O Cluster Automóvel Styrian: Um Cluster de Competências Em Styrian, o cluster com maior taxa de crescimento é o cluster automóvel, empregando aproximadamente 10.000 pessoas e envolvendo mais de 100 empresas. As competências chave inerentes à criação deste cluster, assentaram na produção, mas igualmente na I&D desenvolvida em torno dos motores de veículos automóveis. Ironicamente o futuro deste cluster revelou-se rapidamente promissor: a estrutura e os esforços realizados no sentido de reduzir custos, apresentada pelas empresas locais foi induzindo um forte ímpeto à especialização, que funcionou positivamente e atraiu as atenções de grandes empresas, como a Chrysler e a Magna. A internacionalização da indústria foi acompanhada pela progressiva eliminação de diferenças na qualidade dos componentes fabricados na Áustria, sendo muitos dos componentes utilizados hoje, a nível mundial, produzidos nesta zona. Mais lenta e de menor extensão, são o número de montagens, mas que já são consideradas significativas, ao nível do módulo, e menos expressivas ao nível do sistema. No que concerne ao trabalho desenvolvido no âmbito da I&D, os resultados têm sido significativos e têm constituído a principal motivação, para reforçar o empenho dos intervenientes na consolidação das actividades em cooperação. Por outro lado, a importância do trabalho cooperativo ao nível da produção e da I&D têm induzido o aparecimento dum conjunto de competências na região, que tendencialmente dão origem à criação de fornecedores de 2ª, 3ª e 4ª linha, elementos que são essenciais para a continuidade do cluster. A Criação do Cluster Enquanto Integração de Diferentes Redes de Cooperação As mudanças verificadas na globalidade da indústria automóvel face à dinâmica imposta pelo mercado - acréscimo da competitividade, e pressão sobre os custos - induziu a necessidade de criação de novas condições da oferta. A produção, o armazenamento e a logística são processos nos quais têm vindo a impor-se a optimização de custos, não esquecendo todas as características que esta indústria deve reunir, nomeadamente a produção magra e a elevada qualidade, consubstanciadas numa gestão de qualidade total. Mais do que nunca, o fornecimento de módulos e sistemas, ao invés do componente, constitui uma realidade, o que significa que ao risco próprio da dinamização das actividades de produção, logística e armazenamento, associou-se o risco da concepção e desenvolvimento. Considerando que a cooperação em rede de um largo número de intervenientes, contribui significativamente para a partilha do risco e para a criação de valor, facilmente se concluiu, acerca da importância do cluster automóvel em Styrian, para o posicionamento da Áustria no mapa mundial. Subitamente as empresas fornecedoras começaram a falar em termos de “massa critica”, de alcance global, de terem a capacidade de fornecer sistemas completos, módulos e sub-sistemas. Enquanto as empresas foram digerindo estes novos requisitos, foram considerando que para atingir massa crítica, a forma lógica para o conseguir, seria por meio de redes de cooperação, dinamizadas em função de projectos específicos. E tem sido esta a ideia catalisadora que está na base de desenvolvimento do cluster em Styrian. A contínua tendência para a cooperação proporciona, ainda hoje, aos diferentes actores, oportunidades de negócio que em algumas circunstâncias, interagem ente si. 1/4 Os Actores O cluster automóvel é composto por inúmeros intervenientes que não participam simultaneamente em todos os projectos. Numa análise global, podemos inferir a existência dos seguintes cooperantes: Líder do Projecto: Styrian Industrial Promotion Agency Consultores: Agipian Ag, Muhlheim, Vienna, Graz Actores Principais: AVL, trata-se de um interveniente amplamente conhecido no mundo da investigação fundamental, particularmente na área da combustão, acústica e engenharia de controlo. É um elemento fundamental nas actividades de investigação e desenvolvimento, desenvolvidas no âmbito do cluster. Steyr Daimler Puch Fahzeugtechnik, com cerca de 90 anos de experiência na indústria automóvel, esta empresa possui um know how, ao nível da engenharia muito significativo. Esta empresa desenvolve e produz diversos componentes para carros, sendo a sua participação bastante expressiva ao nível das marcas Austríacas e mais recentemente, nalgumas marcas europeias. Eurostar, inicialmente a Chrysler Voyager produzida por uma joint venture entre a Chrysler e a Steyr Daimler Puch Fahzeugtechnik em Graz era apelidada por “Eurostar”. Esta unidade, em Graz fornecia componentes, aos europeus, aos japoneses, aos sul africanos, ao Reino Unido, à Austrália e à Nova Zelândia e assumiu particular importância no inicio do desenvolvimento do cluster, incutindo o ímpeto de trabalho necessário ao projecto. Outros Actores: Cerca de 100 pequenas e médias empresas, oriundas de vários sectores relacionados com a indústria automóvel. Todos os materiais necessários ao desenvolvimento do trabalho em cooperação, desde os maiores aos mais pequenos componentes, são fornecidos por este conjunto de empresas. É de salientar que o conhecimento relacionado com a indústria automóvel, não se limita ao existente no seio destas empresas, mas sim ao que é produzido em conjunto com outras instituições, como universidades técnicas e institutos de investigação diversos. Outras Entidades Intervenientes: Centros tecnológicos Associações Instituições políticas e públicas Steirische Wirtschaftsforderungsgesellschaft 2/4 O Cluster e a sua Organização Com o intuito de desenvolver um conjunto de actividades em rede e inúmeros projectos em cooperação, o Steirische Wirtschaftsforderungsgesellschaft com apoio da Agipian, induziram a criação dum cluster automóvel (Stryrian). Como passo importante, inicialmente foi sugerido um Conselho Administrativo, constituído por diversos elementos representantes da rede de produtores, da rede de empresas, da rede de entidades políticas, da rede de centros tecnológicos e outras instituições. Este Conselho Administrativo, sugere um conjunto de estratégias de desenvolvimento para a consolidação do cluster automóvel, procurando combinar as actividades de vários grupos de interesses, actuando como agente multiplicador dos resultados obtidos nos diferentes projectos. Para recolher o maior número de ideias, são promovidas um grande número de reuniões com os elementos do Conselho de Administração. Estas reuniões realizam-se regularmente e não servem somente para a definição de estratégias de desenvolvimento, mas também para identificar os interlocutores de excelência, no âmbito das diferentes redes de cooperação que constituem o Cluster. Ao longo de todo o processo de desenvolvimento dos projectos, existe uma intensa troca de informação, entre todos os actores e uma caracterização contínua dos procedimentos de actuação e de intervenção. No final dos primeiros dois anos de actividade em cooperação, o cluster já auto financiava as suas equipas de trabalho Factores Críticos de Sucesso A análise do percurso de desenvolvimento da rede de cooperação, permitiu concluir que todas as actividades e todos os projectos desenvolvidos, por mais curta que seja a sua duração, tem de possuir um objectivo concreto, resultados e benefícios mensuráveis, para cada um dos intervenientes. A experiência permitiu identificar os seguintes aspectos, como factores críticos de sucesso: Identificação concreta dos objectivos das redes de cooperação e recolha do compromisso e do envolvimento de cada um dos actores; Envolvimento de todos os actores nas actividades de cooperação, desde o inicio até à conclusão dos projectos e desenvolvimento de capacidade de interacção, com outros sectores e redes de cooperação; Estabelecimento de comunicação contínua e disponibilização de toda a informação, a todos os intervenientes do cluster. Conclusões Da observação e análise da organização e do processo de dinamização das actividades em rede, podemos concluir os seguintes aspectos, como fundamentais para o sucesso dum projecto desta natureza: A gestão das actividades e dos recursos comuns deve centrar-se numa entidade central, podendo esta, eventualmente, aproveitar as vantagens e as sinergias inerentes a actores específicos; 3/4 A entidade de gestão central deve reunir todo o equipamento necessário, para o desenvolvimento de actividades em comum, nomeadamente equipamento de vídeo conferencia, material de laboratório, estações de CAD, cantina, etc A expansão das actividades desenvolvidas em cooperação deve ser feita de forma modular, tendo em conta que esta extensão, não pode e nem deve, enviesar o conceito inerente à criação do projecto; Domínio das ferramentas de trabalho por todos os actores, disponibilizando apoio entre os mesmos, de forma a enfraquecer os obstáculos existentes no arranque das actividades em cooperação; Abertura de espírito suficiente para um entendimento das diferenças culturais e das consequências, que daí advém para o desenvolvimento de actividades em comum; Tendo em conta que o Cluster Automóvel da Austrália envolveu intervenientes de origem Americana, é importante dar a entender que este tipo de experiências, não só permitiu o desenvolvimento de capacidades e competências, assim como induziu motivação para que os americanos investissem nas economias locais. Assim, o entendimento de culturas diferentes e processos de trabalho distintos é imprescindível, para o sucesso de processos de cooperação, que envolvam actores que não sejam de origem local, quer na óptica das actividades, quer na óptica de captação de investimento e desenvolvimento económico. Bibliografia Steiner, M. (1996); Competence Clusters, Workshop Report, Joanneum Research, Institute of Technology and Regional, Austria 4/4