TJ nega liberdade para seguranças do Goiabeiras A GAZETA - CADERNO B PÁGINA 4 CUIABÁ, 21 DE OUTUBRO DE 2009 ENVOLVIDO COM GANGUES Maníaco começou usar drogas aos 14 e foi jurado de morte Por causa das ameaças, mudou para Primavera, onde fez primeiras vítimas vítima eram sempre meninos de 10 a 12 anos. De acordo com a tia, Edson nunca aprendeu nenhuma profissão e não gostava de trabalhar. Quando era adolescente fazia uns “bicos” em merO maníaco Edson Alves Delfino, 29, comecados ou padarias de Cuiabá, mas nunca permaneçou a usar drogas aos 14 anos e foi levado pela cia muito tempo em um emprego. Preferia trabalhar mãe para Primavera do Leste (231 km ao sul de de ajudante, como servente de pedreiro. Foi nessa Cuiabá) porque estava jurado de morte por trafiatividade, depois de passar 9 anos e 11 meses preso cantes de Cuiabá. Edson se envolveu com uma gangue do bairro Três Barras, onde morava na ocapela morte de Anderson, já em Cuiabá, que Edson sião, e passou a consumir pasta-base de cocaína, conheceu o menino Kaytto Guilherme do Nascimenmaconha e bebida alcoólica. Chegou to Pinto, 10, que ele violentou e maa ser apreendido pela Polícia, mas tou em 13 de abril deste ano. não há informação de quanto tempo De menino aparentemente norpermaneceu internado cumprindo mal na infância, apenas com dificulmedida sócio-educativa. dade na aprendizagem, Edson se As declarações foram prestadas transformou em um adolescente pela tia dele, Maria Carlota dos Sanagressivo e insone. Ele chegou a pastos, e constam no laudo da avaliação De acordo com a tia, sar pelo Hospital Psiquiátrico Adauto Edson nunca psicológica e social do maníaco, enBotelho pelo menos 7 vezes. Algutregue na tarde de segunda-feira (19) aprendeu nenhuma mas delas ficou internado e durante o à juíza da 12ª Vara Criminal de Cuiatratamento tomava remédios de uso profissão e não bá, Maria Aparecida Ferreira Fago. como Gardenal, Diazegostava de trabalhar controlado, De acordo com a tia, Edson Delfino pan e Tegretol. Os medicamentos tidesistiu de estudar aos 14 anos, nham como efeito colateral a dor de quando cursava a 5ª série. Ele então se envolveu cabeça e ele logo parava de tomar. com meninos da gangue do Três Barras e teve váConforme a tia, Edson foi adotado recém-nasrios amigos assassinados. cido pela irmã dela, logo após o pai biológico ser Para que não acontecesse o mesmo com Edassassinado. Maria Carlota diz que ele foi criado son, a mãe o levou para Primavera, onde ele violencom afeto e tinha conforto, mesmo depois da sepatou e matou a pauladas o menino Anderson Costa ração dos pais adotivos, quando ele estava com 8 da Silva, 10, em novembro de 1999. Naquela cidaanos. Como a mãe dele morreu quando ele cumpria de, Edson Delfino chegou a violentar outro menipena pela morte de Anderson, em Rondonópolis, a no, que conseguiu escapar com vida apesar de quatia começou a visitá-lo. Foi um pedido da irmã antes se ter sido enforcado com um fio de energia, e tende morrer, de parada cardíaca. “No primeiro crime tou abusar de um terceiro, que conseguiu fugir. As tive esperança que não fosse ele”. NADJA VASQUES DA REDAÇÃO “ COMBATE À DENGUE Mutirão começa por terrenos baldios RAQUEL FERREIRA DA REDAÇÃO Terrenos baldios e quintais residenciais de Cuiabá e Várzea Grande passarão por limpeza para retirada de materiais que possam acumular água parada, transformando-se em possíveis criadouros do mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue. A ação faz parte do combate à doença e deve começar na próxima semana e vai durar 60 dias. Caso haja necessidade, o Exército pode ser acionado para auxiliar nos trabalhos. Para realizar a limpeza, o Estado vai disponibilizar 4 equipes de trabalho para a Capital e 3 equipes para a cidade vi- zinha e investirá R$ 1,2 milhão. Cada grupo é composto por 3 caminhões e uma pá carregadeira. Os municípios terão que solicitar as equipes com 2 dias de antecedência. Em Cuiabá, as limpezas vão começar pelo bairro Pedra 90, onde existe maior incidência da doença no tipo grave e de infestação larval ou predial. Os bairros Cidade Verde, Cidade Alta, Novo Terceiro, Dom Aquino, Jardim Paulista, CPA 2 e 3, 1º de Março e Shangri-la também são bastante afetados. O secretário de Estado de Infraestrutura, Vilceu Marcheti, explica que os municípios serão gestores, enquanto o Estado garantirá os maquinários. Ele afirma que serão feitos agendamen- tos prévios nos bairros para que as limpezas ocorram, destacando que o principal acúmulo de lixo está dentro dos quintais e não nos terrenos baldios. Segundo o secretário de Estado de Saúde (SES), Augustinho Moro, somente Cuiabá e Várzea Grande serão assistidos pela ação de limpeza por serem os municípios com maior número de casos da doença. No interior, a população vai contar com campanhas publicitárias. Mais uma vez, foi destacado que a participação da sociedade no combate ao mosquito é indispensável para evitar novas vítimas da dengue, que já matou 38 pessoas no Estado este ano. Em 2009, foram 38.647 notificações de casos de doença. Chico Ferreira/Arquivo Limpeza vai retirar materiais que possam acumular água e virar criadouros do mosquito Otmar de Oliveira/Arquivo No regime semiaberto, Edson voltou para Cuiabá, onde violentou e matou o estudante Kaytto Irmão de assassino diz sentir culpa DA REDAÇÃO O sentimento de culpa e o arrependimento por ter trazido o irmão Edson Alves Delfino para trabalhar com ele na construção da portaria do Residencial Paiaguás, onde o maníaco conheceu o menino Kaytto, até hoje torturam Antônio Miguel do Nascimento. “Eu perdi 20 quilos com essa história, fiquei muito preocupado, não dormia direito, me senti mal. O guri era como se fosse meu filho. O pai dele (Jorgemar Luís Silva Pinto) me culpa por eu ser irmão dele e por ter trazido ele pra perto”. A declaração dada pelo irmão de Edson Delfino consta do laudo de incidente de insanidade mental de Edson. Desde a morte de Kaytto, Antônio passou a ser ameaçado e não visita o irmão na cadeia. “Tinha ódio, mas a igreja mandou eu mudar esse sentimento”. Antônio revelou ter tomado conhecimento do suposto abuso sexual sofrido por Edson por um vizinho do Três Barras pela imprensa e para ele é difícil acreditar nessa versão, porque se fosse verdade todo mundo saberia. “A família era muito unida”. Antônio conta que assim que saiu da prisão, Edson Delfino voltou para Cuiabá e pediu ajuda a ele. Antônio arru- mou trabalho para ele e se arrepende, pois era amigo do pai de Kaytto. “Eu não sabia que ele era pedófilo”. No dia do crime, 13 de abril, uma segunda-feira, Antônio relata que Edson deixou o trabalho pela metade e saiu mais cedo. Na quinta-feira, um dia antes da fuga, Edson vendeu a moto para um outro funcionário de Antônio, por R$ 600, e um celular e disse que iria para Alta Floresta. Edson foi preso na sextafeira, dentro de um ônibus na Serra de São Vicente, a caminho de Campo Grande (MS), onde mora o pai, carpinteiro, e confessou o crime. (NV). LAUDO MÉDICO Pedófilo tinha consciência dos seus atos DA REDAÇÃO Edson Delfino deve se engajar em grupos de apoio ou frequentar um psicoterapeuta para ganhar estabilidade emocional e prevenir nova reincidência no crime. A sugestão é da psicóloga clínica Izilandap Etiene de Souza e consta do laudo de incidente de insanidade mental ao qual foi submetido. O laudo concluiu que ele tinha condições de refletir, julgar e optar voluntariamente pelos seus atos, inclusive sobre suas consequências legais, quando violentou o menino Kaytto Guilherme Pinto, 10. Em determinado momento das entrevistas com os psicólogos e psiquiatras, Edson Delfino disse: “Eu sou um monstro não é doutor? Não tenho controle, quando vejo já fiz, matei, fico agoniado, mas para quem eu posso contar? Quem vai querer conversar disso?”. Ele também contou ter sido violentado, várias vezes, quando tinha 9 anos, por um vizinho do Três Barras e que esse teria sido o motivo de uma tentativa de suicídio quando tinha entre 10 e 11 anos. “Eu não contei pra ninguém, fiquei com vergonha”. Relatou que, na fase adulta, passou a se sentir atraído por me- ninos, mas logo depois disse que já sentia esse desejo quando morava no Três Barras, “só que segurava”. Em vários momento, mostrou que é capaz de praticar o mesmo crime outras vezes. “Necessito ser ajudado. Não adianta nada me pegar e me jogar no presídio de novo, sem me tratar. Mesmo na cadeia o impulso vem e vai. Estou isolado, ninguém tenta me ajudar, só verbalmente. Ainda hoje vem (sic) as ideias como um fantasma na mente, necessito ser ajudado”. Ou ainda. “Eu não tenho controle, posso fazer de novo, é um pensamento que toma conta de mim”. “Em Primavera, morava perto, peguei o menino, usei e matei”. “No Paiaguás, vivi o mesmo impulso”. “Quando penso nisto tudo acho que eu sou um monstro, não sei falar se agi fora do meu controle”. (NV) Se não se tratar, voltará a fazer outras vítimas, como Kaytto Otmar de Oliveira/Reprodução/Arquivo