Um guia para abordar o ponto mais crucial ao
se escrever um artigo científico, tese,
dissertação ou TCC
O ponto mais crucial ao se escrever um artigo
científico, tese, dissertação ou TCC
A situação é sempre a mesma. No primeiro intervalo de um workshop sobre escrita
científica, vários alunos trazem os seus computadores ou mesmo um documento
impresso e pedem uma opinião sobre o projeto que eles estão praticamente por
terminar. Não importa se esse workshop esteja acontecendo no Brasil, Taiwan,
Itália ou nos Estados Unido, eu invariavelmente respondo com uma pergunta
antes mesmo de ler uma única linha:
O que exatamente no seu artigo/tese/dissertação/TCC é novo em
relação ao que já se conhece na literatura?
A resposta deveria ser óbvia, afinal, aquele pesquisador trabalhou naquele projeto,
em média, por dois anos. Mas ao contrário das expectativas, ao invés de uma
resposta “na ponta da língua” a reação normalmente é de espanto, como se
essa fosse a primeira vez em que alguém tivesse feito essa pergunta. E daí vem
a resposta mais comum, uma resposta que provavelmente vai ser uma morte
fulminante à originalidade do artigo e também a qualquer esperança de que ele
seja uma real contribuição ao conhecimento na área. Essa resposta é:
Bom, não existe muito publicado sobre isso.
Essa resposta é mortal ao artigo porque se alguém já respondeu à sua pergunta,
então o seu artigo não é mais original e sua contribuição será quase inexistente.
Outras vezes a resposta não é uma morte imediata e o artigo ainda ficará
moribundo por alguns minutos:
Bom, esse trabalho nunca foi feito em [coloque aqui o nome da sua
unidade geográfica preferida: Brasil, Paraná, Campinas, Hospital X,
etc]
O motivo pela chacina do artigo é que se o seu trabalho não consegue introduzir
algo de novo, ele por definição não é original e todo o tempo que você gastou ali
foi essencialmente jogado no lixo. A grande pena em relação a essa situação é
que o esforço necessário para criar um trabalho original é menor do que aquele
requerido para gerar um trabalho cuja contribuição é mínima ou nula.
Como então você pode assegurar-se de que o seu tempo não vai ser gasto
inutilmente. Aqui vai um guia:
1. Escreva a Introdução e Métodos do seu artigo na primeira semana do seu
projeto: O que?????????? Mas eu não tenho nenhum resultado!!! Note
1
que a sugestão é para a escrita da Introdução e Métodos e não dos seus
resultados, e então isso é possível sim. O motivo para escrever estas duas
seções já na primeira semana do seu projeto é que isso vai forçá-lo a pensar
sobre o seu projeto, cada uma dessas seções exigindo aspectos diferentes
2. Na Introdução você deve defender dois aspectos: Por que a sua pergunta
científica é relevante? Ou seja, por que a sua pergunta científica tem algo
de novo que nunca (exatamente, nunca) foi feito por outra pessoa. Se a
sua primeira pergunta não tem uma nova contribuição, então o seu projeto
nao deve ser levado adiante. As boas novas é que com pequenas alterações
em uma pergunta você pode torná-la em algo original.
3. Nos Métodos você vai testar se o que você está propondo realmente é
factível. Ou seja, você tem os recursos para responder tal pergunta? Há
sujeitos suficientes? Você entende qual análise de dados vai levar a uma
resposta à sua pergunta? O desenho proposto realmente é o melhor para
responder à sua pergunta? Se a sua resposta a cada uma dessas e outras
perguntas nao for positiva, está na hora de retornar à pergunta original e
reformulá-la. Boas novas é que no início do projeto isto é fácil, porque elas
são simplesmente idéias. Em conclusão, assegurar-se de que a pergunta
científica é original é uma tarefa para a primeira semana do seu projeto
e não para depois que você tenha acabado a sua coleta de dados. Essa
primeira semana pode ser a diferença entre algo que vá beneficiar outras
pessoas ou apenas resultar em uma imensa perda de tempo.
Ricardo Pietrobon, MD, PhD Associate Professor Duke University
Este artigo foi preparado pelo Dr. Ricardo Pietrobon, o qual é professor da
Duke University (EUA). Suas publicações podem ser encontradas no Google
Acadêmico
2
Curso Personalizado ao seu Projeto de Pesquisa
Consultoria em Escrita Científica e Análise de Dados
http://orientado.com.br
Ricardo Pietrobon,
MD, PhD
Fez o seu PhD pela
Universidade da Carolina do
Norte (EUA) e tem mais de
300 publicações listadas e um
índice H de 37 junto ao
Google Acadêmico. Veja mais
sobre o Professor Ricardo
no Google Scholar e
no Currículo Lattes.
João Ricardo Vissoci,
PhD
Tem experiência com
metodologia de pesquisa,
psicometria e ciência de dados.
Colaborador em grupos de
pesquisa em diferentes
Universidades Nacionais e
internacionais. Veja mais sobre
o Professor João Ricardo no
Currículo Lattes.
Talitha Yen,
MD
Médica ortopedista e cirugiã
de pé e tornozelo, desde
2011 trabalha no estudo e
desenvolvimento de
técnicas para melhora da
eficácia do ensino e
pesquisa na área de saúde.
Ana Paula Bonilauri,
DDS, PhD
Cirurgiã-dentista e
professora universitária.
Presta consultoria em
escrita pesquisa clínica
desde 2009.
Veja mais sobre a Professora
Ana Paula no Currículo
Lattes.
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