Ópera “Anjo Negro” será interpretada no Parque Lage Récitas da montagem inédita no Rio acontecerão nos dias 20 e 21 de outubro No âmbito das comemorações do centenário de Nelson Rodrigues, a ópera Anjo Negro, de João Guilherme Ripper, baseada na peça homônima do dramaturgo, será encenada nos dias 20 e 21 de outubro, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Com direção cênica de André Heller-Lopes, a ópera fará sua estreia carioca interpretada pela OSB Ópera & Repertório, sob a regência do maestro Abel Rocha. A montagem é patrocinada pela Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. A peça Anjo Negro, escrita em 1946, aborda questões como racismo, crime, estupro e incesto, misturando realismo com referências à mitologia e ao teatro grego. Ismael, médico negro, mantém Virgínia, sua esposa branca, confinada em casa. Os filhos que nascem acabam afogados em um tanque, mortos por Virginia por serem negros como o pai. No dia do último enterro, Virgínia aproveita a ausência do marido para levar ao seu quarto Elias, meio-irmão de Ismael, branco e cego, a fim de ter um filho que não fosse negro. Ao retornar à casa, Ismael é informado do que ocorreu pela tia de Virgínia, que a odeia e que a tudo assistiu. Ismael obriga Virgínia a atrair o meio-irmão e o assassina. Um corte temporal na peça leva-nos a 16 anos depois, quando aparece Ana Maria, branca e cega, apaixonada por Ismael, que acredita ser seu pai e o único homem branco do mundo. Ismael, também envolvido com Ana Maria, constrói um mausoléu para trancar-se com ela e protegê-la do desejo dos outros homens. Antes de expulsar Virgínia de casa, dá à mulher a chance de contar a Ana Maria toda a verdade. Virgínia fracassa, mas consegue convencer Ismael que seu amor e ódio são maiores que este mundo. Ismael tranca Ana Maria sozinha no mausoléu. Virgínia e ele permanecerão juntos para sempre, gerando filhos negros que morrerão afogados no tanque. Tanto a música quanto a concepção cênica sofreram mudanças em relação à montagem de 2003. Compositor e diretor tiverem que rever todo o trabalho original para esta encenação. Acompanhada originalmente por um pequeno conjunto de câmara, a ópera agora terá uma orquestra. “Ampliei a orquestração e reescrevi boa parte da ópera. Tornei algumas cenas mais ágeis, porque incomodava-me na versão original a correspondência entre os tempos dramáticos do teatro e da ópera. Além disso, nove anos após a estreia, minha linguagem musical e a compreensão do texto do Anjo Negro mudaram”, explica o compositor. Já Andre teve que adaptar as cenas pensadas para as diminutas dimensões do CCBB de São Paulo para o novo e grandioso espaço. “O cenário está pronto. Vamos usar apenas recursos de iluminação e a ideia é explorar ao máximo todo o espaço. Inclusive a piscina”, adianta o diretor. O palacete, que hoje abriga a EAV, foi construído na década de 20 para ser a residência da cantora lírica italiana Gabriela Bensazoni e do empresário carioca Henrique Lage. Na época, o casal transformou o casarão em palco de reuniões sociais, festas e sarais que movimentavam a alta sociedade do Rio de Janeiro. A parceria entre João Guilherme Ripper e Andre Heller-Lopes nasceu em março de 2000, quando estrearam a ópera Domitilla, baseada nas cartas de amor trocadas entre D. Pedro I e a Marquesa de Santos. Em julho de 2003, apresentaram a primeira versão de Anjo Negro, em São Paulo e, em abril de 2012 foi a vez de “Piedade”, que retrata a tragédia envolvendo Euclides da Cunha, sua esposa Ana da Cunha e o militar Dilermando de Assis. Resumo: Ato I - Cena 1 Uma criança é velada na casa do doutor Ismael, negro. Elias, seu meio irmão cego procura-o. Elias descobre que Ismael é casado com uma mulher branca chamada Virginia. Ismael recebe seu meio-irmão com frieza, mas conta como seu terceiro filho morreu, afogado num poço num momento de distração de sua esposa. Elias, supera o medo seus sente por seu irmão e revela maldição de sua mãe sobre Ismael. Elias pede Ismael para deixá-lo ficar na casa. Ismael nega proteção, mas permite Elias para ficar em casa até o dia seguinte. Ismael vai até o quarto de sua esposa. Virginia reclama porque ela tem sido mantida como prisioneira por oito anos. O caixão com o filho será levado. Ismael tranca a esposa em seu quarto novamente e avisa que ele estará de volta mais tarde para gerar um novo filho, que não vai morrer prematuramente como os outros. Ato I Cena-2 Ismael deixa a casa a fim de enterrar seu filho. Virginia consegue sair do quarto e encontra Elias vagando pelos corredores escuros da casa. Virgínia fica maravilhada em ver um homem branco. Elias diz que odeia Ismael. Eles se beijam e Virgínia o leva para seu quarto. Virginia espera que ele salve sua vida dando-lhe um filho branco que não morra como os outros. Ato II Na sala, a tia de Virginia e três primas solteiras - que chegaram atrasado para o velório - são surpreendidas ao ver Elias deixando o quarto de Virgínia. Quando retorna de Ismael, Virginia tenta levá-lo para fora da casa, mas a tia e as primas contam que Virginia foi infiel. Virginia diz que ela o traiu somente porque queria um filho branco, para não ser amaldiçoado. Ismael jura vingança e diz que o filho vai ser morto em seu nascimento. Tentando salvar a criança, Virgínia, oferece a vida de Elias, em troca, provando que ela nunca o amou. O tiro ecoa pela casa. A tia e as primas felizes acreditam que Virginia está morta, mas é o cego Elias cego que morreu com uma bala no rosto. Ato III - Cena 1 Dezesseis anos mais tarde. Em vez de um menino, nasceu uma menina branca chamada Ana Maria. Ismael a ensina que é o único homem branco do mudo e a faz cega, jogando ácido em seus olhos. Ismael e Virgínia falam sobre os gritos que ouviram de uma mulher que antes de ser assassinada perto da casa. Ismael culpa Virgínia por ter desejado um filho e não amar Ana Maria como mãe. Ismael lembra que ensinou a filha Ana Maria a odiar todos os negros e acreditar que ele é o único branco no mundo. O diálogo é abruptamente interrompida pela chegada de três homens carregando o cadáver de uma as primas de Virgínia. Ela foi vítima de sua própria mãe, que a tinha oferecido a um maníaco sexual para que não morresse virgem como suas irmãs. A tia lamenta sua filha e amaldiçoa Virginia antes de ir embora. Ato III - Cena 2 Mãe e filha se encontram. Ana Maria se recusa a acreditar em qualquer coisa que diz sua mãe. As palavras de amor Virgínia transformam-se em ameaças quando ela percebe que sua filha também luta pelo amor de Ismael. Em seu ciúme, Virgínia percebe que sempre amou o marido, a encarnação de seu primeiro impulso sexual. Após pedido de Virgínia, Ismael tranca Ana Maria para sempre em um mausoléu que havia construído para protege-la de todos os desejos. O coro anuncia que um recém-nascido é esperado, um anjo negro que morrerá como os outros. O amor e o ódio de Virgínia e Ismael são eternos nesta vida. Sobre João Guilherme Ripper: João Guilherme Ripper nasceu no Rio de Janeiro. Graduou-se e cursou Mestrado em composição e regência na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde estudou com Henrique Morelenbaum, Ronaldo Miranda e Roberto Duarte. Cursou Doutorado na The Catholic University of América, em Washington D.C., sob orientação do violinista e compositor Helmut Braunlich (composição) e da musicóloga Emma Garmendia (música latino-americana). Realizou estudos adicionais em regência orquestral com o maestro Guillermo Scarabino em Mendoza e Buenos Aires, na Argentina. Em 2008, fez o curso “Economie et Financement de la Culture” na Université Paris-Dauphine, em Paris, como bolsista do programa Courants, do Ministério das Relações Exteriores da França. Ripper foi professor e coordenador do Curso de Música da Universidade Estácio de Sá. Nos EUA, foi Professor Assistente da classe de Orquestração na The Catholic University of America e Professor do Programa de Música do Sistema Público de Educação de Montgomery County, Maryland. Fundou a Associação de Compositores de Montgomery County, entidade que congrega compositores que residem naquela região. Desde 1988, é professor de Composição, Harmonia, Análise Musical e Análise Schenkeriana nos cursos de graduação e pós-graduação da Escola de Música da UFRJ. Ripper foi ainda Coordenador do Programa de Pós-Graduação em 1998 e Diretor da Escola de Música da UFRJ entre 1999 a 2003. Em 2004, foi nomeado Diretor da Sala Cecília Meireles, cargo que ocupa atualmente. Sua gestão tem sido caracterizada por novas séries de concertos, renovação do repertório, criação de ciclos temáticos, valorização da música brasileira e intercâmbio com instituições estrangeiras. Em 2010, iniciou obras de reforma e modernização da Sala Cecília Meireles. Como regente, dirigiu diversas orquestras como Orquestra Sinfônica Nacional, Orquestra Sinfônica de Brasília, Orquestra da Rádio Cultura de SP, Orquestra Sinfônica da Província de Cuyo (Arg.) e Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ. Ripper fundou e foi Diretor Artístico da Orquestra de Câmara do Pantanal, em Mato Grosso do Sul. Suas obras têm sido tocadas nas principais salas de concerto do Brasil e exterior. No seu repertório de óperas estão Domitilla (2000), Anjo Negro (2003) e Piedade (2012). Foi Compositor-em-residência da Kean Unvisersity em 2011-2012, New Jersey. Atualmente Ripper escreve “Cinco poemas de Vinicius de Moraes”, para soprano e orquestra, obra encomenda pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, com estreia marcada para maio de 2013 . Outros projetos composicionais incluem a criação de obra câmara encomendada pela Funarte para a 20ª Bienal de Música Brasileira Contemporânea, concerto para saxofone e orquestra encomendado por Leo Gandeman e uma nova ópera com estreia prevista em 2014. Ripper é membro da Academia Brasileira de Música, onde ocupa a cadeira n° 30, cujo patrono é Alberto Nepomuceno. Sobre André Heller-Lopes: Especialista em ópera, é Professor do Departamento Vocal a Escola de Música da UFRJ desde 1996, onde cursou também o Mestrado. Sua monografia, Vozes Brasileiras, foi a primeira a debruçar-se de forma detalhada sobre a vida de cantoras líricas européias que vinham ao Brasil entre 1844 e 1852. Recentemente, defendeu Doutorado junto ao Kings College, de Londres. Bolsita da CAPES, sua tese, dedicou-se mais um vez ao universo operístico brasileiro do século 19, desta vez ao pouco conhecido movimento pela Ópera Nacional, entre 1857 e 1863. Em 2003 tornou-se Coordenador de Ópera da Prefeitura do Rio, desenvolvendo extensa programação dedicada ao público jovem, durante 5 anos consecutivos. Ganhador, por dois anos consecutivos, do Prêmio Carlos Gomes de melhor diretor cênico, André Heller-Lopes é dono de uma trajetória ímpar no Brasil. Espetáculos como Diário do Desaparecido e Savitri (CCBB-SP e DF) foram apontados como "um dos espetáculos do ano" (O Jornal O Globo); enquanto que Ariadne em Naxos (TMSP), "...impactante, simples, arrojado e bem-humorado" (Folha de SP) e "demonstra ser possível inovar com bom senso e bom gosto” (O Estado de SP). André trabalhou na San Fracisco Opera, Metropolitan Opera de NY e Royal Opera House (Londres) e Teatro Nacional de São Carlos (Lisboa). Ao longo de duas temporadas no Covent Garden, dirigiu O Imperador de Atlantis (Viktor Ullmann) e Diário do Desaparecido (Jenácek), trabalhando ainda na equipe de direção 15 óperas com artistas como Domingo, Mattila, Villazon, Graham, Terfel, Hampson, Hyorostovsky, Allen, Ramey. E ao lado de diretores como Copley, K. Warner, Miller, Martone ou Armfield. Mais recentemente dirigiu O Barbeiro de Sevillas (Iford Arts Summer Festival, OK); Yerma in concert de Villa Lobos (Berlim/Lisboa/Paris); além de Dido & Aneas, Trouble in Tahiti e LÓccasione fa Il ladro (Teatro São Carlos) e Tosca (Kleinesfestspielhaus, Salzburg). Em 2012, Andre encenou “Piedade” e “Cosi Fan Tutte” no Rio, “O Crepúsculo dos Deuses” em São Paulo e “Rigoletto” em Buenos Aires. Atualmente está trabalhando na nova versão de “Anjo Negro” e dentre seus futuros planos destacam-se Hansel & Gretel e Nabuco. Sobre a OSB Ópera & Repertório: A OSB Ópera & Repertório é um dos corpos artísticos da Fundação OSB. A orquestra tem foco em repertório lírico (em versão de concerto, ou seja, não encenado) e música de câmara. Os músicos apresentam, atualmente, duas séries: Lírica e Repertório. Para cada performance, há um regente convidado. Ficha Técnica: Música – João Guilherme Ripper Diretor cênico / Diretor Artístico – André Heller- Lopes Orquestra – OSB Ópera & Repertório Regência – Abel Rocha Cantores solistas: (Virgínia) - Luisa Francesconi (Tia) – Ruth Staerke (Ismael) – David Marcondes (Elias) – Marcos Paulo Cantores: (Ana Maria) - Dafne Boms e Michele Menezes (em datas alternadas) (3 primas) - Maíra Lautert - Flavia Fernandes e Carolina Faria (3 carregadores) - Frederico de Oliveira - Fabrizio Claussen e Murilo Neves Figurinista – Marcelo Marques Iluminador – Fabio Retti Maquiador – Ulysses Rabelo Projeto gráfico – Angélica Carvalho Assessoria de imprensa – Érica Avelar (RPM Counicação) Assistente de direção / Direção de palco – Juliana Santos e Menelick de Carvalho Direção de produção – Amanda Menezes Produtores Executivos – Juliana Cabral e Fernanda Soriano Coordenação Geral: Maria Angela Menezes Produção e Administração: Tema Eventos Culturais Serviço: Ópera Anjo Negro Récitas dias 20 de outubro, às 20h e 21 de outubro, às 21h (sábado e domingo) Local: Escola de Artes Visuais do Parque Lage Endereço: Rua Jardim Botânico, n°414 – Jardim Botânico - RJ Preço: R$20 (inteira) R$10 (meia) Venda de ingressos: no Parque Lage, 2 horas antes das apresentações Informações: (21) 3239-3333 (das 12h às 18h) Capacidade: 300 pessoas Classificação etária: 16 anos Assessoria de Imprensa: RPM Comunicação Érica Avelar – [email protected] – (21)3478-7437 / 8272-2337