deram nota 2 (fraco) ao esforço necessário para cumprir a caminhada, 6 ficaram com média inferior a 100 bpm. O único indivíduo que classificou o esforço como “um pouco forte” chegou à média de 125 bpm, enquanto 152 bpm foi a média do indivíduo que percebeu a caminhada na trilha como um esforço “forte”. Embora a grande maioria dos indivíduos tenha avaliado o esforço de “moderado”, foi no grupo das mulheres, onde estes atingiram FCs médias mais altas durante a atividade, que surgiram autoavaliações classificadas de “Um Pouco Forte” (nota 4) e “Forte” (nota 5), fato não registrado entre os homens, que apresentaram classificação máxima do esforço de “Moderado” (nota 3). 5.5. Tempo e velocidade média registrados durante o percurso As médias de tempo de duração de percurso na trilha ficaram em 44,62 (1,21) minutos para os homens e 44,15 (0,81) minutos para as mulheres (P=0,19). Os tempos registrados demonstram acerto no controle da velocidade média por intermédio de GPS. O ritmo de caminhada dos diferentes grupos, de 2,86 (0,05) Km/h para as mulheres e 2,83 (0,07) para os homens, apresentou pequena variação, o que é interessante, pois alguns autores têm abordado a influência da velocidade de deslocamento e da distância percorrida no consumo de energia durante a atividade (DI PRAMPERO, 1986; MALATESTA et al., 2003). Como a distância percorrida na trilha foi a mesma para todos os participantes, a única possibilidade de variação estaria na velocidade de deslocamento entre os grupos que caminharam em momentos diferentes. Além disso, ritmo e intensidade têm uma relação bem próxima. Hall et al, 2004 encontraram GE cerca de 30% maior na atividade de corrida em 1600 metros quando comparado à mesma distância, caminhando, para os dois sexos. O uso do GPS para controle do deslocamento na trilha se justifica, pois os modelos de equação adotados (AINSWORTH et al., 1993, HUGO apud PAPINI et al., 1999; KEYTEL et al., 2005) levam em consideração o fator tempo. Além disso, a acurácia dos aparelhos de GPS no monitoramento do deslocamento de indivíduos tem sido atestada por alguns autores (SCHUTZ; CHAMBAZ, 1997; TERRIER; SCHUTZ, 2005). Com o uso do GPS, o desvio padrão no tempo de caminhada foi de 1,02 minutos para toda a amostra, para valores registrados, em grupos de cada 7 caminhantes, de 45,58 minutos, 45,40 minutos, 44,86 minutos, 43,83 minutos, 43,41 minutos e 42,73 minutos, o que aponta para sucesso no controle do ritmo da atividade. 53 Vale pontuar que o rendimento dos caminhantes na trilha foi facilitado pela não utilização de bagagem, pois os mesmos não carregaram sacolas ou mochilas. Conforme citado anteriormente, algumas pesquisas demonstraram que o caminhar sem peso extra permite a otimização da velocidade e minimização do custo energético por distância percorrida (COTES; MEADE apud BASTIEN et al., 2005). 5.6. Resultados do gasto energético total na caminhada Após aplicação dos três modelos de quantificação do GE e realização dos cálculos conforme metodologia desenvolvida pelos autores, os resultados, expressos em quilocalorias (Kcal), estão apresentados no Quadro 8. Quadro 8: Gasto energético (Kcal) por diferentes métodos na atividade caminhada em trilha, na RPPN de Serra do Teimoso, 2009. Ainsworth et al. Hugo (1999) (1993) Keytel et al. P (2005) GRUPO 284,01 (46,70) 217,66 (34,71) 316,80 (81,19) <0,001 HOMENS 313,28 (41,16) 238,71 (29,89) 318,89 (74,19) <0,001 MULHERES 260,61 (37,38) 200,34 (28,96) 315,13 (88,27) 0,89 FONTE: Dados da pesquisa Como era de se esperar, o modelo proposto por Ainsworh et al. (1993) apresentou maior diferença de GE entre homens e mulheres, devido às diferenças antropométricas significativas entre os grupos, efetivamente a MCT, utilizada no cálculo. Obviamente, em uma equação que usa valor de MET constante multiplicado pela MCT e tempo de percurso, qualquer aumento nos valores de massa corporal proporcionará o aumento linear do GE estimado (Gráfico 1). Considerando a ausência de maiores variações no tempo devido ao controle da velocidade média de deslocamento exercido pelo GPS, e como não existem valores de MET distintos para cada indivíduo, os valores de GE entre os sexos deveriam estar muito próximos no cálculo por intermédio desse modelo, não fosse a variável MCT. Importante limitação a considerar na aplicação do modelo de METs proposto por Ainsworth et al. (1993) é o fato de que a maioria das classificações das atividades do compêndio criado pelo autor foi feita a partir de dados anteriormente publicados e, por isso, pode não refletir exatamente seu custo energético em todas as situações. Ademais, apesar de a 54 versão de 2000 ter incluído em sua análise estudos com observação direta do custo metabólico das tarefas (16 estudos) e, com isso, aumentado sua precisão, é preciso considerar que ainda se tratam de valores médios. Gráfico 1: Relação entre MCT e GE calculado pelo modelo de Ainsworth et al. (1993), na RPPN de Serra do Teimoso, 2009. MCT (kg) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 100 200 300 GE Ainsworth 400 500 Fonte: Dados da pesquisa Para o método proposto por Hugo (1999) foram utilizados valores constantes propostos pelo autor (velocidade média da caminhada de 3 Km/h e aceleração da gravidade de 9,8 m/s2). Interessante notar que a aplicação deste modelo proporcionou os menores valores de GE avaliados. O modelo de Hugo (1999) foi concebido para um tipo peculiar de caminhante, que utiliza trilhas longas e usualmente leva sacos de dormir e outros materiais, já que os percursos podem durar até mais de um dia. É esta a razão de ter o autor inserido nos seus cálculos a bagagem transportada pelo caminhante, representada no peso corporal total. Alguns outros estudos têm analisado a influência da bagagem transportada pelos caminhantes dentre as variáveis que podem influir na caminhada (FOISSAC et al., 2009; LLOYD; COOK, 2000 ). Esta variável não foi considerada no presente estudo, pois as trilhas da região sul da Bahia são de curta duração, razão da não utilização de mochilas ou sacolas durante a coleta na trilha da RPPN pesquisada. Se os valores de GE obtidos por meio do modelo de Hugo (1999) forem analisados com base no quadro 2, proposto pelo autor, mesmo se forem utilizados apenas os dados de duração e extensão do percurso, a trilha da RPPN de Serra do Teimoso seria classificada na categoria “Muito Fácil”, pois esta apresenta percurso inferior a 5 km, duração inferior a 1,7 55 horas e GE inferior a 2.500 Kj, valor que corresponde a 598 Kcal. Ou seja, pelo modelo do autor qualquer trilha com os atributos físicos semelhantes (declividade, extensão...) seria percebida como “Muito Fácil” por qualquer caminhante. Embora o modelo seja interessante, obviamente que tem suas limitações, pois alguns indivíduos atingiram picos de FC durante a caminhada (Quadro 7) que caracterizam esforço intenso, de até 100% da sua FCMax. Tal fato se deve às diferenças de aptidão física que interferem nas respostas fisiológicas durante o movimento, variáveis não inseridas por Hugo (1999) no seu modelo de estimativa do GE. Com base nesses pressupostos, efetuar a classificação da trilha onde ocorreu esta pesquisa na categoria “Muito fácil” para qualquer tipo de caminhante pode ser precipitada. A aplicação do modelo proposto por Keytel et al. (2005) propiciou a obtenção do maior valor avaliado no GE durante a caminhada. Tal fato era esperado, por ser este modelo o único que utiliza parâmetro que responde de forma direta ao esforço realizado pelo indivíduo na trilha, a FC. As equações de Ainsworth et al. (1993) e Hugo (1999) não incluem variáveis que representem diretamente respostas fisiológicas advindas do esforço desempenhado durante a atividade. Também no modelo de Keytel et al. (2005) foi verificada a menor diferença de GE entre os grupos de sexos distintos. Na estimativa do GE por meio do modelo de Keytel et al. (2005) não foi realizada qualquer calibração individual, corroborando os próprios autores, que demonstraram a possibilidade de aferir o gasto energético pela FC durante atividade física sem a necessidade dessa metodologia, o que já havia sido realizado com sucesso por outros autores (HIILLOSKORPI et al., 1999; RENNIE et al., 2001; STRATH et al., 2000). Apesar disso, deve ser lembrado que em alguns pesquisadores defendem a calibração individual (BRAGE et al., 2007; CEESAY et al., 1989), mas sua utilização dificultaria a aplicação do modelo de estimativa do GE através da FC em larga escala . Na presente pesquisa a única participação dos sujeitos em atividade de caminhada se deu diretamente na trilha escolhida, ou seja, não houve calibração individual. É interessante ressaltar as limitações do estudo do GE em caminhada na Serra do Teimoso, uma vez que não existiam instrumentos para consideração de outras variáveis que poderiam interferir nos resultados, como, por exemplo, a temperatura e a umidade. Alguns autores citados neste trabalho reiteram a influência dessas variáveis (GISOLFI; MORA apud LIM et al., 2008; MCARDLE et al., 1992; SAWKA; WENGER., 1998), que influem na forma como o indivíduo lida com o estresse térmico e podem propiciar diferentes respostas fisiológicas ao esforço. Para minimizar as possíveis diferenças ambientais entre as caminhadas de grupos distintos, as coletas ocorreram no menor intervalo de tempo que a 56 estrutura disponível permitiu, e houve pouquíssima variação da temperatura nos meses em que ocorreram viagens e caminhadas na RPPN. Além disso, a saída para caminhada na trilha acontecia muito cedo, com entrada dos grupos no percurso entre 08:30 e 09:00 hs, em área de mata fechada, com sombra o tempo todo, o que minimizou os reflexos do calor, mas não impediu a ação da umidade. Para que fossem melhor aproveitados os dados coletados durante a pesquisa, foi realizada a análise de algumas variáveis que poderiam ter influído sobre os valores de GE avaliados, descrita a seguir. 5.6.1. Gasto energético x Idade Conforme anteriormente debatido, os homens apresentaram média de idade superior às mulheres. Entretanto, embora alguns estudos apontem para um decréscimo da taxa metabólica (TM) com o aumento da idade, existe relação direta do metabolismo energético com a prática de exercícios (VAN PELT et al., 1997), bem como, é esta bastante influenciada pelo ganho de massa gorda que acompanha a crescente inatividade. Ou seja, quanto maior a massa gorda e menor a MIG acentua-se o decréscimo do GE (TZANKOFF; NORRIS, 1977;1978). Webb (1981) também constatou relação importante entre MIG e tecido ativo, que o autor conceitua como soma das massas de órgãos como cérebro, músculos e fígado, que têm alta taxa metabólica, excluindo aquelas partes da massa corporal que têm baixa atividade metabólica, como, caso do tecido adiposo. Por outro lado, em estudo desenvolvido por Thomas et al. (2007), embora os autores não encontrassem qualquer correlação entre idade ou sexo e o GE, citaram estudos nos quais o envelhecimento é associado a um decréscimo na velocidade de caminhada (HIMANN et al., 1988; SAMSON et al., 2001 apud THOMAS et al., 2007) e conseqüente aumento do custo energético na atividade (MALATESTA et al,., 2003; MARTIN et al., 1992; McCANN; ADAMS, 2002; MIAN et al, 2006 apud THOMAS et al., 2007). Além disso, Nagasaki et al. (1996) afirmam ser a a taxa de caminhada (walk ratio), que é obtida pela divisão entre o comprimento da passada (Stride length) e sua freqüência, dependente do estilo de caminhada e menor nos indivíduos de idade mais avançada. Difícil avaliar se os maiores valores de idade podem ter influenciado as diferenças encontradas no presente estudo, pois as maiores médias de MCT, MIG e aptidão física, com, consequentemente, menores valores de FC, podem ter influenciado o cálculo do GE para os homens pelo modelo de Keytel et al. (2005), único a considerar a variável idade. Apesar 57 disso, acredita-se que os maiores valores de MCT, MIG e Idade, que poderiam influenciar o GE do grupo masculino para cima, podem ter sido minimizados pela eficiência decorrente da melhor aptidão física deste grupo, razão de ter sido a diferença, pelo modelo que considera estas variáveis, a menor detectada no estudo. Como os modelos de Ainsworth et al. (1993) e Hugo (1999) não levam em conta essa variável, é importante reiterar a clara necessidade de utilizar características individuais no cálculo do GE. 5.6.2. Gasto energético e Aptidão Física A aptidão física tem influência marcante sobre o GE (KEYTEL et al. 2005). Em uma das equações usadas no seu modelo, os autores utilizaram o grau de aptidão (VO2max) junto com outras variáveis, sendo estas responsáveis, segundo os mesmos autores, por 70% da variação do dispêndio energético de amostra independente durante 20 minutos de sessão de exercícios aeróbios. Keytel et al. (2005) atestaram ainda que, quando esta medida da aptidão cardiorrespiratória é utilizada, a acurácia da estimativa aumenta. Entretanto, apesar de concordar com a importância da medida da aptidão cardiorrespiratória no controle ou aferição de qualquer parâmetro relacionado ao exercício, não foi aplicada, nesta pesquisa, a equação de Keytel et al. (2005), que leva em conta o VO2max. A opção pela segunda equação se deu em função da impossibilidade de utilização do “padrão ouro” na obtenção desta medida. Ainda assim, a utilização nesta pesquisa de outra equação proposta pelo autor atende ao objetivo proposto: a procura por um modelo com variável que representa a resposta fisiológica na trilha, no caso a FC, importante no controle da atividade física (ALMEIDA, 2007). A equação usada permite a inserção de dados coletados que representam a resposta fisiológica proveniente do esforço realizado na trilha. Por outro lado, a quantidade de batimentos cardíacos atingida na caminhada tem relação com a aptidão, que pode ser representada pela FCR de cada indivíduo, segundo alguns autores (ACHTEN; JEUKENDRUP, 2003; BLAIR et al., 1989; GENOVESI et al., 2007). Dessa forma, embora tenha sido contemplada na equação de Keytel et al. (2005) apenas a FC média obtida durante a atividade, a aptidão física representada pela FCR se reflete na FC registrada no esforço, o que pode explicar a relação significativa dos valores de FCR com o cálculo do GE por esse modelo, descrita na tabela 3. 58 Tabela 3. Relação entre freqüência cardíaca em repouso (FCR) e gasto energético pelos 3 modelos, na RPPN de Serra do Teimoso, 2009. MODELOS N Ainsworth 36 Hugo 36 Keytel 36 Total 36 Fonte: Dados da pesquisa p 0,28 0,34 <0,001 r -0,186 -0,163 0,616 Se os indivíduos de menor FCR têm melhor aptidão física, ou seja, o sistema cardiovascular está mais equilibrado e apto a se ajustar às demandas metabólicas do exercício, logicamente estes mesmos indivíduos vão apresentar menor resposta ao esforço, com economia do GE. Por isso a relação positiva com a estimativa do dispêndio energético por meio do modelo de Keytel et al. (2005), dos três o único a considerar variável que representa a resposta fisiológica direta do indivíduo ao esforço na trilha (Gráfico 2). Ou seja, quanto maior o valor da FCR, maiores foram os valores de FC médios atingidos na trilha, o que aumentou o GE calculado pelo modelo de Keytel et al. (2005). Talvez esta tenha sido a razão de ser este o modelo que apresentou menor diferença de GE entre homens e mulheres Gráfico 2: Relação entre a FCR e GE calculado pelo modelo de Keytel et al. (2005), na RPPN de Serra do Teimoso, 2009. 120 100 80 FCR 60 40 20 0 0 100 200 300 GE Keytel 400 500 Fonte: Dados da pesquisa Da mesma forma, acontece relação significativa entre o GE e a fórmula de Keytel et al. (2005) quando os dados da estimativa do dispêndio energético obtido pelos três modelos durante a caminhada são cruzados com valores de aptidão física provenientes do teste 59 realizado com MFC Polar S-810 (Tabela 3). Logicamente, indivíduos com melhor aptidão física atingiram menores valores de FC, devido à eficiência na caminhada e menor trabalho cardiovascular, com reflexos diretos sobre o cálculo do GE pela equação de Keytel et al. (2005). Tabela 4. Relação entre capacidade cardiorrespiratória e GE pelos 3 modelos, na RPPN de Serra do Teimoso, 2009. MODELOS N Ainsworth 36 Hugo 36 Keytel 36 Total 36 Fonte: Dados da pesquisa r 0,124 0,09 -0,369 p 0,47 0,61 0,03 Quando comparada a relação entre a FCR avaliada e a capacidade cardiorrespiratória (VO2max) obtida pelo MFC, observa-se uma correlação negativa (p<0,01), ou seja, à medida que aumenta a aptidão cardiorrespiratoria a FCR diminui (tabela 5). Tabela 5: Relação entre FCR e aptidão física obtida pelo MFC, na RPPN de Serra do Teimoso, 2009. Variável N VO2max 36 Total 36 Fonte: Dados da pesquisa r -0,405 P 0,01 5.6.3. Relação entre gasto energético e frequência cardíaca A utilização de modelo que utiliza a variável FC se deu em função da relação estreita desta com o GE, fato constatado por diversos autores (RENNIE et al., 2001; HIILLOSKORPI et al., 2003; GRAHAN et al., 2005; KEYTEL et al., 2005). Entretanto, embora os autores adotem este método como importante na determinação do consumo de energia, alguns estudos anteriores (LI et al., RUTGERS, KLIJN e DEURENBERG apud KEYTEL et al., 2005) encontraram fraca relação entre o GE estimado por intermédio dos batimentos cardíacos e aquele mensurado de forma direta. Porém, a diferença encontrada nos estudos citados pode ser explicada, segundo Keytel et al. (2005), pela origem das equações preditivas, obtidas a partir de pequenas amostras de indivíduos, pouco representativas da população a ser estudada. 60 Embora devam ser observadas as limitações do presente estudo, a importância da utilização da FC no cálculo do dispêndio energético é óbvia, pois se trata de uma variável de simples mensuração que representa as respostas fisiológicas ao esforço. Basta a utilização de um MFC com função que permite o registro da curva da FC durante a atividade física para a obtenção de dados que representam a resposta do organismo do indivíduo ao esforço, com registro das FCs a cada 5 segundos, além de FCs média e máxima (Figura 4). FIGURA 4: Registro da FC durante o percurso na RPPN de Serra do Teimoso, 2009 (Fonte: MFC S-810, software Polar Precision Performance (Polar-Oy Electro). 5.6.4. Freqüência cardíaca e características da trilha Diversos autores ressaltam a influência das características do terreno sobre o GE. Obviamente, é esperada maior quantidade de energia gasta em atividades de caminhada na natureza, principalmente quando esta inclui topografia acidentada (aclives e declives), quando comparada á mesma modalidade praticada em terrenos planos, a exemplo de uma pista de atletismo. Segundo Minetti et al. (2002), tanto a corrida quanto a caminhada são influenciadas, no montante de energia necessária para as atividades, pelo tipo de terreno onde se desenvolvem. Isso determina a importância do surgimento de mais pesquisas que utilizem as 61 trilhas como laboratórios, ainda escassas. Nesse aspecto, podemos citar também rápida análise do estudo realizado por Hall et al. (2004), no qual os autores compararam diferenças de GE em função do gênero, encontrando valores de 5,4 Kj ou 1,41 Kcal por unidade de massa magra a cada minuto para ambos os sexos. Naquele estudo, a caminhada foi realizada em esteira e pista horizontal ao longo de 1600 metros. No presente trabalho foram registrados valores médios por unidade de massa magra durante a caminhada na trilha de 26,77 Kj ou 6,4 Kcal por unidade de MIG a cada minuto, o que aponta para maior dificuldade gerada pelas diferenças de relevo encontradas na trilha da RPPN de Serra do Teimoso, corroborando Hugo (1999), que afirma ser maior o gasto energético e o cansaço do caminhante quanto maior for a dificuldade da trilha. Entretanto, embora a equação de Hugo (1999) considere a declividade, não foi a aplicação desta que gerou obtenção do maior valor do GE, mas o modelo de Keytel et al. (2005), que utiliza as características individuais como a FC. Talvez, como já abordado, por ser este modelo o único a considerar o rendimento dos indivíduos durante a caminhada no percurso. Gráfico 3: Relação entre as cotas de altitude e o comportamento da FC em batimentos por minuto (bpm). 350 300 250 200 Altitudes 150 bpm 100 50 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Fonte: Dados da pesquisa Para se ter uma idéia da relação, na trilha analisada, do comportamento da FC comparada aos desníveis do terreno, basta uma análise do gráfico 3. 62 6. CONCLUSÃO As diferenças de sexo observadas, principalmente aquelas relativas à aptidão física, devem ser um alerta para que, na procura por trilhas adequadas aos usuários, essas e outras variáveis sejam inseridas na análise. Existem diversos tipos de trilhas sendo ofertadas aos usuários do ecoturismo ou turismo de aventura. São percursos que podem apresentar características distintas, desde os mais fáceis, até aqueles que apresentam obstáculos, quebras de declividade ou vegetação, que geram grandes dificuldades à caminhada. Ainda assim, mesmo as grandes dificuldades vão ser percebidas de forma diferenciada, a depender das características e histórico de vida dos indivíduos. Quaisquer que sejam as características das trilhas, as empresas que exploram atividades de aventura devem buscar, obviamente, a possibilidade da superação, do sentimento de prazer do usuário ou caminhante na prática. Deixá-los satisfeitos deve ser a premissa básica na disponibilização da atividade caminhada em trilhas como produto ecoturístico e, consequentemente, opção de desenvolvimento regional. A única possibilidade de deixar esse usuário da caminhada em trilhas sempre satisfeito é adequar a atividade ao seu potencial ou aptidão física. Ou seja, a trilha não pode representar um desafio menor ou maior que a capacidade de superação dessas pessoas, representada pela sua aptidão física. Claro, se trilha representar um desafio intransponível propiciará sentimento de frustração, quando não acontecer dano orgânico de maior gravidade. Por outro lado, se a caminhada for muito fácil também não alcançará a expectativa de aventura do caminhante. Embora ainda sejam necessários muitos estudos para a obtenção da carga de esforço imposta pelas trilhas aos caminhantes, só o conhecimento desta permitirá a formatação adequada dos percursos, inclusive para utilização da caminhada na natureza em programas de reabilitação e melhora da aptidão física. Pensar em trilhas devidamente formatadas e classificadas quanto ao seu grau de dificuldade deve ser o objetivo das empresas que trabalham com esse produto. Da mesma forma, devem se comportar os proprietários de unidades de conservação de caráter privado, as RPPNs, que precisam ter autonomia financeira e podem ter na caminhada em trilhas um produto forte, com lucros adequados e afinidade com os objetivos conservacionistas. Apesar de não se propor a estabelecer qual o melhor modelo entre aqueles aplicados, e considerando as limitações de um estudo transversal e a impossibilidade de serem 63 utilizados métodos que levassem em conta algumas características ambientais importantes, parece-nos razoável aceitar a equação de Keytel et al. (2005) como avanço importante na determinação do GE durante a caminhada. A utilização de variáveis individuais que influem no GE total, bem como a FC, que representa a resposta fisiológica ao esforço durante a atividade, parecem constituir vantagem na adoção desse modelo. 64 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACHTEN, J.; JEUKENDRUP, A. Heart rate monitoring: applications and limitations. Sports Medicine, v.33, n.7, p.517-538, 2003 ACSM.American College of Sports Medicine. Guidelines for graded exercise testing and exercise prescription. Philadelphia: Lea & Febiger, 1975. ACSM. American College of Sports Medicine. 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O objetivo deste estudo é comparar os resultados obtidos na estimativa do gasto energético durante caminhada na trilha interpretativa da RPPN de Serra do Teimoso-Município de Jussari, por meio de diferentes métodos, comparando os resultados e verificando se existe correlação entre os valores encontrados. Os resultados da pesquisa poderão contribuir para uma melhor compreensão de como o organismo de cada pessoa funciona em atividades de caminhada na natureza, e se é possível quantificar o esforço dispendido a partir de seu gasto energético, fornecendo mais informações aos usuários dessas atividades, e aumentando a segurança na sua prática. Sua participação envolverá, inicialmente, a resposta a questionário (Q-PAF) e anamnese sobre a rotina de atividade física e a presença de antecedentes para doenças crônico-degenerativas como diabetes e hipertensão. Além disso, será submetido a avaliação antropométrica, com medidas dos perímetros de braços, pernas e abdomem, além de dobras cutâneas com plicômetro. Nenhum dos procedimentos é invasivo, sendo realizados comumente em academias. Posteriormente, você será transportado, sem qualquer ônus, até a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) de Serra do Teimoso, no município de Jussari, totalizando uma hora e trinta minutos de viagem de ida, mais uma hora e trinta minutos de viagem de volta. Somados ao tempo de uma hora e trinta minutos necessário para a preparação e percurso de ida e volta na trilha, você, como voluntário, deverá ficar disponível para um período de 4 horas e meia a seis horas, no caso de atrasos e outros incidentes, em data a ser definida. Durante o percurso na trilha você utilizará apenas uma cinta elástica no tórax e um relógio com freqüencímetro no pulso. Os riscos e desconfortos envolvidos são aqueles inerentes à realização de exercícios na modalidade caminhada, incluindo subidas íngremes e descidas, na mata, em trilha da RPPN citada, ou seja, pode ocorrer cansaço físico e, em raros casos, dor muscular durante, após ou no dia seguinte à prática. O alongamento e aquecimento prévios serão acompanhados por profissional habilitado (pesquisador/Prof. De Educação Física) e medidas preventivas serão tomadas a fim de se minimizar os problemas citados. A utilização do freqüencímetro, por sua vez, não traz qualquer risco à saúde. Você poderá ter acesso a todas as informações referentes aos testes e procedimentos a que for submetido, bem como se retirar do estudo a qualquer momento, sem prejuízo. Pela participação no estudo você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias á realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Finalmente, seu nome ou imagem não serão expostos sob quaisquer circunstâncias, e caso ocorram prejuízos físicos ou morais em decorrência da pesquisa, você será indenizado. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO. Eu,_________________________________________________________________________ li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual o procedimento a que serei submetido. As informações esclarecem riscos e benefícios do estudo, deixando claro que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro para participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo. Ilhéus, _________/__________/___________ Identidade: Assinatura Voluntário Assinatura pesquisador responsável TEL: Telefone Contato: (73) 3632-2509 75 APÊNDICE 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE QUESTIONÁRIO DE PRONTIDÃO PARA ATIVIDADE FÍSICA (Q-PAF) PHYSICAL READNESS QUESTIONAIRE (PAR-Q) Adaptado do Ministério da Saúde do Canadá (NAHAS, 2006) O questionário abaixo foi proposto para avaliar se existe a necessidade de procurar um médico antes de praticar atividade física, para pessoas entre 15 e 60 anos. 1.Algum médico já disse que você tem problemas de coração e que só deveria praticar atividades físicas com orientação médica? ( ) SIM ( )NÃO 2.Você sente dores no peito quando pratica atividades físicas? ( ) SIM ( )NÃO 3.No último mês você teve dores no peito sem que estivesse fazendo atividade Física? ( )SIM ( )NÃO 4.Você perde o equilíbrio quando sente tonturas ou você alguma vez perdeu os sentidos (desmaiou)? 5.Você tem algum problema nas articulações ou nos ossos que poderia piorar se você praticar mais atividades físicas? ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO 6.Você toma algum remédio para pressão alta ou problema cardíaco? ( )SIM ( )NÃO 7.Existe qualquer outra razão pela qual você deveria evitar atividades físicas? ( )SIM ( )NÃO Se você respondeu SIM a uma ou mais questões procure o seu médico antes de tornar-se mais ativo(a) fisicamente. Se você respondeu NÃO a todas as questões você pode considerar-se razoavelmente apto para praticar atividades físicas, iniciando com moderação e aumentando gradualmente o que você fizer – assim é mais seguro e mais fácil. 76 APÊNDICE 3 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ANAMNESE IDADE:___________ SEXO:_____________ 1.Pratica atividade física regularmente? ( ) SIM ( )NÃO Em caso positivo, há quanto tempo? ___________________ 2. Existem casos na família de Diabetes, Hipertensão, Infarto do miocárdio? ( ) SIM ( )NÃO Alguma outra doença na família? Qual? _______________________ 3. Você já foi diagnosticado de alguma das doenças citadas, ou outros problemas que considera relevante? ( SIM ( ) NÃO Qual?____________________________________ 4. Já desmaiou ou se sentiu mal fazendo qualquer atividade? ( 5.Possui alguma lesão muscular ou óssea? ( )SIM ( 6, Toma algum tipo de medicamento? ( )SIM ( 7. Já realizou algum tipo de cirurgia? ( ) SIM ( ) SIM ( ) NÃO )NÃO Qual? ________________________ )NÃO Qual? _______________________ ) NÃO 8. Existe qualquer outra razão pela qual você deveria evitar atividades físicas? ( )SIM ( )NÃO ) 77 APÊNDICE 4 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE NASCIMENTO NOME IDADE SEXO PESO ESTATURA APTIDÃO (VO2) FC REPOUSO % GORDURA 78 ANEXO 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCALA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO 0 Repouso 1 Muito, muito fraco 2 Fraco 3 Moderado 4 Um pouco forte 5 Forte 6 * 7 Muito forte 8 * 9 * 10 Máximo