O BANCÁRIO Edição Diária 5105 | Salvador, quarta-feira, 18.04.2012 Filiado à Presidente Euclides Fagundes Neves Rodrigo Silva SEGURANÇA Organizações financeiras não fazem nada para reverter o quadro e quem sofre são os clientes e bancários Ataques contra bancos crescem 183% na Bahia Enquanto os bancos continuam se negando a investir em ... Pelo ponto eletrônico correto no Santander Página 4 Salvador gerou 5.375 empregos no 1º trimestre Página 2 Se no ano passado os números foram assustadores, este ano o índice supera todas as expectativas e comprovam que a segurança nas agências não está na lista de prioridades das organizações financeiras. A cada ano, as investidas dos bandidos são mais mirabolantes e os bancos nada fazem para mudar a situação. Enquanto nos três primeiros meses de 2011 foram registradas 23 ocorrências, este ano já foram contabilizadas 67. Aumento de 183%. Um dado que deixa a população baiana em clima constante de tensão. Além de investirem um valor irrelevante diante da realidade, as organizações financeiras nem sequer se preocupam em seguir as normas de segurança estabelecidas pela legislação. Página 3 ... segurança, os bandidos aterrorizam nos ataques às agências www.b an car i os b ah i a.org .b r Futuro da Selic em discussão no Copom João Ubaldo O sistema financeiro é um dos setores que pouco colaboram para a geração de emprego ECONOMIA O saldo do primeiro trimestre do ano foi de apenas 5.375 postos O Copom (Comitê de Política Monetária) começou a definir o futuro da taxa básica de juros do país, a Selic, ontem. A expectativa é de que o índice caia dos atuais 9,75% para 9% ao ano. O resultado deve ser divulgado hoje. Se o ajuste de 0,75 ponto percentual se confirmar, vai mostrar a sequência de cortes iniciadas pelo governo em julho do ano passado. Até o momento, foram quatro reduções de 0,5 ponto percentual e uma quinta, mais ousada, de 0,75 ponto percentual. Segundo a Focus, o recuo da inflação (IPCA) tem sido maior do que o esperado inicialmente pelos analistas. O cenário é, portanto, bom tanto para o restante de 2012 como para 2013. Agora é esperar para que a economia continue a crescer. Salvador ocupa 10º lugar em geração de emprego Sobe o número de Salvador está entre as piores capitais do país quando o assunto é geração de emprego. Com saldo de apenas 5.375 postos de trabalho no primeiro trimestre de 2012, a cidade ocupa a 10ª posição da lista do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho. São Paulo aparece na primeira colocação entre todas as cidades brasileiras, com saldo de 47.974 vagas. Logo em se- guida, aparece o Rio de Janeiro, com 16,7 mil. Na terceira posição está Belo Horizonte, com 16,2 mil empregos. Salvador perde também para cidades menores, como Franca, em 7º com 7.399 postos de trabalho, e Campinas em 8º lugar com 5.484. No entanto, entre as capitais do Nordeste, apenas Recife está à frente, na 9ª posição, com saldo de 5.400 empregos abertos no período. Bancos brasileiros superam os americanos Nada parece abalar o setor financeiro no Brasil. Os bancos em atuação no país, pela oitava vez consecutiva, tiveram rentabilidade maior do que a dos americanos. Os dados são da consultoria Economatica, que analisa, desde 1999, a Rentabilidade sobre o Patrimônio (ROE) dos bancos de capital aberto do Brasil e dos EUA. De acordo com os especialistas, o resultado positivo se deu em virtude da melhora no mercado do país, maior procura por O BANCÁRIO Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 2 O Bancário Fundado em 4 de fevereiro de 1933 crédito e os altos juros aplicados. No ano passado, os bancos brasileiros tiveram ROE de 13,97%. No mesmo período, o índice das organizações americanas foi de 7,63%. Os balanços das empresas, cada vez maiores e lucrativos, revelam que os bancos têm condições para atender as reivindicações dos trabalhadores. A falta de investimento em contratação, melhora no ambiente de trabalho e segurança, portanto, não são justificáveis. clientes private banking Cresce a quantidade de clientes de banco com R$ 1 milhão em aplicações no Brasil. Em 2011, o número chegou a 50,6 mil, expansão de 5,7% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais. Pelo levantamento, foram investidos R$ 434,4 bilhões. Os correntistas chamados de private banking possuíam cerca de R$ 8,6 milhões, enquanto na pesquisa anterior somavam R$ 7,5 milhões. As organizações financeiras prestam a estes correntistas serviços muito mais amplos do que os tradicionais e preocupam-se em disponibilizar profissionais qualificados, de acordo com o perfil do cliente. Fica evidente a prática discriminatória das empresas. Grande parte da população sofre com agências lotadas, insegurança e espera por atendimento, quando não são mandados para os correspondentes bancários. Informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Euclides Fagundes Neves. Diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade. Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-Bahia. CEP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] Jornalista responsável: Rogaciano Medeiros - Reg. MTE 879 DRT-BA. Repórteres: Maiana Brito - Reg. MTE 2.829 DRT-BA, Renata Andrade e Rose Lima. Estagiários em jornalismo: Adriana Roque, Ana Beatriz Leal e Alexandre Veloso. Projeto gráfico: Danilo Lima. Diagramação: Tiago Lima. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. www.bancariosbahia.org.br • Salvador, quarta-feira, 18.04.2012 SEGURANÇA O número de ataques às organizações financeiras no Estado registrou aumento de 183%. É muito alto São 67 ocorrências na Bahia este ano O índice é alarmante e mostra o tamanho da insegurança nas agências bancárias do Estado. Desde janeiro, a Bahia registrou 67 ataques a bancos. Crescimento de 183% ante o mesmo período de 2011, quando foram 23 casos. O alvo preferido é o BB, com 44 ocorrências. De acordo com o presidente do Sindicato da Bahia, Euclides Fagundes Neves, os bancos têm de investir. Mas, o governo também precisa assumir a responsabilidade, pois a insegurança atinge toda a população. O professor do Observatório da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Nilton José Ferreira, concorda que o Estado tem de melhorar a segurança. Mas, em relação às agências, lembra que existe pouco investimento dos bancos. Segundo a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), são destinados, em média, R$ 10 bilhões para este fim. Valor muito baixo para cobrir as quase 20 mil unidades no país. Ainda segundo Nilton José, algumas agências não têm nem os itens previstos na lei de segurança privada, como as câmeras, alarme e cofre com fechadura de tempo em um ambiente seguro. “A maior atribuição do Estado é combater as quadrilhas. O governo não pode colocar um policial de plantão na porta de cada banco, pois nenhum cidadão tem esse privilégio”. Saúde dos bancários é ignorada Os ataques a bancos deixam sequelas nem sempre visíveis, principalmente nos bancários da linha de frente nas agências. Tanto que é cada vez mais comum um empregado se afastar em consequência dos traumas sofridos nas situações de perigo. O bancário vítima de assalto pode adquirir, além de síndrome do pânico e TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), outras enfermidades como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas. A psicóloga Maria Fernanda Silva explica que o único jeito de evitar ou curar as doenças é a psicoterapia. Mas, para isso é preciso que a empresa fique atenta a cada caso e ofereça a ajuda necessária. Para o bancário, no entanto, a situação é mais complicada. As organizações financeiras não querem assumir a responsabilidade e só prestam assistência quando não têm escolha. É comum, por exemplo, funcionários apresentarem os traumas meses depois do ataque e os bancos recorrerem à Justiça com alegação de que não têm responsabilidade. A psicóloga afirma que algumas pessoas reagem às ações de imediato e outras somente a longo prazo. “A reação é própria de cada organismo e não tem como prever. Portanto, o ideal é o acompanhamento psicológico para todos que sofreram o trauma”. Ainda segundo Maria Fernanda, se as empresas adotassem o comportamento, diversas doenças seriam evitadas e mesmo os trabalhadores que desenvolvessem as enfermidades teriam cura mais rápida. Na Bahia, mais 28 concursados tomaram posse como empregados do Banco do Brasil Novos funcionários do BB tomam posse O quadro de funcionários do Banco do Brasil na Bahia conta com 28 novos bancários. As convocações não acontecem por acaso. Foi preciso muita força e empenho da categoria para arrancar da direção da empresa as contratações. A vitória foi garantida na última campanha salarial. Agora, os funcionários vão ocupar as vagas em diversas cidades da Bahia. O Sindicato dos Bancários esteve presente na cerimônia de posse, realizada na segunda-feira, no auditório do Banco do Brasil, Gestão de Pessoas, e foi representado pelo secretário-geral, Olivan Faustino, e pelo diretor Jurídico, Fábio Ledo. Na ocasião, os dirigentes sindicais ressaltaram a importância da entidade na vida profissional dos trabalhadores. Estiveram também presentes, Zaki Oche, presidente da AABB-Salvador e Jonas Couto, diretor regional da ANABB. O Bancário Salvador, quarta-feira, 18.04.2012 • www.bancariosbahia.org.br 3 João Ubaldo SISTEMA FINANCEIRO Os empregados querem um sistema de marcação correta da jornada de trabalho Em debate, o ponto eletrônico no Santander Os trabalhadores do Santander querem um sistema que registre corretamente a jornada de trabalho, além do livre acesso dos sindicatos aos dados da marcação do ponto. O assunto vem sendo amplamente debatido entre a direção da empresa e a categoria. Inclusive, na segunda-feira, os bancários sentaram à mesa com o Santander para negociar um acordo que atenda a portaria 373/2010 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A nova regra está em vigor desde 1º de abril. Os dirigentes sindicais defendem a criação de um sistema de registro correto e que permi- ta a impressão do documento a qualquer momento. Os bancários querem ainda que a cédula seja assinada no fim de cada mês. Isso validaria as informações descritas no impresso com os horários de entrada e saída e de intervalos para alimentação. Uma outra proposta diz respeito ao bloqueio do sistema operacional para evitar a continuidade das atividades após o registro de saída. A medida pode impedir que o funcionário trabalhe fora do horário marcado no ponto. Os representantes do Santander ficaram de avaliar as propostas, mas adiantaram que são razoáveis diante do conteúdo das portarias do MTE. O 1º de Maio é um momento importante para os trabalhadores CTB debate mobilização para o 1º de maio O movimento sindical começa definir as atividades do 1º de maio, Dia do Trabalhador. O primeiro encontro é hoje, às 15h, no auditório do Sindicato da Bahia. O debate é promovido pela CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). É fundamental a participação de representantes das mais diversas categorias para definir as estratégias e as manifestações a serem realizadas. ERRO NOSSO Diferentemente do publicado na edição de ontem em O Bancário, na matéria publicada sob o título Muitos gols na primeira rodada do campeonato de Futsal, a partida entre Porto e UFC acabou em 10 a 7 para o UFC, e não para o Porto como foi informado. USURA Os dados da empresa de consultoria Economática, que mostra o setor financeiro como, mais uma vez, o mais lucrativo da economia nacional, reafirmam a desmedida usura dos banqueiros. Apesar de o lucro líquido dos 25 maiores bancos em operação no Brasil em 2011 ter sido de R$ 49,4 bilhões, ou seja, 14,48% maior do que em 2010, as empresas nada oferecem em contrapartida à sociedade. DESCOMPROMISSO O sistema financeiro, mais uma vez, aparece como o setor mais lucrativo da economia nacional. Disparadamente. No entanto, as filas crescem diariamente, tanto em operações diretas nos caixas como no autoatendimento. O número de funcionários é cada vez menor. Os bancários têm de se desdobrar para dar conta da demanda. A exploração atinge níveis perigosos, gerando muitgas doenças nos empregados. A segurança é uma balela. São assaltos frequentes, sequestros de gerentes e clientes, principalmente no interior, e a famosa saidinha bancária deixa todo mundo no maior terror. EXEMPLO Da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que participou até ontem, em Brasília, da 1ª Conferência Anual de Alto Nível da Parceria para um Governo Aberto, que reúne líderes de 53 países, sobre a presidenta Dilma Rousseff: “O comprometimento dela com a transparência, a democracia e com a luta contra a corrupção cria um novo padrão mundial”. IMPUNIDADE É o tipo de decisão que só faz estimular a impunidade e reafirma o eterno uso da Justiça brasileira em favor dos ricos e poderosos. Sob o argumento de que o réu atendeu as exigências da lei, tem mais de 60 anos, cumpriu um terço da pena e não cometeu falta grave nos últimos 12 meses, a juíza Roberta Barrouin Carvalho de Souza, da Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro, concedeu indulto e extinguiu a pena do ex-banqueiro Salvatore Alberto Cacciola. Em 2005, ele foi condenado a 13 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro. Foragido, foi capturado em 2007 e ficou preso em regime fechado no Brasil somente entre 2008 e 2011. Se fosse um pobre, apodreceria na prisão por roubar uma lata de leite para alimentar o filho faminto. LAICO Como estabelece a Constituição Federal, o Estado é laico e não pode obrigar ninguém a seguir qualquer religião. Com base nisso é que o Tribunal de Justiça da Bahia suspendeu lei que vinha sendo adotada em Ilhéus, no Sul baiano, a qual obrigava os alunos das escolas municipais a rezarem o Pai-nosso antes das aulas. 4 O Bancário www.bancariosbahia.org.br • Salvador, quarta-feira, 18.04.2012