e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil Gerência em Saúde Gestão - Organização e Planejamento em Saúde Ilva Ruas de Abreu Juventino Ruas de Abreu Júnior Ministério da Educação e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil Gerência em Saúde Gestão - Organização e Planejamento em Saúde Ilva Ruas de Abreu Juventino Ruas de Abreu Júnior Montes Claros - MG 2011 Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Coordenadora Geral do e-Tec Brasil Iracy de Almeida Gallo Ritzmann Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Alberto Duque Portugal Coordenadores de Cursos: Coordenador do Curso Técnico em Agronegócio Augusto Guilherme Dias Coordenador do Curso Técnico em Comércio Carlos Alberto Meira Coordenador do Curso Técnico em Meio Ambiente Edna Helenice Almeida Coordenador do Curso Técnico em Informática Frederico Bida de Oliveira Coordenador do Curso Técnico em Vigilância em Saúde Simária de Jesus Soares Coordenador do Curso Técnico em Gestão em Saúde Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim Reitor João dos Reis Canela Vice-Reitora Maria Ivete Soares de Almeida GESTÃO - ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO EM SAÚDE e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Pró-Reitora de Ensino Anette Marília Pereira Elaboração Ilva Ruas de Abreu Juventino Ruas de Abreu Junior Diretor de Documentação e Informações Huagner Cardoso da Silva Projeto Gráfico e-Tec/MEC Coordenador do Ensino Profissionalizante Edson Crisóstomo dos Santos Supervisão Wendell Brito Mineiro Diretor do Centro de Educação Profissonal e Tecnólogica - CEPT Juventino Ruas de Abreu Júnior Diagramação Hugo Daniel Duarte Silva Marcos Aurélio de Almeda e Maia Diretor do Centro de Educação à Distância - CEAD Jânio Marques Dias Coordenadora do e-Tec Brasil/Unimontes Rita Tavares de Mello Coordenadora Adjunta do e-Tec Brasil/ CEMF/Unimontes Eliana Soares Barbosa Santos Impressão Gráfica RB Digital Designer Instrucional Angélica de Souza Coimbra Franco Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira Revisão Maria Ieda Almeida Muniz Patrícia Goulart Tondineli Rita de Cássia Silva Dionísio AULA 1 Alfabetização Digital Apresentação e-Tec Brasil/Unimontes Prezado estudante, Bem-vindo ao e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes! Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro 2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia (SEED) e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escolas técnicas estaduais e federais. A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes centros. O e-Tec Brasil/Unimontes leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais. O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico, seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – não só é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação profissional! Ministério da Educação Janeiro de 2010 Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 3 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Indicação de ícones Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Mídias integradas: possibilita que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e outras. Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 5 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Sumário Palavra do professores conteudistas...........................................9 Projeto instrucional............................................................ 11 Aula 1 - Administração: conceito e significado, elementos e processo .13 1.1 Administração: conceito e significado............................. 13 1.2 A Administração como processo................................... 15 Resumo.................................................................... 17 Atividades de aprendizagem............................................ 18 Aula 2 - Planejamento: conceitos, métodos, níveis de abrangência.... 19 2.1 Conceito de planejamento.......................................... 20 2.2 O processo de planejamento e níveis de abrangência.......... 21 2.3 Tipos e técnicas de planejamento................................. 27 Resumo.................................................................... 27 Atividades de aprendizagem............................................ 27 Aula 3 - Planejamento estratégico .......................................... 29 3.1 Processo de elaboração do planejamento estratégico.......... 32 3.2 Planejamento tático................................................. 51 3.3 Planejamento operacional.......................................... 52 Resumo.................................................................... 53 Atividades de aprendizagem............................................ 53 Aula 4 - O planejamento orientado por outras metodologias específicas .55 4.1 O Planejamento Estratégico Situacional (PES)................... 55 4.2 O PES na Metodologia MAPP........................................ 57 4.3 O planejamento na metodologia ZOPP........................... 65 Resumo.................................................................... 67 Atividades de aprendizagem............................................ 67 Aula 5 - Administração pública em sistemas de saúde.................... 69 5.1 Planejamento estratégico em serviços de saúde................ 70 5.2 Sistemas de controle e avaliação.................................. 71 Resumo.................................................................... 72 Atividades de aprendizagem............................................ 73 Aula 6 - O pacto pela saúde.................................................. 75 Resumo.................................................................... 84 Atividades de aprendizagem............................................ 85 Aula 7 - A agenda de Saúde: gerindo e planejando o SUS................ 87 7.1 Visão geral do processo............................................. 87 7.2 Aperfeiçoamento do processo de Gestão e de Planejamento do SUS..................................................................... 88 7.3 Detalhamento e finalidade da utilização dos instrumentos de Gestão e Planejamento do SUS......................................... 89 Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 7 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 7.4 Considerações Finais................................................. 95 Resumo.................................................................... 95 Atividades de aprendizagem............................................ 95 Referências...................................................................... 97 Currículos dos professores conteudistas.................................... 99 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 8 Gerência em Saúde AULA 1 Alfabetização Digital Palavra do professores conteudistas Olá caros (as) alunos (as)! Sejam bem vindos ao mundo da Administração/da Gestão e em especial, da Administração/Gestão pública voltadas à Saúde. A intenção de aprendizagem com a oferta a você da disciplina “Gestão - Planejamento e Organização na Saúde” é a de que você, ao absorver os conteúdos contidos no material, reflita, interagindo com seu professor tutor, com colegas de curso e comunidade de um modo geral, sobre o papel da administração à serviço das organizações. Essa reflexão propiciar-lhe-á acredito, saber por que o processo de administrar as organizações para visar resultados positivos é de fundamental importância para o bem-estar da sociedade que as criou. Entendendo esse fundamento, espera-se que este curso consiga ampliar o seu nível de conhecimentos, em diferentes áreas da atividade humana, que foram aqui compilados como conteúdo da administração. Esses conteúdos envoltos num misto de ciência e arte têm, até então, servido de instrumento aos agentes, administradores e gestores, no seu afã diário pela busca de eficiência e eficácia das organizações. Entretanto, tendo em vista o foco da disciplina, uma questão poderá lhe ocorrer: e quando se trata de administrar o que é público? Como a prestação de serviços públicos de Saúde, por exemplo? Para esse fim, não existem mudanças significativas no processo de administrar organizações públicas voltadas à saúde pública (como você poderá comprovar mais adiante). Talvez, pela importância e complexidade da área, as organizações em saúde, em decorrência das demandas por elas enfrentadas, da respectiva responsabilidade legal, requeiram instrumentos e ferramentas mais dinâmicos e específicos. De toda a sorte, assim como preconizado paras as organizações privadas, a idéia é a de que elas sejam geridas com eficiência e eficácia, mostrando-se resolutivas aos interesses legítimos dos cidadãos. Esperamos que você tenha ótima fluência no conteúdo que irá adentrar. E se possível, após o curso, tenha a chance de experimentar na prática algumas das ferramentas propostas, ou mesmo, quem sabe, e aí vai a nossa torcida, intuir sobre novas, contanto que sejam úteis aos interesses maiores da sociedade. Felicidades e um grande abraço! Ilva e Juventino. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 9 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Projeto instrucional Disciplina: Gestão - Organização e planejamento em saúde (carga horária: 60 hs). Ementa: Administração pública em sistemas de saúde. Planejamento: Conceitos, métodos, níveis de abrangência. O Pacto pela saúde. O planejamento estratégico em serviços de saúde. Sistemas de controle e avaliação. O planejamento orientado por objetivos – metodologias do PES, do ZOPP e do MAPP. Análise dos ambientes externo e interno. Matriz de oportunidades. A Agenda de Saúde: Plano de metas, relatório de gestão, o relatório de atividades e o plano municipal de saúde. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Aula 1. • Entender o conceito e o significado da administração e sua relação com as organizações. Apostila; atividade de dispersão 4h Aula 2. • Compreender no âmbito do processo administrativo, o conceito e a importância do planejamento, seus tipos, técnicas e processo de elaboração. Apostila; atividade de dispersão 8h Aula 3. • Entender o porquê do planejamento associado à estratégia, seu processo de elaboração e vinculação com os demais níveis. Apostila; atividade de dispersão 14 h Aula 4. • Conhecer outras orientações aplicáveis a tarefa de planejar. • Compreender o uso finalístico e como são operacionalizadas as metodologias de planejamento estratégicos situacionais e flexíveis: MAPP e ZOPP Apostila; atividade de dispersão 6h Aula 5. • Compreender o que é e como funciona a administração pública em sistemas de saúde. Apostila; atividade de dispersão 4h Aula 6. • Conhecer e compreender quais definições foram pactuadas pelos gestores do SUS para servir como diretrizes e princípios para gestão e planejamento da saúde no país. Apostila, Vídeo sobre Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão 14 h Aula 7. • Entender e conhecer quais instrumentos de Gestão e de planejamento orientam as ações de Atenção e Assistência em saúde aos brasileiros. Apostila; atividade de dispersão 10 h Gestão - Organização e Planejamento em Saúde MATERIAIS CARGA HORÁRIA AULA 11 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Aula 1 - Administração: conceito e significado, elementos e processo Objetivo Apresentar ao estudante os objetivos da aula. 1.1 Administração: conceito e significado Os sinônimos mais comuns atribuídos ao termo Administração são: governar, conduzir, gerir, aplicar. No Dicionário Aurélio, o termo administração é definido como “ato ou efeito de administrar” ou ainda, numa definição mais ampla, como o “conjunto de princípios, normas e funções que têm por fim ordenar a estrutura e funcionamento de uma organização (empresa, órgão público, etc.)” (Aurélio, 2004). Para estudiosos do assunto, “Administração é o ato de trabalhar com e através de pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros” (Montana & Charnov, 1998). Esta última definição sugere, para melhor compreensão do significado da administração, conhecer não só o conteúdo a ela relacionado, mas também, compreendê-lo de forma associada ao conceito de organização para perceber como eles estão vinculados. 1.1.1 Organização e Administração Os termos organização e administração são indissociáveis, isto é, estão intimamente ligados. Explicando, a administração surgiu para servir a organização (como ente), coordenando e sincronizando as demais funções (técnicas, comerciais, financeiras, segurança e contábeis) (Fayol, 1984), para que gerida de modo racional, ela possa atingir resultados. Já a organização é vista de um lado como um ente criado por uma ou mais pessoas para atingir objetivos, e de outro - conforme se verá mais adiante - como um elemento ou função do processo de administração. Assim, uma escola, um hospital, uma empresa e uma associação, por exemplo, são organizações, que são criadas e guiadas por objetivos que resultam em bens e serviços, na sua maioria, de amplo interesse social. Em outras palavras, a organização, como ente, é fruto da combinação intencional de pessoas, de tecnologia e de variados recursos para atingir determinados fins (Hampton, 1993). Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 13 Gerida: vem de gerir que é sinônimo de gerenciar/administrar e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 1: Exemplos de organizações Fontes: Disponível em: <http://www.mec.gov.br; http://www.primeirahora.com.br/site/index. php?pg=noticia&intNotID=33801>; <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://images. guiamais.com.br>; <http://paesjrart.wordpress.com/2008/01/12/logo-associacao-resgate-cidadao/ associacao-resgate-cidadao/>; Acesso em 1.1.2 Elementos da Administração A missão de uma organização é a expressão da sua razão de ser e da direção para onde ela pretender rumar. Para melhor compreender o que distingue o trabalho de administração de outros tipos de trabalhos executados no âmbito de uma organização, é preciso considerar que o trabalho de administração está todo concentrado em manter a organização, gerindo-a para obter resultados e atingir sua missão (Oliveira, 2004). Assim sendo, ao entender porque o trabalho de administração é diferenciado, torna-se necessário também, compreender o que abrange o ato de administrar, ou seja, quais elementos o compõem e quem os pratica na organização. A tarefa de gerir ou administrar envolve decisões que são tomadas pelo gestor/administrador, abrangendo elementos-chave, também conhecidos como funções do processo de administração (Maximiano, 2004), que são: 1. Planejamento: aqui são definidos os objetivos e os recursos que serão mobilizados para atingir resultados. 2. Organização: este elemento orienta para a disposição dos recursos e pessoas de forma estruturada numa organização: profissionais; infor- e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 14 Gerência em Saúde mação e conhecimento; espaço físico (prédios, salas, galpões, etc.); tempo; dinheiro; instalações: elétricas, hidráulicas, de telefone, de internet, etc. 3. Execução e direção: este elemento cuida para que, de forma coordenada, pessoas e recursos estejam mobilizados para realizar os planos, que são orientações secundárias, derivadas dos objetivos definidos no elemento Planejamento. 4. Controle: este elemento ou função que completa o ciclo de administração, cuidando da definição do que, como, por quem e quando será medido, acompanhado para verificação se os resultados pretendidos estão ou serão alcançados. Figura 2: Administrar: tomando decisões sobre objetivos e recursos. Fonte: Maximiano (2004, p.32) A literatura sobre a administração demonstra que não há um padrão para definir os componentes do processo de administração. Eles ora são vistos como elementos, ora como função ou ainda, como processos. Na verdade, isso não quer dizer que uma ou outra forma esteja errada. No entanto, para que durante a aprendizagem você não se prenda a esta indecisão e se confunda diante desta diversidade de termos, vamos acordar, daqui por diante, que tais elementos serão considerados simplesmente como função da administração. 1.2 A Administração como processo Se já é possível compreender o que é a administração e de quais funções ela se compõe, resta agora entender como a administração ocorre como processo contínuo, auxiliando as organizações a atingirem seus resultados. O processo de administrar (ou processo administrativo) está para qualquer situação onde haja pessoas que utilizam recursos, dos mais diversos, para atingir algum tipo de objetivo para determinada organização (Maximiano, 2004). Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 15 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Dessa forma, o administrador, no seu papel como tomador de decisões, age no intuito de fazer fluir o processo administrativo, buscando resultados almejados pela organização. Para esse fim ele: planeja, organiza, executa, recruta, coordena, motiva, lidera e controla independentemente do nível que ocupa na organização (Montana & Charnov, 1998): se organização pública, como uma prefeitura, por exemplo: prefeito, secretário, diretor, gerente, chefe de seção etc.; se organização privada como uma fábrica, por exemplo: presidente, diretor, gerente, supervisor, chefe de seção, chefe de setor etc. Figura 3: Funções administrativas no ciclo administrativo Fonte: adaptado de Masiero, 2009. Conforme se percebe pela representação da Figura 3, as setas intercaladas entre cada função do processo de administração (Planejamento, Organização, Execução/Direção e, Controle) indicam forte dependência entre elas e um sequenciamento (no sentido horário), na forma de um ciclo, partindo do principal elemento (no centro e ao alto da Figura 3) que é o Planejamento. Planejamento é a atividade mais importante que os administradores desempenham no âmbito das funções do processo de administrar (Montana & Charnov, 1998). E a razão é simples: primeiro é preciso saber o que se quer conquistar, ou seja, qual o objetivo e também, qual a direção a ser seguida, incluindo, quais recursos e pessoas farão parte dessa busca. Daí por diante, as demais funções (organização; execução/direção; controle) são complementares ao processo, estabelecendo um ciclo integrado. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 16 Gerência em Saúde Existem no dito popular algumas frases que demonstram, de forma clara, o quanto planejar e definir o objetivo são tarefas importantes e prioritárias na administração de dada situação. Observe: “Para quem não sabe aonde vai qualquer direção serve!” ou, “Não há ventos favoráveis para aquele que não sabe que rumo tomar!”. Figura 4: Situação que insinua ausência de Planejamento: Qual a direção seguir? Fonte: Disponível em: http://www.fotolog.com.br/fossamenor/37006362. A partir da representação sugerida na Figura 4 você deve estar percebendo que ter uma direção, saber com quais recursos irá contar para se chegar ao destino (o objetivo), dependerá do planejamento prévio. Seja no plano pessoal ou organizacional, planejar é de vital importância, reunindo as condições que nortearão a tomada de decisão que seja eficiente e eficaz na busca de objetivos. Resumo Eficiente tem origem em eficiência que significa fazer as coisas de maneira adequada. Já eficaz, deriva de eficácia, que significa fazer as coisas certas, obtendo os melhores resultados com menores custos. Nesta aula, você aprendeu: • Sobre o conceito de administração e seu significado; • Descobriu qual a relação entre administração e organizações; • Sobre o conteúdo da administração, a partir de seus elementos constitutivos; • Sobre como é encadeado o processo de administrar para a busca de resultados. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 17 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Atividades de aprendizagem a) Revisão 1. O que é a administração? 2. Qual a relação entre organização e administração? 3. O que envolve o ato de administrar? 4. Quais são os elementos da administração? 5. Como é encadeado o processo de administrar? b) Atividade de campo 1. Identifique uma organização no seu município (empresa, escola privada, ONG, indústria, organização religiosa, etc.), identifique quem a criou e para qual finalidade. 2. Entreviste o dirigente maior dessa organização e tente investigar como ele a administra. 3. Avalie também se para ele há clareza sobre a função de cada elemento da administração no processo de administrar. 4. Tente entender a partir da sua investigação como se dá o encadeamento do processo de administrar. 5. Por fim avalie: o jeito de administrar identificado por você na organização investigada se assemelha ao que é preconizado pelo conteúdo da administração? Sim/não? Reflita sobre as divergências, se houver. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 18 Gerência em Saúde AULA 1 Aula 2 - Planejamento: conceitos, métoAlfabetização Digital dos, níveis de abrangência Relatos históricos registram que desde os primórdios da humanidade atitudes, experiências, técnicas e métodos de administração foram validados por várias civilizações na direção de seus grandes feitos e obras. Como exemplo, citemos as muralhas da China, as pirâmides do Egito, os monumentos da Grécia e da Roma antiga. Figura 5: Monumentos e edificações de antigas civilizações: na China, no Egito, na Grécia e em Roma Fontes: Disponível em: <http://www.imagensgratis.com.br/imagem-a-muralha-da-china.html>; <http://www.esoterikha.com/grandes-misterios/poder-piramides/magia-piramide.php>; <http:// tempointegral.wordpress.com/category/destinos-mundo/>; <http://www.baixaki.com.br/papel-deparede/5393-coliseu-roma-italia.htm>. É possível presumir que todos esses feitos ilustrados na Figura 5 foram guiados por objetivos, que definiram previamente intenções de resultados. Essa medida facilitou em grande parte a identificação dos recursos e das pessoas que seriam necessários para tais realizações. A primeira etapa do processo de administrar é hoje identificada como planejamento, tendo evoluído da simples previsão (conforme se verá mais adiante), que foi a primeira denominação dada a essa função, há quase cem anos. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 19 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 2.1 Conceito de planejamento Antes de sugerir para você um conceito adequado, moderno e usual para a função planejamento observe o diálogo da fábula de Alice no país das maravilhas de Lewis Carroll (Montana & Charnov, 1998 ): Alice: por favor, você poderia me dizer que caminho devo seguir? Gato Cheshire: isso depende muito do lugar para onde você quer ir. Alice: eu não me importo para onde. Gato Cheshire: então não faz diferença o caminho a pegar. A definição de fatores internos ou externos à determinada organização considera que ela vive dentro de um ambiente e nele existem fatores que geram, de forma individual ou combinada com outros fatores, eventos e fatos que podem tanto afetála quanto, em alguns casos, ser ele afetado por fenômenos e decisões que ocorrem dentro dela. A indecisão ou mesmo o vacilo do tomador de decisões em uma organização (gestor ou administrador) na hora de optar pelo caminho desejável para a organização seguir, poderá levá-la a se sujeitar às constantes mudanças dos fatores externos e internos do ambiente organizacional, podendo afetar drasticamente suas intenções. Como exemplo de fatores externos, ou aqueles que ocorrem do lado de fora da organização, podemos citar: na economia: aumento da inflação; aumento dos juros; aumento do desemprego. Nas questões políticas: mudanças nas regras sobre repasses de recursos para a saúde ou para a educação, por parte dos governos, entre outros. No tocante a fatores internos, isto é, aqueles que ocorrem dentro da organização, podem ser identificados: a saúde financeira; a motivação e preparo dos funcionários; a condição das instalações; a agilidade/morosidade nas decisões, entre outros. Figura 6: Representação de uma organização inserida em seu ambiente de interação Fonte: Adaptado de Oliveira, 2004. Uma decisão adequada para o destino de determinada organização, leva em conta uma série de análises e informações, que o administrador considerará previamente sobre fatores externos e sua relação com fatores e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 20 Gerência em Saúde internos a ela. Com certeza, um administrador experiente e capacitado, não ignorará as definições que devem estar contidas na função planejamento, pois lá estarão as decisões que procuram influenciar o futuro, ou que serão colocadas em prática no futuro da organização (Maximiano, 2004 ). A partir desse conceito básico, o planejamento, como função de um processo administrativo, pode perceber ainda as seguintes definições: • Planejar é definir objetivos ou resultados a serem alcançados; • É definir meios para possibilitar a realização de resultados; • É interferir na realidade, para passar de uma situação conhecida a uma situação desejada, dentro de um intervalo definido de tempo; • É tomar no presente decisões que afetam o futuro, para reduzir sua incerteza. 2.2 O processo de planejamento e níveis de abrangência As definições que englobaram para você um conceito para a função planejamento levam em consideração as premissas conforme representado na Figura 7. O termo processo tem como significado o modo, método, técnica por que se realiza ou executa uma coisa. Para a administração, processo implica acontecimentos e relações, dinâmicas, sempre em mudança, portanto contínuos. No caso do processo administrativo a visão é a de que os elementos ou funções nele contidas agem uns sobre os outros, afetando-se mutuamente. Figura 7: As premissas do Planejamento Fonte: Chiavenato (1999, p,368) Observando a representação contida na Figura 7, você deve estar percebendo que o planejamento e sua derivação imediata: os planos estão posicionados propositalmente no meio, entre a condição inicial de dada situação. Nessa posição eles se transformam nos elementos ponte, passando a orientar o alcance de uma situação almejada no futuro. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 21 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes O processo de planejar toma como base as premissas descritas na Figura 7 e considera três etapas distintas, recomendáveis para uma conduta racional do administrador. Perceba e considere que cada uma das três etapas, conforme será representado na Figura 8 são atividades inerentes à tarefa de planejar. Dessa forma, ele busca o reconhecimento dos dados e informações de entrada como impulsionadores do processo de planejamento, decidindo como utilizá-los para planejar, para em seguida, encadear decisões e orientações que serão úteis na mobilização organizacional para elaboração dos planos. Entenda-se como premissa os elementos base que auxiliam na formação de um conceito. O termo Cúpula numa organização se refere à dirigente maior Ex: o presidente ou o diretor (numa empresa), ou o prefeito e o governador na prefeitura e no estado respectivamente. Entenda como estrutura organizacional o tipo de disposição na qual um conjunto de pessoas e recursos, dos mais variados, contidos numa organização (empresa, órgão público etc.), é agrupado e ordenado para o alcance de objetivos. Figura 8: Elementos de um processo de planejamento Fonte: adaptado de Maximiano, 2004. As premissas indicadas na Figura 7 e reforçadas nos elementos da Figura 8 estão indicando que a função planejamento no processo de administrar se desdobra em níveis de decisão: do mais alto = cúpula ou estratégico; passando pelo intermediário = departamental ou tático; chegando até o nível da base da organização = setorial ou operacional. No geral, esta é uma forma muito comum de entender como são moldadas as estruturas organizacionais (Maximiano, 2004). Para que você entenda melhor porque numa organização existe mais de um nível de decisão, vamos utilizar a organização de um time de futebol para auxiliá-lo. Imagine que você resolveu investigar como funciona um clube de futebol já estruturado no Brasil hoje. Ao identificar o clube, o “Estrela Futebol Clube”, você descobriu que ele tem uma presidência (nível estratégico). Na faixa intermediária (no meio), encontram-se as gerências: de futebol; a financeira e de negócios; a gerência de pessoal etc. (nível tático). Por último, na base da estrutura, estão as chefias setoriais: da área técnica/treinamento do time, da área de fisioterapia e de preparo físico, da rouparia, daquela responsável pelos serviços e cuidados com a limpeza e organização dos prédios, instalações e gramados, etc. (nível operacional). e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 22 Gerência em Saúde Observe a seguir a representação contida na Figura 9. A intenção é ilustrar como a distribuição das decisões acerca do planejamento provavelmente ocorre nos níveis de decisão da estrutura organizacional do time de futebol detalhado anteriormente. Figura 9: Estrutura organizacional e de decisão do “Estrela Futebol Clube” Fonte: elaborado pelo autor, 2010. Interpretando a Figura 9, é possível perceber que os níveis de decisão se distribuem no formato de uma pirâmide. Aliás, a representação contém uma pirâmide colorida (azul, verde e marrom) por traz das “caixas” onde estão, em cada nível, as instâncias de decisão. Perceba ainda, de baixo para cima, que as instâncias de decisão contidas nas caixas estão ligadas aos níveis superiores. Essa ligação indica a vinculação e subordinação entre elas, isto é, quem está abaixo e ligado por uma linha, ainda que sinuosa, deve obediência direta a quem está acima. Independentemente da competência, vinculação e subordinação a que estão submetidas às instâncias de decisão, vale lembrar que todas estarão operando no sentido da melhor utilização dos recursos organizacionais, para alcançar objetivos, aspectos que são definidos pelo planejamento e pelos planos dele derivados. 2.2.1O processo de estabelecer objetivos Destacou-se até aqui que planejar compreende definir os objetivos e quais serão os recursos necessários para alcançá-los. Por essa razão, sendo a definição dos objetivos a primeira das providências da função planejamento, torna-se relevante refletir sobre quais serão as orientações para defini-los (Chiavenato, 1999). 1ª Entenda o que são objetivos. Objetivos são tidos como os resultados estabelecidos no presente para serem alcançados em um futuro determinado. Eles orientam a maneira de pensar de uma organização, contribuindo para o seu desempenho, sobrevivência e continuidade. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 23 . 13 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 2ª Entenda quais são os tipos de objetivos. Em relação ao tempo para alcançá-los os objetivos podem ser distribuídos em: a) Imediatos: são aqueles que oferecem segurança para o seu alcance, porém são difíceis de serem ampliados; b) Acessíveis: são alcançáveis, mas podem estar sujeitos a algum tipo de incerteza futura; c) Imaginários: são alcançáveis, mas totalmente sujeitos às incertezas que podem ocorrer na caminhada rumo ao tempo futuro onde eles possam ser alcançados. A Figura 10 oferecerá a você uma representação gráfica que distribui os tipos de objetivos conforme os níveis de decisão de uma organização. Figura 10: Tipos de objetivos Fonte: adaptado de Chiavenato, 1999. Para facilitar ainda mais a sua compreensão de como os tipos de objetivos são concebidos no processo de planejamento em uma organização, vamos utilizar novamente o exemplo já fornecido e conhecido por você, do “Estrela Futebol Clube”. Imaginemos que o presidente do clube reunido com sua equipe para o planejamento 2011 e definição de objetivos para o clube (que é a organização), resolve escalonar no tempo - considerando as reais condições e recursos do clube - os seguintes objetivos: 1º Inscrever o time no campeonato da região para disputar na temporada 2011. Esse será um objetivo imediato. 2º Ter, ao final da disputa, o reconhecimento do público como o time de melhor ataque do campeonato. Esse será um objetivo acessível. 3º Ganhar o campeonato. Esse será um objetivo imaginário. Assim, com o exemplo fornecido, reflita que à medida que o tempo passar e o time do “Estrela Futebol Clube” avançar no campeonato, ele irá conquistando objetivos, que podem ir transitando de acessíveis para imediatos e de imaginários para acessíveis. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 24 Gerência em Saúde 3ª Entenda a hierarquização dos objetivos. Numa organização, à medida que ela é gerida, são perseguidos vários objetivos ao mesmo tempo. Entretanto, eles se distinguem uns dos outros inclusive em termos de importância. A cúpula da organização, incumbida de definições de planejamento, geralmente orientará sobre quais objetivos serão considerados prioritários e quais serão considerados secundários, estabelecendo sua hierarquização. 4ª Entenda como os objetivos podem ser desdobrados. O desdobramento dos objetivos geralmente deriva da sua hierarquização e se dá pela necessidade de descentralização (Oliveira, 2002) das ações em uma organização (empresa, órgão público, etc.). Entre os níveis de decisão organizacionais já conhecidos por você (Estratégico, Tático e Operacional), as orientações de desdobramento de objetivos ocorrem para que cada setor, em seu respectivo nível, de maneira coordenada, siga as orientações perseguindo metas, utilizando recursos, executando ações e acompanhando resultados (administrar/gerir). Esse processo considera que os objetivos contidos no planejamento organizacional serão desdobrados em várias orientações secundárias assim definidas (Tavares, 1991; Chiavenato, 1999): a) Objetivos estratégicos: eles são definidos para a organização atingir como um todo e é definido no nível estratégico de decisão; b) Filosofias e políticas: elas são a expressão de crenças, valores, sentimentos e motivações que os membros da cúpula (nível estratégico) transferem do plano pessoal para o organizacional, fazendo com que as decisões orientem o comportamento de todas as pessoas que trabalham na organização; c) Diretrizes: são as linhas mestras e gerais para a ação da organização, também conhecidas como macroestratégias. Envolvem o nível estratégico. d) Objetivos (Metas): Alvo a atingir, no curto prazo em cada departamento, seção ou setor, envolvendo o nível tático e operacional; e) Programas: Atividades necessárias para que cada meta prevista seja alcançada, envolvendo o nível tático e operacional; f) Procedimentos: consiste na forma ou no modo de execução de cada programa. Envolve o nível tático e operacional; g) Métodos e normas: são as orientações e as regras para cada procedimento utilizado na execução de cada tarefa. Envolve o nível tático e operacional; Observe, no encadeamento de orientações oferecidas sobre o desdobramento dos objetivos partindo de g até a. Elas vão aumentando a amplitude organizacional (isto é a abrangência) à medida que se aproximam de a. Já o nível de detalhamento, no mesmo sentido da orientação (de g até a), vai diminuindo. Senão, perceba pela Figura 11. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 25 Para efeito do estudo da administração e das organizações o termo descentralização é definido como a menor concentração do poder pela cúpula da organização, distribuindo-o pelas demais instâncias e níveis hierárquicos. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 11: Desdobramento dos objetivos conforme os níveis organizacionais Fonte: adaptado de Tavares, 1991; Chiavenato, 1999. Até aqui você obteve informações que devem auxiliá-lo no entendimento dos objetivos acerca do que são, quais os tipos, como são hierarquizados e desdobrados na forma de orientações organizacionais. De forma complementar, após percorrer contribuições extraídas do moderno pensamento sobre a administração, há sugestões de alguns princípios, que podem auxiliar o gestor tomador de decisões, na tarefa de definir objetivos. Entenda como princípio uma base, um fundamento ou uma referência. 5° Entenda o que pode se constituir em princípios recomendáveis para o estabelecimento e alcance de objetivos16 1. Princípio da comunicação total: orienta para que os objetivos definidos pela cúpula devam ser comunicados para todos os níveis organizacionais. A ideia é a de que todos compreendam cada um com sua respectiva parcela de contribuição, o que, porque, como, por quem onde e quando, que são as orientações para alcançar o “alvo” futuro pretendido pela organização. 2. Princípio da coerência vertical: a orientação aqui é no sentido de que um departamento, ou seção ou setor de determinado nível organizacional, mobilize suas ações de forma a contribuir com mais agilidade, economia, eficiência e eficácia o alcance do objetivo contido na instância imediatamente superior aos quais se vincula. 3. Princípio da coerência horizontal: a orientação é para que órgãos (seções e setores) vinculados a um departamento de determinado nível, persigam seus objetivos de maneira coordenada e harmônica evitando conflitos. Com as informações e conteúdos que foram oferecidos, espera-se que você tenha entendido como funciona o processo de administrar a partir das funções administrativas, com destaque para a função planejamento, sua importância e elementos constitutivos. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 26 Gerência em Saúde Ao considerar essa base de conhecimentos acumulados, acredita-se que daqui por diante você tenha condições de compreender também os tipos e técnicas recomendáveis ou usuais para a tarefa de planejar. 2.3 Tipos e técnicas de planejamento Em uma organização, o planejamento reflete os níveis de decisão da estrutura organizacional, podendo ser visto sob três perspectivas ou tipos : planejamento estratégico, planejamento tático e planejamento operacional. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Sobre o que é a função planejamento; • Sobre qual a importância do planejamento no processo administrativo; • Sobre o planejamento e seus respectivos níveis de abrangência; • Sobre a importância dos objetivos e de como devem ser estabelecidos; • Sobre os tipos de Planejamento e as técnicas para elaborá-los. Atividades de aprendizagem a) Revisão 1) Com base no que você aprendeu defina planejamento. 2) Reflita: você costuma planejar o que quer alcançar? 3) Reflita: o seu ritual de planejar se assemelha com aquele preconizado pelo conteúdo da administração? 4) Você saberia desdobrar as ações planejadas por você para alcançar determinado objetivo em: ações estratégicas, táticas, operacionais? 5) Você costuma hierarquizar seus objetivos? Se sim como faz? Reflita. b) Atividade de campo 1) Identifique em seu município a existência de um time de futebol, ou outra agremiação esportiva. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 27 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 2) Procure entrevistar seu dirigente e indague sobre como se dá o planejamento das ações por lá. 3) Compare o que você descobriu com o conteúdo que você acabou de aprender e veja as semelhanças/diferenças. 4) Procure avaliar como este dirigente define os objetivos e os recursos para alcançá-los na organização. 5) Avalie como se desdobram, para efeito de elaboração, os três níveis de planejamento na organização. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 28 Gerência em Saúde AULA 1 Alfabetização Digital Aula 3 - Planejamento estratégico No passado, o processo de administrar adotado pelos gestores da alta cúpula das organizações (nível estratégico), não consideravam o planejamento como concebido nos dias atuais, e já conhecido por você. Conforme registros históricos, esta função no processo administrativo clássico era definida como previsão (Fayol, 1984) cujo teor e atividades envolviam a tarefa de prever eventos futuros com base em informações e indicativos do presente, para a definição de atividades futuras de maior eficácia para a organização (Montana & Charnov, 1998). Na década de 50, o planejamento baseava-se essencialmente no planejamento financeiro, associado ao orçamento da organização. Naquela época, as receitas eram previstas e confrontadas com as previsões de gastos, deduzindo desse confronto as parcelas de sobras ou lucros. Planejar pela cúpula organizacional considerava a orientação do “sistema fechado”, ou seja, as preocupações das organizações (empresas de forma geral) ficavam por conta da observância e consideração de questões internas da organização, como por exemplo, o controle sobre gastos orçamentados (Tavares, 1991). Pouca importância se dava no ato de planejar e à necessidade de um olhar “sistêmico” (conforme se verá mais adiante), considerando o comportamento de fatores de cunho externo e sua relação com os fatores internos à organização. Passando pelo planejamento de longo prazo, enfatizado na década de 60, chega-se à associação do planejamento + estratégia = planejamento estratégico, no início dos anos 70. Essa nova forma das organizações focalizarem o planejamento sob responsabilidade da cúpula gestora surgiu em decorrência da insuficiência das abordagens anteriores (já discutidas com você), para orientar decisões sobre o rumo a ser seguido em face da crescente turbulência ambiental (Costa, 2007). A perspectiva orgânica do ambiente tem inspiração nas ciências biológicas. A orientação é a de que a inserção de um organismo num ambiente dinâmico, complexo e em contínua mutação, considera que um sistema vive dentro de outro. O sistema maior, o ambiente, é composto de vários outros sistemas, que por sua vez são compostos de outros sistemas menores, estando todos em contínua e mútua interdependência e interação, buscando cada um realizar objetivos (viver, prosperar, predominar, etc.). Assim, um sistema estará inserido em seu ambiente e terá no mínimo os seguintes elementos constitutivos: os objetivos (resultados esperados), as entradas (que oferecem as informações e energia para a operação do sistema), o processo de transformação (onde as entradas são processadas para serem transformadas em saídas), as saídas (que são os resultados obtidos pelo trabalho realizado no sistema), o controle e avaliação (onde se verifica se o resultado é coerente com o objetivo definido) e, por fim, a retroalimen- Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 29 O termo clássico adjetivando o processo administrativo tem como sinônimo um padrão, uma referência e se refere à base conceitual e de princípios, da denominada administração funcional, concebida pelo francês Henry Fayol no início do século passado. Entenda como ambiente o sistema, lugar ou espaço onde se inserem seres ou coisas. Já turbulência, foi emprestada da linguagem utilizada pelos pilotos aéreos quando em vôo, ao perceberem que os movimentos das correntes de ar causam, em alguns casos, instabilidade e desconforto nas aeronaves. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes tação ou feedback (atividade que revigora todo o sistema com informações acerca do seu funcionamento). Figura 12: Componentes do funcionamento de um sistema. Fonte: adaptado de Oliveira, 2002. Para melhor compreender o conceito de sistema adaptado da biologia para as organizações e administração, observe pela representação da Figura 13. Foram elencados para você alguns dos diversos sistemas que formam o sistema maior que é o corpo humano: Figura 13: O corpo humano e alguns de seus sistemas. Fonte: elaborado pelo autor, apoiado por imagem dispon[ivel em: <http://www.jadoski.com.br/Blog.php, 2010>. A análise e a interpretação da Figura 13 permitirão que você entenda o corpo humano como um sistema, composto de vários sistemas menores, que são partes interdependentes que interagem mutuamente para fazer com que o todo (sistema corpo humano) funcione. Assim, o ser humano é um subsistema do ambiente onde vive, como também o são os subsistemas que o compõem para lhe dar vida. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 30 Gerência em Saúde Agora, utilize a Figura 9 para transpor o entendimento sobre a adaptação do conceito de sistema do mundo biológico para o das organizações e administração. Você vai perceber que a organização “Estrela Futebol Clube” é um sistema, sendo composta de subsistemas que são os departamentos, seções e setores que compõem a sua estrutura organizacional, inserida em um sistema socioeconômico maior, o ambiente. Depois dessa quantidade de informações e discussões você deve estar se perguntando: o que tudo isso tem a ver com o planejamento estratégico? Ou: afinal o que é estratégia e porque ela é adicionada ao planejamento? Está certo. Afinal, já foram definidos para você os conceitos de planejamento, incluindo seus respectivos componentes e também, os de ambiente e sistemas. Resta então, definir para você o porquê do Planejamento mais a estratégia e, por fim o que é a estratégia. O planejamento + a estratégia numa perspectiva sistêmica estão estreitamente relacionados . O primeiro vai estabelecer a direção e o alvo a alcançar, incluindo os recursos a mobilizar. E a outra auxiliará, compreendendo-se as condições gerais do ambiente, nas escolhas das alternativas mais adequadas e do melhor conjunto de recursos para atingi. O termo estratégia tem origem no idioma grego, sendo utilizado por eles quando se referiam à arte dos generais. Estrategos era a denominação dada aos comandantes supremos gregos (equivalente a generais), escolhidos para planejar e vencer a guerra. Observe ai, na referência histórica, indícios do porquê da vinculação da estratégia ao planejamento. Você já sabe que o planejamento estratégico como responsabilidade decisória da cúpula organizacional é decorrente da evolução do processo de administrar. Ele surgiu no início dos anos 70 (século passado), em função da insuficiência das abordagens de planejamento baseadas no orçamento financeiro e no longo prazo em garantir a sobrevivência e o alcance de objetivos futuros pelas organizações. Isso por conta, entre outros, da nítida turbulência ambiental. Em outras palavras, um ambiente turbulento apresenta diversos fatores em mutação muito rápida e simultânea, exigindo das organizações nele inseridas, competência na elaboração de seus planos e uso de recursos para se adaptarem, sobreviverem e prosperarem. Daí o porquê do uso de estratégias associadas às decisões de planejamento. Assim, como intuíram os gregos afirmando que o papel dos estrategos era ganhar a guerra, no tempo atual, diante de um ambiente de adversidades e turbulências, os gestores das organizações procuram planejar valendo-se de estratégias, como caminhos alternativos para que os objetivos futuros possam ser alcançados (avares, 1991). Atualmente, a atividade organizacional de planejar interesses futuros associando estratégias é considerada prática comum. Ao se mobilizar para desencadear o processo de planejamento estratégico, a organização deverá realizar, entre outros, uma análise ambiental e obter um diagnóstico estratégico que propiciará um conjunto de informações internas e externas a ela, muito valiosas e úteis para o processo de planejar estrategicamente a futura gestão. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 31 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 3.1 Processo de elaboração do planejamento estratégico A sugestão é a de que ele ocorra orientado por quatro etapas consideradas básicas, também conhecidas como direcionadores estratégicos: Diagnóstico Estratégico, Estabelecimento da missão, Definição dos instrumentos prescritivos e quantitativos e, Definições sobre sistemas de controle e avaliação (Oliveira, 2004). 1) Diagnóstico estratégico a) Identificação da visão da organização A visão da organização pode ser definida com uma projeção acerca do lugar ou posição que ela almeja ocupar no futuro, considerando o tipo de recursos e decisões que serão necessários para atingi-lo (Filion, 1993). No entanto, em algumas situações, a visão detectada pode estar muito além ou aquém da condição e da capacidade da organização perseguir (Oliveira, 2004). Dada a detecção da situação irreal, cabe a providência de reajustá-la. Exemplos de enunciados da visão de algumas organizações do cotidiano: Fonte: Disponível em: <www.einstein.br/SOBRE-A-SOCIEDADE/Paginas/missao-visao-e-valores. aspx>. Acesso em: 07.01.2011. Fonte: Disponível em: <www.fundacaosara.org.br/index. php/fundacao/missao>. Acesso em: 07.01.2011. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 32 Gerência em Saúde Observe que nos dois exemplos oferecidos, constam termos que denotam a vontade de conquistar uma posição/condição futura que soam como altamente motivadoras para as respectivas organizações: no HIAE “líder, referência”; na FSAC “reconhecida como a melhor”. A visão para ser alcançável e garantir posição duradoura vai requerer da organização persistência, inovação implacável e comprometimento. Na época de sua formulação, a organização irá de encontro às crenças e respectivas práticas convencionais (Tellis & Golder, 2002). b) Análise SWOT - FOFA A análise ambiental para propiciar o diagnóstico estratégico considera a avaliação de informações (qualitativas) e indicadores (quantitativos, números) sobre dimensões e fatores de cunho externo e, sobre aspectos inerentes à realidade interna da organização. Esse exercício permitirá a ela definir um cenário de indicadores que guiará seus planos e estratégias com vistas ao futuro. Essa análise é também conhecida no inglês como análise SWOT: Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). No Brasil, não seguindo a mesma ordem, é conhecida como FOFA: F = Forças, O = Oportunidades, F = Fraquezas e, A = Ameaças. Independentemente da orientação (se nacional ou estrangeira), qualquer uma delas conduz, para identificação e interpretação de dimensões e fatores do ambiente externo (oportunidades e ameaças), para confrontá-los com os aspectos inerentes às condições internas da organização (forças e fraquezas): c) Dimensões e fatores do ambiente externo No geral, as análises ambientais costumam mostrar que as dimensões e fatores que condicionam a construção do sucesso futuro da organização, manifestam-se mais fora do que dentro dela (Costa, 2007). No entanto, os responsáveis pela análise ambiental nas organizações não terão muita facilidade fará efetuá-la. Entre as dificuldades e incertezas possíveis, algumas são consideradas muito comuns (Oliveira, 2004), observe: • Em função do tamanho, abrangência estrutural e social ou de mercado da organização, em alguns casos, pode estimular dúvidas para o analista interpretar: quais são os seus limites ou fronteiras? Onde ela é de fato uma organização investida de seus propósitos, onde ela se confunde com a sociedade? • Em certos casos, as organizações costumam ampliar a impressão acerca de questões ambientais. Nessa perspectiva, os empregados, por exemplo, são vistos não apenas como colaboradores, mas também como membros da sociedade e de outras organizações como: sindicatos, igrejas, grupos de consumidores, de associações. Por atuarem também nesses outros papéis, eles costumam incorporar certas exigências e crenças que podem afetar o relacionamento com a organização onde atuam. • A evolução da tecnologia, as constantes mudanças na economia, as alterações políticas e sociais exigem das organizações uma impressionante Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 33 Entenda como cenário um panorama contendo informações sobre as condições de determinada situação ou local. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes capacidade de resposta, seja para se adaptarem, seja para, diante da situação, continuar prosperando. Contudo, seguindo a análise do ambiente, a organização irá se apropriar dos indicadores e informações provenientes das dimensões e fatores futuros que lhe são convenientes. Nesse sentido, é oportuno você saber que, no geral, tudo o que ela for avaliar, ela classificará como oportunidades ou ameaças, em função de suas expectativas. Figura 14: Ação das oportunidades e ameaças sobre as expectativas de resultado da organização Fonte: Adaptado de Oliveira, 2004. Conforme você observa pela representação da Figura 14, as expectativas de resultado da organização (objetivos) estarão sempre sujeitas às variações ambientais, tanto pela ação das oportunidades (o que é bom) e ela tentará aproveitar, quanto das ameaças (o que pode ser danoso) e ela tentará se defender ou se esquivar. Ciente disso o analista ambiental que pretende elaborar o diagnóstico, deverá procurar identificar e classificar as respectivas dimensões e fatores externos. Para isso, ele poderá contar com um grupamento de quatro dimensões ou categorias de fatores externos e amplos, de onde derivam uma imensidão de aspectos a produzir continuamente informações e indicadores sobre as oscilações ambientais (Castor, 2009). • Dimensão política e ou regulatória: a ela se vinculam uma série de fatores e eventos, como por exemplo: –– Decisões políticas de governo (municipal, estadual e federal); –– A existência de legislação favorável ou desfavorável; –– A instabilidade política do país, do Estado ou do município. –– Entre outros. • Dimensão econômica: eles podem variar muito quanto aos interesses de cada organização. Por outro lado podem ser muito comuns: –– Taxa de inflação: que varia em %; –– A distribuição da riqueza pelos habitantes, também conhecida como renda per capita; e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 34 Gerência em Saúde –– O câmbio = variação do valor da moeda nacional (Real) em relação às estrangeiras (por ex: Dólar, Euro); –– O nível de emprego ou mesmo a taxa de desemprego calculada oficialmente; –– Entre inúmeros outros. • Dimensão sociocultural: geralmente envolvem tendências sociais e ou manifestações culturais de uma determinada região ou povo. –– SOCIAIS: o envelhecimento da população. Diz-se que o Brasil está deixando de ser um país de jovens e que dentro de 30 anos, um terço (1/3) da população terá mais de 60 anos; A queda da taxa de natalidade: as famílias geradas até a década de 60 (século passado) eram numerosas (4 a 10 filhos, ou mais). Observe pelo número de filhos que seus pais ou avós tiveram; O nível de escolaridade da população. Este é um indicador que veio evoluindo rapidamente nos últimos tempos. Embora haja ainda muito a ser feito nesse campo. Questões relacionadas ao quadro de saúde da população. Infestação de doenças causadas por parasitas (como a esquistossomose), ou por vetores (como a dengue). Situações relacionadas à coleta e tratamento de esgoto (saneamento básico), entre outros. –– CULTURAIS: envolvem manifestações como tradições culturais e religiosas e não podem ser ignoradas. Exemplificando: As influências culturais e religiosas em pessoas descendentes de culturas estrangeiras: como as tradições africanas (muito comuns na Bahia, por exemplo); As tradições culturais do povo japonês (bastante visíveis nos moradores do bairro da Liberdade em São Paulo – SP); As tradições culturais e folclóricas do povo alemão (comuns entre os habitantes da cidade de Blumenau – SC); As tradições alimentares e culturais dos habitantes da região amazônica do país. Influenciadas pelos indígenas. Entre outros. • Dimensão tecnológica: esta dimensão e respectivos fatores englobam os artefatos, equipamentos, processos técnicos e conhecimentos úteis para viabilizar a produção de riquezas e soluções para o país (Castor, 2009). Como exemplo: –– Equipamentos e processos relacionados à tecnologia da informação. Como a capacidade dos computadores e dos sistemas por ele operados; A disponibilidade da tecnologia e de processos (para o acesso por organizações e pela população). Condição das leis de proteção ou de acesso à tecnologia. Por ex.: na época do regime militar por ex. (anos 70 as 80), as leis editadas impediram, por mais de dez anos, que o país tivesse acesso às tecnologias internacionais modernas. Esse período ficou conhecido nacionalmente como “a década perdida”. Ainda no âmbito externo, embora mais próximos das organizações, também são considerados na análise, os denominados fatores do ambiente onde elas operam. É costumeiro serem analisados os seguintes fatores: Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 35 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes • Infraestrutura local ou regional: condições de telecomunicações; fornecimento de água, tratamento de esgoto; fornecimento de energia; segurança pública; transporte; malha viária (estradas); coleta de lixo, entre outros. • Grupos de pressão da sociedade; Associações; ONG’s (Organizações Não Governamentais); sindicatos; ambientalistas; • Comunidade: mercado de mão de obra: quantidade, qualidade, costumes; • Fornecedores de produtos e de serviços: quantidade, qualidade, confiabilidade, dispersão (distância da organização); • Consumidores (de produtos e/ou serviços): quantidade, nível de exigência quanto ao que consome, taxa de evolução (isto é: se estão diminuindo, aumentando), nível de renda etc.; • Públicos. Condições e eficiência dos órgãos públicos (municipais, estaduais e federais); • Mídia: órgãos de imprensa escrita, falada etc. (TV, Rádio) Atuação, competência, possibilidade de parcerias. • Entre outros. d) Fatores e aspectos do ambiente interno. Nesta etapa da análise as organizações procuram identificar e avaliar recursos e capacidades e condições internas que sejam úteis para permitir aproveitar as oportunidades externas, defender-se das ameaças e obter um desempenho previsto ou superior. Isto é, na etapa anterior, analisando as condições do ambiente externo as organizações procuram “identificar o que poderiam optar por fazer” e nesta, elas identificam “aquilo que podem fazer” (Hoskisson et. al, 2004). Isto porque as organizações são vistas como uma aglomeração de recursos (tangíveis e intangíveis), de capacidades e competências singulares, que podem ser organizados de maneira que elas sejam bem sucedidas nos seus interesses de resultados. Observe alguns exemplos a seguir. No Quadro 1, são oferecidos exemplos de recursos tangíveis. QUADRO 1: Recursos Tangíveis de uma organização Recursos tangíveis Recursos Financeiros • Capacidade de captar dinheiro • Capacidade de gerenciar dinheiro • Capacidade de poupar Recursos organizacionais • Estrutura da organização e aspectos de planejamento, controle e coordenação Recursos físicos • Sofisticação e localização das instalações e dos equipamentos (prédios, máquinas) Recursos tecnológicos • Posse de tecnologia, canal de acesso. Fonte: adaptado de Hoskisson et. al, 2004. No Quadro 2 são oferecidos exemplos de recursos intangíveis. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 36 Gerência em Saúde QUADRO 2: Recursos Intangíveis de uma organização Recursos intangíveis • Conhecimento; • Confiança; • Capacidades e habilidades; • Competências técnicas. Recursos Humanos • Ideias; • Capacidade de gerar conhecimento; • Capacidade de inovar. Recursos de inovação Os recursos são meios tangíveis (tateáveis) ou intangíveis (percebíveis) que constituem a fonte de capacidades e competências de um ente ou um ser. • Reputação junto aos clientes; • Imagem junto ao público em geral; • Reputação e relação com parceiros. Recursos de reputação Fonte: adaptado de Hoskisson et. al, 2004. Já as capacidades, têm como base as aptidões, conhecimentos e habilidades dos funcionários e colaboradores alocados em seus respectivos níveis organizacionais e áreas funcionais. Essas capacidades devem ser partilhadas em todos os níveis, criando condição para haja internamente um ambiente favorável para aprendizagem contínua, permissivo ao aperfeiçoamento da especialização. Elas propiciarão a obtenção de competência técnica para enfrentar os desafios futuros. Observe no Quadro 3 alguns exemplos de capacidades da organização vinculados a suas áreas funcionais que são consideradas na análise interna. QUADRO 3: Exemplos de capacidades organizacionais Áreas Funcionais Capacidades Mercadológica (Marketing) • Produção eficaz de produtos e serviços; • Atendimento eficaz aos clientes; • Capacidade de comunicação e promoção; • Capacidade de distribuição e transferência ao público. Pessoal (R.H) • De motivação, de criar condições para o comprometimento e retenção de empregados. Gestão • Capacidade • Capacidade • Capacidade • Capacidade os recursos; • Capacidade de de de de visualizar o futuro; antever fenômenos; lidar com conflitos; utilizar e controlar eficazmente de gerar resultados satisfatórios. Produção, operações • Capacidade e conhecimento dos processos em torno dos projetos de produção e de serviços; • Qualidade dos produtos e serviços; • Qualidade dos controles utilizados. Pesquisa e desenvolvimento • Capacidade de utilizar tecnologia de ponta; • Prontidão e capacidade para inovação. Fonte: elaborado pelo autor, 2011. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 37 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Para auxiliar os analistas na identificação, classificação, análise e avaliação das dimensões, fatores, eventos, informações e indicadores ambientais na tarefa de elaborar o diagnóstico estratégico de uma organização, podem ser utilizados diversas ferramentas e formulários. e) Ferramentas para identificação, análise, avaliação e classificação dos fatores ambientais Para as finalidades deste curso, serão oferecidas a você algumas sugestões de formulários que podem auxiliar na tarefa de identificar, classificar, analisar e avaliar as dimensões e fatores externos (oportunidades, ameaças), a partir da coleta de informações e indicadores. Em seguida, elas serão confrontadas com fatores, aspectos ou condições internas da organização (forças e fraquezas), permitindo após a análise, sua interpretação e classificação. Desta providência decorrerá um conjunto de indicações e recomendações que serão utilizadas para a definição de objetivos e metas do Hospital X. Um exemplo de formulário útil já preenchido (Formulário 01) está sendo oferecido a você para que compreenda como é realizada a tarefa de identificar e classificar as dimensões, fatores e conteúdo referentes ao ambiente externo de inserção do “Hospital X”. As informações registradas são fictícias. No entanto, quanto se trata de situação real, os analistas (pessoas encarregadas de realizar as análises), coletam informações em várias fontes: boletins especializados, relatórios técnicos, sítios de órgãos, instituições públicas e privadas na internet, entre outras. O que deve ser considerado nessa tarefa é a confiabilidade da fonte informacional utilizada. Ela oferecerá maior segurança sobre as informações e indicadores coletados, favorecendo a elaboração de um diagnóstico mais consistente. Figura 15: Exemplo de formulário para diagnóstico - Formulário 01 Fonte: elaborado pelo autor, 2011. Outro exemplo do Formulário 01 também preenchido é oferecido a você para que compreenda agora como é realizada a tarefa de identificar e classificar, conforme as áreas funcionais, os fatores, aspectos e conteúdos referentes ao ambiente interno do “Hospital X” (forças e fraquezas). Da mesma forma que no exemplo anterior, as informações registradas são fictícias. O que deve ser considerado nessa tarefa, assim como na anterior, é a confiabilidade da fonte informacional utilizada. Geralmente os analistas, auxiliados por colaboradores internos da organização, coletam informações em relatórios gerenciais, balancetes contábeis, entre outros inúmeros documentos existentes. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 38 Gerência em Saúde Figura 16: Exemplo de formulário para diagnóstico - Formulário 01 Fonte: elaborado pelo autor, 2011. Agora, depois do levantamento de informações ambientais nos dois âmbitos (externo e interno), da identificação e classificação dos eventos, indicadores e informações investigados no Formulário 01, eles são confrontados em outro formulário. Você verá pela demonstração que o Formulário 02 permitirá analisar e avaliar os eventos identificados, resultante do confronto entre oportunidades ou ameaças, com as condições internas do hospital (forças e fraquezas). Ao final, são indicadas as recomendações que se transformarão em metas e ações recomendáveis nos níveis estratégico, tático e operacional do hospital. Figura 17: Exemplo de formulário para diagnóstico - Formulário 01 Fonte: elaborado pelo autor, 2011. Interpretando a análise e avaliação realizada pelo Formulário 2, você poderá observar que três dimensões e fatores a ela vinculados do âmbito externo são identificados e classificados. Em seguida, eles são confrontados com fatores do ambiente interno (forças e fraquezas). Na sequência, cada um deles é analisado e avaliado (coluna avaliação do fator) como oportunidade ou ameaça, resultando em indicações e recomendações que serão Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 39 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes consideradas na elaboração dos objetivos e metas nos níveis estratégico, tático e operacional do Hospital. Antes, porém, da providência de estabelecer os objetivos será preciso entender, com maior clareza, qual o negócio e a missão da organização, sua importância e como são definidos. f) Definição do Negócio e da Missão da organização O ambiente em que vivemos está repleto de necessidades e demandas provenientes da sociedade de um modo geral. Para atendê-las e satisfazê-las, uma ou mais pessoas (conforme já foi visto por você anteriormente), criam soluções para essas necessidades e demandas, na forma de organizações (empresas, ONG’s, órgãos públicos, associações etc.). Elas terão formato e definições específicas relacionadas ao negócio em que a organização irá dedicar suas atividades. O negócio de uma organização compreenderá então o espaço que ela pretende ocupar, relacionado à demanda ambiental identificada. A partir desta definição, a cúpula organizacional terá a “linha mestra” que referenciará o estabelecimento dos propósitos para orientar as ações, sem perder de vista a necessidade de contínua interação com o ambiente (Tavares, 1991). O negócio ao ser definido permite à organização se posicionar perante o ambiente onde atuará de forma ampla ou restrita. Decidindo se posicionar de maneira restrita, a organização poderá negligenciar as reais necessidades e desejos dos consumidores, focando apenas no produto ou serviço específico. De outra forma, quando a organização se preocupa em satisfazer desejos e necessidades, ela procura se valer de um variado leque de opções em termos de produtos e serviços. Dessa forma, ela está definindo posicionar-se de forma ampla. Observe na Figura 18 e tente compreender o conceito. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 40 Gerência em Saúde Figura 18: Os dois sentidos do posicionamento: restrito e amplo Fonte: adaptado de Tavares, 1991. Conforme você pode observar a partir da representação contida na Figura 18, na situação A, a organização optou por focar o atendimento da necessidade do consumidor, limitando a oferta a um produto = bicicleta. Já na situação B, a organização avalia as demandas potenciais do ambiente, identificadas a partir das manifestações dos cidadãos, ou mesmo pela dedução pelas “cabeças pensantes” da organização, de que há demandas para serem atendidas com soluções em transportes. Esta decisão abrirá um conjunto bem amplo de possibilidades de atuação para a organização. A decisão sobre como posicionar perante o ambiente também pode ser planejada para que a organização transite, gradativamente, de um sentido para outro. Observe na representação da Figura 19, a partir de um exemplo de uma empresa de saneamento. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 41 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 19: Evolução do posicionamento e da missão de uma empresa de saneamento Fonte: Tavares (1991, p. 86). Conforme você observou, a empresa de saneamento utilizada para ilustrar a Figura 19, transitou gradativamente da limitação de posicionamento baseada na oferta de serviço de água e esgoto, para em seguida evoluir para saneamento, chegando à oferta de soluções em termos de saúde à população. A definição do negócio da organização estabelece um campo de atuação focal no ambiente (o que, como, onde, para quem e quando fazer). Após passar por esta “escolha”, a organização terá condições de definir um conjunto de propósitos que indicará a sua missão (porque fazer). Eles vão justificar tanto interna quanto externamente porque ela existe (Luzio, 2010). O enunciado que expressa a missão de uma organização não deve ser confundido com a estratégia ou até com uma visão, pois esses outros enunciados e orientações têm durabilidade definida. Já a missão poderá durar toda a existência de uma organização. Existe uma gama muito variada de orientações para definir o enunciado de uma missão. Em termos gerais, as orientações são oferecidas na forma de algumas indagações (Tavares, 1991): • Quem é onde está; ou quem poderá vir a ser o nosso cliente? • Quais são as necessidades, desejos e demandas de nossos potenciais clientes? • O que teremos que fazer para conquistar e manter nossos clientes? • Que competências temos ou teremos que ter para atender e satisfazer nossos clientes? A resposta a essas e outras questões assemelhadas provocará a cúpula decisória da organização para que definam os horizontes (propósitos) que vão delinear a missão: • O perfil, necessidades, desejos e demandas dos clientes; • As soluções em termos de produtos, serviços e entrega de valor36 a serem ofertadas; • Como os clientes serão atendidos: filosofia, valores (crenças); • Os tipos de atividades em que a organização deverá concentrar os esforços no futuro. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 42 Gerência em Saúde Observe alguns exemplos de enunciados da missão das organizações utilizadas para ilustrar o enunciado da visão conforme visto no item 3.1 O Valor, a ser percebido numa relação de negócio entre duas partes, pode ser entendido como tudo o que representar uma diferença positiva, que estiver além do que era a expectativa de quem recebeu. 36 Kotler, 2003. Fonte: Disponível em: <www.einstein.br/SOBRE-A-SOCIEDADE/Paginas/missao-visao-e-valores. aspx>. Acesso em: 07.01.2011. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 43 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Fonte: Disponível em: <www.fundacaosara.org.br/index.php/fundacao/missao>. Acesso em: 07.01.2011 Optou-se aqui por repetir para você o enunciado da visão das respectivas instituições e, logo em seguida, expor a missão. A intenção no caso foi a de permitir que você faça comparações para tentar perceber a diferença entre visão e missão. Percebeu? Essencialmente, a visão expressa uma posição ou condição definida no futuro que a organização quer alcançar. Essa posição costuma ser desafiadora e destacável. Ex: FSAC “Ser reconhecida pela sociedade mineira como a melhor...”; ou no caso do HIAE “Ser líder e referência...”. Já a missão, como carrega propósitos em seu enunciado, é expressa no sentido do “porque e para que existe”, soando como uma justificativa. Observe que o enunciado de ambas as organizações foram definidos com essa orientação. Depois de ter chegado até aqui, é hora de estabelecer um olhar para o futuro, procurando cenarizar sobre indicadores e hipóteses acerca das dimensões, fatores e seus eventos que serão considerados pelo potencial que podem oferecer aos interesses da organização em termos de oportunidades e ameaças. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 44 Gerência em Saúde Mas como elaborar um cenário futuro se a organização não tem “bola de cristal” (como as cartomantes)? Observe as orientações a seguir, elas vão ajudar você a compreender esta atividade. g) Elaboração de Cenários Elaborar um cenário para a finalidade de planejamento pressupõe definir critérios e medidas para a formulação de um conjunto de hipóteses acerca do futuro da organização (Tavares, 1991; Oliveira, 2004). Toda a busca de informação para favorecer a simulação de um cenário, leva em conta a experiência dos analistas para elaborá-lo. Nesta tarefa, eles deverão considerar, a qualidade das fontes informacionais (instituições, revistas, jornais, boletins técnicos, sítios na internet, entre outras inúmeras). As hipóteses a serem formuladas são na verdade “apostas” da organização e serão consideradas na definição dos componentes contidos nas etapas do planejamento estratégico, incluindo aquelas já vista por você relacionadas a visão e a missão da organização. Elas podem também abranger as mesmas dimensões e fatores que a organização costuma avaliar na fase do diagnóstico ou outras, desde que tenham potencial para relacionamento com as suas atividades e negócios. As hipóteses são formuladas dentro da lógica evolutiva de um indicador, de um fator ou da combinação de vários deles, sendo expressa na forma textual (qualitativa) ou mista, isto é textual e numérica (indicadores). Veja um exemplo de como uma hipótese pode ser expressa: Na dimensão econômica - Fator: taxa de inflação Textual (qualitativa): “a inflação no país terá nos próximos 5 anos tendência de ligeira elevação ano a ano”. Mista (qualitativo-quantitativa): “de 2011 a 2015 a inflação se elevará de 5,5% para 8,5% ao ano. Observe que a hipótese formulada é basicamente a mesma, embora aquela expressa na forma mista pareça mais esclarecedora, por definir em percentuais o intervalo onde o indicador (elevação) deverá variar. Outro aspecto acerca da formulação das hipóteses de um cenário é a de que a organização pode simular também suas possibilidades de variação, trabalhando com o que se conhece como análise de múltiplos cenários ou análise combinada de cenários (Oliveira, 1991). Veja o Exemplo no Quadro 4 que reaproveita a utilização fictícia do Hospital X para ilustrá-lo. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 45 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes QUADRO 4: simulação de uma análise de cenários múltiplos Fonte: elaborado pelo autor, 2011. Conforme você poderá observar, pelas projeções e simulações realizadas no Quadro 4, além das hipóteses, o quadro oportuniza a visualização sobre apostas ou escolhas pela organização do cenário mais provável. Note que as apostas variam entre as oportunidades (azul), ameaças (vermelho) e neutralidades (cinza). Após realizá-las, a organização deverá posicionar-se para o estabelecimento de outros direcionadores, como a definição dos objetivos organizacionais (estratégicos), das filosofias e políticas, de diretrizes (estratégias) e derivando para o nível tático e operacional, das metas, programas e procedimentos. h) Definição das orientações instrumentais As definições a serem contempladas nesta etapa referem-se a instrumentalização da conduta organizacional para que se saiba como chegar à situação desejada (Oliveira, 2004). Definição dos objetivos organizacionais Ela compreende, conforme já estudado por você, as definições dos “alvos” (resultados) a serem perseguidos, através dos esforços recursos a serem canalizados após esta orientação (Tavares, 1991). Estas definições são apoiadas na interpretação das informações decorrentes da análise ambiental (externas) e confrontadas com as condições da organização (internas). Considera-se também na elaboração, o estilo de gestão dos dirigentes e a motivação dos funcionários. Definição de filosofias e políticas Estas definições consideram crenças e valores decorrentes da percepção dos membros da cúpula (dirigentes) sobre aspectos da dinâmica ambiental, confrontados com as condições internas da organização. Podem considerar também comportamentos, crenças e símbolos presentes e enraizados e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 46 Gerência em Saúde internamente na organização. Suas definições irão guiar decisões e padrões de conduta coletivos de seus membros. As definições filosóficas consideram as crenças, sentimentos e motivações que são manifestas. Elas guiam o modo de agir e de pensar dos membros da cúpula (dirigentes). Ao transferir essas crenças fazendo com que se tornem orientações maiores da organização, elas se transformarão em normas e enunciados que devem comunicar a todos o que ela quer e como caminhará para conseguir. Ao estabelecer as definições filosóficas, a organização deverá atentar para que todos os funcionários indistintamente não só as conheçam e entendam, mas também, que acreditem nela. As filosofias costumam ser expressas ou resumidas na forma de slogans (frases de efeito breves). Observe alguns exemplos: PETROBRÁS: “O desafio é a nossa energia” BANCO DO BRASIL: “O tempo todo com você” CASAS BAHIA: “Dedicação total a você” Já as políticas, são tidas como enunciados na forma de regras e normas que devem orientar mais especificamente áreas essenciais da organização, com forte incidência nos níveis táticos (funcionais) e operacionais. Perceba no exemplo do Quadro 5 a seguir, sobre algumas políticas definidas conforme os respectivos interesses (Tavares, 1991): QUADRO 5: Alguns interesses a serem satisfeitos por políticas no nível macro ORIGEM DOS INTERESSES POLÍTICAS ORGANIZACIONAIS (MACRO) Sócios e investidores Proporcionar retorno sobre investimentos acima da média do mercado Consumidores Oferecer produtos com alto desempenho, imagem de qualidade e preço justo Empregados Tornar a organização um excelente local de trabalho Interesse público Contribuir para a preservação ecológica e para a melhoria da qualidade de vida Fonte: adaptado de Tavares, 1991. Os exemplos oferecidos a você e contidos no Quadro 5, referem-se a macropolíticas, isto é, são definições amplas que devem guiar políticas específicas nos níveis e áreas táticas (funcionais) e operacionais ex: É possível pressupor que do interesse “Empregados” cuja macropolítica é “tornar a organização um excelente lugar para trabalhar” podem derivar as seguintes políticas específicas para a Gerência de Pessoal (R.H): Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 47 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes • P romover o recrutamento e a seleção de pessoal para ocupação de vagas internas, primando sempre pela transparência, pela percepção da competência e habilidade interpessoal do candidato; • Oferecer remuneração e benefícios entre as mais interessantes do mercado; • Promover permanentemente a capacitação e o desenvolvimento do pessoal; • Oferecer sempre possibilidade de ascensão profissional; • Incentivar sempre a participação dos funcionários na definição das metas e rumos da organização; • Tornar os ambientes de trabalho locais agradáveis e prazerosos para a produtividade e para o convívio dos funcionários. Após definidas essas orientações, será preciso que se saiba como perseguir o alcance dos interesses da organização, aproveitando da melhor forma as oportunidades externas e os recursos que ela disponibilizará. Essa tarefa compreenderá a definição das diretrizes ou estratégias. Definição de estratégias (diretrizes) Até aqui você já sabe como a organização define o que ela quer e onde ela buscará. Já sabe quais análises e avaliações sobre os fatores ambientais (externos) e sobre as condições e recursos (internos) ela considera e deve utilizar. Já sabe também quais orientações e normas serão definidas e seguidas. Ótimo! Você já pode começar a intuir sobre qual será a forma mais adequada e criativa que definirá como a organização deverá utilizar os recursos para alcançar os objetivos. Com essa medida ela estará formulando e definindo suas estratégias. Escolher a estratégia implica considerar e aplicar todas as recomendações contidas nas etapas já vistas por você até aqui. Elas estão relacionadas ao planejamento estratégico. No seu conjunto essas orientações devem propiciar que a escolha da melhor alternativa combine tempo, considere os riscos e permita a melhor utilização dos recursos, sendo ainda compatível com o estilo de gestão dos dirigentes e com os valores organizacionais (Tavares, 1991). Quanto aos tipos, as estratégias podem se subdividir em (Oliveira, 2004): Estratégias de sobrevivência Este tipo de orientação decorre quando a organização, avaliando o ambiente (externo) e suas condições internas, identifica que há, por exemplo, maior predominância de ameaças ao invés de oportunidades e, internamente, de pontos fracos (vulnerabilidades), ao invés de pontos fortes. As decisões seguindo essa orientação costumam abranger, redução de gastos, encolhimento da estrutura organizacional, extinção de negócios etc. Estratégia de manutenção Diferente da percepção anterior sobre as informações externas ambientais (oportunidades e ameaças), confrontadas com as condições internas e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 48 Gerência em Saúde (forças e fraquezas), essa orientação decorre da percepção de que existem ameaças (externas) que podem ser suportadas por um conjunto de pontos fortes (internos). Seguindo essa orientação a organização pode decidir, por exemplo, em manter as condições às quais já esteja habituada, garantindo-lhe estabilidade e continuidade. Estratégia de crescimento Esta orientação decorre da percepção da organização de que pode haver pontos fracos (internos), mas, observando o ambiente, são detectados indicadores favoráveis e tentadores que podem insinuar a presença de oportunidades (externas) passíveis de serem aproveitadas por ela. Desta percepção, a organização pode decidir por: investir em tecnologia para inovar produtos e serviços; ampliar a área geográfica de abrangência atendendo novos clientes; apostar em parcerias com outras organizações e, expandir sua atuação. Estratégia de desenvolvimento A partir da avaliação de que há a predominância de oportunidades (externos), combinadas com a de pontos fortes (internos), a organização pode definir orientações no sentido de aproveitá-las. Nesse sentido, ela deve optar por ampliar seus negócios ou, desenvolver com a oferta de novidades, aqueles onde já atua. Conforme percebido por você, a estratégia pode ser diversificada e qualquer que seja a orientação, ela abrangerá toda a organização. Delas derivam os planos táticos (áreas do nível funcional) outro conjunto de estratégias específicas e, planos de tarefas (áreas do nível operacional), que serão elaborados. A expectativa é a de que esta providência ocorra em total sintonia com o planejamento estratégico que você está acabando de conhecer. Por fim, após definida qual a estratégia será utilizada para orientar os “rumos” da organização, será necessário refletir sobre qual a abordagem de implementação da estratégia será utilizada, isto é, qual será o sentido da comunicação em torno da construção dos planos, programas e projetos, e da operacionalização que serão decorrentes nos demais níveis. A abordagem pode ser vista sob três formas: De cima para baixo. Nessa opção, as definições se originam na cúpula decisória da organização, ficando os demais níveis e áreas como meros executores de ordens baixadas para toda a organização. Geralmente são utilizadas para grandes organizações, governos, indústrias, etc. De baixo para cima. Nessa abordagem a organização entende que há maturidade e competência crítica interna (nos diversos níveis), o que permitirá construir, da base (nível operacional) até a cúpula (nível estratégico) as definições decorrentes da estratégia. Geralmente são utilizadas por empresas menores ou com maior dotação de pessoal técnico especializado. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 49 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Mista. Nessa abordagem ocorrerá uma mescla entre as duas abordagens anteriores. A organização poderá optar por utilizar a abordagem de baixo para cima, com as áreas compreendidas no nível tático (funcionais) e, de cima para baixo, com aquelas compreendidas no nível operacional. São aplicadas em variadas organizações, não havendo uma referência exclusiva. i) Definição das orientações acerca de controles e avaliação O processo administrativo (já conhecido por você) é iniciado a partir da definição dos interesses de resultados futuros (objetivos), sobre orientações acerca de opções por recursos, todos componentes da função planejamento. Na função organização (Montana & Charnov, 1998), são reunidos os recursos físicos e humanos necessários à consecução de metas. Na sequência, são definidos os aspectos relacionados à função execução e também, quais serão as orientações para os funcionários, elementos da função direção e por fim, avaliando e verificando se o “trem ruma pelos trilhos para a direção definida” (a organização na direção dos objetivos) estão os controles e a avaliação. Ao aceitar que para a organização é de suma importância definir quais objetivos alcançar, do mesmo modo e, de igual teor, está a tarefa de saber se eles podem e serão alcançados. E essa tarefa é delegada aos controles. Ao serem criados eles se incumbem de acompanhar e avaliar o curso de ação organizacional e podem se tornar muito abrangentes de organização para organização. Em termos gerais, eles envolvem as ações que serão necessárias para assegurar a realização dos objetivos, desafios, metas, estratégias e projetos estabelecidos (Oliveira, 2004). Em seu sentido mais amplo, os processos ligados aos controles podem abranger: • Avaliação do desempenho de indivíduos, equipes, diversos processos, rotinas, etc.; • Comparação, valendo-se de informações e indicadores de desempenho real com aqueles previstos pelos objetivos, metas, projetos (parâmetros), etc.; • Decisões sobre ações corretivas, decorrentes de possíveis desvios de curso; • O acompanhamento para certificar da eficiência, eficácia dos processos e ações de controle. • Entre outros. Para assegurar que haja o uso eficiente e eficaz do recurso na direção de alcançar objetivos, é bom que você saiba que será preciso priorizar definições sobre aquele que é considerado “o recurso mais crítico que é o ser humano”. Essa será a tarefa prioritária do controle gerencial. E se dará pela adequada definição de parâmetros e padrões que irão referenciar a avaliação das condutas (Montana & Charnov, 1998). Você verá também que em todo o processo de administrar os controles vão estar presentes, se estendendo desde o nível estratégico até o operacional, abrangendo assim, toda a organização. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 50 Gerência em Saúde Por último, revigorando as funções do processo de administrar, está a tarefa de avaliar como a organização está se conduzindo na busca de seus objetivos. A retroalimentação (retorno) ou no inglês feedback, deverá revigorar todo o processo de administrar, função a função, delineando um caminho inverso (sentido ante horário) à sequência do ciclo administrativo que ocorre no sentido horário. Figura 20: atuação da avaliação e retroalimentação no ciclo administrativo Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. Até aqui você teve acesso a uma metodologia e respectivas etapas a serem consideradas para a elaboração do planejamento estratégico. É chegada a hora de conhecer os planejamentos elaborados nos níveis inferiores, ou seja, os táticos e operacionais. 3.2 Planejamento tático Este planejamento mais específico, deriva das orientações do nível estratégico e tem como objetivo instrumentalizar, no médio e curto prazo, uma área de resultado (funcional ou tática), no sentido da eficiente e eficaz utilização dos recursos para atingir objetivos e estratégias predeterminados, sem perder de vista, as filosofias e políticas da organização (Oliveira, 2004). Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 51 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 3.3 Planejamento operacional Já o planejamento operacional, seguindo a orientação anterior, como derivante de seus antecessores, é um instrumento formal composto de documentos escritos, metodologias de desenvolvimento de programas, projetos, ações e tarefas. Em suma, ele orienta para as atividades e frações de resultados que deverão ser realizadas e conquistadas no dia a dia pela organização. Como neste nível as especificidades são maiores, recomenda-se que ele seja estruturado de forma fiel as orientações do nível estratégico e principalmente do tático, contendo as seguintes definições e detalhes: • Definição dos recursos necessários para o seu desenvolvimento e implantação; • Definição dos procedimentos básicos a serem adotados; • Definição dos resultados finais esperados; • Definição dos prazos e, • Definição dos responsáveis pela sua execução e implantação. Assim, tendo conhecido as instâncias de decisão e planejamento, você deve ter percebido a vinculação e forte interdependência que existe entre eles. Observe pela Figura 21. Ela oferece, pelo visual, uma possibilidade didática para esta compreensão. Figura 21: Interligação e implicação da relação entre os níveis de planejamento Fonte: Oliveira (2004, p.48). Foi apresentado para você até aqui um roteiro detalhado de como conduzir um processo de elaboração do planejamento, envolvendo os três níveis (estratégico, tático e operacional). Vale lembrar que o conteúdo oferecido, foi elaborado com base em muitas contribuições. A maioria delas e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 52 Gerência em Saúde foram propostas para servir metodologicamente a orientação de empresas privadas, seu maior campo de uso. No caso de questões sociais sob influência de órgãos e instâncias de governo, costuma-se utilizar outros tipos de abordagens que tem alguma semelhança processual em uma série de aspectos, como a que você conheceu anteriormente. É bom que se diga que o método normativo convencional de elaboração do planejamento estratégico é muito utilizado na esfera pública, e os motivos de sua predominância são inúmeros. Embora não seja um comportamento padrão nessas esferas de gestão e, estando o serviço e a administração pública voltados ao atendimento das necessidades da sociedade, planejar pode requerer uma orientação menos objetiva convencional e sim outras mais dinâmicas, participativas, como ocorre nas metodologias de planejamento situacionais e flexíveis. Na sequência, serão apresentadas sínteses de orientações metodológicas, como a PES, ZOPP e MAPP, baseadas na abordagem situacional e ou participativa. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Porque as organizações não planejam mais como antigamente; • Sobre como surgiu o planejamento estratégico; • Sobre o porquê do planejamento + a estratégia; • Sobre quem está responsável na organização pelo planejamento estratégico; • Sobre o que deve ser considerado no processo de planejamento estratégico; • Sobre os demais níveis e instâncias descendentes de planejamento. Atividades de aprendizagem a) Revisão 1. Por que as organizações não planejam mais como antes? O que mudou? 2. Por que ocorreu a associação do planejamento com a estratégia? 3. Afinal o que é a estratégia? 4. Na organização, qual nível de decisão é responsável pelo planejamento estratégico? 5. O que é e do que é composto o ambiente de uma organização? Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 53 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 6. Explique por que a organização, no sentido orgânico é vista como um sistema? 7. Por que o planejamento estratégico é importante? 8. Às vezes, parece que os demais níveis de planejamento (tático e operacional) se confundem se misturam. Por que você acha que isso ocorre? Com base no que aprendeu reflita. b) Atividade de campo 1. Junto com colegas de curso, procurem em sítios da internet planejamentos estratégicos de organizações, preferencialmente públicas (federais, estaduais ou municipais). 2. Avaliem e discutam as semelhanças ou diferenças processuais e de roteiro de tópicos entre o que viram e o que aprenderam. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 54 Gerência em Saúde AULA 1 Aula 4 - O planejamento orientado por Alfabetização Digital outras metodologias específicas 4.1 O Planejamento Estratégico Situacional (PES) O planejamento situacional é derivado da corrente metodológica do planejamento estratégico que você acabou de conhecer. Apesar do planejamento normativo (como é o caso do planejamento estratégico convencional, já visto por você) ser da mesma família do planejamento situacional eles se diferem em termos metodológicos. No planejamento estratégico, as definições são guiadas por um diagnóstico estratégico, que é único e rigoroso. Já a abordagem de planejamento situacional tende, por conta do envolvimento dos diversos atores, a tornar o processo de sua elaboração mais participativo. Aliás, é como se pressupõe que deve ser a tentativa de solução de problemas de interesse público. Devem-se envolver os atores sociais inseridos no contexto onde são identificadas as demandas, para que não só apontem cada um, a visão sobre os problemas, mas que também participem da elaboração de propostas de solução. Embora já seja possível para você perceber diferenças metodológicas entre planejamento estratégico normativo e o situacional, este último pode estar gerando para você uma ou mais curiosidades. E uma delas pode ser: Por que situacional? Observe o trecho de um diálogo retirado de um clássico de Shakespeare. Espera-se que ele te ajudará na compreensão do conceito de situação. Hamlet: vedes essa nuvem cuja forma é semelhante ao camelo? Polônio: Por Deus! É mesmo muito semelhante a um camelo. Hamlet: Talvez se pareça com um furão. Polônio: O lombo é igual ao de um furão. Hamlet: Ou uma baleia? Polônio: Igual a uma baleia. 48 . Fonte: Disponível em: <http://www.imagensdeposito.com/animal/961/pintura+de+um+furao.html>. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 55 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Entenda como atores sociais as organizações, grupos ou pessoas que se relacionam de forma significativa com o problema, porque têm capacidade de ação em sua geração, manutenção ou enfrentamento. O trecho oferecido e retirado da obra de Shakespeare permite refletir sobre a realidade que cada um observa. O diálogo entre Hamlet e Polônio quer demonstrar que a realidade observada e explicada por cada um deles está, em parte, neles mesmos. O diálogo pareceu certas vezes conflitante. O próprio conceito de conflito faz com que se entenda a realidade sob diversos pontos de vista. E por assim ser, cada ator social, seres únicos, vivem e são afetados por ocorrências, ou condições que geram percepções diversas acerca de fenômenos ambientais do sistema onde se inserem (contexto). Isso faz com que cada realidade percebida nem sempre se traduza na verdade, consistindo em uma situação diferente. Na perspectiva situacional, verdade e realidade não significam a mesma coisa. A realidade não se apresenta somente na perspectiva do que é verdade para alguém, mas naquilo que os outros atores creem que é verdade, com base na situação que os referenciam. Daí a necessidade de tentar obter várias explicações da realidade percebida, considerando o papel e a situação dos múltiplos atores no ambiente onde se inserem, para ser possível “penetrar em suas explicações (Matus, 1997). Estando um ator inserido em um contexto, permite que o assimile, o entenda à luz de suas convicções e crenças. Essa realidade permite que ele ofereça indicativos de onde podem estar os problemas, “os nós que não se desatam”, algumas iniciativas, algumas respostas, colhidas por ele, a partir da leitura que faz do contexto onde se insere. Para tentar entender o contexto de inserção social dos atores, não se pode isolá-los da situação em que vivem. E até os fatos históricos podem e devem ser considerados no contexto situacional de inserção. A história mantém-se viva no cotidiano das pessoas, embora não registre ação por estar distante. Mesmo estando interagindo num ambiente comum, a realidade percebida por todos os atores não é a mesma. Não será possível obter a mesma explicação oriunda de diferentes fontes e atores sociais que estão dentro de um mesmo contexto de convívio, pois eles desempenham diferentes papéis e, portanto, estão sujeitos a diferentes situações. Dessa forma, as indicações que serão obtidas a partir da percepção dos diversos atores de um sistema (contexto) de convívio serão apresentadas considerando as seguintes variáveis: • A identidade do ator que explica: quem é e que papel desempenha no sistema; • A posição da qual explica: se está dentro ou fora do sistema; • A referência ou ponto de vista que o ator conscientemente tenta assumir na explicação: a sua realidade, que pode em muitos casos não ser a verdade. Na abordagem de Planejamento Estratégico Situacional é considerado um conjunto de atores inseridos em determinado sistema (contexto). A partir da percepção da realidade, são colhidos os indicativos de problemas e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 56 Gerência em Saúde e informações, percebidos por eles sobre dada condição e contexto social. Dessa forma, em cada situação será possível concluir que existirão vários diagnósticos para explicar determinada realidade. 4.2 O PES na Metodologia MAPP O Método Altadir de Planificação Popular (MAPP) é uma proposta metodológica participativa e situacional decorrente da contribuição da Fundação venezuelana Altadir, cujo mentor é o economista chileno Carlos Matus, um crítico da abordagem de planejamento convencional para solução de problemas sociais. A Fundação ALTADIR é uma organização voltada à pesquisa para o desenvolvimento do planejamento estratégico e das técnicas de alta direção. Desde então, essa metodologia vem servindo para assessorar equipes de governo e de planejamento, difundindo propostas fundamentadas no PES em vários países, entre eles o Brasil. A proposta do PES na metodologia MAPP, pelas suas características operativas, é tida como simples e objetiva, sendo indicada para planejamento no nível local (de base popular), particularmente naqueles altamente descentralizados. Favorece o comprometimento da comunidade e de suas lideranças com a análise e enfrentamento de seus problemas. No entanto, deve ser encarado como um método limitado quando a situação sugere problemas de maior complexidade. Dessa forma, aplica-se o método à solução daqueles problemas limitados ao espaço mais restrito do nível local: grupos de moradores, vilas, bairros, associações, pequenas comunidades, entre outros, excetuando-se aqueles que se constituam numa rede de relações muito complexas. É muito utilizado no Brasil no planejamento de ações de saúde ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) como, por exemplo, para a elaboração do planejamento de unidades básicas de saúde. 4.2.1Caracterização geral do MAPP O MAPP tem sua utilidade baseada na eficácia para analisar problemas locais, especialmente por instituições e instâncias de governos que têm relação direta com a população. De maneira geral, ele pode ser caracterizado como um método que trabalha com: a) Técnicas de discussão em grupo; b) Análise dos problemas e suas causas; c) Descrição dos problemas; d) Identificação dos atores relevantes para os problemas; e) Seleção de operações para enfrentar os problemas com precisão dos recursos necessários; f) Identificação dos argumentos, condições e apostas que podem influir no êxito do plano; Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 57 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes g) Previsão de surpresas que podem afetar a validez e eficácia do plano; h) É participativo e amplia as condições de decisão; i) Adota os princípios do planejamento situacional, especialmente porque: • • • • Planeja quem governa ou quem executa; Você explica a partir do seu ponto de vista (situação); Considera “o outro” que também planeja e interfere no jogo; O plano é modular, tendo em vista cada problema e definições de estratégias e ações para solucioná-lo; • Em seu curso, desde a elaboração até a prática das estratégias e ações, ele se retroalimenta, isto é, o controle e avaliação são dinâmicos e processuais, permitindo o reajustamento se necessário; • Tem facilidade de adaptação a partir das necessidades do ator que planeja. 4.2.2Recomendações para aplicação do método MAPP Recomenda-se que o processo de planejamento seja desenvolvido em oficinas de trabalho, reunindo funcionários da unidade planejadora, membros da comunidade, lideranças (outros atores) e monitores ou facilitadores ligados ao planejador. As oficinas constituem-se num momento pedagógico de trabalho cujo objetivo é o de favorecer a construção coletiva a partir da compreensão da proposta metodológica. Dessa forma, pretende-se que os membros da equipe de trabalho sejam atores ativos no processo de elaboração do planejamento. Cada oficina deve ter como objetivo a elaboração de um produto e, ao seu término, algumas tarefas serão definidas para as oficinas seguintes. Na sequência será oferecido a você um roteiro com detalhamento que o auxiliará na melhor compreensão do método. 4.2.3MAPP: roteiro de passos para elaboração 1. Seleção dos problemas: é realizada mediante a avaliação dos resultados insatisfatórios que se observam na realidade. Eles são percebidos a partir do não cumprimento, ou pelas divergências detectadas em relação a normas ou padrões considerados válidos pelo senso comum (ou por força de convenções socialmente aceitas), e que são passíveis de intervenção no sentido de sua modificação no âmbito de ação do ator (a quem cabe planejar e resolver). No entanto, para melhor identificar um problema torna-se necessário descrevê-lo, para em seguida serem ordenados segundo a importância que representam para o ator e a prioridade que se atribui à sua solução. Para fazer a seleção dos problemas é necessário primeiro conhecer a realidade local: características socioeconômicas, demográficas, de saúde, de educação e culturais da população residente; características do território em relação aos recursos sociais disponíveis, de infraestrutura urbana, incluindo relações de poder econômico e político. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 58 Gerência em Saúde Feita a análise da situação, o gestor local (ator) se dará conta de algumas situações que causam incômodo à comunidade ou aos técnicos ligados ao ator ou a ambos. Esses incômodos deverão ser processados, como será explicado a você nos próximos passos, para ser possível analisar o quanto são importantes diante da capacidade e disponibilidades dos atores em enfrentá-los e resolvê-los. 2. Descrição dos problemas: ela deverá conter a expressão do problema e não deve ser confundida com suas causas ou consequências. Recomenda-se elencar um conjunto de descritores (d1, d2, d3, d...). Assim, os incômodos identificados no passo anterior (1) devem ser declarados e descritos, resultando no enunciado do problema. Recomenda-se que ele seja definido de forma clara e objetiva. Para ajudar você a uma melhor compreensão das etapas seguintes, será utilizado o exemplo fictício do município de “Riacho Doce”, na comunidade de Morrinhos (distrito ao sul) onde foi detectado o seguinte problema: ausência de programa de prevenção e combate à dengue e de promoção à saúde para a população de Morrinhos. O descritor do problema enunciado foi o seguinte: d1: nos últimos dois anos mais de 5% da população (principalmente crianças e jovens) procuram unidades de saúde alegando sintomas da dengue. No total dos casos apurados 3,5% foram confirmados. Mas demais localidades do município, para o mesmo período, os números não superaram 0,05%. Para reforçar sua compreensão, perceba a forma de expressão dos descritores. Eles são objetivos e mensuráveis. Isso permite ao planejador criar indicadores locais específicos de saúde e avaliar o impacto das estratégias e ações planejadas, exercer o controle e propiciar a retroalimentação do processo, a partir dos resultados alcançados. Entenda por descritor o fato ou afirmação necessária e suficiente para descrever o problema. 3. Explicação do problema: ela é elaborada na forma de uma “árvore de problemas” (parte-se das folhas, galhos conduzindo à raiz = causa central do problema). A árvore de problemas deve ser montada de maneira clara e precisa, a partir da identificação das causas do problema e da forma como elas estão relacionadas entre si. Ela será construída a partir das respostas à seguinte pergunta: que motivo dá origem ao descritor d1? (assim deve ser feito para os demais descritores, quando houver). Em seguida, deve-se discutir até encontrar as causas, até que esgotem as possibilidades de identificar causas e o grupo de trabalho se dê por satisfeito. Então, para o descritor d1, no caso do distrito de morrinhos, no município de riacho doce, foram encontradas as seguintes causas: • A gerência de vigilância em saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Município destinou, nos últimos dois anos, para a região sul onde se localiza o distrito, apenas 0,5% do orçamento para este fim, quando esse gasto deveria ser de pelo menos 25%. Faltou a realização de campanha massiva de esclarecimento, mobilização e de prevenção à doença e de combate ao seu vetor no distrito; Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 59 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes • 40% de todo do lixo produzido no distrito não têm destinação correta, levando à desova desordenada dos dejetos e a facilitação da proliferação de focos do mosquito. • Por estar o distrito numa região de altos índices de pluviosidade, favorece a formação de pequenos alagadiços que são criatórios naturais do mosquito. • Devido ao recente progresso econômico na região do distrito, houve migração desordenada de habitantes e um inchaço na ocupação dos espaços urbanos em Morrinhos. Como consequência, ocorreu acentuada degradação dos hábitos de higiene e conservação residencial e urbana pela população local, associada à insuficiência dos serviços urbanos para tal fim. Numa avaliação mais ampla, a equipe de elaboração do plano conseguiu trazer à tona diversas informações complementares, que favoreceram com maior nível de detalhes o problema do distrito de Morrinhos. Detectou-se, por exemplo, que a acelerada migração para o distrito e a ocupação desordenada dos espaços urbanos provocou a descontinuidade comportamental daquela população de ser zelosa com a higiene e aglomeração de lixo e entulho nos imóveis onde residem e também, em áreas próximas. Foi lembrado que a destinação dos recursos de combate à dengue na última gestão municipal para a região sul (onde se localiza o Distrito de Morrinhos) foi quase inexistente, diferentemente do corrido nas demais regiões (norte, oeste e leste) mais privilegiadas, que receberam 80% dos recursos. Esse fator foi, segundo a avaliação da equipe de trabalho do plano, um forte condicionante para que o quadro de infestação dos vetores da dengue no distrito se agravasse, caracterizando o descaso, ou mesmo, a negligência da administração de saúde municipal com aqueles munícipes. A reunião desse conjunto de evidências possibilita montar o seguinte quadro explicativo para o problema: Problema: inexistência de um programa de prevenção e combate à dengue e de promoção à saúde no distrito de Morrinhos, município de Riacho Doce. Ator: Secretário Municipal de Saúde/Gerente de Vigilância em saúde do município de Riacho Doce. Figura 22: Detalhamento dos descritores do problema com a dengue do distrito de Morrinhos Fonte: elaborado pelo autor, 2011. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 60 Gerência em Saúde É importante esclarecer para você que, ao elaborar uma representação como a oferecida pela Figura 22, deve-se primeiramente, identificar o problema e também o (s) ator (es) declarante (s). Depois, pelo detalhamento (da direita para a esquerda), chegar-se-á as causas centrais do problema. 4. Proposição dos objetivos: é chegada a hora de discutir os resultados desejados, possíveis de serem alcançados. Acessoriamente, é importante calcular quanto tempo será necessário para o plano amadurecer, incluindo as operações (ações) que serão capazes de favorecer o alcance dos objetivos (resultados). Para melhorar a visualização, recomenda-se construir um quadro com duas colunas. Na coluna colocada à esquerda transcreve-se o VDP (Vetor de Descrição do Problema) que é o enunciado de d1. Na coluna da direita será expresso o VDR (Vetor de Descrição de Resultados) que será a expressão do (s) objetivo (s) pretendido (s) e possível (is). Cada vetor de resultados proposto deverá corresponder à modificação da situação, conforme identificado pelo VDP (d1). VDP d1: nos últimos dois anos mais de 5% da população (principalmente crianças e jovens) procuraram a unidade de saúde alegando sintomas da dengue. No total dos casos apurados 3,5% foram confirmados. Nas demais localidades do município, para o mesmo período, os números não superaram 0,05%. VDR r1: índice de casos confirmados em Morrinhos com a seguinte redução: em 2011 para 1%; em 2012 para 0,1% e, em 2013 para 0,05%. r2: Instalar um posto de vigilância e combate à dengue no distrito de Morrinhos; r3: Reestruturar programa de prevenção e combate a dengue para todo o município, com equilíbrio da destinação de recursos financeiros entre as quatro regiões; r4: atuar em conjunto com a Secretaria de Planejamento e com o Executivo Municipal para atualizar código de posturas e Plano Diretor de ocupação urbana no município; r5: Reestruturar sistema de coleta de lixo no Distrito de Morrinhos. Após a definição dos resultados pelo VDR (objetivos), deve-se criar um quadro demonstrativo para explicá-los, assim como se fez com o VDP (d1). Esta representação também pode ser entendida como a “árvore da situação objetivo”. Figura 23: Representação da situação objetivo para o Distrito de Morrinhos Fonte: elaborado pelo autor, 2011. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 61 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Após a explicitação e exposição da situação objetivo pretendida para o Distrito de Morrinhos, necessário se faz identificar, dentre as causas que explicam o problema, aquelas que se modificadas, podem por si só alterar outras causas, envolvidas no que também se conhece como “cadeia causal” (causas interligadas). Essas são denominadas os “nós - críticos”. 5. Seleção dos “nós – críticos” A possibilidade de alterar o VDP (d1), a partir da intervenção incisiva sobre os “nós - críticos” indicará a definição de um conjunto de operações capazes de modificá-los em prol da situação objetiva pretendida. Para cada nó, deve-se imaginar a situação ideal que será alcançada com o sucesso do plano. Para o Distrito de Morrinhos, diante da situação problema e de suas causas VDP (d1) é possível visualizar: CAUSA 1 (nó) CAUSA 1 Recursos insuficientes para programa de prevenção e combate à dengue. Recursos garantidos para o programa de prevenção e combate à dengue em Morrinhos Observe que a perspectiva de “desatar o nó” da ausência de recursos para um programa de prevenção e combate à dengue no Distrito de Morrinhos irá afetar outras causas da situação problema VDP (d1), facilitando, de forma geral, a busca de solução para ela. Depois de observar esta representação, talvez uma questão lhe ocorra: mas como identificar e julgar o que é um “nó - crítico”? Para uma causa ser considerada um “nó - crítico” ela precisará demonstrar as seguintes características: • Ter a capacidade, se modificada, de mudar positivamente o VDP; • Ser vista como politicamente oportuna, por projetar a capacidade de apresentar resultados no período de gestão do ator que declara o problema; • Ser acessível para intervenção e estar no âmbito da governabilidade de um dos atores envolvidos no problema. 6. Definição das operações = normatização: neste passo, a equipe de trabalho deverá pensar nas operações/ações que poderão ser planejadas para atacar os “nós – críticos” já selecionados. Recomenda-se detalhar todas as atividades imagináveis para cumprir os passos da operação necessários à extinção ou minimização da causa. Detalhamento das operações/ações: elas podem ser elencadas de forma modular a partir de quadros, conforme o exemplo que se segue no Quadro 6. QUADRO 6: Formulário para detalhamento das operações Nº 01 Vinculação VDP: Descrição da Operação/Ação: Objetivo Atividades (descrição) Recursos Necessários Prazos Metas 01 02 03 - Fonte: elaborado pelo autor, 2011. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 62 Gerência em Saúde Detalhamento: Nº: número de sequenciamento pela equipe de trabalho; Vinculação VDP: informar código ou nome sintético do problema; Descrição da operação/Ação: expressar a operação/ação a ser empreendida; Objetivo (geral): informar o resultado mais amplo pretendido; Atividades: desdobramento da descrição das operações/ações Recursos necessários: detalhamento dos recursos que serão úteis e necessários para atividade ex: financeiros (dinheiro necessário); humanos (pessoas disponíveis); cognitivos (capacidade de elaboração e desenvolvimento técnico e ou científico); organizativos (estrutura, cultura e clima organizacional, capacidade de produção coletiva); políticos (credibilidade, legitimidade, influência, trânsito/ articulação, capacidade de pressão), entre outros. Prazos: pode ser definido como curto, médio e longo. Deve ser expresso pela data final para ser concretizada (dia/mês/ano). Metas: parcela do resultado mais amplo (objetivo geral) a ser alcançada. 7. Definições estratégicas: nesta fase a equipe de trabalho deve discutir e fazer proposições criativas sobre aspectos que podem facilitar e ou dificultar a operacionalização das ações e busca de resultados (objetivos). 7.1 Relação com outros atores: a equipe de trabalho deve aprofundar na tentativa de identificar e detalhar quais outros atores (pessoas, instituições, órgãos, setores, etc.), pode manifestar interesse pelo plano ou operação que está sendo proposto. Nesta tarefa será preciso qualificar, de forma vinculada, os possíveis interesses como positivos ou negativos. Em outras palavras, será identificado quem estará a favor ou contra, ou mesmo neutro a determinada operação ou ação. Durante essa avaliação, a equipe de trabalho deverá elaborar alternativas criativas (estratégias) que estimule a participação dos aliados e indiferentes, permitindo ainda neutralizar ou negociar com os possíveis adversários. 7.2 Avaliação dos recursos: após definir os recursos necessários para realizar cada operação/ação, será preciso que a equipe de trabalho avalie quais recursos estão disponíveis e quais não estão. Para o caso dos recursos faltantes, deve-se identificar onde, como e quando eles poderão ser obtidos. 7.3 Análise da viabilidade: julgamento - A tarefa da equipe de trabalho é julgar a viabilidade das operações propostas, levando em consideração os recursos disponíveis e os que faltam. Na possibilidade de certo tipo de recurso não estar adequado, deve-se medir se determinada operação/ ação poderá ser executada sem prejuízo; se poderá ficar comprometida, ou mesmo, se não poderá ser executada. 7.4 Identificação de possíveis contingências: a equipe deve explorar, de forma bem ampla e dinâmica, as possibilidades da ocorrência de fatos e ou fenômenos que podem interferir a favor (positivas), ou contra (negativas), tentando elaborar um pequeno cenário de ocorrências. O recomendável é que seja elaborado um plano para aproveitar as surpresas positivas, e para tentar se defender das negativas, independentemente da sua origem (se interna ou externa à organização que planeja). Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 63 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 8. Definições de ações táticas e operacionais: por fim, chegou a hora de definir, de forma detalhada, o plano de ação. Neste instrumento, são definidas as operações/atividades que efetivamente são possíveis de serem realizadas (já julgadas pela equipe de trabalho). Para este fim será oferecido a você um exemplo de formulário no Quadro 7. QUADRO 7: Exemplo de Formulário Plano de Ação Descrição da Operação/Ação: Objetivo Atividades (descrição) Responsável Apoio Prazo Metas 01 02 03 Fonte: elaborado pelo autor, 2011 Detalhamento: Observe que o exemplo de formulário proposto para o Plano de Ação é bem parecido daquele conhecido por você no Quadro 6. A diferença é que ele inclui as opções da identificação do responsável e do apoiador da atividade. O primeiro, o responsável, é aquele que recebe da autoridade que planeja, a responsabilidade pela execução, acompanhamento e cumprimento das metas da operação. O segundo, o apoio, é tido como o “reforço indispensável” para o êxito da atividade. Ele pode vir da própria estrutura do planejador ou de fora, isto é, da mesma organização, de outra organização, ou da comunidade (outros atores). 9. Sistema de gestão: nesse passo é definido o aparato necessário à gestão das operações/ações: definição do responsável geral; responsáveis das subáreas; as vinculações das operações ações aos responsáveis das áreas. Nesta tarefa o recomendado é que seja definida uma representação funcional no formato piramidal (funcionograma), onde fique evidenciado quem tem responsabilidade sobre quem e sobre o que, de cima para baixo. Assemelha-se ao exemplo da organização piramidal da estrutura organizacional visto por você na Figura 9. Em seguida devem-se definir quais serão os mecanismos de execução, direção e de acompanhamento das operações de forma participativa. Podem ser utilizadas inúmeras ferramentas de gestão estratégica para este fim. Uma delas é o gráfico. Eles são expressos em diversos formatos, propiciam comparação do resultado que foi previsto com o que foi planejado, ou mesmo do número que seria o recomendável (indicador/parâmetro). 10. Avaliação e retroalimentação: por fim, uma última definição indispensável, diz respeito à especificação dos mecanismos e indicadores de avaliação contínua do plano, permitindo a sua retroalimentação e acompanhamento global. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 64 Gerência em Saúde Recomenda-se para tal tarefa a elaboração de um instrumento de prestação de contas que pode ser um formulário impresso ou eletrônico para ser apresentado à equipe de acompanhamento e ao gestor das operações. Nele deve conter a descrição da operação, do objetivo, do nome do responsável, identificação dos apoiadores, das metas previstas, dos prazos previstos e, ao final um confronto entre o que era previsto com o que foi de fato executado (um gráfico pode ser útil). Por fim, ainda nesse formulário, deve ser expresso um posicionamento do responsável pela execução da operação onde define se as metas estão sendo cumpridas conforme previsto estão aquém ou além do esperado. Isto favorecerá a análise, acompanhamento e retroalimentação do processo. 4.3 O planejamento na metodologia ZOPP O termo ZOPP origina-se de “Ziel Orientert Projekt Planung”. Significa Planejamento orientado por objetivos. É também conhecido como método alemão de planejamento participativo, elaboração e gerenciamento de projetos. Foi desenvolvido pela Agência GTZ: Gesellschaft Fur Technische Zusammenarbeit (Sociedade Alemã de Cooperação Técnica), que é a detentora dos direitos de multiplicação desse método. Até aqui já deve ter sido possível para você perceber as diferenças e semelhanças entre metodologia de planejar convencional que você já conheceu. Entretanto, vale lembrar, conforme foi visto por você anteriormente, que na metodologia de planejamento estratégico convencional e normativo, a participação dos atores no processo de elaborar o planejamento em uma organização nem sempre é adotada. Em muitos casos, o planejamento é elaborado no nível estratégico e implementado de cima para baixo na “pirâmide organizacional”, ficando os demais níveis, abaixo do nível estratégico, apenas como meros executores e cumpridores de ordens. Já o planejamento pelo método ZOPP como metodologia participativa, pressupõe, para a sua adoção, o profissionalismo, a ética e os valores morais, requisitos importantes e recomendáveis para a eficácia do método. Segundo a experiência, proporciona maior motivação e integração dos funcionários, permitindo a articulação e interação entre o planejamento estratégico e o planejamento operacional, sendo indicado à administração pública, privadas, ONG’s entre outras. Veja na Figura 22 as vantagens do uso da Metodologia ZOOP. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 65 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Figura 22: Vantagens da utilização das técnicas ZOPP Fonte: elaborado pelo autor, 2011. A metodologia ZOOP contempla todas as fases da elaboração e gestão de projetos, dando ênfase especial na avaliação final da eficácia dos projetos. Segundo a orientação desta metodologia, prioridades identificadas de forma inadequada sobre determinado contexto geram objetivos de projetos mal formulados, implicando no provável desperdício de importantes recursos organizacionais: financeiros, materiais, tecnologia, instalações, tempo e pessoal; não oferecendo o devido retorno dos benefícios previstos (resultados). A metodologia ZOPP procura reduzir o grau de incerteza quanto à obtenção dos resultados, ao preconizar a elaboração do encadeamento de problemas a partir das causas e efeitos imediatos do problema inicial, alinhado com os objetivos hierarquizados e seus enfoques prioritários. O método pressupõe a elaboração de uma matriz de planejamento conforme será percebido por você no Quadro 6. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 66 Gerência em Saúde QUADRO 8: Matriz de planejamento no método ZOPP Fonte: elaborado pelo autor, 2011 A partir da definição da matriz de planejamento segue-se a análise dos problemas, que implica no conhecimento cuidadoso dos “stakehoders” (todos os atores sociais envolvidos no projeto). Eles podem ser: a organização e seus gerentes ou participantes, grupos de interesses convergentes e divergentes, instituições, outros projetos, e ainda, os fatores de risco presentes. Ao considerá-los, presume-se que os objetivos sejam formulados de forma coerente, conciliando os interesses dos atores sociais envolvidos. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Quais são os tipos de metodologias mais específicas adotas para planejamento, além da convencional. • O que é a metodologia de planejamento estratégico situacional e como ela é processualmente orientada; • Sobre a metodologia MAPP e ZOOP e como utilizá-las. Atividades de aprendizagem a) Revisão 1. Quais as diferenças básicas entre as metodologias de planejamento estratégico convencional e a situacional? 2. Por que para o planejamento estratégico situacional a compreensão prévia de situação e da realidade é fundamental? Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 67 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 3. Se você fosse o dirigente de um órgão público, voltado à prestação de serviços aos cidadãos e tivesse a responsabilidade de induzir na sua organização a elaboração do planejamento estratégico, qual metodologia de planejamento você recomendaria: convencional ou situacional/flexível? Por quê? 4. Se você fosse optar pelas metodologias situacionais/flexíveis, conhecidas por você (MAPP e ZOPP respectivamente) qual seria a da sua preferência? Por quê? b) Atividade de campo 1. Identifique o órgão municipal responsável pela saúde no seu município (Secretaria Municipal de Saúde ou similar). 2. Com o apoio do seu professor tutor monte uma equipe com outros colegas (no máximo 5). 3. Procurem marcar com o responsável pelo planejamento uma entrevista. 4. Durante a entrevista, indaguem sobre como se dá o ritual de planejamento das ações de saúde para o município e procurem identificar qual é o método utilizado. 5. Avaliem: se esse método implica em ampla participação, sobre quais atores sociais são envolvidos no processo de planejar e de como eles superam possíveis divergências ou dificuldades na hora de programar objetivos e indicar recursos. 6. Ao final indaguem: como o gestor responsável avalia o processo de elaboração: se satisfatório ou não e comparem, se possível com a opinião da comunidade. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 68 Gerência em Saúde AULA 1 Alfabetização Digital pública em sisteAula 5 - Administração mas de saúde Administrar a coisa pública para muitos significa não só prestar serviços ou executá-los, mas também governar e exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil à coletividade. A Administração Pública é vista como toda atividade do Estado. Para melhor entendê-la, incluindo a sua estrutura e atividades, deve-se partir da compreensão do que é o Estado, de onde advém toda a concepção moderna de organização e do funcionamento dos serviços públicos a serem prestados aos administrados (Meirelles, 1994). São atividades essenciais do Estado aquelas que garantem o bem-estar dos cidadãos, conforme previsto na Constituição Federal de 1988 em seu Art. 6º e Emenda Constitucional de nº 26/2000: “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados...” Entre as garantias constitucionais, a efetivação da saúde como direito universal (de todos), é um desafio a ser alcançado por meio de políticas sociais e econômicas emanadas do Estado, para que reduzam as desigualdades sociais e regionais no país, assegurando a cidadania e o fortalecimento da democracia. Assim, como atividade essencial do Estado e direito social do cidadão, a saúde caracteriza-se por sua extrema importância e necessidade para toda a população. A garantia de sua maior cobertura e abrangência dependem diretamente dos serviços prestados pelo agente público ligados hoje principalmente à esfera municipal. Figura 25: Representação das instâncias de gestão da saúde segundo a esfera ascendente de governo Fonte: elaborado pelo autor, 2011. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 69 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Entenda como Estado não apenas o governo federal, mas o Poder Público, em suas três esferas de gestão: elas abrangem a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios. Essa nova ordem de descentralização e municipalização da saúde decorreu da reforma no Sistema de Saúde Nacional, com o advento constitucional da criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988. A implementação e a gestão do SUS, conferem principalmente às municipalidades (mais próximas do cidadão) grandes responsabilidades. Elas devem trabalhar integradas às demais esferas de governo (estadual e federal), na construção de políticas setoriais e intersetoriais visando garantir à população acesso universal e igualitário à saúde. Através desse sistema “municipalizado” de saúde, é possível aos governos locais aplicarem os recursos de acordo com as necessidades, prioridades e responsabilidades sanitárias específicas de cada município, pois, devido à diversidade e características regionais, apresentam realidades muito distintas uma das outras. Para que os governos locais demonstrem consciência sobre a responsabilidade sanitária local, implica compreender claramente as necessidades e prioridades locais, inclusas no seu papel como agente prestador direto de serviços de saúde. Só assim eles poderão vincular as respectivas ações de saúde sob responsabilidade às demais, previstas nas esferas ascendentes de gestão da saúde pública (Ver Figura 23). Essa orientação permitirá melhor definição e planejamento das estratégias voltadas à gestão das ações e dos serviços em saúde. 5.1 Planejamento estratégico em serviços de saúde. Devido à definição de atribuir aos municípios à responsabilidade direta de promover e oferecer as soluções em saúde à população, o gestor municipal (Secretário Municipal de Saúde), ouvido o Conselho Municipal de Saúde, fica com a responsabilidade de desenvolver o processo de planejamento, contemplando suas fases: programação; monitoramento e avaliação das ações de saúde local; de modo a atender às necessidades da população de seu município com eficiência e efetividade (Ministério da Saúde, 2010). Antes de planejar, o gestor local deve observar o que preconizam as legislações referentes à organização do SUS no País, bem como as diretrizes da política nacional de saúde definidas no Plano Nacional de Saúde (PNS), e demais legislações, incluindo, na ascendente, aquelas de âmbito estadual. Considerará ainda o horizonte de tempo da gestão do governo que planeja (quadrienal) e, as revisões anuais decorrentes das Agendas de Saúde e Programações Pactuadas Integradas (PPI), definidas entre as três esferas de gestão do SUS. O Sistema de Planejamento do SUS orienta para que o ato de planejar entre as instâncias de Gestão do SUS (federal, estadual e municipal), mantenha-se como “uma construção coletiva, harmônica e solidária”. No nível local, onde ocorre o atendimento de saúde direto à população, o sistema de Planejamento do SUS se dá levando-se em conta a necessidade da formulação e ou revisão periódica dos seguintes instrumentos: o e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 70 Gerência em Saúde Plano Municipal de Saúde (PMS) e suas respectivas Programações Anuais de Saúde (PAS), instrumento que operacionaliza as intenções expressas no PMS. O Plano Municipal de Saúde (PMS) é a referência para a definição e implementação de todas as iniciativas de saúde local, devendo ser valorizado como instrumento central de planejamento. Para isso, será necessário que todas as iniciativas estejam nele contidas, a partir dos seus diversos componentes, cuja elaboração dar-se-á nos seguintes momentos: 1º O da análise situacional: uma análise situacional do município pode ser realizada de diversas maneiras. Como sugestão, essa análise pode ser dividida em: identificação do município e da secretaria municipal de saúde, situação de saúde no município, da atenção integral a saúde, da vigilância em saúde e, da gestão de saúde. 2º O da definição dos problemas prioritários: Após o levantamento da análise situacional da saúde em seus diversos aspectos, é preciso identificar, formular e priorizar os problemas em uma determinada realidade. O Plano Municipal de Saúde deve conter uma análise da situação atual e definir as prioridades de saúde a serem abordadas. 3º O da definição dos objetivos, diretrizes e metas: a formulação dos objetivos, diretrizes e metas, deve ser organizada de acordo com a priorização dos problemas explicados anteriormente. Vale lembrar que os objetivos, diretrizes e metas são para um período de quatro anos, devendo, portanto, ser elaborados pensando no fato de que deverão ser confrontados com a situação inicial, conforme descrito na análise situacional, permitindo verificar o real impacto de sua implantação. Observe, pelas características e orientações pregressas, que o processo de elaboração do PMS se assemelha muito ao ritual de elaboração dos Planejamentos Estratégicos nas metodologias situacionais. Isto por conta da necessidade de avaliar previamente a situação geral da saúde municipal, de ser participativo e envolver “outros atores”. Por isso, as metodologias de Planejamento Estratégico Situacionais são recomendadas para esse fim, sendo muito utilizadas Brasil afora, embora se reconheça não ser esta uma postura padrão entre os mais de 5000 municípios brasileiros. Contudo, caberá ao Conselho Municipal de Saúde (CMS) estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em função da análise da realidade e dos problemas de saúde locais, assim como dos recursos disponíveis. Ao final da vigência do PMS, é necessária a realização de uma avaliação geral, dada a sua importância estratégica para o aperfeiçoamento da gestão. 5.2 Sistemas de controle e avaliação. Seguindo a mesma orientação oferecida para elaboração do planejamento no âmbito da gestão da saúde no SUS, os sistemas de controle e de avaliação das ações (conforme se verá mais adiante) são institucionalizados como descentralizados e participativos. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 71 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes O Conselho Municipal de Saúde, dentro da política de descentralização da gestão em saúde, possui o papel preponderante de avaliar a situação da Saúde e propor diretrizes para a formulação das políticas locais de Saúde. Ele reúne de forma ampla, usuários, trabalhadores, prestadores e gestores do SUS, para discutir e refletir sobre as condições de saúde da população e a gestão do SUS, expressando posições e votando questões orientadoras do sistema. Dessa forma, as atividades relacionadas ao controle e avaliação ocorrem sob o acompanhamento abrangente, envolvendo os olhares de vários “atores”. Eles compõem e participam dos colegiados municipais de saúde que, investidos de autoridade legal, representam o denominado “controle social”, Conselho de Saúde e a Conferência de Saúde, com representatividade dos distintos atores sociais. Figura 26: A dinâmica de uma reunião de Conferência Municipal de Saúde. Fonte: Disponível em: <http://180graus.com/sao-miguel-do-tapuio/conferencia-municipal-desaude-foi-muito-participativa-384537.html>. As conferências Municipais de Saúde são espaços institucionais destinados a analisar os avanços e retrocessos do SUS e propor diretrizes para a formulação de políticas de saúde em níveis correspondentes. Reúnem, de forma ampla, usuários, trabalhadores, prestadores e gestores do SUS, para discutir e refletir sobre as condições de saúde da população e a gestão do SUS, expressando posições e votando questões orientadoras do sistema, a cada dois anos. As Conferências de Saúde devem avaliar o cumprimento das diretrizes contidas no respectivo Plano de Saúde e produzir diretrizes que orientem novas políticas e programas no seu âmbito de atuação. Devem se reunir com a participação dos usuários (50%), de representantes do governo, dos prestadores de serviços e dos trabalhadores de saúde. A sua convocação se dará pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, pelo Conselho Municipal de Saúde. Resumo e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Nesta aula, você aprendeu: • Sobre o papel do Estado e da administração pública; • Sobre o que e porque é necessária a administração pública em saúde; • Sobre quais são, no âmbito da administração pública de saúde brasileira, os mecanismos e instrumentos de controle e avaliação da efetividade da gestão. 72 Gerência em Saúde Atividades de aprendizagem a) Revisão 1. Defina o que é o Estado? 2. Defina o que é a administração pública? 3. Do que cuida a administração pública em serviços e sistemas de saúde no Brasil? 4. Quais são as instâncias de decisão sobre a gestão da saúde no Brasil? 5. O que é a política de saúde SUS? 6. Quem (pessoas e instituições públicas) participa no município, por força legal, das definições de gestão e de planejamento do SUS? b) Atividade de campo 1. Pesquise: no seu município como se compõe em termos representativos o Conselho Municipal de Saúde. 2. Da mesma forma investigue: quem participa das Conferências Municipais de Saúde. 3. Investigue ainda: com que periodicidade as instituições descritas nos itens 1 e 2 reúnem para tratar de assuntos relacionados à saúde do seu município? 4. Por fim avalie: como vai a prestação de serviços de saúde pública em seu município? Bem ou mal? As instituições descritas nos itens 1 e 2 são atuantes para isso? Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 73 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Aula 6 - O pacto pela saúde Figura 27: Pactos pela saúde Fonte: Ministério da Saúde, 2006. De acordo com o documento Pactos Pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, editado pelo Ministério da Saúde no ano de 2006 (Ministério da Saúde, 2006), o Pacto pela Saúde, é resultante do esforço e trabalho de discussão mantida por dois anos, envolvendo técnicos e dirigentes do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Saúde (CONASS), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conasems). Ele foi elaborado considerando-se o avanço da implementação do SUS, como também, devido às novas realidades atualmente vividas ou cenarizadas para o contexto socioeconômico, cultural e político do País. Surge como novo instrumento de orientação para consolidação e fortalecimento Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 75 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes do SUS, substituindo antigas orientações contidas, entre outras, nas Normas Operacionais Básicas (NOB) do SUS , editadas nos anos 90. O Pacto pela Saúde, na sua essência, reúne um conjunto de reformas institucionais pactuadas entre as três esferas de gestão (federal, estadual e municipal) e tem o objetivo de promover inovações nos processos e instrumentos de gestão, visando alcançar maior eficiência e qualidade das respostas do SUS. Suas diretrizes redefinem as responsabilidades de cada gestor em função das necessidades de saúde da população, na busca da equidade social. A adesão ao pacto se dá pela construção e adesão ao Termo de Compromisso de Gestão (TCG), que substitui os processos de habilitação das várias formas de gestão anteriormente vigentes e estabelece metas e compromissos para cada ente da federação. Este documento de diretrizes operacionais foi pactuado na reunião da “Comissão Intergestores Tripartite” (das três esferas de gestão do SUS) no dia 26 de janeiro de 2006, aprovado na reunião do Conselho Nacional de Saúde do dia 9 de fevereiro de 2006 e formalizado pela Portaria GM/MS nº. 399, de 22 de fevereiro de 2006 e regulamentado pela Portaria GM/MS nº. 699, de 30 de março de 2006 . A estruturação do documento, prevendo sua implantação orienta que as diretrizes e ações sejam definidas sob três dimensões, a saber: 1ª Pacto pela Vida: o Pacto Pela Vida é na sua essência, o compromisso que deve ser mantido entre os gestores do SUS (tripartite), em torno de prioridades que sejam eficazes sobre a situação de saúde dos brasileiros. As prioridades devem ser definidas por meio das ações e metas nacionais, estaduais, regionais e/ou municipais, para o alcance dos objetivos propostos. Nesta dimensão, são seis as prioridades pactuadas: A. Saúde do idoso (mais de 60 anos): promovendo o envelhecimento ativo e saudável. B. Controle do câncer do colo do útero e da mama; C. Redução da mortalidade infantil e materna; D. Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza; E. Promoção da Saúde: ênfase na atividade física regular e alimentação saudável F. Fortalecimento da Atenção Básica via estratégia de saúde da família. 2ª Pacto em Defesa do SUS: a atuação dos gestores do SUS na tripartite e também os demais atores sociais envolvidos nesse pacto será guiada pelas seguintes diretrizes: e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 76 Gerência em Saúde A. Expressar os compromissos entre os gestores do SUS com a com a consolidação da Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) estabelecidos na Constituição Federal; B. Desenvolver e articular ações, no seu âmbito de competência e em conjunto com os demais gestores, que visem qualificar e assegurar o SUS como política pública. 3ª Pacto de Gestão: estabelece as responsabilidades de cada ente federado do SUS, de forma clara e objetiva, diminuindo competências concorrentes e estabelecendo diretrizes em aspectos como descentralização, regionalização, financiamento, planejamento, Programação Pactuada e Integrada (PPI), regulação, participação do controle social, gestão do trabalho e da educação na Saúde. O elenco de novas responsabilidades no âmbito da tripartite será orientado pelas seguintes diretrizes: 1. Premissas da Descentralização: visam aprofundar o processo de descentralização, com ênfase numa descentralização compartilhada, são fixadas as seguintes premissas, que devem orientar esse processo: A. Cabe ao Ministério da Saúde a proposição de políticas, participação no co-financiamento, cooperação técnica, avaliação, regulação, controle e fiscalização, além da mediação de conflitos; B. Descentralização dos processos administrativos relativos à gestão para as Comissões Intergestores Bipartite (CIB); C. As Comissões Intergestores Bipartite são instâncias de pactuação e deliberação para a realização dos pactos intraestaduais e a definição de modelos organizacionais, a partir de diretrizes e normas pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite; D. As deliberações das Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite devem ser por consenso; E. A Comissão Intergestores Tripartite e o Ministério da Saúde promoverão e apoiarão o processo de qualificação permanente para as Comissões Intergestores Bipartite; F. O detalhamento desse processo, no que se refere à descentralização de ações realizadas hoje pelo Ministério da Saúde, será objeto de portaria específica. 2. Regionalização: a regionalização como uma diretriz do Sistema Único de Saúde e um eixo estruturante do Pacto de Gestão, deve orientar a descentralização das ações e serviços de saúde e os processos de negociação e pactuação entre os gestores. Para isso, conta com os seguintes instrumentos de planejamento da Regionalização: o Plano Diretor de Regionalização (PDR) , o Plano Diretor de Investimento (PDI) e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde (PPI). Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 77 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 3. Financiamento do SUS: as diretrizes para esse fim envolvem primeiro, a proposição de seis princípios gerais para o financiamento do SUS e, em segundo, na definição dos “blocos” de financiamento para o custeio das ações. 3.1 Princípios gerais do financiamento para o Sistema Único de Saúde: A. Responsabilidade das três esferas de gestão – União, Estados e Municípios pelo financiamento do Sistema Único de Saúde; B. Redução das iniquidades macrorregionais, estaduais e regionais, a ser contemplada na metodologia de alocação de recursos, considerando também as dimensões étnico-racial e social; C. Repasse fundo a fundo, definido como modalidade preferencial de transferência de recursos entre os gestores; D. Financiamento do custeio com recursos federais será constituído, organizado e transferido em blocos de recursos; E. O uso dos recursos federais para o custeio fica restrito a cada bloco, atendendo às especificidades previstas nos mesmos, conforme regulamentação específica; F. As bases de cálculo que formam cada bloco e os montantes financeiros destinados para os municípios, Distrito Federal e Estados devem compor memórias de cálculo, para fins de histórico e monitoramento. 3.2 Blocos de financiamento para o custeio A. Atenção Básica B. Atenção da Média e Alta Complexidade C. Vigilância em Saúde D. Assistência Farmacêutica E. Gestão do SUS 4. Planejamento do SUS: a orientação do pacto prevê que o trabalho de planejamento no âmbito do SUS se fundamente num conjunto de orientações, a saber: 4.1 Diretrizes: A. O processo de planejamento no âmbito do SUS deve ser desenvolvido de forma articulada, integrada e solidária entre as três esferas de gestão. Essa forma de atuação representará o Sistema de Planejamento do Sistema Único de Saúde baseado nas responsabilidades de cada esfera de gestão, com definição de objetivos e conferindo direcionalidade ao processo de gestão do SUS, compreendendo ainda nesse sistema, o monitoramento e avaliação. B. Este sistema de planejamento pressupõe que cada esfera de gestão realize o seu planejamento, articulando-se de forma a fortalecer e consolidar os objetivos e diretrizes do SUS, contemplando as peculiaridades, necessidades e realidades de saúde locorregionais. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 78 Gerência em Saúde C. Como parte integrante do ciclo de gestão, o sistema de planejamento buscará, de forma tripartite, a pactuação de bases funcionais do planejamento, monitoramento e avaliação do SUS, bem como promoverá a participação social e a integração intra e intersetorial, considerando os determinantes e condicionantes de saúde. D. No cumprimento da responsabilidade de coordenar o processo de planejamento levar-se-á em conta as diversidades existentes nas três esferas de governo, de modo a contribuir para a consolidação do SUS e para a resolubilidade e qualidade, tanto da sua gestão, quanto das ações e serviços prestados à população brasileira. 4.2 Objetivos do Sistema de Planejamento do SUS: A. Pactuar diretrizes gerais para o processo de planejamento no âmbito do SUS e o elenco dos instrumentos a serem adotados pelas três esferas de gestão; B. Formular metodologias e modelos básicos dos instrumentos de planejamento, monitoramento e avaliação que traduzam as diretrizes do SUS, com capacidade de adaptação às particularidades de cada esfera administrativa; C. Promover a análise e a formulação de propostas destinadas a adequar o arcabouço legal no tocante ao planejamento do SUS; D. Implementar e difundir uma cultura de planejamento que integre e qualifique as ações do SUS entre as três esferas de governo e subsidie a tomada de decisão por parte de seus gestores; E. Desenvolver e implementar uma rede de cooperação entre os três entes federados, que permita um amplo compartilhamento de informações e experiências; F. Promover a institucionalização e fortalecer as áreas de planejamento no âmbito do SUS, nas três esferas de governo, com vistas a legitimá-lo como instrumento estratégico de gestão do SUS; G. Apoiar e participar da avaliação periódica relativa à situação de saúde da população e ao funcionamento do SUS, provendo os gestores de informações que permitam o seu aperfeiçoamento e/ou redirecionamento; H. Promover a capacitação contínua dos profissionais que atuam no contexto do planejamento do SUS; I. Promover a eficiência dos processos compartilhados de planejamento e a eficácia dos resultados, bem como da participação social nestes processos; J. Promover a integração do processo de planejamento e orçamento no âmbito do SUS, bem como a sua intersetorialidade, de forma articulada com as diversas etapas do ciclo de planejamento; K. Monitorar e avaliar o processo de planejamento, as ações implementadas e os resultados alcançados, de modo a fortalecer o planejamento e contribuir para a transparência do processo de gestão do SUS. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 79 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 4.3 Pontos de pactuação priorizados para o Planejamento: com base na conceituação, caracterização e objetivos preconizados para o sistema de planejamento do SUS, foram definidos os seguintes pontos essenciais de pactuação: A. Adoção das necessidades de saúde da população como critério para o processo de planejamento no âmbito do SUS; B. Integração dos instrumentos de planejamento, tanto no contexto de cada esfera de gestão, quanto do SUS como um todo; C. Institucionalização e fortalecimento do Sistema de Planejamento do SUS, com adoção do processo de planejamento, neste incluído o monitoramento e a avaliação, como instrumento estratégico de gestão do SUS; D. Revisão e adoção de um elenco de instrumentos de planejamento – tais como planos, relatórios, programações – a serem adotados pelas três esferas de gestão, com adequação dos instrumentos legais do SUS no tocante a este processo e instrumentos dele resultantes; E. Cooperação entre as três esferas de gestão para o fortalecimento e a equidade no processo de planejamento do SUS. 5. Programação Pactuada Integrada (PPI): A PPI como processo, visa definir a programação das ações de saúde em cada território, norteando a alocação dos recursos financeiros para a saúde, a partir de critérios e parâmetros pactuados entre os gestores. A PPI deve explicitar os pactos de referência entre municípios, gerando a parcela de recursos destinados à própria população e à população referenciada. 5.1 As principais diretrizes norteadoras do processo de Programação Pactuação Integrada são: A. A programação deve estar inserida no processo de planejamento e deve considerar as prioridades definidas nos planos de saúde em cada esfera de gestão; B. Os gestores municipais e estaduais possuem flexibilidade na definição de parâmetros e prioridades que irão orientar a programação, ressalvados os parâmetros pactuados estadual e nacionalmente. C. A programação é realizada prioritariamente por áreas de atuação, a partir das ações básicas de saúde, para compor o rol de ações de maior complexidade; D. A tabela unificada de procedimentos deve orientar a programação das ações que não estão organizadas por áreas de atuação, considerando seus níveis de agregação, para formar as aberturas programáticas; E. A programação da assistência devera buscar a integração com a programação da vigilância em saúde; F. Os recursos financeiros das três esferas de governo devem ser visualizados na programação. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 80 Gerência em Saúde G. O processo de programação deve contribuir para a garantia de acesso aos serviços de saúde, subsidiando o processo regulatório da assistência; H. A programação deve ser realizada a cada gestão, revisada periodicamente e sempre que necessário, em decorrência de alterações no fluxo de atendimento ao usuário; na oferta de serviços; na tabela de procedimentos e no teto financeiro, entre outras. I. A programação pactuada e integrada deve subsidiar a programação físico-financeira dos estabelecimentos de saúde. J. A programação pactuada e integrada deve guardar relação com o desenho da regionalização naquele Estado. 6. Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial: para efeito dessas diretrizes serão adotados um conjunto de conceitos e princípios, conforme se segue. 6.1 Conceitos: A. Regulação da Atenção à Saúde: tem como objeto a produção de todas as ações diretas e finais da atenção à saúde, dirigida aos prestadores de serviços de saúde, públicos e privados. As ações da Regulação da Atenção à Saúde compreendem a Contratação, a Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial, o Controle Assistencial, a Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria Assistencial e as regulamentações da Vigilância Epidemiológica e Sanitária. B. Contratação: define-se como um conjunto de atos que envolvem desde a habilitação dos serviços/prestadores até à formalização do contrato na sua forma jurídica. C. Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial: é um conjunto de relações, saberes, tecnologias e ações que intermediam a demanda dos usuários por serviços de saúde e o acesso a estes. D. Complexo Regulador: estratégia da Regulação Assistencial, consistindo na articulação e integração de Centrais de Atenção Pré-hospitalar e Urgências, Centrais de Internação, Centrais de Consultas e Exames e Protocolos Assistenciais com a contratação, controle assistencial, avaliação, programação e regionalização. Os complexos reguladores podem ter abrangência intramunicipal, municipal, micro ou macro regional, estadual ou nacional, devendo esta abrangência e respectiva gestão, serem pactuadas em processo democrático e solidário, entre as três esferas de gestão do SUS. E. Auditoria Assistencial ou Clínica: é um processo regular que visa aferir e induzir qualidade do atendimento amparada em procedimentos, protocolos e instruções de trabalho normatizados e pactuados. Deve acompanhar e analisar criticamente os históricos clínicos com vistas a verificar a execução dos procedimentos e realçar as não conformidades. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 81 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 6.2 Princípios: A. Cada prestador responde apenas a um gestor; B. A regulação dos prestadores de serviços deve ser preferencialmente do município conforme desenho da rede de assistência pactuado na CIB, observado o Termo de Compromisso de Gestão do Pacto e considerando: I. A descentralização, municipalização e comando único; II. A busca da escala adequada e da qualidade; III. A complexidade da rede de serviços locais; IV. A efetiva capacidade de regulação; V. O desenho da rede estadual da assistência; VI. A primazia do interesse e da satisfação do usuário do SUS. C. A regulação das referências intermunicipais é responsabilidade do gestor estadual, expressa na coordenação do processo de construção da programação pactuada e integrada da atenção à saúde, do processo de regionalização e do desenho das redes; D. A operação dos complexos reguladores no que se refere à referência intermunicipal deve ser pactuada na CIB, podendo ser operada nos seguintes modos: I. Pelo gestor estadual que se relacionará com a central municipal que faz a gestão do prestador. II. Pelo gestor estadual que se relacionará diretamente com o prestador quando este estiver sob gestão estadual. III. Pelo gestor municipal com co-gestão do Estado e representação dos municípios da região. E. Modelos que diferem do item ‘d’ acima devem ser pactuados pela CIB e homologados na CIT. 7. Participação e Controle Social: a Participação Social está assegurada na Constituição e nas Leis Orgânicas da Saúde (8080/90 e 8142/90) e é parte fundamental do pacto. 7.1 As ações que devem ser desenvolvidas para fortalecer o processo de participação social, dentro do pacto são: A. Apoiar os conselhos de saúde, as conferências de saúde e os movimentos sociais que atuam no campo da saúde, com vistas ao seu fortalecimento para que os mesmos possam exercer plenamente os seus papéis; B. Apoiar o processo de formação dos conselheiros; C. Estimular a participação e avaliação dos cidadãos nos serviços de saúde; D. Apoiar os processos de educação popular na saúde, para ampliar e qualificar a participação social no SUS; E. Apoiar a implantação e implementação de ouvidorias nos municípios e Estados, com vistas ao fortalecimento da gestão estratégica do SUS; F. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em defesa do SUS e na discussão do pacto; e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 82 Gerência em Saúde 8. Gestão do Trabalho: no pacto, as definições das ações nesse campo se orientarão pelas seguintes diretrizes: A. A política de recursos humanos para o SUS é um eixo estruturante e deve buscar a valorização do trabalho e dos trabalhadores da saúde, o tratamento dos conflitos, a humanização das relações de trabalho; B. Municípios, Estados e União são entes autônomos para suprir suas necessidades de manutenção e expansão dos seus próprios quadros de trabalhadores da saúde; C. O Ministério da Saúde deve formular diretrizes de cooperação técnica para a gestão do trabalho no SUS; D. Desenvolver, pelas três esferas de gestão, estudos quanto às estratégias e financiamento tripartite da política de reposição da força de trabalho descentralizada; E. As diretrizes para Planos de Carreiras, Cargos e Salários do SUS (PCCS/SUS) devem ser um instrumento que visa regular as relações de trabalho e o desenvolvimento do trabalhador, bem como a consolidação da carreira como instrumento estratégico para a política de recursos humanos no SUS; F. Promover relações de trabalho que obedeçam a exigências do princípio de legalidade da ação do Estado e de proteção dos direitos associados ao trabalho G. Desenvolver ações voltadas para a adoção de vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e previdenciários dos trabalhadores da saúde, promovendo ações de adequação de vínculos, onde for necessário, nas três esferas de governo, com o apoio técnico e financeiro aos municípios, pelos Estados e União, conforme legislação vigente; H. Os atores sociais envolvidos no desejo de consolidação do SUS atuarão, solidariamente, na busca do cumprimento desse item, observadas as responsabilidades legais de cada segmento; I. Estimular processos de negociação entre gestores e trabalhadores através da instalação de Mesas de Negociação junto às esferas de gestão municipais e estaduais do SUS; J. As Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde devem envidar esforços para a criação ou fortalecimento de estruturas de recursos humanos, objetivando cumprir um papel indutor de mudanças, tanto no campo da gestão do trabalho, quanto no campo da educação na saúde; 9. Educação na Saúde: as definições de estratégias e ações para o trabalho da Educação na Saúde se guiarão pelas seguintes diretrizes: A. Avançar na implementação da Política Nacional de Educação Permanente por meio da compreensão dos conceitos de formação e educação permanente para adequá-los às distintas lógicas e especificidades; B. Considerar a educação permanente parte essencial de uma política de formação e desenvolvimento dos trabalhadores para a qualificação do SUS e que comporta a adoção de diferentes metodologias e técnicas de ensino-aprendizagem inovadoras, entre outras coisas; Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 83 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes C. Considerar a Política Nacional de Educação Permanente na Saúde uma estratégia do SUS para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor, tendo como orientação os princípios da educação permanente; D. Assumir o compromisso de discutir e avaliar os processos e desdobramentos da implementação da Política Nacional de Educação Permanente para ajustes necessários, atualizando-a conforme as experiências de implementação, assegurando a inserção dos municípios e Estados nesse processo; E. Buscar a revisão da normatização vigente que institui a Política Nacional de Educação Permanente na Saúde, contemplando a consequente e efetiva descentralização das atividades de planejamento, monitoramento, avaliação e execução orçamentária da Educação Permanente para o trabalho no SUS; F. Centrar, o planejamento, programação e acompanhamento das atividades educativas e consequentes alocações de recursos na lógica de fortalecimento e qualificação do SUS e atendimento das necessidades sociais em saúde G. Considerar que a proposição de ações para formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde para atender às necessidades do SUS deve ser produto de cooperação técnica, articulação e diálogo entre os gestores das três esferas de governo, as instituições de ensino, os serviços e controle social e podem contemplar ações no campo da formação e do trabalho. Como conteúdo, foi sintetizado para você até aqui, as três dimensões do pacto, as diretrizes e os princípios norteadores essenciais para orientação dos gestores, planejadores e controladores do SUS. Evidentemente, que no documento oficial constam outras definições importantes. Como cidadão alvo da assistência SUS você deve consultá-lo. Para obter uma cópia integral do documento, visite o sítio do Ministério da Saúde no endereço: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/sus/pub_destaques.php. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • O que é o “Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão”; • Porque foi necessária esta pactuação; • Quem firmou este pacto; • Quais são as diretrizes, princípios e orientações essenciais do pacto. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 84 Gerência em Saúde Atividades de aprendizagem a) Revisão 1. O que representa o “Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão” para a promoção e assistência à saúde dos brasileiros? 2. Discuta com seu professor tutor e com os colegas os principais pontos abordados sobre as diretrizes do pacto: Pacto pela Vida; Pacto e, Defesa do SUS e, Pacto de Gestão. 3. Procure avaliar se essas diretrizes já são seguidas pelo gestor da saúde do seu município. b) Atividade em sala: 1. Assista ao vídeo: “Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão”. 2. Debatam em sala, com a assistência do professor tutor, as informações apreendidas por você nas atividades de revisão sobre o Pacto e também sobre o vídeo assistido. 3. Procurem identificar, em termos da atenção e dos serviços de saúde percebidos pela população local quais ainda não se adéquam às diretrizes do pacto. 4. Procurem refletir coletivamente sobre os possíveis gargalos (entraves) que impedem que o SUS seja efetivo na sua comunidade. c) Atividades complementares: 1. Baixe da internet o livreto sobre o “Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão” o endereço já lhe foi oferecido, na página anterior. 2. Leia-o completamente e apreenda sobre as informações ainda não fornecidas para você. 3. Reflita, com base nas informações de que já dispõe acerca da gestão da saúde no seu município e região, sobre os aspectos conflitantes. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 85 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes AULA 1 Alfabetização Digital Aula 7 - A agenda de Saúde: gerindo e planejando o SUS O Ministério da Saúde editou e baixou a Portaria GM/MS nº 548 em 12/04/2001, criando os denominados “Instrumentos de Gestão do SUS”, quais sejam: A agenda de Saúde, O Plano de Saúde, os Quadros de Metas e, o Relatório de Gestão. As motivações do Órgão foram: a) Orientar os gestores municipais e estaduais do SUS quanto ao processo de elaboração, tramitação e acompanhamento dos Instrumentos de Gestão, previstos na Legislação SUS; b) Padronizar as informações para a comparabilidade e compatibilidade dos Planos de Saúde nas três esferas de direção do SUS (federal, estadual e municipal). 7.1 Visão geral do processo O Quadro nº 9 é uma cópia idêntica daquele editado na Portaria 548 e vai permitir a você obter uma visão panorâmica preliminar dos referidos instrumentos, em termos de sua descrição, sistemas de fluxos e referências para a elaboração. QUADRO 9: Visão geral sobre conteúdo e fluxos de encaminhamento dos instrumentos de Gestão do SUS INSTRUMENTO DESCRIÇÃO FLUXOS 1. AGENDA DE SAÚDE Prioridades e estratégias justificadas e detalhadas por esfera de governo; etapa prévia do processo de planejamento da gestão em saúde. Descendente: gestores federal → estaduais → municipais e correspondentes conselhos e comissões intergestores. Subsídios políticos e epidemiológicos 2. PLANO DE SAÚDE Introdução, diagnóstico situacional, prioridades, estratégias, análise estratégica, programação, quadro de metas, conclusões Ascendente: gestores municipais → estaduais → federal e correspondentes conselhos e comissões intergestores Metas e intenções da gestão 3. QUADRO DE METAS Metas quantificadas por esfera de governo; base para elaboração dos relatórios de gestão Ascendente: gestores municipais → estaduais → federal e correspondentes conselhos e comissões intergestores Resumo do Plano destacando metas da agenda Gestão - Organização e Planejamento em Saúde REFERÊNCIAS 87 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 4. RELATÓRIO DE GESTÃO Correlação entre as metas, os resultados e a aplicação de recursos. Ascendente: gestores municipais → estaduais → federal e correspondentes conselhos e comissões intergestores Tópicos do Quadro de Metas demonstrados e justificados. Fonte: Ministério da Saúde – Portaria GM 548 de 12.04.2001. Conforme você pode observar pela exposição no Quadro 9, o sistema de fluxos - devido à natureza dos Instrumentos de Gestão do SUS - são sucessivamente descendentes e ascendentes, isto é, são elaborados e encaminhados ora subindo a hierarquia de direção do SUS (do municipal ao federal, ora descendo (do federal ao municipal) isto mantendo-se a contínua interlocução com os correspondentes conselhos de saúde e comissões intergestores. 7.2 Aperfeiçoamento do processo de Gestão e de Planejamento do SUS Devido ao aperfeiçoamento do Sistema de Planejamento e de Gestão do SUS, foram criados novos instrumentos de gestão e planejamento, segundo a necessidade e a capacidade técnica, administrativa, gerencial e mesmo política dos diversos gestores do SUS, ao longo do tempo e do espaço (Ministério da Saúde, 2002). Dessa forma, atualmente, foram incluídos outros dois instrumentos de Gestão que contribuem de forma qualitativa na melhoria do processo de Planejamento do SUS, ficando assim o novo elenco: • Agendas de Saúde; • Planos de Saúde; • Relatórios de Gestão; • Plano Diretor de Regionalização (PDR) e, • Programação Pactuada e Integrada (PPI). Esses instrumentos têm uma lógica nacional de funcionamento. A ideia é articular os diferentes níveis de governo no que diz respeito à atenção à saúde. Do Plano de Saúde, destaque-se o Quadro de Metas, que é a base para a elaboração do Relatório de Gestão. No primeiro, são realizadas as previsões físicas e financeiras, no segundo, avalia-se o cumprimento dos objetivos e das metas constantes do Quadro de Metas. A inovação se deu por conta da inclusão de outros instrumentos de gestão como é o caso primeiro do Plano Diretor de Regionalização (PDR). Esse novo instrumento fornece importantes subsídios para a elaboração do Plano Estadual de Saúde, pois objetiva, além da organização, regionalização e hierarquização da rede, garantir o acesso das pessoas a todos os níveis de complexidade indispensáveis ao atendimento integral das suas necessidades. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 88 Gerência em Saúde A segunda inovação no processo de Gestão e Planejamento SUS foi à inclusão do instrumento Programação Pactuada e Integrada (PPI). É por meio desta que se dá a efetividade à assistência, daquilo que foi definido no Pano Diretor de Regionalização. A partir das pactuações entre os gestores, são programadas as ações necessárias para que se atinjam os objetivos pactuados. Dessa forma, não se pode falar em Programação Pactuada e Integrada sem estabelecer uma relação direta com o Plano Diretor de Regionalização, que será a referência para pactuação da PPI entre os gestores estaduais e municipais. Assim, o entendimento é o de que a recomposição dos instrumentos de Gestão do SUS contribui para: • a estratégia de regionalização implantada pela Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS); • a articulação entre os diversos gestores do SUS, nas três esferas de governo; • o aprimoramento da qualidade e o monitoramento contínuo do desempenho dos gestores; • a tomada de decisão a partir de um diagnóstico analítico; e, • o fortalecimento da capacidade de planejamento e de organização dos sistemas estaduais, regionais e municipais de saúde. 7.3 Detalhamento e finalidade da utilização dos instrumentos de Gestão e Planejamento do SUS 7.3.1 Agenda de Saúde A Agenda de Saúde é um instrumento pelo qual o governo federal, estaduais e municipais estabelecem, justificam e detalham as prioridades da política de saúde. Cada gestor deve destacar e justificar os eixos prioritários de intervenção, os objetivos e os indicadores da política de saúde em cada esfera de governo em cada exercício. Cada instância de planejamento do SUS deve, por meio de seus órgãos de saúde, remeter ao respectivo conselho de saúde uma proposta de Agenda de Saúde, que, uma vez aprovada, constitui a primeira etapa do processo de planejamento da gestão da saúde. Vale lembrar a você que a Agenda de Saúde é um instrumento participativo, resultante da negociação e do consenso entre órgãos gestores, conselhos de saúde e comissões intergestores. As agendas são compostas pelo conjunto de eixos prioritários de intervenção, justificados e detalhados em objetivos e indicadores e, ao serem consolidadas e adaptadas em cada esfera de governo, comporão um processo de responsabilização progressiva e descendente, tendo por base as orientações de governo, os fóruns de saúde e as referências epidemiológicas e institucionais de cada esfera, sempre com a homologação do respectivo conselho de saúde. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 89 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 7.3.2Plano de Saúde e Quadro de Metas Tido como o mais importante instrumento de Gestão do SUS o Plano de Saúde, consolida, em cada esfera de governo, o processo de planejamento na área da saúde para um período de quatro anos. Ele compõe a base das atividades e da programação de cada nível de gestão do SUS. Seu conteúdo abrange intenções políticas, diagnósticos, estratégias e metas. Neles devem fazer constar as prioridades estabelecidas nas Agendas de Saúde e a previsão dos mecanismos necessários para a execução dessas prioridades. Na esfera estadual o Plano de Saúde também tem que considerar o que foi estabelecido no Plano Diretor de Regionalização do estado, uma vez que este é parte integrante do próprio Plano de Saúde. De acordo com a Lei federal de nº 8.080/90, a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios deverão, no que concerne à saúde, pautar-se pelos seus Planos de Saúde para a elaboração de suas respectivas propostas orçamentárias anuais (instrumentos de Administração Pública). A periodicidade dos Planos de Saúde é quadrienal, pois esses devem estar adequados ao horizonte de tempo da gestão em cada esfera de governo, sendo revistos anualmente em função das Agendas de Saúde e da Programação Pactuada e Integrada - PPI. Dentro do instrumento Plano de Saúde (nas três esferas de gestão) constará uma seção de suma importância no processo de planejamento que é o Quadro de Metas. A partir do Quadro de Metas será elaborado o Relatório de Gestão para a divulgação e avaliação dos resultados obtidos. O Quadro de Metas é elaborado anualmente na forma de planilhas, nas quais devem constar as metas físicas e financeiras das ações traçadas nas Agendas de Saúde e previstas nos Planos de Saúde, de forma a permitir a mensuração e o acompanhamento da execução das ações planejadas. O Quadro de Metas observará os mesmos prazos para elaboração e revisão dos Planos de Saúde. Dessa forma, para cada ano de vigência do Plano de Saúde, haverá um Quadro de Metas elaborado anualmente. Da mesma forma que os Planos de Saúde, os Quadros de Metas são elaborados de forma ascendente, mediante um processo de integração, adaptação e revisão crítica. O resultado desse processo passa a ser um compromisso entre as esferas de governo. Em seguida, ele incorpora ao fluxo dos Instrumentos de Gestão em Saúde e aos principais instrumentos de Administração e Planejamento Público dos governos federal, estaduais e municipais: Plano Plurianual (PPA): estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes, e para as relativas aos programas de duração continuada. Iniciativa: Poder Executivo. Periodicidade: quadrienal; Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): compreende as metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente. Orienta a elaboração da Lei Orçamentá- e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 90 Gerência em Saúde ria Anual, dispõe sobre as alterações na legislação tributária e estabelece a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Iniciativa: Poder Executivo. Periodicidade: anual; e Lei Orçamentária Anual (LOA): estima as receitas e fixa as despesas do governo, seus poderes, seus fundos, órgãos e entidade da administração direta e indireta, empresas das quais o poder público detenha direta ou indiretamente a maioria do capital com direito a voto. Iniciativa: Poder Executivo. Periodicidade: anual. Através da interação entre os Instrumentos de Gestão em Saúde e os Instrumentos de Planejamento do Governo (nas três esferas de gestão), é que se dará a efetividade da política de saúde. 7.3.3Relatório de Gestão A finalidade do Relatório de Gestão é apresentar a sistematização e a divulgação de informações sobre os resultados obtidos e sobre a probidade dos gestores do SUS. Funciona como prestação de contas, uma vez que estabelece correlação entre as metas, os resultados e a aplicação de recursos. Ele possibilita o acompanhamento da conformidade da aplicação dos recursos à programação aprovada, além de fornecer subsídios para a avaliação e para a confecção das Agendas de Saúde e, consequentemente, para a elaboração e revisão dos Planos de Saúde subsequentes. Dessa forma, ele tem a importante função de retroalimentar o sistema de planejamento em saúde. Os Relatórios de Gestão representam uma avaliação dos resultados obtidos em relação ao que foi programado nos Quadros de Metas. Assim como ocorre com os Planos de Saúde e o Quadro de Metas. Eles são elaborados também de forma ascendente a cada ano, sendo da competência do respectivo gestor do SUS realizar a tarefa. Depois de elaborado o Relatório de Gestão, ele deverá ser obrigatoriamente referendado pelos conselhos e comissões intergestores. 7.3.4Plano Diretor de Regionalização (PDR) O Plano Diretor de Regionalização (PDR) é parte integrante do Plano de Saúde estadual e tem como função organizar, de forma regionalizada e hierarquizada, a assistência à saúde, de modo a garantir o acesso da população a todos os níveis de complexidade dos serviços de saúde. Sua aprovação é baseada no processo de pactuação entre os gestores, sendo que a iniciativa do mesmo cabe às secretarias estaduais de saúde. A elaboração do PDR envolve processo de planejamento integrado, coordenado pela respectiva Secretaria Estadual de Saúde, que abrange um conjunto específico de municípios que comporão uma região de saúde do Estado. Dessa forma, o Estado será coberto por regiões de saúde, mapeadas Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 91 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes e organizadas, garantindo níveis adequados de resolução dos problemas de saúde da respectiva população abrangida. O Plano Diretor de Regionalização deve prever a organização dos Estados em módulos e microrregiões de saúde com níveis crescentes de complexidade dos serviços. Assim, determinados serviços de saúde não são mais pensados em uma lógica municipal, mas sim em um plano regional, o que permite ganhos de escala, acessibilidade, universalidade e sustentabilidade do custeio dos serviços de saúde mais complexos e mais caros. O Plano Diretor de Regionalização é fruto da pactuação entre os gestores municipais, coordenados pelo gestor estadual e servirá como subsídio para a elaboração da Programação Pactuada e Integrada (PPI), que garantirá a efetividade ao que foi pactuado. O Plano Diretor de Regionalização, que integra o Plano de Saúde Estadual, serve também como um subsídio para os Planos de Saúde Municipais, tendo em vista que para planejar as ações de assistência à saúde o gestor municipal tem que considerar a regionalização dos serviços de saúde no seu respectivo Estado. Principais objetivos do Plano Diretor de Regionalização: • aumentar a capacidade de gestão do SUS; trabalhar de acordo com as necessidades da saúde e não em função das pressões de oferta; • incrementar as relações cooperativas e complementares entre gestores do sistema, com melhor definição de responsabilidades e dos compromissos estabelecidos; • fortalecer os instrumentos de consolidação dos pactos entre gestores do sistema; e melhorar o acesso de todos os cidadãos a todos os níveis de atenção à saúde. Figura 25: Organização das Microrregiões na Assistência à Saúde Fonte: Ministério da Saúde, instrumentos de gestão em saúde, 2002. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 92 Gerência em Saúde O exemplo oferecido pela Figura 25 permite a você visualizar como se dá a estratégia de regionalização. A partir dela, são definidos os polos das microrregiões de saúde e as referências de saúde, tendo em vista o nível de complexidade e resolutividade exigidos. 7.3.5Programação Pactuada Integrada (PPI) A Programação Pactuada e Integrada (PPI) é o instrumento de gestão onde, com base no Plano Diretor de Regionalização, se programam as ações de saúde que serão realizadas, considerando que as prioridades já foram estabelecidas nas Agendas de Saúde e planejadas quando da elaboração dos Planos de Saúde. A PPI, por sua limitação, restringe-se a alguns aspectos e questões de interesse ou de responsabilidade compartilhada, que envolvem a fixação de critérios de alocação de recursos do SUS. Nelas são definidas as responsabilidades de cada gestor do sistema, de forma a garantir o acesso da população aos serviços de saúde, quer pela oferta existente no território de um município específico, quer pelo encaminhamento a um município de referência, mediante negociações prévias entre gestores municipais, mediadas pelo gestor estadual. Cada município deve elaborar uma programação das ações que irá executar para posteriormente negociar com os outros gestores a programação das ações que serão referenciadas, conforme a competência do referenciado e o nível de complexidade da demanda, definições previstas pelo PDR. Essa tarefa implica, para o gestor municipal, conhecer: as necessidades dos habitantes de seu município, a quantidade de usuários que serão atendidos no município, a quantidade de usuários encaminhados para o atendimento das referências em outros municípios, bem como conhecer as especialidades profissionais (médicas ou outras) e os recursos tecnológicos demandados. A demanda de solução em saúde prevista para fora do domicílio deverá ser programada e pactuada por meio da PPI, e terá reflexo direto nos limites financeiros que cada gestor do SUS contará. Principais objetivos da Programação Pactuada e Integrada: • estimular o processo de planejamento e programação integrada entre os gestores municipais e o gestor estadual, por intermédio de instâncias integradas de planejamento e de acordos; • orientar a organização do sistema de saúde e das redes de referência de caráter microrregional, regional ou estadual, de acordo com as necessidades identificadas; • explicitar os fluxos de referências intermunicipais, acordados entre os gestores, de forma a garantir o acesso de toda a população a todos os níveis de atenção; • orientar a alocação de recursos financeiros pela lógica das necessidades de saúde da população e de acordo com as prioridades estabelecidas pelos gestores, em detrimento da lógica de Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 93 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes alocação de recursos orientada pela oferta de serviços; • o rientar a alocação de recursos financeiros entre municípios, por meio da adoção de critérios claros e adequados de definição de limites financeiros, para custeio da assistência ambulatorial e hospitalar, em todos os municípios e da explicitação da parcela correspondente às referências intermunicipais pactuadas entre os gestores municipais. Conforme você pode observar a partir da representação oferecida nos fluxos da Figura 26, o processo de gestão, planejamento e controle do SUS é interativo e integrado, permitindo ainda, se necessário, ajustes pontuais, em função do processo de retroalimentação. Figura 26: Fluxo de interação entre Agendas de Saúde, Planos de Saúde, Relatórios de Gestão, Plano Diretor de Regionalização e Programação Pactuada Integrada. Fonte: Ministério da Saúde, instrumentos de gestão em saúde, 2002. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 94 Gerência em Saúde 7.4 Considerações Finais Espera-se que você possa ter revisto seus conceitos sobre o que é e como se processa a administração. A partir dos conceitos, princípios, técnicas, instrumentos e práticas oferecidos a você neste material, acredita-se que terá agora maiores condições para experimentações próprias nesse campo. Não hesite, prossiga! Em termos da administração de saúde, conforme percebido por você, não há de fato muitas divergências entre o que se preconiza para a organização privada e para as públicas. Decerto é que há peculiaridades na organização pública que requerem aparatos, métodos e técnicas específicos, quase sempre orientados por dispositivos legais. De qualquer sorte o que se espera do gestor público ligado à saúde, assim como nas demais áreas, é que ele, investido da competência técnica e habilidades, não percam de vista os princípios constitucionais de conduzir-se gerindo para prover soluções de interesse público com base na “legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, Art. 37). Isso porque o que é público é comum, de todos e, cuidar do interesse coletivo, como requer à saúde pública, por exemplo, pressupõe não só dotar-se de competência e habilidades técnicas propiciadas pela administração, mas sim, ter a consciência de que ela tem que ser gerida para a garantia de sua universalidade e equidade. Resumo Nesta aula, você aprendeu: • Sobre a Agenda de Saúde e de seus elementos constitutivos; • Sobre a importância da Agenda de Saúde para a Gestão e Planejamento do SUS; • Sobre quais aspectos o processo de Gestão e Planejamento do SUS evoluiu desde sua criação; • Sobre como são operados os Fluxos de Planejamento e Gestão do SUS; • Sobre a Constituição dos instrumentos de Planejamento e Gestão do SUS. Atividades de aprendizagem a) Revisão 1. O que é a Agenda de Saúde e para que ela foi criada? 2. Quais são os atuais elementos constitutivos da Agenda de Saúde? Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 95 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 3. Por que o Plano de Saúde + o Quadro de Metas são a base do processo de Planejamento e de Gestão do SUS? 4. Qual instrumento referencia a elaboração do Relatório de Gestão em Saúde e por quê? b) Atividade de campo: 1. Investigue, junto à Secretaria de Saúde do seu município a qual microrregião de saúde seu municio está vinculado e por quê? 2. Avalie como foi definido o PDR de sua região. 3. Tente obter uma cópia do Plano de Saúde e Relatório de Saúde da Gestão anterior à atual e adentre por ele. 4. Compare o que foi previsto com o que foi planejado no último ano de vigência e veja as discrepâncias. 5. Consulte o Gestor local e peça a ele para informar como se dá a PPI local. 6. Faça uma análise geral sobre o que ainda precisa melhorar em termos da Atenção e Prestação de Serviços aos cidadãos do seu município e discuta em sala com os colegas, assessorado pelo professor tutor. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 96 Gerência em Saúde Referências ABREU JR. Juventino Ruas de. Apostila do curso de capacitação em gestão de sistema e serviços de saúde – Programa PROHOSP/Unimontes/Centro de Ensino Médio e Fundamental, 2006. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. O SUS no seu município: garantindo saúde para todos. 2ª Ed. Brasília – DF: Editora Ministério da Saúde, 2010. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. 3ª Ed. Brasília – DF: Editora Ministério da Saúde, 2009. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n° 548/GM de 12 de abril de 2001. Ministério da Saúde. Fonte: WWW.saúde.gov.br. Acesso em 17.12.2010. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instrumentos de gestão em saúde. Brasília – DF: Editora Ministério da Saúde, 2002. BRASIL, CONSTITUIÇÂO (1998). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2007. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. CASTOR, Belmiro Valverde Jobim. Estratégias para a pequena e média empresa. São Paulo: Atlas, 2009. CHIAVENATTO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 2ª Ed. São Paulo: Campus, 1999. COSTA, Eliezer Arantes da. Gestão estratégica: da empresa que temos para a empresa que queremos. 2ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2007. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa século XXI. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001. HAMPTON, David R. Administração contemporânea: teoria, prática e casos. 3ª Ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1992. HOSKISSON, Robert E. et. all. Estratégia competitiva. 2ª ed. São Paulo: Cencage Learning, 2009. KOOGAN, Abrahão; HOUAISS, Antônio. Encicoplédia e dicionário ilustrado. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1994. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 9ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. LUZIO, Fernando Franco. 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Professora do Mestrado de História – Unimontes e Coordenadora do Curso de Ciência Econômicas da Unimontes Juventino Ruas de Abreu Júnior Administrador, Especialista em Psicologia do Trabalho e Desenvolvimento Organizacional pela UNB; tem Mestrado em Mercadologia e Administração Estratégica Pela UFMG, sendo ainda doutorando em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como docente na Graduação nos conteúdos de Teoria da Administração e das Organizações; Organização e Métodos; Planejamento e Gestão Estratégica; Empreendedorismo e Planejamento de Marketing. Na Pós-Graduação atua nas áreas de Planejamento e Gestão Estratégica, Administração e Planejamento de Marketing e, Gestão e Planejamento público. Na área de Saúde foi professor no conteúdo de Gestão e Planejamento Estratégico em Saúde e tutor para elaboração do Relatório de Saúde no curso de Capacitação PHOHOSP-MG/ Unimontes/2006. Como Profissional Administrador Já ocupou os Cargos de Coordenador de Modernização e Desenvolvimento, e de Pró-Reitor de Planejamento Gestão e Finanças na Unimontes e de Consultor da CONSPLAN – Consultoria Planejamento e Gestão S/C Ltda., tendo atuado em parceria com o SEBRAE-MG. Desde 1993 é professor da Educação Superior no Departamento de Ciências da Administração na Unimontes. Gestão - Organização e Planejamento em Saúde 99 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 102 Gerência em Saúde