O IMPACTO AMBIENTAL DAS EMBALAGENS PLÁSTICAS EM SANTO ÂNGELO – RS Regiane Klidzio Graduanda em Informática – URI – Santo Ângelo / RS – [email protected] Danielli Vacari de Brum Graduanda em Matemática – URI – Santo Ângelo / RS – [email protected] Suzana Leitão Russo DCET – URI – Santo Ângelo / RS – Brasil – [email protected] Maria Emília Camargo DM – UNISC – Santa Cruz do Sul / RS – Brasil – [email protected] Ivan Gomes Jardim DECC – URI – Santo Ângelo / RS – Brasil – [email protected] RESUMO Pretende-se com este trabalho, sensibilizar a população de que a embalagem plástica não é apenas um produto cuja imagem foi enraizada como objeto descartável e poluidor. Dos resultados analisados, constatou-se que: 74,2% das embalagens vazias de agrotóxicos são para a tríplice lavagem. Quanto às embalagens de cozinha, grande parte é queimada 36,1%, a maior parte das bolsas de adubo é reutilizada 90,4%. Utilizou-se o teste do χ 2 para verificar a dependência entre variáveis. A relação de dependência do perigo do uso dos agrotóxicos é muito significativa (χ 2 = 83,17; 1-p→99,99%) em relação ao uso de equipamentos de proteção. A relação de escolaridade do agricultor é muito significativa (χ 2 = 21,73, 1-p→99,98%) em relação a leitura do rótulo da embalagem. Observou-se que a relação entre o sexo do agricultor é significativa (χ 2 =11,50,1-p→95,77%) em relação ao destino das embalagens plásticas de cozinha e verificou-se que a relação entre a idade do agricultor é muito significativa (χ 2 = 28,27, 1-p→99,84%) em relação a manutenção do equipamento de aplicação. Assim, constatamos que a percepção do impacto ambiental causado pelas embalagens plásticas precisa ser conscientizada, principalmente no que se refere ao volume percentual elevado de embalagens plásticas que não são reaproveitadas pelos produtores rurais. Palavras-chave: Embalagens Plásticas, Teste de χ 2 INTRODUÇÃO Cada vez mais a sociedade vem considerando a preservação do meio ambiente como uma das questões fundamentais de sua preocupação social. Com isso questões como a utilização de embalagens plásticas de agrotóxicos na agricultura, meio ambiente e qualidade de vida passaram a ser mais considerado pela sociedade, governo e indústrias, de forma que a importância destas questões tem levantado muitas pesquisas e discussões, com a intenção de evitar um desequilíbrio ambiental e manter a qualidade de vida da população. O projeto visa colocar em discussão as questões das embalagens plásticas, não como as vilãs da composição dos resíduos sólidos urbanos, mas sobre certos aspectos que as mesmas apresentam, bem como seus aspectos quantitativos. Além de verificarmos a realidade em que se encontram as embalagens plásticas utilizadas no plantio e a forma como a variável ambiente é percebida pelos produtores rurais. Este estudo visa diagnosticar a quantidade de produtores rurais que não reaproveitam as embalagens plásticas; verificar as principais estratégias utilizadas pelos produtores rurais de forma a amenizar o impacto ambiental, além de analisar a dependência entre as variáveis. O teste utilizado para analisarmos a dependência entre as variáveis foi o teste Quiquadrado (χ 2). FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O Homem e a sua Percepção Ambiental Desde os primórdios o homem vem interagindo com a natureza, e para sobreviver, era dela que obtinha seu alimento, sua vestimenta e encontrava abrigo. Assim, para produzir seus meios de subsistência, ele foi obrigado a transformar ou intervir nela. "Isso começou a partir do extrativismo madeireiro e das economias primitivas baseadas na caça, na pesca e na colheita" citado em Acot [1]. Certamente não é possível uma comparação entre os dias de hoje e épocas tão distantes, mas o fato é que vários podem ser os fatores que influenciam a percepção humana e isto pode até mesmo ocorrer pela maneira como os corpos estão estruturados para receber e elaborar os estímulos provenientes do meio ambiente. A ecologia tradicional, como observa Corleto [2], anteriormente ao visualizar o homem como uma "externalidade", como um fator de perturbação, ou modificador de ecossistemas, não permitia que ele desempenhasse seu papel predominante na biosfera e conseqüentemente, desenvolvesse a percepção em sua volta, de maneira a adquirir mais qualidade de vida, baseado nas quais o homem toma decisões e altera o ambiente. Assim, a percepção ambiental vem sofrendo positivas mudanças e experimentando esforços no sentido de melhorar as relações comportamento-ambiente. As experiências e conhecimentos, também são notavelmente outros. A estrutura cognitiva atual do homem leva-o a perceber seu mundo de forma diferente. Visto ser o processo perceptivo complexo, verifica-se que a percepção resulta em diferentes conceitos, ou identificação do que se observa. O homem desde os primórdios parece agir no campo ambiental claramente de formas diferentes. Seria muito difícil os valores que influenciavam o homem antigamente, mas muito provavelmente antes se baseavam em sua própria sobrevivência. Uma boa caça, um bom abrigo e o respeito pela natureza, e o desconhecido, provavelmente eram muito valorados nestes tempos. Assim, a percepção ambiental pode vir a auxiliar um desenvolvimento sócioeconômico e ambiental de um lugar, visando uma boa qualidade de vida para a sociedade com uma integração ao meio ambiente. A percepção do homem, de maneira geral, sofreu mudanças visíveis e acompanhou a evolução da vida humana. Talvez, a própria percepção do homem com relação ao mundo que o cerca, tenha-o conduzido na história através de diferentes paradigmas. Embalagens Plásticas e o Pós-Consumo Segundo Domingues [3], existem diversas formas de se trabalhar o resíduo sólido municipal, segundo o gerenciamento integrado de resíduos sólidos; que são: a redução na fonte, reutilização, reciclagem, a incineração e aterro sanitário. A redução na fonte significa utilizar o mínimo possível de material original. Segundo a Prodam [4], reutilização é reutilizar tantas vezes quanto seja possível antes de se produzir qualquer operação de transformação da embalagem. A reutilização exige um mínimo de recursos no seu ciclo se uso. Reciclar é revalorizar os descartes domésticos e industriais mediante uma série de operações, que permitem que os materiais sejam reaproveitados como matéria-prima para outros produtos. A vantagem de se trabalhar com o plástico na reciclagem é o seu peso, por ser um material leve, seu custo é baixo, citado em Domingues [3]. Existem três tipos de reciclagem, que são: mecânica, energética e química. De acordo com a Domingues [3], a incineração consiste numa queima controlada de produtos com o objetivo de tornar um resíduo menos volumoso e menos tóxico. Conforme a Prodam [4], o aterro sanitário é a forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, através de confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente, solo, de acordo com normas operacionais específicas, e de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais. Testes de Hipóteses Infelizmente na Estatística, a certeza de estarmos adotando uma decisão correta é muito diferente das distintas ciências, nas quais as hipóteses ou teorias têm a ver com uma população. Em tais casos, a verdade ou falsidade da hipótese só pode ser estabelecida se estudarmos a população toda, o que, como sabemos, nem sempre é possível. Em tal circunstância não temos alternativa senão estabelecermos uma amostra. O processo de usarmos uma amostra para decidir a aceitação ou rejeição de uma hipótese é chamado de Teste de Hipóteses. Dado que a decisão adotada será baseada em uma amostra, estaremos expostos a cometer erros. A validade de testes de hipóteses ou de regras de decisão exige que eles sejam delineados de modo a minimizar os erros de decisão. Utilizaremos o teste Qui-quadrado – Teste de Aderência – ( χ2), para verificarmos se as discrepâncias foram significativas ou não, segundo Milone [5]. Tabela de Contingência Esta teoria seria outra forma de aplicação do teste de χ2 , a qual verificaremos a associação ou dependência entre dois atributos. A análise de variáveis categóricas (organizadas em tabela de contingência), ou de variáveis quantitativas que permitirão a caracterização dos dados será feita através da Técnica de Análise de Correspondência. Segundo Triola [6], o método da Análise de Correspondência tem por objetivo verificar a associação entre variáveis e permite visualizar a relação entre cada linha e cada coluna da tabela. Trata-se de um método estatístico descritivo que nos permite ir percebendo se há ou não associações significativas entre as variáveis durante o andamento da própria investigação, testando hipóteses que não haviam sido previstas. RESULTADOS Apresentamos a seguir, os principais resultados encontrados. Tabela 1. Sexo do entrevistado Sexo Masculino Feminino Freqüência 85,7% 14,3% Conforme a tabela 1, 85,7% dos entrevistados são do sexo masculino e 14,3% são do sexo feminino. Tabela 2. Escolaridade do entrevistado Escolaridade Não-resposta Ensino fundamental Ensino médio Nível superior Analfabeto Freqüência 1,9% 89,3% 6,7% 1,0% 1,1% Constatou-se que, 89,3% dos entrevistados possui o ensino fundamental, 6,7% possui o ensino médio, 1,0% possui o nível superior e 1,1% dos entrevistados são analfabetos. Tabela 3. Recebe orientações Orientações Agrônomo de firma particular Vendedor de loja Agrônomo da Casa da Agricultura Outros Vizinhos Freqüência 34,5% 32,2% 24,4% 6,7% 2,2% Observou-se que, 34,2% dos agricultores recebem orientações de agrônomo de firma particular, 32,4% de vendedores de lojas, 22,9% de agrônomo da Casa da Agricultura e 2,9% de vizinhos. Tabela 4. Destino das embalagens vazias de agrotóxicos Destino Recolhidas Amontoadas Colocadas a céu aberto Queimadas Enterradas Freqüência 74,3% 18,1% 3,8% 2,9% 1,0% Verificou-se que, em 74,3% das embalagens vazias de agrotóxicos é feita a tríplice lavagem com posterior recolhimento da prefeitura, 18,1% das embalagens ficam amontoadas, 3,8% são colocadas a céu aberto, 2,9% são queimadas e 1,0% enterradas. Tabela 5. Destino das bolsas de adubo Destino Reutilizadas Não-resposta Colocadas a céu aberto Queimadas Amontoadas Depósito comunitário Freqüência 90,4% 3,8% 1,9% 1,9% 1,0% 1,0% Conforme a tabela 5, constatou-se que, 90,4% das bolsas de adubo são reutilizadas, 1,9% são colocadas a céu aberto e queimadas e 1,0% são amontoadas e colocadas em depósitos comunitários. Tabela 6. Destino das embalagens plásticas de cozinha Destino Freqüência Queimadas 36,1% Enterradas 21,0% Reutilizadas 12,4% Amontoadas 12,4% Colocadas a céu aberto 10,5% Depósito comunitário 7,6% Podemos ver que, 36,1% das embalagens de cozinha são queimadas, 21,0% são enterradas, 12,4% são amontoadas ou reutilizadas, 10,5% são colocadas a céu aberto e 7,6% em depósitos comunitários. Utilizou-se também o teste Qui-quadrado (χ 2) para analisarmos a dependência entre as variáveis. A seguir estão os resultados das tabelas de contingência. Tabela 7. Dependência entre perigo do uso de agrotóxicos e utilização de equipamentos de proteção Condições/ Perigo Não-resposta Sempre Sem o uso de equipamento de proteção Sim 1 70 30 Não 4 0 0 TOTAL 5 70 30 Verificou-se que a relação de dependência do perigo do uso dos agrotóxicos é muito significativa (χ 2 = 83,17; 1-p→99,99%) com relação ao uso de equipamentos de proteção. Tabela 8. Dependência entre escolaridade e a leitura do rótulo antes da aplicação Lê orientações/Escolaridade Não-resposta Analfabeto Ensino fundamental Ensino médio Nível superior Sim 2 0 86 4 0 Não TOTAL 0 2 1 1 8 94 3 7 1 1 Observou-se que a relação de escolaridade do agricultor é muito significativa (χ 2 = 21,73, 1-p→99,98%) com relação a leitura feita do rótulo do agrotóxico antes da aplicação. Tabela 9. Dependência entre idade e manutenção do equipamento de aplicação Manutenção/Idade Menos de 35 De 35 a 43 De 43 a 51 De 51 a 59 De 59 a 67 Acima de 67 Sim 19 23 14 21 15 5 Não 2 0 0 3 0 3 TOTAL 21 23 14 24 15 8 Constatou-se que a relação entre a idade do agricultor é muito significativa (χ 2 = 28,27, 1-p→99,84%) com relação a manutenção do equipamento de aplicação. Tabela 10. Dependência entre sexo do agricultor e destino das embalagens de cozinha Sexo/Cozinha Colocadas a céu aberto Enterradas Queimadas Amontoadas Depósito comunitário Reutilizadas Fem 2 2 3 3 4 1 Masc 9 20 35 10 4 12 TOTAL 11 22 38 13 8 13 Observou-se que a relação entre o sexo do agricultor e a disposição final dos resíduos de cozinha é significativa (χ 2 = 11,50, 1-p→ 95,77%). As principais estratégias utilizadas pelos produtores rurais entrevistados na forma de amenizar o impacto ambiental estão representadas na forma de tabelas, descritas a seguir: Tabela 11. Relação dos agricultores com o meio ambiente Relação Estão se conscientizando Não estão se conscientizando Alguns estão, outros não Freqüência 54,28% 35,24% 10,48% Dos agricultores entrevistados, 54,28% acreditam que há uma conscientização por parte deles com relação ao meio ambiente; 35,24% não acreditam numa conscientização e 10,48% acreditam que alguns agricultores estão se conscientizando, outros não. Tabela 12. Percepção do agricultor sobre o meio ambiente no meio rural Percepção Está piorando Está pior Está melhorando Está melhor Freqüência 29,52% 29,52% 22,86% 18,10% Conforme a tabela 12, constatou-se que, 29,52% dos agricultores acreditam que o meio ambiente no meio rural está piorando e pior, 22,86% acreditam que o meio ambiente está melhorando e 18,10% acreditam que o meio ambiente está melhor. CONCLUSÃO A partir destas análises, constatamos que a percepção do impacto ambiental causado pelas embalagens plásticas precisa ser conscientizada, principalmente no que se refere ao volume percentual elevado de embalagens plásticas de cozinha que não são reaproveitadas pelos produtores rurais. A principal questão que fica é a de sensibilizarmos a população que o plástico não é apenas um produto cuja imagem foi enraizada como objeto descartável e poluidor. O que se quer é que o plástico não acabe no lixo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ACOT, Pascal. A Natureza da Humanidade. Ciência & Ambiente, Universidade Federal de Santa Maria, 1992, pg. 08. [2] CORLETO, Fernando. A Microbacia do Passa Vinte – Palhoça – SC e o Problema das Inundações. Florianópolis, março de 1998. pg. 43. Dissertação de Mestrado em Engenharia Sanitária e Ambiental, UFSC. [3] DOMINGUES, P. e ALMEIDA, P.. “QUERCUS”. Disponível na Internet. Acessado em março de 2002: http://www.terravista.pt/nazare/4217/RSU [4] Prodam - Prefeitura Municipal SP, 1999. Disponível na Internet. Acessado em março de 2002: http://www.prodam.sp.gov.br/limpurb [5] MILONE, G. e ANGELINI, F.. Estatística Geral, Volume 2, São Paulo: Atlas, 1993. [6] TRIOLA, M.. Introdução à Estatística, 7ª edição, Rio de Janeiro: LTC, 1999.