ORIENTAÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO DE REDES Organização Secretaria de Estado da Criança e da Juventude Thelma Alves de Oliveira Aline Pedrosa Fioravante Juliana Biazze Feitosa Rebeca Gualda Michelato Cardoso Ticyana Begnini Curitiba 2010 ORIENTAÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO DE REDES Versão Preliminar Direitos reservados desta edição por Secretaria de Estado da Criança e da Juventude Rua Hermes Fontes, 315. Batel. Curitiba - PR 80060.160 Fone: (41) 3270-1000 www.secj.pr.gov.br Organização Secretaria de Estado da Criança e da Juventude Thelma Alves de Oliveira Aline Pedrosa Fioravante Juliana Biazze Feitosa Rebeca Gualda Michelato Cardoso Ticyana Begnini Colaboração Carmen Regina Ribeiro Katia Margarete Ferreira da Rosa Larissa Marsolik Tissot Paula Cristina Calsavara Regina Bergamaschi Bley Samanta Krevoruczka Capa Mariana Baggio Diagramação Artes e Textos Impressão Imprensa Oficial Dados internacionais de catalogação na publicação Bibliotecária responsável: Mara Rejane Vicente Teixeira Orientações para implementação de redes. Versão preliminar. / organização: Thelma Alves de Oliveira, Curitiba, PR : Secretaria de Estado da Criança e da Juventude, 2010. 56 páginas. 30 cm. ISBN – 978-85-63558-01-5 Inclui bibliografia 1. Crianças e violência - Brasil. 2. Adolescentes e violência - Brasil. 3. Direitos das crisnças - Brasil. 4. Direitos dos adolescentes - Brasil. I. Oliveira, Thelma Alves de. CDD (22ª ed.) 362.7044 ORLANDO PESSUTI Governador do Estado NEY CALDAS Secretário Chefe da Casa Civil THELMA ALVES DE OLIVEIRA Secretária de Estado da Criança e da Juventude e Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente ALINE PEDROSA FIORAVANTE Coordenadora de Ações Protetivas da Secretaria de Estado da Criança e da Juventude CONSELHO ESTADUAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – CEDCA/PR MANDATO 2010-2011 Thelma Alves de Oliveira Presidente Luciano Antônio da Rosa Vice-Presidente CONSELHEIROS TITULARES E SUPLENTES Conselheiros Titulares Conselheiros Suplentes Ires Damian Scuzziato Centro Comunitário e Social Dorcas Rejane Marlene Linck Neumann Centro Comunitário e Social Dorcas Hélio Cândido do Carmo Guarda Mirim de Foz do Iguaçu André dos Santos Guarda Mirim de Foz do Iguaçu Ana Paula Ribeirete Baena Ass. Hospitalar de Proteção à Infância Dr Raul Carneiro – Hospital Pequeno Príncipe Ety Cristina Forte Carneiro Ass. Hospitalar de Proteção à Infância Dr Raul Carneiro – Hospital Pequeno Príncipe Amanda Sawaya Novak Ass. Brasileira de Educação e Cultura ABEC Francisco Antônio Monteiro Lemos Ass. Brasileira de Educação e Cultura - ABEC Janaína Fátima de Souza Rodrigues Fundação Iniciativa Patrícia Xavier Silva Fundação Iniciativa Zelinda Zangiski Instituto Salesiano de Assistência Jane Pereira da Silva Instituto Salesiano de Assistência Jacqueline Marçal Micali Instituto Leonardo Murialdo Mariana Virgínia Meurer Instituto Leonardo Murialdo Gleyson Fernandes Reis Lar Sagrada Família Valéria Claudino do Nascimento Lar Sagrada Família Luciano Antonio da Rosa Ass. De Conselhos Tutelares da Regional de Campo Mourão - ACONTURCAM Zilda Inglez Modena Ass. De Conselhos Tutelares da Regional de Campo Mourão - ACONTURCAM Maestelli Menezes Médici Ass. De Proteção à Maternidade e a Infância – APMI de Mamborê Nadir Aparecida da Silva Fantin Ass. De Proteção à Maternidade e a Infância – APMI de Mamborê Luciane Fernandes Vieira Entidade Assistencial Casa de Passagem Filhos de Deus Heron Vieira Oleano Entidade Assistencial Casa de Passagem Filhos de Deus Micheli de Almeida Vieira Instituto Educacional Dom Bosco Márcia Izabel Jacomel Instituto Educacional Dom Bosco Aramis Chagas Borges Casa Civil Álvaro Miguel Rychuv Casa Civil Solange Maria Rodrigues Cunha Secretaria de Estado da Educação - SEED Sandro Cavalieri Savóia Secretaria de Estado da Educação - SEED Tamára Enke Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania SEJU Sônia Alice Felde Maia Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania SEJU Daniel Aníbal Fresia Schorr Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral - SEPL Rosita Márcia Wilner Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral - SEPL Nicéia Brandão Lemes Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social - SETP Carmen Cristina P. S. Zadra Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social - SETP Márcia Tavares dos Santos Secretaria de Estado da Segurança Pública SESP Ana Cláudia Machado Secretaria de Estado da Segurança Pública SESP Cláudio Benito Antunes Ribeiro Paraná Esporte Cláudia Luciane Zanetti Paraná Esporte Silmara Cristina Sartori Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - SETI Edemir Reginaldo Maciel Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - SETI Cleonice Miranda Secretaria de Estado da Cultura - SEEC Elizabete Turin dos Santos Secretaria de Estado da Cultura - SEEC Thelma Alves de Oliveira Secretaria de Estado da Criança e da Juventude - SECJ Aline Pedrosa Fioravante Secretaria de Estado da Criança e da Juventude - SECJ Ângela Cristina Pistelli Secretaria de Estado da Saúde - SESA Sidneya Marques Secretaria de Estado da Saúde - SESA Marcelo Alvarenga Panizzi Assembléia Legislativa do Paraná - ALEP Márcia Tavares dos Santos Secretária Executiva SUMÁRIO PALAVRA DA SECRETÁRIA . ...........................................................................9 PREFÁCIO .........................................................................................................11 1. A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA NO DECORRER DA HISTÓRIA 1.1 Ser criança e adolescente . ........................................................................13 1.2 Aspectos históricos da atenção à infância e adolescência ........................15 1.3 As políticas públicas para a Infância e a Juventude .................................16 2. CONSIDERAÇÕES SOBRE REDES DE PROTEÇÃO 2.1 Concepções e definições . .........................................................................19 2.2 Principais características da rede . ............................................................20 2.3 Motivação para o trabalho em rede...........................................................20 2.4 Pontos da Rede..........................................................................................21 3. CONSTITUIÇÃO DE REDES DE PROTEÇÃO 3.1 Detalhamento dos passos para a Formação de Redes ..............................25 3.1.1 Diagnóstico Participativo ......................................................................25 3.1.2 Mobilização ...........................................................................................26 3.1.3. Composição da Rede de Serviços .......................................................27 3.1.4. Composição das Comissões Regionais ou Municipais.........................28 3.1.5 Papéis e responsabilidades dos atores da rede . .....................................29 3.1.6 Conquista de Adesão Política ...............................................................36 3.1.7 Fluxo de comunicação e informação . ...................................................36 3.1.8 Qualificação dos profissionais ...............................................................37 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................43 5. ALGUMAS FONTES IMPORTANTES PARA O FORTALECIMENTO DAS REDES DE PROTEÇÃO ............................45 REFERÊNCIAS .................................................................................................55 PALAVRA DA SECRETÁRIA É com grande satisfação que em nome de nossa equipe e dos companheiros parceiros das ações de formação de redes de proteção de crianças e adolescentes lançamos a presente publicação. Ao cumprir parte de sua competência institucional, a Secretaria de Estado da Criança e da Juventude tem adotado a produção e sistematização de conhecimento como uma de suas linhas de ação. Fruto de estudos, reflexões e aprendizados a partir da prestação direta de serviço ou da articulação de políticas públicas. Tais publicações buscam organizar um conjunto de informações a serem utilizadas como subsídios ao Programa de Formação Continuada dos Atores do Sistema de Garantia dos Direitos e também como instrumentos concretos de trabalho cotidiano dos profissionais que atuam nesta área. O presente material reflete parte da trajetória percorrida para constituir e fortalecer “redes de proteção de crianças e adolescentes” em movimentos de articulação das esferas estadual e municipal, assim como dos setores da saúde, educação, assistência social, segurança pública e garantia dos direitos das crianças e adolescentes, entre outros. Tudo isso para potencializar as ações de enfrentamento à violência contra criança e de combate ao trabalho infantil, assim como aquelas de redução de riscos e violações de direitos. A partir deste movimento está sendo possível compartilhar alguns significados aprendidos sobre como trabalhar em rede: a) significa o reconhecimento das incompletudes institucionais e não das ausências e omissões; b) significa a solidariedade político-social no lugar do ganha-ganha neoliberal; c) a capacidade de absorção das diferentes óticas e não o confronto de leituras e entendimentos; d) significa a visão do todo e não a soma das partes; e) a habilidade em se estabelecer acordos e consensos e não as vaidades setoriais; enfim, o desenvolvimento conjunto, a colaboração mútua, e, acima de tudo, significa a construção de um modo de intervir de forma coletiva, consequente e co-responsável. Assim, trabalhar em rede é um meio potente, todavia o fim está em promover cidadania de nossas crianças e adolescentes. Hoje como realidade concreta e formadora. Amanhã como destino das gerações. Sendo assim, sistematizar conhecimento sobre o trabalho em rede além de contribuir com a atuação dos profissionais do SGD, num primeiro plano, resgata a noção de colaboração e inspira um novo modo de ser e fazer política pública e de construir futuros. Sigamos em frente, pois há muito ainda a se fazer e acontecer. Thelma Alves de Oliveira Secretária de Estado da Criança e da Juventude e Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente Orientações para implementação de redes 9 PREFÁCIO Tratar a violência no âmbito das Políticas Públicas de alcance social e não apenas na esfera da segurança pública é uma prática recente e que ainda se debate entre propostas e metodologias, muitas vezes, antagônicas entre si. A tarefa é complexa e começa pela necessidade de reconhecer e diferenciar as várias formas de manifestação da violência na sociedade, identificando os principais atores envolvidos tanto na posição de vítimas como de ofensores, bem como, suas causas e sua gênese. “A violência das ruas, dos assaltos, dos roubos, do tráfico de drogas, do crime organizado, que está estampada diariamente na mídia, oferece maior ou menor risco às pessoas dependendo do lugar onde moram e circulam, da condição social e de gênero, da idade. Os dados apontam os homens jovens, negros, de baixa escolaridade, como as principais vítimas deste tipo de violência. No entanto, uma das manifestações menos visíveis, mas não menos penosas da violência é aquela que acontece dentro das casas, no seio das famílias, afetando as relações familiares e atingindo seus membros mais frágeis – as crianças e os adolescentes.” 1 De acordo com os dados dos Conselhos Tutelares do Paraná referentes a 20062, foram registradas 55.646 violações de direitos contra crianças e adolescentes, o que significa 152 casos registrados, em média, por dia. Em 41,63% dos registros o direito violado refere-se à convivência familiar e comunitária, sendo a inadequação do convívio familiar e a ausência deste convívio, os principais motivos. Em segundo lugar, em ordem de importância, com 25% dos casos, estão as violações ao direito à liberdade, respeito e dignidade e com 23,74% o direitos de acesso à educação, cultura, esporte e lazer. Dessa forma, pode-se afirmar que o agente violador é, principalmente, a família e a administração pública. Sabe-se que o que chega ao Conselho Tutelar é apenas uma pequena parte do que de fato acontece na realidade. Assim, pode-se estimar uma proporção muito maior de crianças e adolescentes que necessitam de proteção. Este é o primeiro desafio a ser enfrentado, romper com a invisibilidade, com a “lei do silêncio”, sem cometer uma nova violência, sem expor crianças, adolescentes e suas famílias, sem estigmatizar. O que se busca é proteger a criança e o adolescente e oferecer condições para que as relações familiares possam se recompor e a casa seja o lugar que oferece segurança, dignidade e respeito a todos os seus membros. 1 Rede de Proteção às Vítimas de Violência Doméstica – Crianças, Adolescentes, Mulheres e Idosos. Volume I. Manual de Atendimento. Piraquara. 2007 2 SIPIA/NBB/MJ Paraná. 2006 Orientações para implementação de redes 11 A proposta de implantação das Redes de Proteção responde à necessidade de intervenção positiva na gênese da violência, especialmente daquela que se pratica dentro das casas e das instituições, e que tem na criança e no adolescente suas vítimas preferenciais. A utilização da expressão – Rede - traz uma idéia muito forte de tessitura, de articulação, de integração, de pontos que se interconectam. Serviços isolados não formam uma rede. Falar em rede implica em colocar em prática conceitos há muito difundidos como a intersetorialidade e a transetorialidade, mas pouco vivenciados pelas organizações sociais. Tais organizações, tanto governamentais como não governamentais são estruturadas e agem, na maioria das vezes, de forma setorizada, refletindo “as clausuras das disciplinas”. Tal aparato governamental é todo fatiado por conhecimentos, por saberes, por corporações.”3, Entender as pessoas e as famílias como totalidades e seus problemas como reflexo das condições reais de vida e de inserção no espaço social é o ponto inercial para a condução de uma nova dinâmica para o trabalho social, para a valorização de metodologias que propiciem a integração de saberes, a interconexão de serviços para traçar estratégias de atuação conjunta. Tão importante quanto contar com recursos, implantar novos serviços, contratar equipes é saber para onde caminhar, é ter uma metodologia de atuação que seja capaz de dar conta da complexidade social da realidade com a qual se propõe a atuar e a impactar positivamente. Pensar em rede, trabalhar em rede é a possibilidade de romper a inércia do trabalho e das organizações piramidais e burocráticas e se aproximar da complexidade real da dinâmica dos grupos sociais que requerem a atuação de educadores, psicólogos, assistentes sociais, profissionais da saúde, da segurança pública, dos operadores do direito. O presente documento fundamenta conceitos e sugere caminhos para a construção de redes de serviços, porém, a principal ferramenta que os profissionais dispõem para este empreendimento é a sua capacidade de articulação e sua disposição em alargar os limites institucionais na perspectiva da inclusão e do acolhimento. Carmen Regina Ribeiro4 Socióloga Consultora em Políticas Públicas 3 Inojosa, Rose Marie. Sinergia em políticas e serviços públicos: desenvolvimento social com intersetorialidade. Cadernos FUNDAP nº 22, 2001. p.103. 4 Consultora na Revisão do Plano Estadual de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes no ano de 2010 12 Orientações para implementação de redes 1. A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA NO DECORRER DA HISTÓRIA 1.1 Ser criança e adolescente Historiadores revelam que até o século XVIII a criança não era reconhecida como um sujeito que possuía peculiaridades que a diferenciavam dos adultos, sendo entendida como um “adulto em miniatura”. Anteriormente à modernidade inexistia um sentimento ou uma consciência da diferença da criança diante do adulto. De acordo com Philippe Ariès, é mais provável que não houvesse lugar para a infância nas sociedades antigas. O fato é que até o século XII a infância era desconhecida, ou não representada. Ao longo dos séculos XV e XVI e, mais precisamente, durante o século XVII, foram surgindo representações de crianças na pintura e literatura. O retrato refletia o espaço que a criança ganhava na consciência social e o surgimento de um sentimento novo da sociedade para com ela. Foi nesse século também que os retratos de família “tenderam a se organizar em torno da criança, que se tornou o centro da composição” (ARIÉS, 2006, 65). As imagens das crianças celestes, angelicais e endeusadas foram sendo superadas pelas imagens de crianças reais, históricas, com determinadas feições, com vestimentas específicas e com identidades particulares (OLIVEIRA, 1989). Assim, a partir do século XVII, a sociedade passa a consolidar essa trajetória da infância, reconhecendo, primordialmente, a condição da criança das classes dominantes. A criança passa, então, a existir como objeto de conhecimento e de afeto e a ser pensada a partir de alguns referenciais, tais como: improdutividade, irresponsabilidade, fragilidade, dependência, inocência, ternura, vulnerabilidade, alheamento à problemática das relações sociais e políticas etc. (OLIVEIRA, 1989). Orientações para implementação de redes 13 Todavia, as autoras Boarini e Borges (1998), enfatizam que essa nova mentalidade diante da criança não aconteceu por obra do acaso; adveio das transformações sociais inerentes ao modo de produção capitalista. Nessa nova organização social, descobre-se a criança enquanto força de trabalho. Mas será que esse modelo de infância ainda persiste? E a criança das classes populares? Ela chegou a integrar esse “projeto moderno” de infância? Se tomarmos como base a prática histórica do trabalho precoce, perceberemos que o papel da infância como sinônimo de fragilidade, dependência, improdutividade etc., é reconhecido apenas nas classes dominantes, embora a rigor de lei a idéia de infância também tenha sido historicamente reconhecida para todas as crianças das classes populares (Boarini e Borges,1998). A partir do apontamento desse paradoxo, as autoras nos revelam o quanto ainda é um desafio garantir a proteção integral a todas as crianças e adolescentes. No que se refere à adolescência, um dos pioneiros a realizar um trabalho voltado para esta população, segundo Nérici (1969), foi o psicólogo americano Stanley Hall, que tentou sistematizar os principais problemas da adolescência. Ele a caracterizava como um estágio de transição e turbulência na humanidade, marcado por conflito e tensões, resultantes da interação de fatores biológicos e ambientais. Além de Stanley Hall, outros estudiosos apresentaram também uma importante contribuição acerca do conhecimento sobre o adolescente, dentre eles: Debesse, Charlotte Buhler, Spranger, Vermeylen, Garrison Gemello, Gesell e Freud, entre outros. Ao analisarmos os estudos existentes, observamos que as diferentes teorias psicológicas sobre a adolescência ainda a caracteriza como uma etapa conflituosa, natural e necessária para o desenvolvimento. Entretanto, cabe enfatizar que a teoria sóciohistórica trouxe uma grande contribuição ao não considerá-la como uma fase natural do desenvolvimento, mas sim como uma criação histórica da humanidade construída a partir de necessidades dos grupos sociais. Compreender a adolescência como uma construção histórico-social implica pensála como um conceito plural, dinâmico e variável segundo a classe social, a religião, a etnia, o gênero, etc. Precisamos transcender a visão romântica, marcada por comportamentos típicos estereotipados, que não representa de fato o adolescente concreto, com o qual nos deparamos (OLIVEIRA; EGRY, 2008). Por fim, ao pensarmos a adolescência, segundo Herrán (1997), precisamos dirigir o olhar para: superar a tentação de unir velhos modelos a novos dados, muitas vezes contraditórios; ultrapassar as propostas que ressaltam o caráter de crise, não representativo da maioria dos adolescentes; estudar a adolescência interligada com outras fases da vida como um contínuo e não necessariamente interrompida de forma radical e romper o caráter de passagem crítica, ritualista e fornecer progressivamente conhecimento, habilidades e técnicas que ajudem o jovem a atender e assimilar suas próprias mudanças. 14 Orientações para implementação de redes 1.2 Aspectos históricos da atenção à infância e adolescência A partir do século XX, as crianças e adolescentes que necessitavam da intervenção do Estado para sobreviverem e terem assegurado seus direitos fundamentais foram nomeadas, até o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), como MENORES. Eram considerados menores, os jovens filhos de famílias trabalhadoras de baixa renda que se encontravam em situação de risco (autores de infração penal, crianças com desvio de conduta, vítimas de maus-tratos, abandonados, portadores de deficiências). A história da política social brasileira de atendimento à criança e ao adolescente em situação de risco inicia-se no final do século XIX e início do século XX, sendo o ano de 1693 marcado pela demonstração oficial de proteção à infância (PEREIRA, 2008). Neste período, o Governador Antônio Paes de Sane alerta o Rei sobre a situação de abandono de crianças e adolescentes na cidade do Rio de Janeiro e este determina que a Câmara tome providências com o intuito de protegê-los. Alegando falta de recursos, esta por sua vez recorre à Santa Casa, que já acolhia as crianças deixadas em sua porta e os órfãos de falecidos, nas enfermarias. Na revisão literária de Pereira (2008), há o destaque para outra medida tomada como tentativa de acolher estas crianças abandonadas e negligenciadas no fim do século XIX: a criação da roda dos expostos idealizada por Romão de Mattos Duarte. A primeira roda dos expostos foi instalada no ano de 1811 no corredor do trem, próximo a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Tratava-se de uma grande roda giratória para recolher crianças abandonadas, sem a necessidade de seus responsáveis se identificarem. Ao serem depositadas na roda as crianças eram cuidadas, inclusive amamentadas por amas de leite, sob a supervisão de uma profissional regente. Para Pereira (2008), a partir do final século XIX, começam a ocorrer mudanças estruturais na assistência à infância. Primeiramente, o pobre vai deixando de ser propriedade exclusiva e instrumento de poder da Igreja Católica, por meio do surgimento da filantropia. Esta se desatrela da caridade, transforma-se em uma política de assistência que objetiva não mais a esmola, mas sim a reintegração social dos DESAJUSTADOS. Com o retorno da intervenção do Estado no espaço social, no século XX, verifica-se o aparecimento de um novo modelo de assistência à infância, embasado na ciência, principalmente na medicina, no direito e na pedagogia. A assistência caritativa, religiosa começa a ceder espaço a um modelo de assistência calcado na racionalidade científica onde o método, a sistematização e a disciplina têm prioridade sobre a piedade e o amor cristão (RIZZINI, 1990 p. 80). Gomide (1998) aponta que a atenção à infância pode ser dividida, pelo menos em três fases. Até o começo do século XX os programas de assistência ao MENOR estavam sobre a responsabilidade da assistência médica. As ações voltavam-se para os ensinamentos sobre a higienização. O foco era a garantia do bem estar e da saúde. A segunda fase ocorre a partir da promulgação do primeiro Código de Menores em 1927, período caracterizado pela criação de colônias correcionais para a reabilitação de delinquentes e abandonados. A terceira fase advém com a criação do Serviço de Assistência aos Menores (SAM) e, posteriormente, a Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (FUNABEM), momento em Orientações para implementação de redes 15 que o Estado assume a tutela do MENOR ABANDONADO OU INFRATOR. A política de atendimento passa a ter um caráter assistencialista, e neste período surgem as FEBEMS estaduais. O Código de Menores (Código Mello Mattos), segundo as autoras Pereira e Mestriner (1999), reafirma práticas de segregação e confinamento e coloca o juiz de direito como autoridade máxima na solução de conflitos. Em 1975, a partir da lei 6.697/79, este Código passa por atualizações, todavia, mantém a concepção de “anormalidade” atrelada ao menor infrator, criando-se a figura do chamado MENOR EM SITUAÇÃO IRREGULAR. Enquadrava-se nesta condição autores de infração penal, crianças com desvio de conduta, vítimas de maus-tratos e em situação de vulnerabilidade social. Com a revisão do Código de Menores criou-se regras de competências que definiam as atribuições do juiz e do Ministério Público. Nota-se ainda uma ampla discricionariedade do poder do juiz na condução do processo e restrição de garantias processuais aos menores. Ainda, conforme as autoras supracitadas, é na década de oitenta que emergem os movimentos sociais em defesa dos direitos da criança e do adolescente liderados pela população, estudantes, intelectuais e entidades. Dentre eles destaca-se o Movimento dos Meninos e Meninas de Rua. A mobilização popular resultou no desenho de uma nova política de atenção à criança e ao adolescente e a ruptura da Doutrina da Situação Irregular. Em 13 de julho de 1990 aprova-se o Estatuto de Criança e do Adolescente, sustentado pela DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL que afirma o valor da criança e do adolescente como ser humano e o respeito a sua condição peculiar de desenvolvimento, transformando crianças e adolescentes em sujeitos destinatários de proteção integral por parte da família, da sociedade e do Estado. Concomitantemente ao surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Brasil ratifica a Convenção sobre os Direitos da Criança, promulgada pelas Nações Unidas, e a criança passa a ter PRIORIDADE ABSOLUTA no acesso às políticas públicas. A Convenção sobre os Direitos da Criança tornou-se um importante instrumento de proteção dos direitos humanos das crianças e dos adolescentes, uma vez que superou, definitivamente, concepções que os colocavam como OBJETO de intervenção da família, do Estado e da sociedade e estabeleceu obrigações diferenciadas para estas instâncias (BRASIL, 2005). Com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente a criança e o adolescente recebem o legado de SUJEITOS DE DIREITOS, entretanto, a travessia da condição de menor para a de sujeito de direitos, conforme ressalta Ozella (2003) requer um processo de construção, desconstrução e reconstrução das relações sociais e políticas. 1.3 As políticas públicas para a Infância e a Juventude Estudos apontam que as Guerras Mundiais deflagraram a necessidade de se proteger à infância, entretanto, até a década de 80, as ações práticas e políticas se ancorava na Doutrina da Situação Irregular. Nota-se que ela se transforma em política pública, no Brasil, com a Promulgação da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990. 16 Orientações para implementação de redes A partir deste período, a criança e o adolescente adquirem o legado de sujeitos de direitos, que requerem um atendimento integral que considere suas potencialidades e vulnerabilidades. É na esfera das políticas públicas que consolida-se o papel do Estado na promoção, proteção e defesa dos direitos universais. Estas se sustentam na Doutrina da Proteção Integral, que em seu escopo formula respostas frente à violação de direitos, conferindo um lugar mais efetivo para as crianças e adolescentes nas relações de cidadania. Essa doutrina é expressa com clareza pelo artigo 227 da Constituição da República que estabelece como dever da família, da sociedade e do Estado de assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988). Neste sentido, podemos compreender o papel das políticas públicas na superação da condição de vulnerabilidade de crianças e jovens em suas famílias. Para tanto, precisamos reconhecê-los segundo uma perspectiva dupla, na qual eles seriam, por um lado, receptores de serviços públicos que buscassem enfrentar a equação desigualdades sociais e exclusão social; e, por outro lado, atores estratégicos no desenvolvimento de sociedades mais igualitárias e democráticas (ABRAMOVAY, 2002). É preciso deixar demarcado que a criança e o adolescente são competentes e têm capacidade de formular interpretações da sociedade, sobre o outro e sobre si. As políticas públicas precisam adotar uma perspectiva que privilegie a formação da criança, enfatize o desejo, à vontade dos jovens e que facilite suas participações na elaboração, aplicação e avaliação de políticas públicas. Conforme Abramovay (2002) em recente publicação da UNESCO, sobre projetos sociais bem sucedidos envolvendo jovens em situação de vulnerabilidade social, o protagonismo juvenil aparece como importante contraponto à violência e exclusão social. Ele é parte de um método de educação para a cidadania que privilegia o desenvolvimento de atividades em que o jovem ocupe uma posição de centralidade, onde sua opinião e participação são valorizadas. Observou-se que tal metodologia contribuiu para dar-lhes sentidos positivos e para a construção de novos projetos de vida, ao mesmo tempo em que os conduziram à reconstrução de valores éticos, como os de solidariedade e responsabilidade social. Por fim, entendemos que a proteção às crianças e aos adolescentes é assegurada mediante ações de garantia de direitos embasadas em uma perspectiva integrada e articulada que se materializa por meio da consolidação de uma rede de proteção formada entre as esferas de governo, os diversos setores organizados da sociedade e as demais políticas intersetoriais. Orientações para implementação de redes 17 2. CONSIDERAÇÕES SOBRE REDES DE PROTEÇÃO 2.1 Concepções e definições A idéia de trabalho em rede é amplamente difundida na atualidade, porém as concepções sobre esta metodologia de trabalho e sobre o conceito de redes de proteção são diversificados. A seguir, apresentaremos as concepções e definições que estão alinhadas com as diretrizes da Política Estadual de Promoção, Proteção e Defesa de Direitos de Crianças e de Adolescentes. O termo rede tem sido frequentemente utilizado para designar as articulações entre indivíduos, organizações, cidades, estados ou países. Redes traduzem a idéia de interdependência, reciprocidade e complementariedade. O Comitê Nacional de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual Comercial tem compreendido a rede como um padrão operacional que prima pela descentralização na tomada de decisões, democracia, flexibilidade, dinamismo de sua estrutura, alto grau de autonomia de seus membros e horizontalidade das relações entre seus membros (BRASIL, 2006). A rede sugere uma teia de vínculos, relações e ações entre indivíduos e organizações. Ela é um espaço aberto ao pluralismo de idéias e à diversidade cultural. Neste espaço se produz uma visão compartilhada da realidade, se articulam diferentes tipos de recursos e Orientações para implementação de redes 19 se conduzem ações de forma cooperada. Deste modo, a Rede de Proteção não pressupõe um novo conceito ou um novo serviço, mas sinaliza a necessidade de uma concepção que valoriza a integração e a intersetorialidade. “Ampliar parceiros, envolver instituições governamentais e não governamentais e a comunidade são algumas diretrizes que norteiam a Rede de Proteção” (BRASIL, 2006, p.16). 2.2 Principais características da rede A seguir, destacamos características que, segundo nosso entendimento, são centrais para o trabalho em rede. Dinamismo: A rede é uma estrutura flexível, dinâmica e em movimento. Ela é multifacetada. Cada retrato da rede, tirado em momentos diferentes, revelará uma face nova; existir; Participação: A cooperação é a que a faz funcionar, sem participação ela deixa de Horizontalidade: A rede não possui hierarquia e nem chefia. A liderança provém de muitas fontes e pode variar conforme o momento ou o tipo de ação; Múltiplas composições: Uma rede pode se desdobrar em múltiplos segmentos autônomos (sub-redes), capazes de operar independentemente do restante da rede, de forma temporária ou permanente, conforme a demanda ou a circunstância. 2.3 Motivação para o trabalho em rede De modo geral, as pessoas só vêem a rede, no sentido da percepção ou até mesmo da compreensão do pertencimento, quando precisam dela. Ela emerge e é tencionada quando identificamos um problema e a acionamos. As organizações se articulam em rede, em geral, quando reconhecem que não podem alcançar determinados objetivos de forma isolada e necessitam somar seus esforços e recursos para se fortalecerem, complementaremse, agregarem experiência e legitimidade. A rede que objetiva a proteção de crianças e adolescentes é constituída em função da busca pela garantia dos direitos dessa população, atuando no enfrentamento às violações desses direitos, com ênfase especial às situações caracterizadas como de violência. Desta forma, tal rede funciona como sistema organizacional capaz de unir sujeitos e instituições, sempre de forma democrática e participativa em torno de causas afins, um mesmo interesse ou objetivos comuns. A violência contra crianças e adolescentes é praticada de várias maneiras, por diferentes autores/atores e em distintos lugares. A classificação mais usual de violência 20 Orientações para implementação de redes é: física, psicológica, sexual e negligência. Nota-se que na análise de situações concretas, esses diferentes tipos de violência não são excludentes, mas sim acumulativas e que estas experiências prejudicam o desenvolvimento saudável da criança e do adolescente. 2.4 Pontos da Rede Por se tratar de um conjunto que atua através de um entrelaçamento de ações, serviços e programas articulados, a rede é composta pela integração de vários pontos, dentre eles, destacaremos os seguintes: Comunidade Objetivando promover a garantia dos direitos de crianças e adolescentes faz-se necessário que as atuações sejam efetivamente colaborativas entre os diversos atores do sistema de garantia de direitos, pressupondo a ação direta da comunidade procurando alcançar a totalidade social. Tal ação justifica-se no cotidiano da população, uma vez que estes sujeitos de possibilidades, direitos e deveres também compõe este grupo social. Sendo assim, esta comunidade também é responsável por afirmar como seu, o papel de transformar a realidade local e buscar efetivamente formas de enfrentamento a violação de direitos das crianças e adolescentes. Desta forma, o trabalho construído conjuntamente com a comunidade pressupõe a garantia de ações contextualizadas evitando a sobreposição de ações. Para isto, a rede precisa construir uma relação dialógica com representantes da comunidade, tais como, o presidente da associação de moradores, associação de mães, lideranças da comunidade, equipamentos e organizações que estão localizados naquele território. Vale destacar que não serão em todos os momentos que representantes da comunidade estarão o participando ativamente das discussões travadas pelos componentes da rede, principalmente quando verificada a necessidade de intervenção profissional especializada, como é o caso de crianças e adolescentes que podem estar sofrendo violência. Nestes casos, o enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes envolve sigilo e as informações devem ser compartilhadas com atores que realmente, naquele momento, possam auxiliar a romper com o ciclo da violência. Comissões de Enfrentamento à Violência O Estado do Paraná compreende as Comissões Estaduais, Regionais ou Municipais de enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes como espaços de planejamento de ações, articulação e integração dos diversos serviços de atendimento. A existência dessas comissões são indispensáveis à consolidação de redes de proteção pois garantem o diálogo, a socialização de informações e o alinhamento de objetivos e metas comuns aos seus integrantes em sintonia com a realidade local. Orientações para implementação de redes 21 Destarte, o trabalho em rede não é algo novo, pois as ações e serviços já existem e operam naquele território, contudo, teremos a rede consolidada na medida em que estes se integrem entre si e com a comunidade, uma vez tal trabalho pressupõe parceria. Partimos do princípio de que competem às comissões articular, construir e fortalecer ações de promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, bem como, estabelecer fluxos e protocolos de atendimento e primar pelo atendimento humanizado. Sua composição deve facilitar o alcance desses objetivos, acolhendo, portanto, integrantes de diversos órgãos públicos, entidades de atendimento e demais atores do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente. Cabe ressaltar que de acordo com a legislação, a responsabilidade de acompanhar a política de garantia de direitos da criança e do adolescente está concentrada nos conselhos de direitos das diferentes esferas governamentais, cada qual no âmbito de sua competência (nos municípios – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; no Estado – Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente; e no âmbito nacional – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente). Neste sentido, sugerimos que as comissões tratadas aqui, sejam pautadas e incentivadas pelos seus respectivos conselhos de direitos da criança e do adolescente. Pensando a realidade municipal, o Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) é o órgão público que detém, no município, a competência e a legitimidade para deliberar acerca das políticas públicas a serem implementadas pelo Poder Público local em prol da população infanto-juvenil, incumbindo-lhe ainda fiscalização da execução dessas mesmas políticas (CAOPCA-PR, 2009). Ao estabelecer as comissões municipais de enfrentamento à violência, é necessário levar-se em consideração que não importa o nome que se dê a esse diálogo entre serviços, espaços deliberativos e comunidade, mas que os municípios aproveitem iniciativas e motivações que já existem, iniciando ou potencializando formas de organização do trabalho que já se caracterizaram como mais viáveis. O essencial é estabelecer ações conjuntas e integradas para o enfrentamento da violência da forma que melhor corresponder às realidades locais, considerando a particularidade daquele território. A título de exemplificação, em âmbito estadual, no final da década de 1990 foi criada a Comissão Estadual Interinstitucional de Enfrentamento à Violência Contra Crianças e Adolescentes, que trabalha na mobilização e articulação das ações executadas no Estado e exerce o controle social, monitorando a execução de planos e programas. Ela é composta por Secretarias de Estado e por entidades estaduais que atendem crianças e adolescentes. No ano de 2010 tornou-se uma Comissão Temática vinculada à Câmara de Garantia de Direitos do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente - Cedca-PR. Dentre suas atribuições, vale destacar que a Comissão Estadual mobiliza, articula e monitora ações de enfrentamento à violência, realiza campanhas, amplia espaços de debates sobre o tema da violência infanto-juvenil, e, atualmente, protagoniza a revisão do Plano Estadual de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes. Conselho Tutelar O Conselho Tutelar é definido pelo art.131, do Estatuto da Criança e do Adolescente 22 Orientações para implementação de redes - ECA, como “órgão permanente e autônomo, não jurisdicional” (não possui qualquer vinculação ou subordinação à Vara da Infância e da Juventude), encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento e defesa dos direitos da criança e do adolescente. A este órgão compete aplicar medidas de proteção a crianças e adolescentes que se encontram com seus direitos ameaçados ou violados. O Conselho Tutelar foi dotado de poder para requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança. Ele também deve zelar para que a família, a sociedade e o poder público cumpram seus deveres para com a população infanto-juvenil (CAOPCA-PR, 2009). Ministério Público e Poder Judiciário Em síntese, podemos dizer que compete ao Ministério Público zelar pelo cumprimento da lei, a defesa da ordem jurídica e do regime democrático, bem como, a defesa dos interesses sociais e individuais de crianças e adolescentes, tanto no plano individual quanto no coletivo. Quanto ao Poder Judiciário, suas atribuições estão descritas a partir do artigo 148 do ECA. Vale destacar o seu papel de co-partícipe de uma política de inclusão social e ao seu compromisso com a defesa dos direitos de crianças e adolescentes. O Juiz da Infância e Juventude deve observar se a proteção integral da criança e do adolescente está sendo de fato uma prioridade absoluta e zelar, no exercício de suas funções, para que a família, a sociedade civil e os órgãos estatais efetivamente ajam em conformidade com tal base principiológica, não esquecendo e não deixando os outros esquecerem que princípio também é norma jurídica e não ornamento retórico (CAOPCA-PR). 2.5 Desafios para consolidar as redes de proteção Trabalhar em rede é uma experiência inovadora e desafiadora para o modelo socioeconômico vigente, que estimula a competição, a individualidade e o consumo. O trabalho em rede requer o rompimento de antigas práticas e evoca um novo olhar perante a realidade e os desafios colocados no cotidiano. Para que o trabalho aconteça de forma interdependente precisamos reconhecer a incompletude dos serviços e buscar a complementaridade entre serviços e atores sociais. Como se vê, formar redes é uma tarefa complexa! Orientações para implementação de redes 23 3. CONSTITUIÇÃO DE REDES DE PROTEÇÃO Para formamos redes, alguns passos devem ser adotados, dentre eles, baseando-se em Inojosa (2001), ressalta-se a necessidade de: ♦♦ Realizar diagnóstico participativo: identificar problemas, estabelecer prioridades, territórios e mapear a rede de serviços; ♦♦ Desenvolver um processo de mobilização que garanta a participação de todos os atores envolvidos na promoção, proteção e defesa dos direitos sociais; ♦♦ Definir objetivos, metodologia de trabalho e metas (resultados pretendidos); ♦♦ Instituir fluxo contínuo de comunicação e informação; ♦♦ Conquistar adesão política à proposta; ♦♦ Assegurar trabalho coletivo e permanente; ♦♦ Potencializar o atendimento dos serviços por meio de profissionais qualificados; ♦♦ Capacitar continuamente os atores envolvidos no trabalho; ♦♦ Monitorar e avaliar constantemente o processo, redefinindo objetivos e práticas. 3.1 Detalhamento dos passos para a Formação de Redes 3.1.1 Diagnóstico Participativo Considerando que cada região possui uma realidade sócio-econômica, política e Orientações para implementação de redes 25 cultural, para conhecermos a situação da infância e adolescência nos municípios paranaenses é importante realizarmos diagnósticos sociais. Esses diagnósticos auxiliam o município no planejamento de uma política condizente com as reais demandas e necessidades da população. O diagnóstico participativo pretende desenvolver um processo de reflexão da realidade local envolvendo a participação da sociedade civil no planejamento, execução e monitoramento das políticas de atendimento. Ele busca articular não apenas a sociedade civil e os setores governamentais, como também aproximar estes setores um do outro numa intersetorialidade. Ele trata de um processo, que como tal precisa ser constantemente avaliado e atualizado, para que desta forma seja atendida a real demanda local (PARANÁ, 2005). 3.1.2 Mobilização “Mobilizar é convocar voluntários a um propósito, com interpretações e sentidos compartilhados.” (Toro, 1996) O processo de sensibilização e mobilização precisa garantir que a rede de proteção nasça fortalecida, envolva todos os segmentos necessários e tenha a seu favor a mobilização pública. Para tanto, algumas estratégias são essenciais para a sensibilização e mobilização, tais como: ♦♦ Definir quem é o público a ser envolvido; ♦♦ Levantar argumentos, dados e materiais que podem ser usados; ♦♦ Argumentar como a intervenção da rede de proteção pode alternar positivamente os trabalhos do município e seus resultados; ♦♦ Identificar atores/instituições que trabalham na garantia de direitos; ♦♦ Privilegiar espaços de articulação já existentes; ♦♦ Sensibilizar atores por meio da socialização de dados, análises e reflexões sobre a violência contra crianças e adolescentes; ♦♦ Mapear como o município realiza o enfrentamento a violência (quem recebe denúncia, para onde vítimas são encaminhadas, se existem trabalhos com as famílias, etc); ♦♦ Estabelecer coletivamente objetivos a curto, médio e longo prazo; ♦♦ Combinar princípios, fluxos, funcionamento geral. Fonte: BRASIL (2006) 26 Orientações para implementação de redes 3.1.3. Composição da Rede de Serviços A rede de serviços, seja ela municipal, regional ou estadual, é composta por todas as instituições e organismos governamentais e não governamentais que atuam no atendimento de crianças e adolescentes. A sua composição não é rígida, deve contar com a representação de profissionais da área social, saúde, educação, segurança pública, justiça, CMDCA, Conselho Tutelar e demais instituições que atendam a criança e ao adolescente naquele território. A rede deve estar sempre aberta para receber novos parceiros e se ajustar à realidade local. Para constituí-la faz-se necessário definir quais os territórios irá abranger, mapear os serviços que se localizam naquela extensão, identificar os públicos atendidos por estes serviços e, acima de tudo, criar um núcleo da rede, que será referência para a organização do trabalho das redes locais. As redes locais são estruturas descentralizadas que compõem a rede de serviços municipal ou regional e são formadas pelos diversos serviços que atendem diretamente a população de cada território em suas necessidades sociais, de saúde, de educação, de cultura, esporte e lazer. Assim, integram a rede local: a escola, o CMEI, a Unidade Básica de Saúde, o PETI, o CRAS, demais equipamentos locais e representações da comunidade. Para que ela se efetive será necessária a criação de um núcleo da rede, que se responsabilizará pela articulação e mobilização da rede. Desta forma, é possível afirmar que a participação da comunidade é essencial, porém ela deve ocorrer preferencialmente em ocasiões que não prejudiquem o sigilo das discussões de casos particulares de crianças e adolescentes vítimas de violência. Esclarecido o conceito de redes locais, vale resgatar as principais atribuições do núcleo da rede municipal: ♦♦ Dar suporte técnico e pedagógico às redes locais, prestando assessoria e orientando às equipes para o desenvolvimento de suas atividades; ♦♦ Auxiliar na avaliação dos casos detectados pelas redes locais e na determinação de sua gravidade; ♦♦ Mediar o estabelecimento de estratégias de ação; ♦♦ Avaliar as dificuldades e os pontos de vulneráveis das redes locais; ♦♦ Facilitar o encaminhamento para serviços especializados; ♦♦ Garantir um grau de homogeneidade mínima nas condutas adotadas pelas redes locais, sem ferir a autonomia e criatividade das equipes específicas; ♦♦ Monitorar o fluxo das notificações e do próprio atendimento, propondo as alterações quando necessário; ♦♦ Avaliar a composição das redes locais, a delimitação das áreas de abrangência, a introdução de novos parceiros, propondo as necessárias reformulações; ♦♦ Manter as equipes locais capacitadas, promovendo formação permanente sempre que houver mudanças importantes na composição das equipes locais, ou sempre que novos procedimentos forem implantados; Orientações para implementação de redes 27 ♦♦ Prestar os devidos cuidados com o arquivamento da documentação da Rede de Proteção: fichas de notificação, relatórios, ofícios circulares, manuais, atas de reuniões da coordenação, bibliografias, endereços de serviços, entre outros; ♦♦ Fazer circular pelas redes locais as informações e os materiais necessários para o desenvolvimento dos trabalhos e crescimento técnico das equipes locais. 3.1.4. Composição das Comissões Regionais ou Municipais: A Comissão tem o compromisso de articular as ações de enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes envolvendo iniciativas do poder público e da sociedade civil para garantir a proteção e a defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Para concretização destes direitos devemos estabelecer diálogos com o Ministério Público, Poder Judiciário, Defensoria Pública, Delegacias, conselhos tutelares, hospitais de referência que prestam atendimento às vítimas de violência, Instituto Médico Legal, Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência, Universidades entre outras. A este espaço de articulação, compete ofertar diretrizes para o enfrentamento das violências, realizar campanhas, diagnósticos retratando a realidade municipal ou regional e contribuir para o fortalecimento dos serviços de atendimento e defesa de direitos. Suas principais atribuições, conforme Ribeiro (2002), consistem em: ♦♦ Garantir recursos orçamentários para as ações de enfrentamento à violência previstas no plano plurianual e no orçamento municipal através das Secretarias Municipais responsáveis; ♦♦ Promover a articulação com órgãos e instituições de interesse para o desenvolvimento da Rede; ♦♦ Avaliar os instrumentos de registro de dados e de notificação e demais documentos produzidos pela Rede e propor alterações/acréscimos sempre que necessário e oportuno; ♦♦ Sistematizar dados estatísticos produzidos a partir da digitação das notificações, elaborar análises, divulgar informações, discutir os resultados com os órgãos componentes da rede; ♦♦ Avaliar as lacunas e necessidades apresentadas para o desenvolvimento do trabalho da Rede de Proteção e propor alternativas de solução aos órgãos responsáveis e às redes locais; ♦♦ Propor e organizar encontros de estudos, de apresentação de experiências, seminários, etc., envolvendo as redes locais, visando o seu desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional na área da prevenção e atendimento à crianças e adolescentes vítimas de violência. Entendemos que as seguintes representações são essenciais para a formação das Comissões Municipais: 28 Orientações para implementação de redes ♦♦ Representante da Secretaria Municipal de Ação Social; ♦♦ Representante da Secretaria Municipal de Educação; ♦♦ Representante da Secretaria Municipal de Saúde; ♦♦ Representante da Secretaria Municipal de Segurança Pública; ♦♦ Representante da Secretaria Municipal da Cultura e Esporte; ♦♦ Representante do Conselho Tutelar; ♦♦ Representante do CMDCA; ♦♦ Representantes da sociedade civil para fortalecer o exercício do controle social. Além destas instâncias citadas, sugerimos o diálogo permanente com as Equipes Regionalizadas da SECJ, representantes das Secretarias de Estado da Educação, da Saúde, da Segurança Pública, das Universidades e do Conselho Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente, dentre outros. No que se refere às Comissões Regionais, destacamos a importância da presença permanente dos mesmos órgãos e de outros que contarem com representações em âmbito regional afetas ao assunto. 3.1.5 Papéis e responsabilidades dos atores da rede É fundamental que a rede estabeleça encontros periódicos para alinhar estratégias de intervenção, definir procedimentos e criar métodos de trabalho em conjunto. A principal responsabilidade da rede é: Identificar, notificar, atender e manter uma atitude vigilante. Estes são os procedimentos que devem ser executados pela Rede de Proteção. Mesmo os casos de maior gravidade que necessitam de encaminhamento para os serviços de referência da Rede, continuam sendo, também, de responsabilidade da rede local e dos serviços que a compõem. As principais medidas a serem tomadas pelos membros da rede irão ser definidas de acordo com a gravidade do caso. 3.1.5.1 Responsabilidades e procedimentos comuns a todas as instituições componentes de rede de proteção. Dada a diversidade de problemas e necessidades apresentadas pelas vítimas de violência, a porta de entrada na Rede pode configurar-se de diferentes formas e por diferentes serviços. Dessa forma, é essencial que todas as instituições e seus profissionais estejam sensibilizados para acolher as vítimas de violência e capacitados para orientá-las sobre os procedimentos básicos a serem tomados. Neste sentido, todos os serviços precisam: Orientações para implementação de redes 29 ♦♦ Reconhecer os sinais de violência, mantendo seus profissionais sensibilizados e capacitados para tal; ♦♦ Acolher crianças e adolescentes vítimas de violência de forma humanizada, sem preconceitos e juízos de valor; ♦♦ Garantir a necessária privacidade durante o atendimento, estabelecendo um ambiente de confiança e respeito; ♦♦ Manter sigilo sobre as informações prestadas pela vítima ou pelo seu responsável, repassando a outro profissional ou outro serviço, compartilhando informações e atuando de forma colaborativa, entretanto, garantindo a socialização apenas das informações necessárias para garantir o atendimento adequado; ♦♦ Ouvir atentamente o relato feito pela vítima ou pelo seu responsável, de forma a obter as informações suficientes para fazer um diagnóstico da situação, ainda que preliminar, e identificar as necessidades de atendimento que o caso requer; ♦♦ Avaliar a gravidade da situação, a possibilidade de risco de vida ou de repetição da violência sofrida, utilizando-se no caso de violência contra crianças e adolescentes, os critérios que serão descritos a seguir para a definição de níveis de gravidade: leve, moderada e grave; ♦♦ Prestar o atendimento necessário de acordo com a especificidade de atuação do serviço e a gravidade do caso e encaminhar a outros serviços quando a situação requerer outro tipo de intervenção ou ajuda; ♦♦ Orientar as vítimas ou os responsáveis sobre seus direitos e deveres (ECA), bem como sobre procedimentos e serviços disponíveis; ♦♦ Garantir que os casos de violência contra crianças e adolescentes (0 a 18 anos) sejam devidamente notificados, através da ficha de notificação obrigatória e de acordo com os fluxos propostos a seguir; ♦♦ Garantir que os casos de violência contra crianças e adolescentes classificados como moderados e graves sejam imediatamente comunicados ao conselho tutelar por telefone ou Fax; ♦♦ Encaminhar as vítimas de violência sexual (crianças e adolescentes) cujo tempo de ocorrência da violência não tenha ultrapassado 72 horas, para atendimento nos hospitais definidos como referência; ♦♦ Orientar as vítimas de estupro e/ou suas famílias sobre a possibilidade de realização do aborto legal em caso de gravidez; ♦♦ Encaminhar, quando necessário (casos classificados como moderados e graves), vítimas, agressores e famílias para atendimento em saúde mental nos centros de atendimento psicossocial, mediante comunicação prévia por telefone ou Fax com a equipe responsável por estes serviços, para relato resumido do caso; ♦♦ Incluir a discussão sobre causas, conseqüências e formas de enfrentamento da violência doméstica, nas atividades educativas realizadas pelo serviço; 30 Orientações para implementação de redes ♦♦ Incentivar a formação de grupos de discussão com pais para a troca de experiências sobre educação de filhos, debates sobre temas de interesse, como, liberdade, limites, uso e abuso de drogas, sexualidade, fases do desenvolvimento de crianças e adolescentes, entre outros, bem como de grupos de mulheres e de idosos com o objetivo de discutir seus problemas comuns e de mútua ajuda na busca de superação; ♦♦ Participar ativamente da rede de proteção local, discutindo os casos notificados por qualquer um dos membros da rede e definindo procedimentos de intervenção e acompanhamento, além de elaborar propostas de enfrentamento conjunto dos problemas vivenciados; ♦♦ Manter o corpo técnico da instituição sensibilizado e capacitado para o reconhecimento dos sinais de violência doméstica e para o atendimento humanizado às vítimas, aos agressores e às famílias. 3.1.5.2 Responsabilidades e procedimentos de acordo com a especificidade de atuação de cada integrante A seguir, apresentaremos possíveis atribuições dos diferentes atores do Sistema de Garantia de Direitos para o atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência. ►► Saúde Unidades Básicas ♦♦ Avaliação clínica da criança e do adolescente e realização dos procedimentos imediatos necessários, como, curativos, solicitação de exames, etc.; ♦♦ Realização de anticoncepção de emergência em adolescentes vítimas de estupro ocorrido a menos de 72 horas e que não estavam fazendo uso de anticoncepcionais; ♦♦ Avaliar o uso de esquema terapêutico para prevenção de Doenças Sexualmente transmissíveis (DST e AIDS), dentro do período das 72 horas e de acordo com protocolo do Ministério da Saúde; ♦♦ Encaminhar para serviços especializados quando o caso requerer: lesões mais graves que exijam atendimento especializado, como: queimaduras de maior gravidade; traumas cranianos ou fraturas; suspeita de lesão de órgãos internos; estado de choque emocional; ♦♦ Registrar as informações no prontuário médico, dando ênfase ao relato do fato: quando, onde e como aconteceu a violência, quem foi o provável agressor, tipo e características do dano apresentado, etc.; Orientações para implementação de redes 31 ♦♦ Agendar retorno para atendimento e/ou visita domiciliar com o objetivo de acompanhamento do caso, sendo obrigatório agendar consulta de retorno após 6 meses da ocorrência de violência sexual para reavaliação do quadro de DST/ AIDS; ♦♦ Preencher a ficha de notificação obrigatória da violência contra mulheres e encaminhar ao setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde em envelope lacrado; ♦♦ Incluir a violência, especialmente a violência intrafamiliar como um dos critérios para a identificação de população de risco e a detecção de gestantes e mães de lactentes com dificuldades para estabelecer vínculos com o bebê, ou com depressão pós parto; ♦♦ Identificar redes sociais de apoio às vítimas, às famílias, às gestantes e às puérperas com dificuldades para estabelecer vínculos com o bebê; ♦♦ Receber os casos encaminhados por outros serviços e prestar o atendimento e acompanhamento necessários, inclusive realizando visita domiciliar para completar a avaliação do caso e para acompanhamento; ♦♦ Priorizar o atendimento na unidade aos casos classificados como moderados e graves. ♦♦ Identificar a situação de trabalho e situação escolar de todas as crianças e adolescentes que comparecerem ao serviço de saúde; ♦♦ Investigar a história ocupacional pregressa, visando ao estabelecimento da possibilidade de nexo ocupacional com atividades desenvolvidas previamente; ♦♦ Promover ações para afastar imediatamente do trabalho crianças e adolescentes inseridos em formas inquestionavelmente piores de trabalho infantil tais como: exploração sexual comercial, trabalho escravo, trabalho em atividades ilícitas, especialmente o tráfico de drogas, e trabalhos em circunstäncias suscetíveis de prejudicar a saúde, a segurança e a moral (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007); ♦♦ Notificar no Sistema Nacional de Notificação (SINAN), os acidentes de trabalho com crianças e adolescentes, de acordo com a Portaria 777, do Ministério da Saúde, sob o Código do CID 10a Y96, bem como os Sistemas de Vigilância em Saúde Estaduais e ♦♦ Municipais. Centro de Atendimento Psicossocial – CAPS ♦♦ Manter plantão de acolhimento às vítimas de violência, aos agressores e suas famílias (Caps III); ♦♦ Receber por Fax ou telefone, os encaminhamentos realizados pelos participantes das redes locais contendo o relato resumido do caso; ♦♦ Realizar a avaliação do caso e adotar os procedimentos adequados para o atendimento; 32 Orientações para implementação de redes ♦♦ Participar de reuniões com as redes locais para informar sobre os procedimentos adotados e orientar as equipes locais sobre procedimentos a serem realizados em relação aos casos encaminhados; ♦♦ Notificar os casos de violência contra crianças, adolescentes e idosos quando estes forem diagnosticados pelos CAPS e não tenham sido percebidos por outra unidade notificadora. Posteriormente comunicar à respectiva rede local para que essa possa fazer o devido acompanhamento e vigilância, quando for o caso; ♦♦ Assessorar as equipes locais no planejamento e metodologia para o desenvolvimento de atividades educativas - Preventivas e de orientação a grupos de pais, familiares, cuidadores, mulheres e idosos; Oferecer atendimento aos profissionais da Rede de Proteção que necessitarem de apoio psicológico devido ao trabalho com a violência doméstica. Hospital de Referência para Violência Sexual ♦♦ Atender, em regime de plantão as vítimas de violência sexual – adolescentes acima de 12 anos, cuja violência tenha ocorrido até 72 horas antes, para realizar a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST/AIDS, a anticoncepção de emergência, o Exame de Corpo de Delito por peritos do IML, o atendimento aos traumatismos físicos e o encaminhamento para atendimento psicológico. Nos casos de gravidez devido ao estupro, poderá ser feito o aborto legal desde que solicitado pela vítima ou responsável; ♦♦ Internar crianças/adolescentes, como medida de proteção, até a chegada do Conselho Tutelar, sempre que haja suspeita de que estejam sendo vítimas de violência doméstica. ►► Educação Escolas Estaduais, Escolas Municipais e Centros Municipais de Educação Infantil ♦♦ Manter um comportamento vigilante em relação às crianças e adolescentes que apresentam sinais de violência doméstica; ♦♦ Afastar causas clínicas como, deficiência visual, auditiva, dificuldades de aprendizagem, problemas de disciplina, que possam estar determinando os comportamentos e sinais observados na criança ou no adolescente; ♦♦ Solicitar ajuda da equipe da unidade de saúde, quando necessário, para avaliar causas clínicas; ♦♦ Receber os casos encaminhados por outros serviços e prestar o atendimento e acompanhamento necessários; ♦♦ Solicitar a presença dos pais ou responsáveis para avaliar sinais e comportamentos Orientações para implementação de redes 33 observados em seus filhos, ouvindo-os, acolhendo-os e orientando-os em relação aos problemas verificados, estando atentos para que o relato feito não gere maior violência dos pais em relação aos filhos; ♦♦ Priorizar o atendimento às crianças vitimizadas ou em risco, em atividades de contra turno escolar ou extra classe realizadas pela escola ou por outras instituições; ♦♦ Incluir a violência doméstica nas propostas a serem desenvolvidas pelo programa de “Fortalecimento de Bases de Apoio Familiares e Comunitárias” em desenvolvimento pela rede de ensino municipal. ►► assistência Social Centro Regional de Assistência Social – CRAS; Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI e Programas de Ação Social ♦♦ Estar atento para os sinais de violência doméstica quando do atendimento aos usuários dos programas e visitas domiciliares; ♦♦ Priorizar o atendimento nos programas sociais a crianças, adolescentes, idosos, mulheres e famílias que estão vivendo situações de violência doméstica; ♦♦ Receber os casos encaminhados por outros serviços e prestar o atendimento e acompanhamento necessários; ♦♦ Desenvolver programas - Projetos voltados para o amadurecimento das relações familiares e administração de conflitos domésticos; Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS ♦♦ Prestar atendimento emergencial às vítimas de violência doméstica e familiar em situação de risco de vida; ♦♦ Acolher as vítimas, agressores e famílias encaminhados pelas redes locais e aqueles que procuram espontaneamente o serviço, avaliando a gravidade do caso, as possibilidades pessoais, os recursos sociais e familiares; ♦♦ Prestar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas, agressores e famílias; ♦♦ Encaminhar as vítimas, agressores e famílias, quando necessário, aos demais serviços, tais como: delegacia, IML, instituições de acolhimento institucional; ♦♦ Receber a 1ª e a 2ª vias da Ficha de Notificação da Violência contra a Criança e o Adolescente enviadas pelas redes locais, avaliar o seu preenchimento e fazer contato com a unidade notificadora sempre que for necessário esclarecer ou completar as informações; ♦♦ Encaminhar a 1ª via da Ficha de Notificação para o Conselho Tutelar; 34 Orientações para implementação de redes ♦♦ Digitar as informações da Ficha de Notificação, formando um banco de dados a respeito da violência contra criança e o adolescente no município; ♦♦ Confrontar os dados de cada Ficha de Notificação recebida com o banco de dados referido para verificar a ocorrência de reincidência da violência, a existência de denúncias anteriores em relação à família e, quando positivo, informar à unidade notificadora para que esta possa reavaliar o caso; ♦♦ Manter um disque denúncia para o recebimento de denúncias da comunidade, inclusive sem necessidade de identificação do denunciante; ♦♦ Atuar em apoio ao Conselho Tutelar nos casos relativos à criança e ao adolescente e comunicar todas as providências tomadas; ♦♦ Participar da coordenação municipal da Rede de Proteção e atuar como referência para as redes locais em caso de dúvidas, aconselhamento e apoio; ♦♦ Desenvolver ações educativas voltadas para a prevenção, para a revisão de padrões autoritários e agressivos nas relações familiares, nas relações de gênero e de geração. ►► Cultura e Esporte ♦♦ Estar atento para os sinais de violência doméstica quando do desenvolvimento das atividades com os participantes dos programas na área da cultura e do esporte; ♦♦ Encaminhar para a rede local os casos de suspeita de violência doméstica/ familiar contra a criança, o adolescente e o idoso, para avaliação do caso e realização da notificação; ♦♦ Descentralizar e ampliar a cobertura de suas atividades de forma a poder oferecer alternativas de atividades para a população em situação de risco para a violência; ♦♦ Priorizar as crianças e adolescentes em situação de risco para a violência nas atividades culturais e esportivas como contra turno escolar. ►► Conselho Tutelar ♦♦ Receber a comunicação por Fax ou telefone dos casos de violência contra a criança e o adolescente classificados como grave e moderado pelas redes locais, tomando as providências emergenciais necessárias; ♦♦ Receber a 1ª via da Ficha de Notificação Obrigatória, tomar conhecimento do atendimento prestado pela unidade notificadora, verificar no banco de dados do SIPIA a existência de informações anteriores sobre a criança/adolescente ou a família e, em caso positivo, rever a avaliação do caso, tomando as medidas Orientações para implementação de redes 35 necessárias de proteção, quando julgar necessário; ♦♦ Comunicar os casos de reincidência às unidades notificadoras, por telefone ou nas reuniões das redes locais; ♦♦ Participar da coordenação municipal da Rede de Proteção através de um representante; ♦♦ Designar um Conselheiro como interlocutor para cada rede local. Este deverá ser o responsável pelos casos encaminhados por aquela rede, devendo participar das respectivas reuniões locais, onde poderá informar sobre as medidas tomadas nos casos moderados e graves encaminhados, sobre a ocorrência de reincidências, bem como informar-se sobre o acompanhamento de cada caso pelas unidades locais; ♦♦ Enviar os casos atendidos diretamente pelo Conselho Tutelar, através da Guia de Encaminhamento, para a Rede local da área de moradia da criança ou do adolescente, de forma que o caso possa ser acompanhado; 3.1.6 Conquista de Adesão Política É essencial que a rede tenha legitimidade política e social. Isto não significa que ela deve ser institucionalizada, ou seja, integrar um órgão ou serviço. A legitimidade, no sentido aqui empregado, significa que a rede é incorporada as práticas dos serviços e seu trabalho é fundamental para a efetivação das ações no campo da garantia de direitos de crianças e adolescentes. Propõe-se que em municípios de grande porte haja o estabelecimento de um núcleo da rede, composto por todas as instituições que tem representatividade municipal. Em cada bairro/região haverá uma rede local, composta por representantes das instituições/serviços que atuam na área. 3.1.7 Fluxo de comunicação e informação O trabalho em rede envolve reciprocidade, interdependência e complementariedade, por tanto requer uma comunicação clara e sistematizada entre os componentes da rede. A seguir, apresentamos uma proposta de fluxo de comunicação e de atendimento. Partimos do princípio de que a suspeita da violência tenha sido identificada, confirmada e avaliada quanto ao nível da gravidade por um serviço de atendimento. Concomitante ao atendimento prestado à vítima, o serviço notifica o caso para o Conselho Tutelar necessariamente. Em casos de violências consideradas graves e que coloquem em risco a vida da criança e do adolescente, torna-se obrigatório o registro do boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil. Em municípios em que a rede de proteção já está consolidada, 36 Orientações para implementação de redes o serviço que prestou o primeiro atendimento comunica aos demais pares. O Conselho Tutelar, considerando avaliação técnica realizada, define quais as medidas específicas de proteção devem ser aplicadas e os encaminhamentos a serem feitos ao Judiciário e/ou Ministério Público. A responsabilidade pela execução das medidas protetivas cabe aos serviços governamentais e não governamentais que compõem a rede de proteção. No fluxo estabelecido a notificação entra como uma ferramenta de comunicação que precisa ser gestada pela rede. 3.1.8 Qualificação dos profissionais A violência poder ser interrompida por meio da mobilização, articulação, monitoramento da rede de proteção. Todos os atores sociais que prestam o atendimento a criança e ao adolescente tem a responsabilidade de identificar e de realizar os encaminhamentos para o enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes. Para Orientações para implementação de redes 37 tanto, o profissional necessita estar qualificado para identificar os sinais de presença de violência, avaliar o nível de gravidade, acolher e atender as vítimas. Por entendermos que a identificação da violência e a notificação são as primeiras ações para a garantia de um atendimento humanizado, a seguir, descreveremos os sinais de alerta gerais, os de acordo com cada tipo de violência e a avaliação da gravidade dos casos: Sinais de alerta gerais: ♦♦ Lesões que não são compatíveis com a idade ou com o desenvolvimento psicomotor da criança (ex.: quedas de bebê abaixo de quatro meses, fratura de perna em criança abaixo de um ano); ♦♦ Lesões que não se justificam pelo acidente relatado (ex.: queda de berço com fratura nas duas laterais do crâneo); ♦♦ Lesões em várias partes do corpo ou bilaterais; ♦♦ Lesões que envolvem partes usualmente cobertas do corpo; ♦♦ Lesões em estágios diferentes de cicatrização ou cura; ♦♦ História de múltiplos acidentes com necessidade de tratamentos hospitalares ou histórico de hospitalizações por traumas “acidentais”; ♦♦ Inexplicável atraso entre o acidente e a procura de tratamento médico; ♦♦ Crianças ou adolescentes que estão sob o cuidado exclusivo de um adulto com comportamento de risco (histórico de violência, uso de álcool e outras drogas, etc). Sinais de alerta para agressão física: ♦♦ Lesões circulares caracterizadas por manchas e lesões de menor espessura e gravidade, por sucção, ou pequenas lacerações com formato de arcada dentária, indicando a presença de mordidas ou “chupões”; ♦♦ Lesões que lembram objetos (ex.: fios, cintos, fivelas, etc); ♦♦ Lesões circulares em pescoço, punhos ou tornozelos que sinalizam tentativa de enforcamento ou que a criança tenha sido amarrada; ♦♦ Hematomas em várias partes do corpo, com diferentes colorações, indicando lesões recentes e antigas; ♦♦ Presença de queimaduras provocadas por objetos ou liquidos quentes nas mãos, região genital,nádegas ou áreas de flexão do corpo (cotovelo, pescoço, axilas, região inguinal); ♦♦ Lesões oriais envolvendo lábios, gengiva, bochechas, língua e dentes; ♦♦ Lesões músculo-esqueléticas (fraturas de madíbula, costela, luxações de ombros, dedos); 38 Orientações para implementação de redes ♦♦ Lesões intracranianas (ex.: síndrome do bebê sacudido); ♦♦ Lesões abdominais decorrentes de agressão com mãos ou pés; ♦♦ Lesões oculares; ♦♦ Crianças trazidas com queixa de intoxicação e envenenamento acidental mas com relato do acidente confuso e discordante ou com demora na busca do atendimento médico. ♦ Sinais de alerta para agressão psicológica: Crianças e adolescentes com: ♦♦ Comportamento de extrema apatia ou agressividade, isolamento, destrutividade e auto-destrutividade; ♦♦ Baixa auto-estima e autoconfiança; ♦♦ Irritabilidade ou choro sem causa aparente; ♦♦ Sintomas psicossomáticos (alergias, dores musculares sem causa aparente, infecções de pele, etc); ♦♦ Obesidade ou distúrbios alimentares; ♦♦ Enurese (emissão involuntária de urina) ; ♦♦ Encoprese (evacuação intestinal parcial ou total na roupa que acontece depois da idade normal de controle - mais de 4 anos. Está relacionada ao intestino preso, impactação e retenção de fezes) ♦♦ Dificuldades na fala, gagueira. Sinais de alerta para violência sexual: ♦♦ Lesões em região genital; ♦♦ Lesões por doenças sexualmente transmissíveis; ♦♦ Gravidez e aborto; ♦♦ Comportamento sexual precoce para a idade (ex.: brincadeiras sexuais erotizadas ou com o uso de força dirigidas a outras crianças, masturbação compulsiva); ♦♦ Histórias de fugas ou de tentativas. Sinais de alerta para negligência: ♦♦ Desnutrição por falta de alimentação ou alimentação inadequada; ♦♦ Atraso de desenvolvimento psicomotor e ou de linguagem; Orientações para implementação de redes 39 ♦♦ Alternância entre comportamento apático e irritabilidade; ♦♦ Balanço de cabeça ou de corpo quando sozinha ou com sono; ♦♦ Aspecto de má higiene corporal, contrastando com o aspecto dos pais; ♦♦ Roupas inadequadas ao clima ou desconfortáveis; ♦♦ Acompanhamento inadequado da saúde, atraso das vacinas e interrupção de tratamentos; ♦♦ Acidentes frequentes; ♦♦ Comparecimento irregular à escola ou defasagem escolar, ausência de acompanhamento dos pais quanto ao processo de escolarização; ♦♦ Falta de acompanhamento da rotina da criança ou do adolescente. ♦♦ Problemas de adaptação social. Sinais de alerta para o trabalho infantil: ♦♦ Dificuldade cognitiva, baixo rendimento e evasão escolar; ♦♦ Sinais de fadiga excessiva; ♦♦ Problemas músculo-esqueléticos como LER e dores lombares, dores de cabeça constantes e a ocorrência de outros sinais de agravos a saúde; ♦♦ Qualquer outro sinal de comprometimento biológico, emocional, cognitivo e social, o que pode estar relacionado ä prática laboral em ambientes insalubres, perigosos e penosos. O estabelecimento do fluxo de atendimento exige o diagnóstico prévio do nível de gravidade, que deve ser considerado a partir da avaliação da vítima, da agressão sofrida, da família e do agressor5. A realização desta avaliação, Conforme a Rede de Proteção do Município de Curitiba, usualmente adota a seguinte classificação: nivel leve, moderado e grave. Para fins didáticos apresentaremos os conteúdos através de quadros: 5 Texto de referência: “Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência”. Curitiba, 2002. 40 Orientações para implementação de redes AVALIAÇÃO DA VÍTIMA Risco Leve • Bom estado geral com desenvolvimento psicomotor e físico adequado; • Boa relação com os responsáveis; • Sem história de distúrbio de comportamento e de aprendizagem. Risco Moderado • Estado geral regular: palidez, disturbios do sono e alimentação, desatenção e etc; • Vinculo afetivo inconsistente com responsáveis; • Comportamentos extremos: apatia, agressividade, comportamento de risco e etc; • Atraso no desenvolvimento psicomotor; • Diminuição do rendimento escolar; • Uso de drogas. Risco Grave • Mal estado geral; • Sinais significativos de ausência de cuidado e relações de confiança para com os responsáveis; • Alterações de humor e afeto: irritabilidade, agressividade ou passividade exagerada; • Sinais de medo extremo; • História de fracasso escolar; • Uso crônico de drogas; • Comportamento delinquente; • Portador de deficiência ou doença crônica que o torne totalmente dependente dos responsáveis. AVALIAÇÃO DA AGRESSÃO Risco Leve Risco Moderado • Lesões físicas sem gravidade que • Lesões corporais que necessitam não necessitam de procedimentos de atendimento médico médicos; ambulatorial (medicação para dor, • Lesões físicas não repetitivas; curativos e pequenas suturas); • Descuido nos cuidados básicos • Agressão leve, mas com história divergindo dos padrões adotados de agressões leves anteriores; pelos pais; • Negligência crõnica com risco de • Uso de palavras ou atitudes rudes comprometimento das condições ou excessivamente rigorosas. nutricionais, de saúde e de aproveitamento escolar; • Exploração do trabalho; • Auto-agressão; • Sinais de agressão psíquica frequentes (humilhação, castigos, desqualificação e etc) Risco Grave • Lesões que exigem procedimentos médicos hospitalares; • Lesões físicas em várias partes do corpo indicando espancamento; • Lesões que demonstram tortura (agressões repetitivas) com rituais de perversidade; • Negligência crônica com desnutrição acentuada, ausência de condições mínimas de higiene e descaso pelo quadro apresentado; • Agressão psicológica repetitiva, com sinais de cárcere privado, ameaças à vida ou à saúde, rejeição e abandono; • Tentativa de suicídio; • Abuso sexual. AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA Risco Leve • Bom relacionamento familiar; • Reconhece a agressão como erro e traça meios para evitar novas agressões; • Assume a desefa da criança ou do adolescente frente a violência extradomiciliar. Risco Moderado • História de maus tratos com outros membros da família; • Não reconhecimento da agressão como um risco, aceitando ou justificando a atitude do agressor; • Impotência frente a agressão extradomiciliar, não assumindo a defesa da criança ou do adolescente. Orientações para implementação de redes Risco Grave • História de violência familiar crônica; • Sinais de desprezo ou rejeição para com a criança ou adolescentes; • Responsável que demostra agressividade, que inviabiliza o atendimento ou o retarda; • História de abandono anterior; • Convivência com agressão domiciliar ou extradomiciliar. 41 AVALIAÇÃO DO AGRESSOR Risco Leve • Sem antecedentes de violência e de drogas; • Associa a agressão a sua concepção de educar, mas aceita revê-la; • Despreparo para lidar com as fases do desenvolvimento da criança e do adolescente; • Dificuldade para impor limítes; • Apresenta episódios de alterações constantes de humor; • Possui bom vínculo com a criança e o adolescente. Risco Moderado • Concebe a educação de forma rígida, utilizando-se da violência física ou psicológica como forma suposta de educar, sem a presença de diálogo; • Histórico de maus tratos na própria infância; • Uso de álcool e outras drogas; • Sinais de problemas emocionais significativos ou distúrbios de comportamentos; Risco Grave • Responsável por agressões a outros membros da família; • Histórico de desajuste social ou de comportamenteo agressivo; • Dependência de álcool ou outras drogas; • Presença de transtorno mental moderado ou grave; Nos casos de Nível de Gravidade Leve a Rede Local deve, no mínimo: ♦♦ Notificar a ocorrência de acordo com os fluxos estabelecidos neste manual; ♦♦ Acolher, escutar e orientar a vítima e seus pais ou responsáveis; ♦♦ Estabelecer diálogo com os pais ou responsáveis no sentido de desenvolver um processo de orientação e acompanhamento, abordando as causas da violência ocorrida, suas conseqüências para o desenvolvimento dos filhos e das relações familiares, a legislação sobre direitos das crianças e adolescentes e formas de educar sem violência ♦♦ Realizar visitas domiciliares para avaliação e acompanhamento; ♦♦ Agendar consultas de retorno (nas Unidades de Saúde) para avaliação e acompanhamento; ♦♦ Discutir e trocar informações sobre o caso nas reuniões da rede local quando se tratar de violência contra crianças, adolescentes e idosos, para acompanhamento e reavaliação. Nos casos de Nível de Gravidade Moderado e Grave a Rede Local deve: ♦♦ Executar todos os procedimentos indicados para o nível de gravidade leve; ♦♦ Comunicar imediatamente o caso, por Fax ou telefone, ao Conselho Tutelar em casos de violência contra crianças e adolescentes, e ao CREAS no caso de violência contra o idoso; ♦♦ Solicitar ajuda ao CREAS quando se tratar de caso grave de violência contra a mulher, desde que com a concordância da mulher. ♦♦ Encaminhar imediatamente os casos de violência sexual ocorridos a menos de 72 horas aos hospitais de referência. 42 Orientações para implementação de redes 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A constituição de uma rede de prevenção à violência exige, quase sempre, um movimento mais intenso, mais contínuo, para integrar diferentes atores e equipamentos sociais. Além dos atores terem uma compreensão alinhada das diferentes formas de violência, suas causas e conseqüências, é preciso que eles ajam em sincronia frente à urgente demanda de intervenção. Cabe a rede romper os silêncios e tabus e propiciar a superação de medos e formas de opressão. Cada rede terá as características próprias da localidade onde atua, sendo fundamental que ela trabalhe no sentido da interrupção do ciclo da violência. È a atividade e compromisso de cada membro que possibilitará a proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Orientações para implementação de redes 43 5. ALGUMAS FONTES IMPORTANTES PARA O FORTALECIMENTO DAS REDES DE PROTEÇÃO ►► SECRETARIA DE ESTADO DA CRIANÇA E DA JUVENTUDE - SECJ www.secj.pr.gov.br Rua: Hermes Fontes, 315 – Batel 80440-070 Curitiba - PR ►► CONSELHO ESTADUAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - CEDCA Rua: Hermes Fontes, 315 – Batel 80440-070 Curitiba - PR E-mail: [email protected] ►► Comissão Estadual Interinstitucional de Enfrentamento á Violência Contra Crianças e Adolescentes Rua: Hermes Fontes, 315 – Batel 80.440-070 Curitiba - PR E-mail: [email protected] ►► FÓRUM ESTADUAL DE PREVENÇÃO E ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL E REGULARIZAÇÃO DO TRABALHO DO ADOLESCENTE NO PARANÁ (FETI/PR) Secretaria Executiva Endereço: Rua Hermes Fontes, 315 Batel 80440-070 Curitiba - PR Fones: (41) 3270-1041 ou 3270-1096 E.mail: [email protected] ►► MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO – 9ª Região Av. Vicente Machado, 84 80420-010 Curitiba - PR Fone (41) 3304-9000 ►► SUPERINTENDËNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO – MTE Rua José Loureiro, 574 80010-000 Curitiba - PR Fone: (41) 3219-7716 Orientações para implementação de redes 45 EQUIPES REGIONALIZADAS DA SECJ CAMPO MOURÃO Avenida José Tadeu Nunes, 412 Jardim Nossa Senhora Aparecida 87.309-295 Campo Mourão - PR Equipe técnica: Vera Lúcia Neves, Marco Antônio de Oliveira Branco Fone: (44) 3525-6935 CASCAVEL R. Presidente Emílio G. Médici com Av. Comil Jd. Veneza,s/n Bairro Presidente 85.818-110 Cascavel - PR Equipe técnica: Fabiana Bubniak, Larissa Satdler Rosa, Viviane Aparecida Vilque de Santo Fone: (45) 3227-1728 CURITIBA Rua Hermes Fontes, 315, Batel 80.440-070 Curitiba - PR Equipe técnica: Zulmira Gomes Vieira, Deise Mara Berno, Áurea Ribeiro de Andrade Ottoni Fone: (41) 3270-1051 FOZ DO IGUAÇU Avenida General Meira, 1993 - Vila Shalom 85.853-110 Foz do Iguaçu - Pr Equipe técnica: Arlete Serafim Ferrari Fone: (45) 3527-5529 LARANJEIRAS DO SUL Avenida Dalmo Putini c/ Av. Santos Dumont 85.303-460 Laranjeiras do Sul - PR Equipe técnica: Ana Carla Novacovski Fone: (42) 3635-3595 LONDRINA Rua Joel Braz de Oliveira, n.º 59, fundos - Jardim Guararapes 86.038-410 Londrina - PR Equipe técnica: Ana Lúcia Cafeo, Juliana Maria Custódio Marques, Michele Cristine Contato, Neuseli Stoelberl Bertolla Fone:(43) 3334-1879 46 MARINGÁ Avenida Colombo, 5790 Prédio BCE UEM Jardim Universitário 87.020-9000 Maringá - PR Equipe técnica: Angela Maria Nunes, Priscila Regina Daiuto, Vanessa Cristina Franciscon de Paula, Vanusa Ferreira Calão Fone:(44) 3262-0057 PARANAVAÍ Rua: Longuino Eduardo Boraczinski, 230, Chácaras Harmonia 87.710-550 Paranavaí - PR Equipe técnica: Janaina Nunes Costa, Lara Hauser dos Santos Fone: (44) 3424-7862 PATO BRANCO Rua: Silvio Vidal, 355 Centro 85.505-010 Pato Branco - PR Equipe técnica: Sérgio Antônio Zimmer Fone: (46) 3225-1514 PONTA GROSSA Rua Olavo de Paula Barbosa, s/n - Núcleo Pitangui 84.020.786 Ponta Grossa - PR Equipe técnica: Maria Mônica Negreiros César e Cristina Aparecida Lupack de Araujo Fone: (42) 3235-0716 SANTO ANTÔNIO DA PLATINA Rua: Laudelino José Mascaro, 103 V. Claro 86.430-000 Santo Antônio da Platina - PR Equipe técnica: Vanessa de Oliveira Silva, Ligia Aparecida Consalter de Mello Fone: (43) 3534-5580 UMUARAMA Av. da Estação, 2530 - Praça dos Xetás 87.503-020 Umuarama - PR Equipe técnica: Karina Soares Ambrozio Feltrin Fone: (44) 3624-1624 Orientações para implementação de redes SECRETARIA DE ESTADO DO TRABALHO, EMPREGO E PROMOÇÃO SOCIAL – SETP Rua Pedro Ivo 750, Centro 80010-020 CURITIBA – PR Fone: (41) 3883-2500 ESCRITÓRIOS REGIONAIS DA SETP CAMPO MOURAO Responsável: Adriana Martorelli de Lima Moreira Rua Harrison José Borges, 1380 - Centro 87303-130 Campo Mourão - PR Fone: (44) 3525-2707 / Fax: (44) 3523-5387 E-mail: [email protected] FOZ DO IGUAÇU Responsável: José Alexandre de Oliveira Freire Rua Belarmino de Mendonça, 78 85851-100 Foz do Iguaçu - PR Fone: (45) 3523-2476 Fax: (45) 3523-0945 E-mail: [email protected] CASCAVEL Responsável: Valdemar José Bosi Avenida Brasil, 2040 - Jd Gramado 85808-140 Cascavel - PR Fone: (45) 3218-7740 / (45) 3218-7746 Fax: (45) 3218-7747 E-mail: [email protected] FRANCISCO BELTRÃO Responsável: Mariluz Zanin Petry Rua Pernambuco, 434 - Centro 85601-300 Francisco Beltrão Fone: (46) 3524-2814 E-mail: [email protected] CIANORTE Responsável: Adriana Batista Gonçalves da Silva Rua Florianópolis, 1702 - Zona 2 87200-000 Cianorte - PR Fone: (44) 3629-5453 / (44) 3629-5277 Fax: (44) 3629-4530 E-mail: [email protected] CORNÉLIO PROCÓPIO Responsável: Jonir Antonio Menon Jonir Antônio Menon Rua Piauí, 436 - Centro 86300-000 Cornélio Procópio - PR Fone: (43) 3523-5499 Fax: (43) 3524-3381 E-mail: [email protected] CURITIBA Responsável: Luiz Carlos Rua Alberto Foloni, 398 – Centro Cívico 80530-300 Curitiba - PR Fone: (41) 3352-7897 / (41) 3362-1803 Fax: (41) 3262-7619 E-mail: [email protected] Orientações para implementação de redes GUARAPUAVA Responsável: Lenita Oliveira Kruger Rua :XV de Novembro, 3466 - Centro 85010-000 Guarapuava - PR Fone: (42) 3623-6987 / (42) 3623-6310 Fax: (42) 3622-6300 E-mail: [email protected] IRATI Responsável: Robson Miguel /camargo Rua XV de Novembro, 795 - Centro 84500-000 Irati Fone: (42) 3422-1028 E-mail: [email protected] IVAIPORA Responsável: José Narciso de Melo Avenida Brasil, 1875 86870-000 Ivaiporã - PR Fone: (43) 3472-1141 E-mail: [email protected] 47 JACAREZINHO Responsável: Jorge Domingos de Siqueira Rua Paraná, 63 - Centro 86400-000 Jacarezinho - PR Fone: (43) 3525-4438 Fax: (43) 3525-8125 E-mail: [email protected] LONDRINA Responsável: Suely Terezinha Beggiato Rua Prefeito Hugo Cabral, 636 - Centro 86020-919 Londrina - PR Fone: (43) 3322-3575 E-mail: [email protected] MARINGÁ Responsável: Mônica França Grillo Avenida João Paulino, 729 – Novo Centro 87013-230 Maringá Fone: (44) 3223-1292 / (44) 3223-1292 Fax: (44) 3223-1292 E-mail: [email protected] UMUARAMA Responsável: Arecídio Cassiano Júnior Rua Paulo Pedrosa de Alencar, 4314 87501-270 Umuarama - PR Fone: (44) 3623-2542 / (44) 3624-3029 Fax: (44) 3622-7055 E-mail: [email protected] UNIÃO DA VITÓRIA Responsável: Leonice de Fátima Espanhol dos Santos Avenida Manoel Ribas, 1011 84600-000 União da Vitória - PR Fone: (42) 3523-3155 / (42) Fax: (42) 3523-1981 E-mail: [email protected] PARANAVAI Responsável: Agamenon Arruda de Souza Rua Getúlio Vargas, 435 - Centro 877090-00 Paranavvaí - PR Fone: (44) 3423-3935 / (44) 3423-2022 Fax: (44) 3423-2957 E-mail: [email protected] PATO BRANCO Responsável: Luciane Girolometto Favin Rua Silvio Vidal, 355 - Centro 85505-010 Pato Branco - PR Fone: (46) 3225-1514 E-mail: [email protected] PONTA GROSSA Responsável: João Henrique Gutmann Stanislawczuk Rua General Carneiro, 1148 - Centro 84010-370 Ponta Grossa - PR Fone: (42) 3223-6680 E-mail: [email protected] 48 Orientações para implementação de redes NÚCLEOS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO CURITIBA Rua Inácio Lustosa, 700. São Francisco 80.510-000 Curitiba - PR Fone: (41) 3901-2827 Fax: (41) 3901-2876 CORNÉLIO PROCÓPIO Av. Minas Gerais, 435. Centro 86.300-000 Cornélio Procópio - PR Fone: (43) 3520-5110 Fax: (43) 35241610 Rua Laudelino Afonso da Rocha, 343. Xaxim 81.820-360 Curitiba - PR Fone: (41) 3334-6591 DOIS VIZINHOS Av. Rio Grande do Sul, 321. Centro 85.660-000 Dois Vizinhos - PR Fone: (46) 3581-5100 Fax (46)3581-5102 METROPOLITANA NORTE Rua: Máximo João Kopp – Bloco 4, 274 – Santa Cândida 82.630.900 Curitiba - PR Fone: (41) 335-6602 Fax: (41) 3351-6600 METROPOLITANA SUL Av. Iguaçu – 7ª Andar, 420 – Rebouças 80.230-902 Curitiba - PR Fone: (41) 3901-2800 Fax: (41) 3901-2810 APUCARANA Rua: Miguel Simeão, 447. Centro 86.800-260 Apucarana - PR Fone: (43) 3420-1600 Fax: (43) 3422-7919 ASSIS CHATEAUBRIAN Rua do Bosque, 375 85.935-000 Assis Chateaubrian - PR Fone: (44) 3528-8300 Fax: (44) 35288300 CAMPO MOURÃO Rua Brasil, 1959. Centro 87.302-230 Campo Mourão - PR Fone: (44) 3529-1222 Fax: (44) 3529-1211 CASCAVEL Av. Brasil, 2040. São Cristovão 85.816-290 Cascavel - PR Fone: (45) 3218-7895 Fax: (45) 32187864 CIANORTE Rua Guararapes, 171. Centro 87.200-000 Cianorte - PR Fone: (44) 3619-8100 Fax: (44) 3619-8101 Orientações para implementação de redes FOZ DO IGUAÇU R. Quintino Bocaiuva, 429. Centro 85.851-130 Foz do Iguaçu - PR Fone: (45) 3520-4000 Fax (45) 3520-4001 FRANCISCO BELTRÃO Av. Julio Assis Cavalheiro, 1272. Centro 85.601-000 Francisco Beltrão - PR Fone: (46) 3520-4900 Fax (46) 3520-4917 GOIOERE Av. Mauro Mori, 1164. Jd. Lindoia 87.360-000 Goioerê - PR Fone: (44) 3521-8650 Fax (44) 3521-8686 GUARAPUAVA Rua Pedro Alves, 104. Centro 85.010-080 Guarapuava - PR Fone: (42) 3621-7600 Fax (42) 3621-7601 IBAITI Rua Nilo Sampaio, s/n. Centro 84.900-000 Ibaiti - PR Fone: (43) 3546-8100 Fax (43) 3546-8101 IRATI Rua Cel Emilio Gomes, 111. Centro 84.500-000 Irati - PR Fone: (42) 3421-2200 Fax (42) 3421-2201 IVAIPORA Av. Paraná, 330. Centro 86.870-000 Ivaipora - PR Fone: (43) 3472-5700 Fax (43) 3472-5 49 JACAREZINHO Al. Padre Magno, 354. Centro 86.400-000 Jacarezinho - PR Fone: (43) 3511-4200 Fax (43) 3511-4230 TELÊMACO BORBA Av. Samuel Klabin, 725. Centro 84.261-050 Telemaco Borba - PR Fone: (42) 3271-3700 Fax (42) 3271-3717 LARANJEIRAS DO SUL Rua Mal. Cândido Rondon, 2473. Centro 85.301-060 Laranjeiras do Sul - PR Fone: (42) 3635-8900 Fax (42) 3635-8914 TOLEDO Av. Maripá, 4896. Centro 85902-060 Toledo - PR Fone: (45) 3379-7200 Fax (45) 3379-7245 LOANDA Av. Desembargador Munhoz de Mello, 1237. Centro 87.900-000 Loanda - PR Fone: (44) 3425-8100 Fax (44) 3425-8135 UMUARAMA Av. Presidente Castelo Branco, 5470 - Zona I 87.501-170 Umuarama - PR Fone: (44) 3621-8600 Fax (44) 3622-4433 LONDRINA Av. Maringa, 290. Jd. Dom Bosco 86.060-000 Londrina - PR Fone: (43) 3371-1300 Fax (43) 33711313 MARINGÁ Av. Carneiro Leão, 93. Centro 87.014-010 Maringá - PR Fone: (44) 3218-7100 Fax (44) 3218-7143 UNIÃO DA VITÓRIA Rua Profa. Amazilia, 593. Centro 84.600-000 União da Vitória - PR Fone: (42) 3521-1800 Fax (42) 3521-1800 WENCESLAU BRAZ Rua Sete de Setembro, nº39. Centro 84.950-000 Wenceslau Braz - PR Fone: (43) 3513-1100 Fax (43) 3513-1111 PARANAGUÁ Rua Baronesa do Serro Azul, 1027. João Gualberto 83.203-420 Paranaguá - PR Fone: (41) 3420-7200 Fax (41) 3420-7200 PARANAVAÍ Rua Mal. Cândido Rondon, 1596. Centro 87.704-100 Paranavaí - PR Fone: (44) 3421-1900 Fax (44) 3421-1901 PATO BRANCO Av. Brasil, nº1171 Centro 85.501-080 Pato Branco - PR Fone: (46) 3220-5300 Fax (46) 3224-2770 PITANGA Av. Brasil, 400. Centro 85.200-000 Pitanga - PR Fone: (42) 3646-8300 Fax (42) 3646-8300 PONTA GROSSA Rua Cyro de Lima Garcia, S/N. Vila Estrela 84.050-091 Ponta Grossa - PR Fone: (42) 3219-5400 Fax (42) 3219-5400 50 Orientações para implementação de redes SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ Rua Piquiri 170 - Rebouças 80230-140 Curitiba - Paraná Fone: 41 3330-4300 Fax: (41) 3330-4406 REGIONAIS DE SAÚDE 1ª RS - PARANAGUÁ Diretora: Lenora Catharina Martins Pinto Rodrigo Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Célia Aparecida de Carvalho Rua Manoel Bonifácio, 309. 83.203-300 Paranaguá – PR Fone: (041) 3420-6652 Fax: (41) 3423-1399 6ª RS - UNIÃO DA VITÓRIA Diretor: Ary Carneiro Júnior Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Antônio da Cruz Worma de Souza Rua Dom Pedro II, 303. 84.600-000 - União da Vitória – PR Fone: (42) 3522-3240 Fax: (42) 3522-3892 2ª RS - METROPOLITANA Diretora: Marinalva Gonçalves da Silva Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Miriam Teixeira de Freitas Bianco Erbano Rua Barão do Rio Branco, 465. 80.010-180 - Curitiba – PR Fone: (041) 3304-7574 Fax: (41) 3322-2981 7ª RS – PATO BRANCO Diretor: Valmir Dallacosta Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Nadiely de Oliveira Rua Tapajós 470 85.501-030 – Pato Branco – PR Fone/Fax: (46) 3225-3231 3ª RS - PONTA GROSSA Diretora: Adroaldo Correia de Araújo Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Paulina Aparecida Korzeniewski de Basto Rua Doutor Paula Xavier, 743. 84.040-010 - Ponta Grossa – PR Fone: (042) 3220-6800 Ramal: 122 Fax: (42) 3224-4056 8ª RS - FRANCISCO BELTRÃO Diretor: Antônio Cantelmo Neto Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Odenir Dias Teixeira – NINA Rua Ver. Romeu Lauro Werlang, 521 85.601-020 - Francisco Beltrão – PR Fone: (46) 3523-4244 Fax: (46) 3524-2014 4ª RS - IRATI Diretor: Richard Pereira Medeiros Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Bernadete Joffe Holubovski Rua Munhoz da Rocha, 244. 84.500-000 - Irati – PR Fone: (042) 3423-2400 / 3422-2427 Fax: (42) 3423-1215 5ª RS - GUARAPUAVA Diretor: Severino Genuíno Dourado Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Irizéia Gomes Amaral Rua Vicente Machado, 1109. 85.010-260 - Guarapuava – PR Fone: (042) 3621-3611 Fax: (42) 3621-3631 Orientações para implementação de redes 9ª RS - FOZ DO IGUAÇU Diretora: Anice Nagib Gazzaoui Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Ivete da Silva Av. Araucária, s/n - Vila A. 85.866-010 - Foz do Iguaçu – PR Fone: (45) 3572-7374 Fax: (45) 3523-0084 10ª RS - CASCAVEL Diretor: Marcos Antônio Tomasetto Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Arlene B.Fernandes Muzzolon Av. Brasil, 2040. 85.816-290 - Cascavel – PR Fone: (45) 3218-7786 Fax: (45) 3218-7793 51 11ª RS - CAMPO MOURÃO Diretora: VALDEREZ APARECIDA CAPELLINI BATHAUS Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Jefferson Strioto Lazaro Rua Mamboré, 1500. 87.302-140 - Campo Mourão – PR Fone: (44) 3523-1844 / 3523-1313 Fax: (44) 3525-1712 12ª RS - UMUARAMA Diretor: ARMANDO CERCI JÚNIOR Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Silvia Mara de Carvalho Rosa Rua Ministro de Oliveira Salazar, 4150. 87.501-225 - Umuarama – PR Fone: (44) 3621-8235 Fax: (44) 3621-8216 13ª RS - CIANORTE Diretor: OTÁVIO CARVALHO DE SOUZA Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Adriana Batista Gonçalves Praça da República, 71. 87.200-000 - Cianorte – PR Fone: (44) 3628-1473 Fax: (44) 3629-2894 14ª RS - PARANAVAÍ Diretor: HELENA RIBEIRO PORTO MACHADO Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Eunice Alves Gomes Rua Bahia, 17. 87.704-040 - Paranavaí – PR Fone: (44) 3423-1133 Fax: (44) 3423-1335 15ª RS - MARINGÁ Diretor: ANTONIO CARLOS PUPULIN Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Elizabete Cristina O. Ferreira Rua Demétrio, 50 zona 7. 87.030-090 - Maringá – PR Fone: (44) 3226-5663 Fax: (44) 3226-4766 16ª RS - APUCARANA Diretor: KAZUHIKO YAMAMOTO Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Benedito Bento Rua Ozório de Paula, 435. 86.800-020 - Apucarana – PR Fone: (43) 3423-4012 Fax: (43) 3422-1315 52 17ª RS - LONDRINA Diretor: ADILSON CASTRO Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Maria Elisabethe Rodrigues Gonçalves Travessa Goiânia, 152. 86.020-120 - Londrina – PR Fone: (43) 3379-6061 Fax: (43) 3379-6060 18ª RS - CORNÉLIO PROCÓPIO Diretor: EVANDRO BAZAM DE CARVALHO Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Solange Silva Cunha Rua Justino Marques Bonfim, 17. 86.300-000 - Cornélio Procópio – PR Fone: (43) 3520-3541 Fax: (43) 3520-3500 19ª RS – JACAREZINHO Diretor: CLEIDE CESCO MUCILLO Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Ademilson Constâncio de Lima Rua Paraná, 1261. 86.400-000 - Jacarezinho – PR Fone: (43) 3527-1335 Fax: (43) 3525-0356 20ª RS – TOLEDO Diretor: EDSON SIMIONATO Contato para assuntos do CES - PR e CMS: José Carlos Dutra da Silva Rua Rui Barbosa, 1858 85.905-060 - Toledo - PR Fone: (45) 3379-6900 Fax: (45) 3379-6938 21ª RS - TELÊMACO BORBA Diretor: GILBERTO STREMEL Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Luci Alferes Rover Rua Leopoldo Voigt, 106. 84.261-160 - Telêmaco Borba – PR Fone: (42) 3273-3111/3273-3284 Fax: (42) 32733111 22ª RS - IVAIPORÃ Diretora: NEUZA PESSUTI FRANCISCONI Contato para assuntos do CES - PR e CMS: Rui de Araújo Pires Rua Mato Grosso, 780. 86.870-000 - Ivaiporã – PR Fone: (43) 3472-4343 Fax: (43) 3472-1428 Orientações para implementação de redes ►► HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE www.hpp.org.br Avenida Silva Jardim, 1632 Curitiba - PR, 80250-200 (41) 3310-1010 ►► ASSOCIAÇÃO HOSPITALAR DE PROTEÇÃO À INFÂNCIA DR. RAUL CARNEIRO Rua Desembargador Motta, 1070 80250-060 Curitiba – PR Fone: (41) 3310-1010 Fax: (41) 3225-2291 ►► HOSPITAL DE CLÍNICAS UFPR www.hc.ufpr.br Rua General Carneiro, 181 Curitiba – PR - 80060-150 (41) 3360-1800 ►► NUCRIA – Núcleo de Proteção à Infância e ao Adolescente Vítimas de Crimes Rua Hermes Fontes, 315 – Batel 80440-080 Curitiba - PR Fone: (41) 3244-3577 Fax: (41) 3244-3577 E-mail: [email protected] Avenida Bradoski, 169 – Vila “A” 85860-310 Foz do Iguaçu - PR Fone: (45) 3524-8565 Fax: (45) 3524-0396 ►► SICRIDE - Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas E-mail: [email protected] Rua: José Loureiro, 376 - 2º andar – Centro 80010-000 Curitiba - PR – Fone/Fax (41) 3224-6822 ►► CAOPCA - CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DAS PROMOTORIAS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE www.mp.pr.gov.br Orientações para implementação de redes 53 REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, M. Juventude, violência e vulnerabilidade social na América Latina: desafios para políticas públicas. Brasília: UNESCO, BID, 2002. ARIÉS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. BOARINI, M.L; BORGES, R.F. Demanda infantil por serviços de saúde mental: sinal de crise. Psicologia em Estudo. Maringá: ano 3, n.1, 83-108, 1998. Brasil. Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual InfantoJuvenil, Brasília, 2006. BRASIL,Ministério da Saúde. Trabalho Infantil: diretrizes para a atenção integral a saúde de crianças e adolescentes economicamente ativos. Editora do Ministério da Saúde. Brasília, 2007. CURY, M et al. Estatuto da criança e do adolescente comentado: comentários jurídicos e sociais. 7.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2005. GOMIDE, P.I.C. Menor infrator: a caminho de um novo tempo. 2.ed. Curitiba: Juruá, 1998. HERRÁN, J.IM. Cuando hablamos de adolescência, hablamos todos de lo mismo. Anais do VII Congresso INFAD. Oviedo, 29-30 de maio, 1997. INOJOSA, R. M. Sinergia em políticas e serviços públicos: desenvolvimento social com intersetorialidade. Cadernos FUNDAP nº 22, 2001. p.103. MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ - CAOPCA-PR. Município que respeita a criança: manual de orientação aos gestores municipais. Curitiba: Departamento de Informática do CAOPCA-PR, 2009. NÉRICI, I. G. Adolescência: O Drama de uma idade. 4 ed. Rio de Janeiro: Fundo de cultura, 1969. OLIVEIRA, M.A de C; EGRY, E.Y. A adolescência como um constructo social. Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude. Disponível em: www. abmp.org.br/textos, acesso em 30/08/2008. OLIVEIRA, M.L.B de. Infância e historicidade. Tese de doutorado não publicada. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: 1989. OZELLA, S (org). Adolescências construídas: a visão da psicologia sóciohistórica. São Paulo: Cortez, 2003. Orientações para implementação de redes 55 PEREIRA, I; MESTRINER, M.L. Liberdade assistida e prestação de serviços a comunidade: medidas de inclusão social voltadas a adolescentes autores de ato infracional. São Paulo: Instituto de estudos especiais da PUC-SP, 1999. PEREIRA, T da S. Infância e adolescência: uma visão histórica de sua proteção social e jurídica no Brasil. In: Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e Juventude -ABMP. Cadernos de textos. São Paulo: ABMP, 2008. PFROMMNENTO, S. Psicologia da adolescência. 5 ed. São Paulo: Pioneira, 1976. PIRAQUARA - REDE DE PROTEÇÃO ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - CRIANÇAS, ADOLESCENTES, MULHERES E IDOSOS. Manual de Atendimento. Volume I. Piraquara: 2007. RIBEIRO, C. R. et al. Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência. Volume I – Manual de Atendimento, material não publicado, Curitiba, 2002. RIZZINI, I. A assistência à infância na passagem para o século XX: da repressão à reeducação. Revista Fórum Educacional da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, Vol. 2, p.80-93, 1990. SECRETARIA DE ESTADO DA CRIANÇA E JUVENTUDE (SECJ). Relatório de pesquisa estadual das violações de direitos fundamentais de crianças e adolescentes do Estado do Paraná. Curitiba: SECJ- Sistema de Informação para a Infância, 2007. 56 Orientações para implementação de redes