XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
COMUNIDADE DE MICROCRUSTÁCEOS EM DIFERENTES
TRECHOS DE UM CÓRREGO URBANO NA CIDADE DE
CORUMBÁ, MS.
Jonathan Gonzaga Penha de Campos – UFMS, Campus Pantanal, Corumbá, MS. [email protected]
Nataly Maria de Souza - UFMS, Campus Pantanal, Corumbá, MS.
Paula Gabrielly Marcondes de Souza Kadowaki - UFMS, Corumbá, MS.
Lucilene de Farias - UFMS, Campus Pantanal, Corumbá, MS.
Thaynara Davalo Centurião - UFMS, Campus Pantanal, Corumbá, MS.
Daniel Irineu de Souza Dainezi - UFMS, Campus Pantanal, Corumbá, MS.
Lucí Helena Zanata - UFMS, Campus Pantanal, Corumbá, MS.
William Marcos da Silva - UFMS, Campus Pantanal, Corumbá, MS.
INTRODUÇÃO
Os microcrustáceos aquáticos podem ter diferentes hábitos de vida e ocuparem diferentes nichos, e serem
adaptados tanto para ambientes limnéticos quanto não limnéticos (Thorp & Covich, 2001). Esta capacidade de
ocupar diferentes ambientes no sistema aquático e com níveis diferentes de tolerância a fatores físicos e químicos
fazem dos microcrustáceos bons bioindicadores de qualidade ambiental (Esteves, 2011).
Segundo a teoria do contínuo fluvial (Vanotte et al., 1980) a comunidade aquática muda ao longo do percurso dos
rios, modificando da montante em direção a jusante, passando de um sistema de produção alóctone para um de
produção autóctone. Em um córrego urbano outras variáveis entram no continuo fluvial, tais como entrada de
efluentes, canalização, modificação de margem e diversos usos e ocupação das margens. Sendo assim estas
intervenções humanas em córregos urbanos podem modificar muito a fauna destes ao longo destes sistemas
(Tundisi & Matsumura-Tundisi, 2008).
OBJETIVO
Caracterizar a fauna de microcrustáceos aquáticos em diferentes pontos ao longo de um rio urbano correlacionando
com variáveis físicas e químicas da água.
MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo compreende um córrego urbano (afluente do rio Paraguai) que atravessa o bairro da Vila Mamona
na cidade de Corumbá, MS. As amostragens físicas, químicas e biológicas foram realizadas em um único evento
amostral em março de 2015, em três pontos (georeferenciados com GPS), sendo o ponto 01 localizado em região
residencial, ponto 02 região periférica e ponto 03 na foz junto ao rio Paraguai. Foram medidas as variáveis de
oxigênio dissolvido (OD), pH, condutividade, turbidez, DBO e temperatura do ar e da água. As medidas de
profundidade e largura do córrego e tipo de fundo foram anotadas. A comunidade de microcrustáceos foi coletada
filtrando-se 50 L de água em rede de plâncton de malha 20 µm. As amostras foram fixadas com formol 4% para
posterior triagem e identificação dos organismos em laboratório, com auxílio de estereomicroscópio, microscópio
óptico e bibliografia especializada. Foi utilizada análise de componentes principais (ACP), correlacionando a
comunidade microcrustáceas com as variáveis abióticas.
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RESULTADOS
Os pontos tiveram aumento na largura e profundidade da montante a jusante, com profundidade mínima de 15cm e
máxima de 25cm, e largura mínima de 1,6m e máxima de 5m. Os parâmetros físico-químicos que tiveram as
maiores variações foram o OD com mínima de 1,9 mgL-1 no ponto 3 e máxima de 4,9 mgL-1 no ponto 2, e a
turbidez com mínima de 1,8 NTU no ponto 3 e máxima de 4,9 NTU no ponto 2. Foram registradas cinco espécies
de microcrustáceos, sendo uma espécie de cladócera (Alona glabra), e quatro espécies de copépodes
(Notodiaptomus deitersi, Paracyclops chiltoni, Mesocyclops sp., Harpacticoida). As maiores densidades dos
microcrustáceos, em todos os pontos, foi a fase naupliar dos copépodes. No ponto 1 registrou-se densidade de 7,86
org/L, ponto 2 com 14,8 org/L e ponto 3 com 14,15 org/L. Seguido dos copepoditos com 0,18 org/L e
Notodiaptomus deitersi com 0,16 org/L no ponto 3, e Paracyclops chiltoni com 0,16 org/L no ponto 2. O resultado
da ACP mostrou que a maioria dos organismos (copepoditos, Alona glabra, Notodiaptomus deitersi e
Harpacticoida) estão correlacionados com a maior profundidade e largura. Já a fase naupliar esteve correlacionada
com maior DBO e pH, e Paracyclops chiltoni com os maiores valores de turbidez e OD.
DISCUSSÃO
Este trabalho corrobora a teoria do continuo fluvial (Vanotte at al. 1980) quando se aplica ao aumento de
complexidade das comunidades da montante a jusante. Entretanto, a antropização do ambiente também pode ter
influenciado na composição da comunidade, pois o ponto mais a montante era sob leito artificial (concreto) os
demais sob leito natural. A maior riqueza e densidade do ponto mais a jusante (foz) é influenciada pela área de
inundação do rio Paraguai, que pode ser constatado na baixa oxigenação deste ponto, uma influencia direta do
fenômeno da dequada no período de outono, como observada por Calheiros & Ferreira (1997) para varias
localidades do rio Paraguai. As maiores densidades sendo das fases jovens de copépodes é comum e esperado nos
ambientes aquáticos, uma vez que esta fase tem pouco requerimento alimentar e são produzidos em grandes
quantidades (Esteves, 2011), entretanto são muito predados e poucos chegam à vida adulta. A espécie singular do
ponto mais oxigenado do rio, Paracyclops chiltoni , é uma espécie de fundo não planctônica (Rocha & ??, 1999)
sua presença neste ponto pode ser pelas condições favoráveis físicas e/ou químicas, entretanto não há dados na
literatura sobre a ecologia deste animal.
CONCLUSÕES
A comunidade de microcrustáceos teve sua densidade e riqueza influenciada por aspectos químicos da água e
principalmente morfometria promovida pelo encontro entre o córrego e a área de inundação do rio Paraguai.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALHEIROS, D. F.; FERREIRA, C. J. A. 1997. Alterações limmonológicas no rio Paraguai ("Dequada") e o
fenômeno natural de mortandade de peixes no Pantanal mato-grossense - MS. Corumbá: EMBRAPA-CPAP,
Boletim de pesquisa, 7. 48 p.
ESTEVES, F. A. 2011. Fundamentos de Limnologia. 3ª Edição. Editora Interciência. Rio de Janeiro, Brasil.
ROCHA, O. & GÜNTZEL, A.M. 1999. Crustáceos branquiópodos. In: Ismael, D; Valenti, W.C.; MatsumuraTundisi, T.; Rocha, O. Biodiversidade do estado de São Paulo, Brasil. Invertebrados de Água doce- FAPESP,
4:107-120.
THORP,J.H & COVICH, A.P. 2001. Ecology and Classification of North American Freshwater Invertebrates.
Academic Press. 2 ed. 1056p.
VANNOTE, R. L., MINSHALL, G. W., CUMMINS, K. W. SEDELL, J. R. E CUSHING, C. E.1980 The River
Continuum Concept. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences. Volume 37,1, p. 130–137.
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TUNDISI, J.G.; MATSUMURA-TUNDISI, T. 2008.Limnologia, S. Paulo: Oficina de Textos, p 632.
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