VI.A.01-01289 Ministério. “Prezado Sr. Julius Hoffmann, Acuso recebimento...” Prezado Sr. Julius Hoffmann, Acuso recebimento da sua consulta relacionada com a escultura de Lipchitz que se vem mantendo, embora a título precário, ou provisório, na empena posterior do auditório do antigo Ministério da Educação e Saúde. A pessoa intermediária nos contatos do ministro Capanema com o artista foi a escultora Maria Martins, antiga embaixatriz em Washington. O que levou os arquitetos a aconselhar ali uma escultura do Sr. Lipchitz foi o seu belíssimo “Canto das Vogais”. O propósito original era uma obra de concepção triangular semelhante e de sentido dinâmico ascensional (além do referido “Chant des Voyelles”, vinhanos à lembrança a Vitória de Samotrácia, a Marselhesa de Rude (?) (do Arco do Triunfo), e até mesmo, no espírito da arte acadêmica decadente de fins do S.XIX, a quadriga de bronze do Grand Palais – a fim de contrastar com a densidade estática do prédio. O Sr. Lipchitz obedeceu, porém, no modelo apresentado, ao partido losangular de dinâmica centrífuga, mas que se anula num impasse estático. (dois croquis ilustrativos) Circunstâncias de natureza política impediram, na época, o prosseguimento do diálogo e forçaram a interrupção do trabalho. Entenderam então os arquitetos ser conveniente fundir em bronze e colocar provisoriamente no local o próprio modelo em escala reduzida afim de garantir que ali haveria uma escultura de alto teor e significação plástica e de assim impedir que as novas administrações ousassem, no futuro, instalar no local outra obra imprópria. Essa providência feita com certa candura mas com o melhor propósito, teria naturalmente que desagradar o escultor, tal como de fato ocorreu. Posteriormente estive pessoalmente com ele em Nova York, na companhia de um amigo comum, o erudito Carlton Sprague Smith,quando tive ocasião de explicar o verdadeiro sentido do nosso gesto. 1