-1.o2~. cQ
G
GRANDE
ENC~LOPEDIA
DE
MODELISMO
BARCOS DE
MADEIRA
SECULOnlbFUTURO
SUMARIO
INTRODUÇÃO
9
13
15
27
..
ESCALAS
EPLANOS
~~~~g~~i~rc~~~: FUTURO Ltda.
Diretor Editorial: MIGUEL ANGEL NIETETOO
. . JUAN CARLOS Nl
Diretor Executivo.
. WALOUIR BAPTISTA DE
Produção e Coordenação.
MOURA
. DIÃO VARGAS DA SILVA.
Tradução e~dp~~arcfot~EREIRA DE MELO
MARIA A
. OSE CLAUDIO
Administraçao e VeSnDdaEsOtiVEIRA. ALCIDES
VASCONCEL 0
•
DOUGLAS ASSUMPÇAO
o Nueva Lente •.S. A. rtuguesa: Editora Século
0 1988 para a hngua po
Futuro Ltda.
Rúa Belisário Pena, 821
Penha-R. J.
p 1020
Telefone: 290 62 73-CE : 2 ·
. . . eVenda para todo o Brasil:
DlstnbudloçãCohinaglia. Distribuidora, S. A
Fernan
Rua Teodoro da Silva, 907
Grajau -R. J.
12
Telefone: 268 91
ê nao encontre os
Números atrasados: Caso v~ncas solicite, por carta ou
números atrasados nas. o de reembolso postal à
telefone, ao nosso seLt:a'ç Rua Visconde de
Editora Monterrey
·•
Figueiredo, 81
Tijuca-R. J.-CEP: 20.550
Telefones: 248 70 67 e234 83 98
Editora para Portugal: 'b ·"•o de Publicações Ltda.
EDIBER-Edição e Dlstn UI.,..
Ibérica,
Distribuidor para Portugal.. MIDESA-Marco
A
Distribuição d~ Etdiçã~~;· L~te 1-A-1900-lisboa
Rua Dr Jose Espm 0 Sa '
Telefo~es: 85 21 73-85 67 39
Impresso: .
M dr'd
Gráficas Reumdas, S. A.·17~X
ISBN de la obra: 84,~\-796-5
ISBN dei tomo: 84"'ttl ·
Depósito legal; M. 17218-1988
.
Printed mSpam
L d arante a publicação de
A Editora Século Futuro t ~~ e atendimento de
0
todos os volumes desta o en uanto durar a coleção
qualquer número atra:d~od~icar preço de venda
0
e reserva-se o direito rso de sua publicação
dos volumes no transcu
queaarepr
lei ~t~~~~~tal
ou parcial sem o
Ficasempre.
proibida
u'("
consentimento do editor.
6
CAIXAS PARA
MONTAGEM
CONSTRUÇÃO
DE UN
MODELO
PASSO
APASSO
INTRODUÇÃO
Jabéque
misto.
Navio de
guerra do
século
XVIII,
típico do
Mediterrâneo.
8
e bem que ao longo da
história as formas dos
navios tenham conhecido substanciais
alterações, e inclusive num mesmo tempo histórico tenham convivido uma infinidade de tipos de barcos, há uma série
de formas mestras que têm caracterizado cada época. As suas formas, o seu
perfil, sáo imediatamente reconhecíveis
e representativos de um período para
qualquer pessoa interessada pelo fascinante mundo do modelismo naval. Cada
navio, cada modelo, é filho do seu tempo, e foi criado por homens que viveram
enquadrados nos acontecimentos históricos da sua época. Quando nos falam
de determinado século logo nos apresentam grandes construções terrestres
·como catedrais, castelos, arranha-céus,
obras de arte plástica, esculturas ... que
são as testemunhas mudas de história;
contudo, poucas vezes aparecem os navios. Efêmeros pelos materiais de construção e o meio para que foram construidos, quase todos desapareceram e
jazem, muito deles, debaixo de toneladas
de água salgada. Salvo alguns modelos
admiravelmente conservados graças ao
zelo de determinadas instituições, pessoas e governos; do resto só ficam modelos à escala, planos, desenhos, e
quanto mais recuamos no tempo, ape9
nas a recordação de algumas crônicas,
quase sempre de passagem, ou fragmentos de pedra de difícil interpretação,
ou restos admiravelmente resgatados
pelos arquéologos. Todavia, grande parte de nossa história está intimamente ligada ao mar, e, portanto, aos barcos.
Através deles o homem conheceu novaus mundos, comercializou , trocou
idéas, progrediu, explorou e foi explora-
do, oprimiu e se liberou da opressão, lutou. Quando consumimos um cigarro, ou
bebemos uma xícara de chocolate, ou
lemos um livro de um país longínquo, esquecemos quase sempre que tudo isto
e muito mais o devemos a certos homens que há muitos anos se lançaram
ao mar em busca de aventuras ou de um
mundo melhor. No meio de todo o tipo
de dificultades sem conta, de perigos e
•
Barco de pesca utilizado actualmente no norte da Espanha. As suas vistosas cores o tornaram
~ inconfundível como modelo pitoresco de toda uma tradição marinheira.
I
•
Cuter do século XVII; navio
armado inglês utilizado
para o reconhecimento,
a descoberta e a escolta.
~
10
I,
em muitos casos com a morte como única recompensa, nos trouxeram, e levaram, a cultura de outros mundos e nos
enriqueceram. Sob os seus pés descalços só .havia a quente suavidade da
madeira: os barcos. É por isso que o modelismo naval, atualmente, e a modalidade mais nobre de quantas possam haver no modelismo, porque ao reconstruir
um barco, de alguma maneira se está reconstruindo um mundo perdido para
sempre, um mundo no qual o homem
não tinha outro horizonte senão a imensidade redonda do mar, nem outro teto
do que as nuvens e as estrelas, nem outro leito de que umas quantas tábuas de
madeira en movimento, nem outro túmu-
lo que as águas intermináveis. Quando
falamos de barcos estamos falando de
mais de cinco mil anos de história, estamos falando da nossa história, da História.
No presente volume trataremos de
expôr os processos e as técnicas mais
interessantes para o modelista que
começa, ao mesmo tempo que agradecemos ás entidades, comerciantes e
model istas que nos ajudaram na
elaboração deste livro, sem os quais
não teria sido possível, sobretudo a Salvador Ruiz lrueste, de Model Reima,
pelos seus conselhos e por nos facil itar com os seus modelos este pequeno
trabalho.
11
ESCALAS EPLANOS
ESCALAS
Â
A escala é importante
para calcular o tamanho do barco
segundo o espaço disponível para o expor.
Nestas três fotografias e por esta ordem
aparecem uma goleta norte-americana, dois
pesqueiros do levante espanhol e um jabeque.
12
epresenta o tamanho
da representação em
relação ao tamanho .real do objeto a reproduzir. É indicada mediante um quebrado cujo numerador é sempre a unidades de medida tomada em plano e o
denominador expressa o equivalente
desta unidade na realidade. Quanto menor é o denominador maior será o modelo reproduzido e vice-versa.
As escalas variam muito em relação
à utilização que se queira dar ao modelo. As mais usuais são, da maior para a
menor: 1/20, 1/30, 1/50, 1/60, 1/70,
1/80, 1/100, 1/150 e 1/200. Observese como sempre utilizamos números terminados en zero, para evitar escalas do
tipo 1/33 ou 1/113, que dificultam enormemente os cálculos e a comparação
com a realidade. Apenas no caso de
querermos utilizar figuras como complemento, teremos que nos adaptar às escalas em que estas se encontram no
mercado como 1/35, 1/25 ou 1/72.
É aconselhável utilizar as escalas
maiores sempre que seja possível, pois
quanto menor seja o modelo, a dificultade no detalhe será maior. Por outro lado,
nos modelos de escala superior a 1/80
encontraremos maior quantidade de de13
talhes, o que supõe mais tempo de trabalho, mas certamente maior satisfação
ou tornar mais acessível para o espectador a inumeravel quantidade de acessórios e pequenos elementos de todo o
tipo de que um barco está repleto.
Os barcos paquenos em tamanho
natural, reduzidos às escalas maiores
como 1/50 ou 1/35, oferecem resultados espetaculares se são dotados dos
elementos necessários como: baldes,
cabos, figuras de proa, balas de canhão,
barris, cofres, redes, etc. As firmas comerciais que fabricam caixas de montagem oferecem um extenso catálogo deste tipo de barcos, goletas, cuters ou pesqueiros.
Também aparecem no mercado
planos detalhados de construção com
diferentes escalas, pensadas para os diferentes interesses dos modelistas; além
disso, é relativamente fácil passar de
uma escala para outra mediante pantógrafo ou atualmente pelo simples método de o levar a uma reprodutora de planos que tenha ampliadora ou redutora.
Se temos de passar de uma escala
para outra, basta dividir o denominador
da maior pelo do menor; o resultado multiplica-se pela medida do objeto que
queremos aumentar, ou dividi-se se o
queremos reduzir.
Por exemplo, queremos passar da
escala 1/35 para 1/ 25 um objeto que
mede 5 mm:
35 / 25=1 ,4, que é a constante que
utilizaremos para passar de uma escala
para outra.
5 mm x1,4 =7 mm, que é o que medirá o objeto na escala 1/ 25.
Pelo contrário, para passar da escala 1/25 para 1/35 basta dividir a med ida do objeto pela constante:
7 mm
14 =5mm
I
14
PLANOS
Tanto se queremos construir por
nossa conta um modelo à escala, como
se queremos fazê-lo por meio de uma
caixa para montagem, a primeira operação que devemos realizar é um estudo detalhado dos planos. Da clareza
destes e do nosso estudo particular dependerá o resu ltado final do nosso trabalho.
As caixas de montagem não costumam incluir planos de formas, limitandose ao plano geral com a mastreação,
cordame e velame e nos acesórios do
casco e convés. Contudo, podemos confeccionar nós prõprios esse plano de formas, tirando planos reduzidos das anteparas, falsa quilha e falsos conveses incluídos na caixa. Deste modo poderemos conservar um pequeno arquivo dos
barcos construídos.
PLANOS DE FORMAS. Uns
bons planos deste tipo devem ser compostos por um plano de perfil ou longitudinal onde se encontram representadas as linhas mais importantes tanto verticais como horizontais; um plano de formas verticais vistas de frente onde se
projete o contorno das balizas principais.
Geralmente representam-se tomando
como base a baliza maior ou mestra, dividida verticalmente pela linha de meionavio e contendo num lado as formas
desde a baliza mestra até à proa, e no
outro a mestra até à popa. Por último, no
plano horizontal representam-se as linhas de corte dos planos que dividem o
casco em seções horizontais e eqüidistantes, dando lugar à projeção do que se
chamam linhas de água, representadas
pelas siglas LA ou WL (WATERLINES);
também se representa nestes planos a
linha de flutuação e as dos conveses.
AsCAIXAS PARA MONTAGEM
os últimos anos têm tente é muito ampla, assim como os
proliferado as marcas preços. Quanto ao rigor histórico desses
nacionais e estrangeiras dedicadas à modelos e a fidelidade à escala real
construção de modelos à escala de na- existem também grandes desigualdades:
vios históricos de madeira. A gama exis- desde peças cujos accessórios foram
Uma
pequena
mostra
de grande
quantidade
de caixa
para montagem
comercializadas
por firams
espanholas
e estrangeiras.
A qualidade
média
quanto a
acessórios
e materiais
é boa.
<1111111
15
,.,,.,
 Uma mostra de até onde se pode chegar na qualidade
dos ornamentos para navios históricos. Talhas em bronze,
perfeitamente documentadas de um navio do século XVII.
 Diversos acessórios de difícil execução que pueden adquirir-se
em algumas lojas especializadas. Poupam muito
trabalho ao modelista principiante.
16
especialmente cuidados pelos desenhistas e fabricantes, até caixa de modelos
cuja semelhança con a realidades apenas se divisa em algumas formas. Por
isso, no momento de adquirir um modelo no mercado é necessário, se se é exigente com a realidade histórica, reparar
bem nos planos de construção e nos
acessórios préconstruídos. Dispondo de
uns bons planos, o resto é uma questão
de paciência e habilidade. Na Espanha
existem marcas cuja qualidade é excelente e em alguns casos, inclusive, superior à de outros países. A qualidade
das madeiras destas caixas costuma ser
aceitável e bastante parecida em quase
todas as marcas.
ORNAMENTOS E ACESSÓRIOS. O grau de perfeição e qualidade
alcançado na construção de ornamentos para barcos é bastante elevado, deparando-nos con verdadeiras maravilhas de talha e modelagem de figuras
para carrancas, painel de popa, faróis,
colunas e um sem fim de detalhes com
os que se podem melhorar os nossos
modelos. Estes ornamentos concretamente são de importação e só é possível encontrá-los em loas especializadas.
Os acessórios que pela sua dificultade ou dilatado tempo de construção
podem chegar a desanimar o aficionado
que começa, são possíveis de adquirir
em alguns estabelecimentos especializados, desde gradeados a chalupas,
passando por canhões, cestos das gáveas e abitas, etc. O modelista retocará
a seu gosto estes acessórios para lhes
dar o acabamento mais apropriado, conforme a sua habilidade e documentação.
São acessórios semi-terminados e o aficionado não deve conformar -se a montá-los tal como aparecem na caixa, mas
esforçar -se em aproveitar ao máximo as
suas posibilidades para que o resultado
fi nal não seja frio e despersonalizado. Bigotas, balizas e moitões podemos encontrar em todas as escalas e de todos
os tipos, acompanhados pelas suas golas e correntes, e, também figuras de
proa, roldanas, colunas, cabeços, correntes e tudo o imaginável.
O cordame é um dos aspectos do
model ismo nava l que ex ige maior
atenção. Por outro lado, não é fácil encontrar cabos com a cor adequada nas
caixas para montagem, pelo que normalmente há que os tecer ou os comprar.
Outro aspecto que o aficionado
deve levar muito em conta é o grau de
dificultade e complicação do modelo que
queira construir. Para o modelista que
inicia as suas incursões por este mundo
apaixonante é aconselhável que procure modelos simples, com poucas complicações na construção do casco e
mastreação; caso contrário corre o perigo de desanimar ante as dificultades
que, sem dúvida, aparecerão ao longo
da execução. Os navios ideais para o
principiante são as goletas, cuters, bergantins e pesqueiros, dos que podem
encontrar-se peças muito interessantes
e a um preço razoável.
 Moitões, bigotas e um sem fim de elementos
que facilitam enormemente o trabalho.
0 CASCO.
MODALIDADES
DE CONSTRUÇÃO
Há dois sistemas tradicionais de
construção de barcos que ainda hoje
continuam sendo usados; um é conhecido como trincado, prõprio dos mares
do norte da Europa. Consiste em forrar
o barco com tábuas partindo da quilha
até aos bordos. A segunda tábua, començando pela quila, assenta o seu bordo inferior sobre a primeira, seguindo to-
Diversos tipos de cordame com as suas cores autênticas.
Encontram-se de todas as bitolas e dão ao
modelo um acabamento realista e espetacular.
17
das as outras o mesmo processo. Assim,
o casco destes barcos adquire um aspecto de escalonamiento; boa prova disso são os navios normandos e vikings.
O outro processo é o chamado «a tope»,
no qual cada longarina é continuada
pela seguinte, sem se sobreporem uma
à outra.
Cinco são as formas mais usuais de
construção do casco de madeira:
1.º A partir de um bloco de madeira.
2.º Por meio de tábuas sobrepostas horizontalmente.
3.º Mediante tábuas longitudinais.
4.º Por balizas.
5.º Por anteparas.
Cascos ....
maciços, ....
talhados
à mão num
só bloco.
Exigem
um
trabalho
cuidadoso
e o uso de
planos
reduzidos
de forams
para
comprovar
constantemente
a boa
execução
do trabalho.
18
1.º A PARTIR DE UM BLOCO
DE MADEIRA. Esta é a modalidade
mais antiga; consiste em talhar um só
bloco e dar-lhe a forma adequada à base
de goiva e lima. No mercado existem algumas marcas cujos modelos têm o
casco maciço. Em alguns casos, uma
vez lixado e preparado, basta pintá-lo
corretamente; em outros, pode forrar -se
com tábuas de madeira, resultando uma
boa base de apoio. No caso de que pelo
tamanho do barco não seja possível
conseguir um bloco de madeira com as
suas dimensões, que, além disso, deverá ser cortado em ângulo reto, podem
usar-se várias réguas de madeira com
as mesmas medidas, coladas entre si,
~ Estas
canoas
construídas
à máo são
uma
amostra
de que as
peças
aparentemente
simples,
supõem
um grau
de habilidades
e conhecimento
que nada
tem que
invejar à
construção
de.grandes
e aparatosos
modelos.
AA
Barco nórdico construído em trincado, uma das
formas de construção mais antigas. Consiste
em executar o entabuado do casco de foram que cada tábua assente
a sua parte inferior sobre o bordo superior da situada debaixo dele.
19
até alcançar as dimensões desejadas.
Sobre a superfície deste bloco se transferirão todas as linhas e formas dos planos que serão o nosso guia para trabalhar adequadamente. As formas das balizas principais, as correspondentes ao
plano frontal serão reproduzidas em moldes reduzidos de madeira ou cartolina.
Apenas é necessário reproduzir uma
metade pela linha de meio-navio, visto
serem perfeitamente simétricas. Com
estes moldes iremos comprovando a correção da talha até alcançar a forma precisa numa das metades, para executar
a mesma operação no outro lado.
Este
pesqueiro ....
do Cantábrico,
pelo
seu bom
tamanho
e muita
visibilidade,
é um simpático
objeto
decorativo.
2.2 POR MEDIO DE TÁBUAS
SOBREPOSTAS OU DE PÃO COM
MANTEIGA. É uma variação mais
simples de método anterior. Consiste em
peza na
execução
dá qualidade
aos modelos.
A pintura
adequada,
o contraste de
cores, os
acessórios
bem delimitados,
unidos
a um tamanho
conveniente,
fazem com
que um modelo
simples na
aparência
dê esta
sensação de
realismo .
•
A profusão de pequenos detalhes, a máxima
aproximação da realidade é o que dá maior sensação
de trabalho bem feito. Adocumentação, livros e fotografias
facilitam em grande medida este trabalho.
20
21
cortar lâminas de madeira cuja espessura corresponde à distância entre as
linhas da água. Sobre cada tábua se desenhará o perfil em planta de cada linha
com os seus correspondentes cortes
transversais, e, uma vez cortadas, voltase a desenhar sobre cada uma delas o
perfil da anterior de modo que coincidam
todas as linhas transversais.
Uma vez coladas todas as seções
no seu lugar, se procederá ao talhe mediante plaina, goiva e lima, da madeira
restante, até alcançar as forams definitivas do modelo. Neste caso também é
necessária a utilização de moldes de cavernas para nos guiar no talhe. É importante assinalar que este terá sempre que
ser começado a partir do centro para a
Sistema 1111o...
de ccpãoo ..,...
com manteiga)).
Sobreposição
de pranchas
de madeira.
. . Em alguns casos o modelista pode acrescentar aos seus modelos
detalhes muito vistosos que realcem a beleza do conjunto,
como é o caso deste modelo, o qual o seu autor dotou de luzes
de posição e dentro do barco, as quais se acendem mediante um mecanismo a pilhas.
22
baliza maior atá as extremidades, e nunca destas para o centro porque iríamos
estilhaçar a madeira e danificar a ferramenta. Este sistema, como o que vem a
seguir, é ideal para barcos de grande calado.
3.º MEDIANTE TÁBUAS
LONGITUDINAIS. Este sistema é ba-
sicamente como o anterior, mas em vez
de cortar as seções horizontais utilizaremos as longitudinais. Em ambos pode fazer-se o casco para aligeirar o peso, ou
para colocar no seu interior motores, cobertas, instrumentos de rádio-controle,
etc. Para isso basta traçar uma linha circundante interior paralela à linha de assentamento da tábua que se apoie nela
. . Os pesqueiros à vela, praticamente desaparecidos~ ofereéem
grandes possibilidades para o modelista principiante porque
o tamanho é suficientemente grande para que se possa trabalhar com certo desafogo .
~
Sistema
de tábuas
longitudinais.
23
Â
Este Dow árabe, parecido com o Sambuco, pode ser visto navegando em muitas partes do
mundo islâmico. Descende diretamente das caravelas portuguesas e o seu aparelho
latino dá-lhe uma beleza característica.
 Um jabeque misto dos que durante séculos sulcaram o Mediterrâneo,
umas vezes com corsários, outras com os seus inimigos. Por detrás da sua aparente
simp.licidade, encontra-se um trabalhoso modelo, porém um dos masi belos desehos de navio.
e que sobreposta a ultrapasse ligeiramente. Corta-se por esta nova linha e
colam-se.
4.º CASCO MEDIANTE BALIZAS. É o método mais real e mais satisfatório, mas o mais difícil. Por isso,
neste volume só lhe faremos menção e
deixaremos o seu desenvolvimento para
o volume dedicado ao modelismo naval
avançado.
5.º MEDIANTE ANTEPARAS.
Goleta armadá norte-americana. Para construir
o casco se utilizam dois forros de tábuas, um grosso
para dar a configuração geral, e outro fino, de madeira
mais nobre e de cor para o forro definitivo.
Observe-se como todo o cordame ê tecido em preto.
24
É a mais usual na actualidade e a que
mais facilta o trabalho, visto que não é
preciso talhar a madeira, nem fazer uso
de moldes nem de ferramentas especiais. As anteparas correspondem às linhas verticais do plano longitudinal e plano frontal do navio; nelas se representa
o contorno das balizas inteiras e a curva
superior que sustentará a ponte.
I
I
.A
I
J
Sistema de construção por balizas.
O mais difícil, porém o mais real e belo.
25
Cuter
<<Andrõmeda» ....
da marca
<<Dikal'l>.
Um delicioso
modelo,
ideal
para começar
a embrenhar-se
no mundo
do modelismo
naval, de
relativa
simplicidade
e grandes
possibilidades
de melhoramentos.
É, além disso,
um modelo que,
como todos
os desta
marca,
supera
en muito
a qualidade
de quase
todas as
marcas
espanholas
e muitas
estrangeiras.
CONSTRUÇÃO DE UN
MODELO PASSO A PASSO
scolhemos un «cuter»
da casa Dikar, escala
1/ 50, que pela sua relativa simplicidade
e areciável qualidade nos parece o modelo mais indicado para início. Além disso introduzimos alguns melhoramentos
que para o aficionado médio podem ter
interesse, ainda que envolvam alguma
complicação facilmente superável com
a dedicação de mais tempo e paciência.
Segundo o «Diccionário Marítimo
Espanhol», de Timoteo O'Scanlan, na
sua reedição de 1974 para o Museu Naval de Madri, Cuter define-se como:
<<Nome inglês, adotado no nosso idioma
e próprio de uma embarcação com velas triangulares, uma carangueja num
mastro pequeno à popa e várias buarronas.» Efectivamente trata-se de um barco de origem inglês, resultado da evo-
~stas llllo...
sao as ...,...
ferramentas
necessárias
para um
modelista
naval que
deseja
executar
este
modelo.
As ferramentas
devem
ser
poucas
e muito
selecionadas.
26
-.
_.
..
~
"
--
~ Um
objeto
de relativa
utilidade
é este
suporte para
cascos de
barcos,
se bem
que o normal
seja
manejá-lo
sem a sua
ajuda.
27
ltJção de outros pequenos navios. Muito
utilizado como aviso guardacostas, carrega uma grande quantidade de velas
apesar de apenas ter um mastro, mais o
gurupés; mas sendo de grande calado
para o seu tamanho e muito largo, toda
esta quantidade de velas lhe é absolutamente necessária.
Pela sua versatilidade e boas características marinheiras foi um modelo rapidamente adoptado por todas as marinhas do mundo. O que vamos construir é
o «HMS Aldebaran», cuter armado inglês
que estamos certos fará as delícias do
modelista.
FERRAMENTAS. Para a execução deste modelo não são necessárias muitas nem complicadas ferramentas. As essenciais são umas quantas lâminas que podem usar um mesmo cabo,
uma pequena serra, um martelo também
pequeno, um porta-broca com brocas de
Aspecto de falsa quilha com as suas anteparas. Estas
devem ficar colados perfeitamente a escuadro,
pois do contrário causariam sérias deformações ao forrar.
A quilha deve ficar alinhada para evitar o revirar de toda a estrutura,
surpresa fatal se não se tomar antes as necessárias precauções.
28
0,5 e 1 mm., um torno de mesa para se
quisermos executar algum trabalho delicado e algumas mordaças.
Para dobrar as tábuas podemos utilizar água, um soldador que sujeitaremos
a um torno de mesa, ou um aparelho especial para dobrar tábuas de 2 ou 3 mm,
parecido com uns alicates de corte, mas
com uma das suas mandíbulas palana e
a outra com uma lâmina de metal sem
fio. Presionando com este aparelho a Úibua em certos intervalos produzem-se
pequenos entalhes num dos lados da tábua que fazem con que esta fique curva.
Uma ferramenta de grande utilidade,
se dela dispomos, se bem que cara, é o
mini berbequim com mandril ou brocas
intermutáveis. Facilita muito o trabalho
embora não seja imprescindível.
'
Para lixar com rapidez podemos utilizar um acessório do mini berbequim
que se pode adquirir no comércio ou podemos fabricá-lo; trata-se de um soporte para a lixa que não é mais do que uma
peça curva preferivelmente de borracha,
sobre a qual se adapta a lixa e se aparafusa a qualquer uma das pequenas barrinhas com torno de que dispõem os
acessórios dos minis berbequins.
MATERIAIS. As madeiras e acessórios da caixa de montagem são mais
do que suficientes para executar o modelo e, além disso, são de boa qualidade. Apenas necessitaremos de cola
branca e um pincel para o aplicar.
Uma vez bem estudados os planos
e identificadas cada uma das peças, começaremos pela colocação das anteparas sobre a falsa quilha, formando com
ela a estrutura principal ou esqueleto do
modelo. Normalmente reforçam-se as
anteparas de proa e popa com tacos de
madeiras, não muito dura que se talham
ou limam para obter a for~a natural destas partes do navio, de modo que as tá-
.Â. .Â.
Colocar os reforços de proa
e colá-los. Depois limá-los bem seguindo
a forma adequada, para um fácil e completo
assentamento das tábuas do forro.
29
•
Os reforços de popa têm a mesma função que os de proa. Neste caso há que
se ter especial cuidado com os reforços do cadaste por ambas alhetas, pois ao forrar o casco, o final
das tábuas próximas à quilha devem ter a mesma grossura. que o cadaste para que não ocorra um
escalonamento. Observar como as balizas que aparecem na foto
foram limadas para receber sem esforço as tábuas.
•
•
A estrutura completa, limada e disposta
para começar o forro. Antes de começar
esta operação é conveniente uma detida
observação e comparação com os planos.
30
buas do forro assentem com maior facilidade e segurança. Normalmente estas
peças constroem-se em madeiras flexiveis, fáceis de cortar e limar. Uma vez
completada toda a estrutura cola-se e
crava-se o falso convés e tombadilho se
necessário. Por último, com o uso de
uma lâmina recortam-se os perfis ou
bordos de cada antepara, de modo que
as tábuas assentem-se com facilidade
sem que se produzam tensões excessivas e deformações que estraguem o resultado do trabalho; por isso utilizar-se-à
uma longarina para ir comprovando o
seu perfeito assentamento.
Há que ter especial cuidado com
esta estrutura para que não se deforme
estragando o modelo. Para isso pregaremos uma tábua resistente sobre a parte supeiror das balizas seguindo a linha
de meio-navio ou linha que percorre o
navio de proa a popa, e para nos asseguramos podemos colocar em ambos os
lados da falsa quilha, se possível, estrei-
•
•
O falso convés colado e cravado. O estar composto por dos peças, unidas
ao largo da linha de meio-navio, permite sua instalação sem ter que forçar a estrutura
do barco. Á direita, o casco forrado e pronto para colocar-lhe as amuradas.
tas tabuarinhas presas sobre uma base
sólida (uma tábua de aglomerado) de
maneira que a estrutura fique bem fixa
enquanto se prendem todos seus elementos.
Tanto nos modelos de casco sólido
como nos de casco oco com anteparas,
é conveniente a colocação de um falso
convés que assegure toda a estrutura e
sirva de base para o tabuado da ponte.
Esta irá cravada e colada antes ou depois do casco forrado. A única precaução necessária nesta operação é
que os bordos do convés coincidam com
ois extremos das anteparas e sua linha
central com a linha do meio-navio.
Quando colocamos o falso convés antes de formar o casco, este tem de ficar
bem apertado enquanto seca o adesivo
para que o conjunto não se deforme nem
revire.
Existen várias formas de colocar o
entabuado sobre o falso convés. Devese começar do centro para os bordos.
•
Colocada a amurada reforçar-se-á na proa
com uma peça de madeira que, além
disso, servirá como suporte de cavilhas. Já podemos
fazer a enora para o mastro.
31
Para isso colocar-se-á uma das réguas
ao longo da linha de maio-navio com o
que o convés ficará dividido en duas partes iguais. Pode forrar-se o convés com
réguas inteiras ou cortadas em pedaços
iguais e imitando o tabuado nos barcos
verdadeiros. Também pode imitar-se o
cravamento das tábuas com pequenos
pregos aos quais previamente se lhes
cortou a cabeça, ou assinalando cum
uma punção o lugar dos referidos pregos e logo tampando-lhes com verniz ou
com alguma tinta que se coloca no interior. Tanto esta operação como a calafetagem do tabuado pode realizar -se
com uma mistura de cola branca e alguma tinta d'água escura, que se aplicará sobre o convés procurando introduzir
bem em todas as junções e orifícios. Ao
secar raspa-se com o bordo de um vidro ou de uma lâmina, de modo que a
madeira fique completamente lisa e as
linhas das junções e os orifícios dos pregos completamente definidos. Se o en-
. . As tábuas cortaram-se e curvaram antes de colocá-las
em seu lugar no forro. Se a curvatura não for muito
pronunciada bastará molhá-las durante um tempo, em caso
contrário terá que fazê-lo por meio de um soldador ou alguma
fonte de calor. Convém fazer algumas provas prévias porque o normal
é romper, ao principio, algumas táb.uas.
32
tabuado é de madeira clara, a convém
fazer a calafetagem num tom mais escuro. Se, pelo contrário, este é escuro
pode utilizar-se cola branca, não transparente ou betume de madeira branca.
FORRO DO CASCO. Tanto se o
casco é maciço como se é de anteparas ou balizas, tem um procedimento comum para forrar que podemos dividir nas
seguintes etapas:
1) Selecionar cuidadosamente as
tábuas que serão utilizadas. Primeiro escolher-se-á o tom da madeira e sua flexibilidade. Esta se comprovará curvando
ligeiramente cada tábua, observando
que o veio é contínuo ao longo da madeira, sem que se levantem lascas.
2) Selecionada a madeira procederemos ao talhe de cada tábua. Todos
os barcos tendem a adelgaçar suas formas na proa, isto é, o lugar onde se assentarão os extremos das tábuas é mais
curto que o mesmo na baliza maior. Todas as tábuas devem terminar na roda
do barco e correr paralelas à quilha.
Nunca poderão seguir a linha da roda e
terminar numa cinta. É por isso que tem
que ser extremamente cuidadoso ao
medir as dimensões das tábuas.
Para isso utilizaremos um método
relativamente simple e que consiste em
dividir a roda em tantas partes iguais
como quantas tábuas no total tem ocasco desde a linha do primeiro ponte até
a tábua que se apoia na quilha, o que
nos dará a medida exata dos extremos
de cada longarina. Depois com uma régua que apoiaremos sobre a tábua, à altura da caverna mestra até ao ponto medido, traçaremos uma linha pela qual
cortaremos com a lâmina a madeirarestante.
3) Terminado o talhe de cada uma
das tábuas, dar-lhes-emos a respectiva
curvatura se necessário. Para isso utili-
. . . . Neste modelo as tábuas chegam justo até o bordo
do convés. Nós introduzimos uma
modifição que consiste em forrar previamente
a popa e terminar por forrar na última baliza.
Por suposto esta é uma transformação optativa.
33
zaremos o soldador; como se explicou
no volumen I desta obra, no caso da curva ser muito acentuada; caso contrário
basta molhá-lo durante uns minutos.
4) Antes de forrar o casco temos
que colocar os bordos e o painel de
popa, que nas caixas de montagem aparecem feitos em madeira prensada fina.
Começar-se-à pelo painel de popa, que
se colocará na posição indicada pelos
planos e que costuma formar un ângulo
mais ou menos pronunciado com a perpendicular da popa do plano longitudinal. Será forrado com as tábuas prepa-
Â
radas para o efeito em ambos os lados
e se colocarão, colarão e forrarão as
amuradas. Quando a curva de proa é
muito pronunciada, molham-se as lâminas de madeira prensada, e se necessário aquecem-se para dobrá-las. Em
seguida colaremos e cravaremos e forraremos por dentro e por fora, como se
fez para o painel. As aberturas dos embornais, as frestas dos canhões e a enora do gurupés serão executados fazendo primeiro um pequeno furo de uns dois
milímetros que se aumentará e acabará
com lâmina e lima.
O forro do casco tem que ser executado
de forma alternada, isto é, uma tábua a bombordo
e a correspondente a estibordo, caso contrário, as fortes
tensões que se produzem deformariam o casco. Observe-se como à
popa as tábuas se separam, ao contrário do que acontece à proa.
34
5) O entabuado do forro começará a ser cravado e colado partindo da baliza mestra até à proa e à popa alternadamente; quer dizer, uma longarina ~
bombordo e outra a estibordo para evitar que o casco dobre.
Aos pregos, que unirão os extremos
das tábuas à roda, cortar-se-ão as pontas para que não abram a madeira, ou
então fazem-se os orifícios com uma pequena broca antes de os cravar.
Na zona da popa, a que chamamos
alhetas as tábuas tendem a separar-se;
por iss~ não se deve forçar para as juntar mas devem ser pregadas na direção
naturam que tomem. Os vazios entre tábuas serão preenchidos com cunhas
cortadas «a olho» que se chamam «atunes». Se bem que nestas escalas não
seja absolutamente necessário, pode
executar-se uma simple operação que
nos barcos reais é indispensável. Consiste em cortar a ponta do «atu» ou cunha e executar um entalhe equivalente
entre as tábuas onde se colocará este
para que fique perfeitamente encastrado. A sua finalidade era evitar que a madeira começasse a apodrecer por este
lugar.
6) Terminada a operação de forrar
o casco, preocederemos a lixá-lo para
tornar igual toda a superfície. O tamanho e dureza do entabuado nos indicará
o tipo de ferramenta a utilizar: lima, lixas,
etc. Em qualquer caso, começaremos
pela mais grossa e iremos descendo na
espessura do grão. Num primeiro momento limitar-nos-emos a alisar no caso
de queremos calafetar. Para isso podemos passar todas as juntas com uma
lima fina de seção triangular e enchêlas
com betume escuro. Seco este, passaremos a lixar e polir. Um elemento de
grande realismo nos modelos à escala é
o cravejado do casco e pontes, o que se
pode executar com pequenos pregos de
latão a que se cortará a cabeça e que
  D~is aspectos do caso do Cuter completamente
forrado. Aqui podemos observar como
as tábuas seguem uma linha contínua de proa
à popa. Isto é facilmente apreciável observando as
distâncias entre a tábua mais clara e a vermelha.
35
se cravarão seguindo a linha de cada
baliza.
Normalmente nas maquetes à escala colocam-se os pregos formando umas
duas linhas por antepara; isto é decorativo, mas não é real. O número de balizas num navio do século XVIII era pelo
menos três vezes a quantidade de anteparas da caixa de montangem. Isto
supõe que as balizas ficam muito juntas
uma das outras, às vezes com separação de poucos centímetros e a cravação; para tal, faz-se uma constelação
de cabeças de pregos, cavilhas e pernos de diferentes diâmetros que dão ao
casco o seu aspecto peculiar. Naturalmente isto supõe para o modelista um
trabalho e gasto adicional.
A
A
~m seguida recortar-se-ão as partes restantes das tábuas.
E o momento de começar a limar e lixar o casco.
Colocação da roda e da quilha.
A roda deve ficar perfeitamente
ajustada à falsa roda e as tábuas,
algo sobrepostas, bem alinhadas,
formando uma curva sobre ela.
Os bordos vivos serão arredondados com lixa
e procurar-se-à que o encaixe de quilha
e roda seja o mais ajustado possível.
36
A
QUILHA, CADASTE, RODA E
LEME. A roda ou arco de madeira si-
Tam como a roda, o cadaste
adaptar-se-à o mais ajustado possível
ás tábuas de modo que estas
fiquem niveladas. A quilha
sobressairá alguns milímetros
em ângulo biselado corno proteção do leme.
Não esqueçamos abrir
o orifício por onde este tem de passar.
Este é o conjunto do casco lixado e calafetado. A calafetagem será executada depois de
lixado todo o conjunto. Neste casco foi feito com betume plástico de madeira.
tuado verticalmente à proa, continuação
da quilha, deve ser pregada e colada em
primeiro lugar. Esta operação será realizada colocando-a diretamente sobre a
união das tábuas, pelo que devem estar
perfeitamente limadas e alinhadas para
que a peça se adapte sem deixar fen das. Tambén se pode colocar fazendo
um canal entre as tábuas de bombordo
e estibordo onde a roda se encastre perfeitamente, apoiando-se a todo o comprimento da falsa roda. Este canal será
executado por meio de uma lima de
seçao retangular talhada num dos seus
bordos. É necessário ser muito cuidadoso para que ao encaixar a roda não apareçam amolgões; por isso é aconselhável comprovar depois de cada passagem com a lima até que a peça entre no
seu lugar, se possível à pressão. Depois
cola-se e crava-se se necessário. Para
que não se note execessivamente a cabeça do prego se introduzirá este profundamente na madeira de modo que
desapareça nela; saliéncia resultante
A colocação das amuras não oferece especial
dificultade. Molham-se, colam-se e cravam-se
ao longo do convés. Forram-se por ambos
os lados. A união destas duas peças ficará oculta
pela cinta. Também se colocará o pedaço de roda
restante, a segunda cinta e o escovém.
37
será tapada com betume de cor e pintada depois de lixada. O orifício para o
prego será feito previamente mediante
uma broca com a mesma espessura que
o prego.
A quilha será colocada, cravando-a
e colando-a, ao longo da falsa quilha e
de modo que a sua extremidade da proa
se adapte perfeitamente ao início da
roda, bem a tope ou mediante a execução do seu encastre ou alefriz. Deixar-se-à sobressair um pedaço de quilha na popa para colocar o cadaste e um
pequeno ângulo de apoio do leme.
O cadaste será colocado sobre o
falso cadaste, apoiado na parte restante
da quilha e na parte inferior do painel, se
assim o exige o modelo. Como no caso
da roda, o cadaste terá que ficar perfeitamente adaptado no seu lugar, mas
com a diferença que na parte baixa se
não encastre, se não ficar nivelado com
as tábuas.
Continuando, faremos o orifício ou
enora do leme e colocamo-lo com as
suas dobradiças, pois se deixamos esta
operação para mais tarde será muito difícil executá-la. Os pregos para as dobradiças devem ser muito curtos para
não trespassarem o leme, ou se são excessivamente compridos cortam-se deixando-os com apenas dois ou três milímetros. Os espigões colam-se nas dobradiças superiores do leme para o poder colocar no devido momento. O superior será colocado na união da amura
com o casco, tapando-a. Adaptado o
leme podemos retirá-lo para que não nos
atrapalhe nos trabalhos posteriores.
Nesse momento colocaremos todas
as cintas e reforços do casco, que como
já temos recomendado deverão ser arredondados, uma vez colados e cravados,
alisando todas as arestas vivas.
Deste modo deixaremos o modelo
pronto para o posterior envernizamento
e polimento final.
38
LINHAS DE FLUTUAÇÃO.o
método mais simples para traçar esta
linha, sobretudo em barcos de casco
maciço, colocá-lo sobre um suporte na
posição na qual aparece nos planos longitudinais entre perpendiculares, de
modo que a suposta linha de flutuação
será paralela ao solo ou à base. Depois
cortaremos um pequeno taco de madeira em cuja extremidade superior fixaremos um lápis cuja ponta esteja à altura
da dita linha; faremos deslizar o taco de
madeira, com a ponta do lápis sempre
apoiada sobre o casco, a todo o comprimento do navio. Traçada esta linha pintaremos a zona abaixo da linha de flu tuação da cor que tenhamos escolhido.
Para facilitar esta operação podemos tapar a zona superior da linha de flutuação
com papel adesivo para que essa linha
seja perfeitamente nítida e uniforme. A
pintura será executada com brocha ou
com aerógrafo. Se é com brocha, utilizaremos uma de pelo fino e ponta plana.
O esmalte será aplicado em camadas fi nas, algo diluídas para que não fiquem
vestígios do pincel.
podem ser peças postiças que C?~ ~s
anteriores formam os reforços VIS1ve1s
das amuradas pela sua parte interior.
Nos modelos à escala são pequenas réguas de madeira que se colam às amuradas antes de colocar a cobertura da
borda da amurada. Colam-se eqüidistantes entre si. Podem colocar-se depois do
trincaniz ou antes.
Os trincanizes são uns reforços de
madeira ao longo.dos bordos do convés
e fixados às amuradas; levam na interseção um canal para facilitar a passagem da água atá aos embornais orifícios
de saída feitos na parte baixa das amuras. Nos barcos à escala costumam exe-
cutar-se com uma ou várias réguas cujo
bordo exterior se arredonda. Cola-se e
prega-se na interseção da amurada com
a ponte. Outro sistema é colocar primeiro as sarretas; depois, cortando réguas
à medida dos espaços entre aqueles,
colam-se, tendo em conta que devem ter
a mesma grossura. Por último, colocase outra régua ao longo de todo o convés colado no bordo exterior dos tramas
antes colocados, com o que o resultado
é mais real. Será lixado o bordo exterior.
ALCATRATE. É o tabuado que
cobre as cabeças das sarretas e a parte
No
caso
de querermos
pintar
o casco como
nesta
goleta,
betumaremos
e lixaremos
perfeitamente
qualquer
ranhura ou
deformação
apreciável.
A linha de
flutuação
será traçada
primeiro
com um
lápis
e tapase
com
fita
adesiva.
<1111111
PORTINHOLAS DOS CANHÕES. Já explicamos anteriormente
como fazer os orifícios das frestas, que
deverão ser perfeitamente perfiladas e
quadradas, deixando uma margem para
as respectivas molduras, se é que as levem. Colar-se-ão estes e acabam-se de
lixar. Sendo redondos neste caso procuraremos, à base de lima redonda, criar
um círculo o mais preciso possível para
que se adaptem perfeitamente, sobretudo na zona interior da amura.
SARRETAS E TRINCANIZES.
As sarretas são as peças salientes das
balizas na sua parte superior e que terminan na borda da amurada. Também
39
.Â. .Â. Para comparar as
medidas do navio à escala
humana, executamos esta figura
que dá uma idéa do tamanho do navio.
O Cuter com todo
o pano desfraldado
como em dia de calmaria
Os pendões ou velas pequenas pendem
de ambos os lados da vela maior.
40
41
superior das bordas ou amuras. É corrente que a zona de proa produza curvas re lativamente pronunciadas. Para
evitar que a régua da borda da amura se
parta, visto que tem que ser dobrada na
sua largura, pode cortar-se em segmentos menores que serão colados na parte
superior da borda e lixados. Como sempre, recomendamos retirar as saliéncias
que sobram e arredondar a régua:
MESAS DE GUARNIÇÃO, SUPORTES PARA CAVILHAS. As me-
. . . . Detalhe do reforço da amura onde se disporá da manobra das âncoras
e uma das frestas para os canhões, sem portinhola e com um aro de latão.
A direita, colocação das sarretas, trincaniz e alcatrate.
. . Escada interior que corresponde à
situada por fora do casco, introduzida
como melhoramento. Os suportes para cavilha serão
lixados e arredondados antes de colocá-los
no seu lugar. Também serão previamente
feitos os orifícios para as cavilhas.
42
. . Castelo da popa. O painel foi executado
com uma só peça de madeira maciça.
Será colocada antes de cravar as amuras, visto que estas
serão cravadas nos seus bordos laterais. Sobre a
borda da amura serão colocadas as peças que
formam o castelo da popa.
sas de guarnição são uns tabuados robustos colocados horizontalmente e fixados na parte exterior do costado. Na realidade são grossas réguas de madeira
encastradas entre si e que estreitam ligeiramente no bordo. Neste fazem-se as
ranhuras para passarem as correntes;
guarnição. Também estão afixados por
um dos seus bordos ao costado, mas
pelo seu lado interior. Servem para recolher o cordame de diferentes manobras para o que levam umas peças torneadas que atravessam os suportes
para cavilhas. Devem ser furadas, antes
. . Aspecto geral do Cuter preparado
para os últimos detalhes.
tapavam-se mediante uma última régua,
às vezes em forma de moldura. Em alguns casos faziam-se nas mesas de
guarnição uns orifícios, geralmente três,
sobre os quais se adaptava um cofre
com três assentos para formar as latrinas. O lado da proa deve coincidir com
a vertival do mastro que lhe corresponda. Costuma levar uns ângulos fixados
na sua superfície e costado para os reforçar devido às tensões que têm que
suportar, visto que delas partem as bigotas, assim como as travessas que as fixam ao casco. Estas mesas devem ser
furadas no borda mais exterior, ou ranhuras que unem as bigotas com as respectivas travessas. Calcularam-se os
espaços entre orifícios para que nenhuma bigota tape as portinholas dos
canhões. Os suportes para as cavilhas
são também uns tabuados robustos, se
bem que menores que as mesas de
. . Vista da frente das mesas de guarnição
como os seus ângulos de reforço aos quais se deu
forma côncava. Também colocamos umas pequenas
portas para os embornais ou orifícios para escorrer água.
43
Suporte .....
para
cavilhas do
mastaréu
formado por
quatro
abitas
e três
travessões.
Colocaremos
as cavilhas
antes de
colar
o conjunto
ao convés.
Abitas 111111....
em cruz 111111""'"
que serão
coladas
contra
as amuras.
de coladas, com uma broca da mesma
bitola que as cavilhas. Os mastaréus levam também os seus correspondentes
suportes para cavilhas e costumam
abraça-los, apoiados sobre abitas.
As abitas são todos os elementos
verticais fixados ou não no costado, utilizados também para recolher as escotas de certas manobras do velame. São
feitos com régua de madeira de seção
quadrada às quais se talha uma cabeça
na parte superior.
APÓSTOLOS. Taambém se lhes
chama guias de gurupés e costumam
cumprir a dupla função de suportar na
sua extremidade esse mastro e de o recolher mediante várias voltas o cabo das
âncoras; na realidade, são duas grandes
abitas situadas na extremidade ou de
ambos os lados do gurupés, neste último caso costumam ser prolongamento
das últimas balizas da proa. As vezes
vão unidas por um travessão que faz de
suporte de cavilhas.
com uma curvatura na sua extremidade
superior.
CABRESTANTE E MOLINETES. En quase todas as caixas de mon-
tagem aparecem estes aparelhos em
peças, utilizados para levantar pesos de
considerável importância; poden ser horizontais ou verticais. Cada peça deve
ser lixada, pintadas as argolas de preto
 Turcos para as âncoras.
 Estas abitas, unidas por uma travessa,
Observe-se a abita que
cada uma leva fixada
num dos seus lados, aos quais
se talhou a cabeça.
serão guia do gurupés e cumprem a
função de «apóstoloS». Todas as cabeças
destas peças foram talhadas
com uma lima fina de seção triangular.
TURCOS PARA ANCORAS.
São dois travessões robustos que sobressaem da amura da proa pelo seu
través, bem por cima da borda, às vezes
têm uma abita fixada. Levam uma ranhura na sua extremidade exterior onde
se aloja uma roldana por onde desliza o
cabo para manobra de içar a âncora.
TURCOS PARA LANCHAS. Al-
Â
Colocação das abitas sobre a amura,
turcos e suporte para cavilhas.
É importante fazer antes os orifícios para
os gatos da aparelhagem dos canhões.
44
guns navios levam à popa dois turcos
preparados para suspender deles uma
lancha. Contêm nas suas extremidades
as correspondentes roldanas. Ás veces
também se colocam no costado pela sua
parte exterior, geralmente perto da popa,
sobre as alhetas de bombordo e estiborjo. Nestes casos costumam ser verticais
A A Proa do Cuter com quase todos os seus acessórios.
Há que ter especial cuidado ao colocar
a borda da amura devido à forte curvatura que se
produz na proa. A enora do gurupés será colocada
a e~tibordo, perto da roda.
45
e feitos os orifícios para pernas ou argo- tumam incluir a idéia de construir estas
las que sejam necessários, assim como escotilhas, que somente ficam tapadas
os entalhes onde se introduzem as ba- pelas gaiútas e gradeados. Contudo, não
rras para dar voltas e enrolar: o cabo é difícil a execução se forem preparada
com que se trabalha. Acrescentou -se a de antemão. Para isso se cortará um pechaminé da cozinha, que é uma peça de daço de falsa quilha nos lugares que
latão pintada de preto, com umas peque- coincidam com estes elementos. Quannas portas na sua parte superior à proa do a estotilha coincide com uma antee à popa para facil itar a passagem da fu- para vaza-se esta antes de a encastrar
maça. À proa duas pequenas peças de na falsa quilha. No vazio praticado consfogo sobre suporte de latão pintado de
preto. Os cabos das âncoras que vêm
dos escovéus abraçam o travessão das
abitas, o cabrestante e voltam para se introduzir no interior pelo gradeado de
proa.
GAIÚTAS E ESCOTILHAS. A
escotilha é o orifício praticado no convés e que dá acesso às outras outras
pontes e aos poroões. Normalmente nas
caixas de montagem os barcos simples
e os de uma única parte corrida não cos-
truir-se-à uma caixa a que falta o lado
superior. Forra-se a base com tábuas
como se de um convés se tratasse. Ourendo, podem colocar-se no seu interior
diferentes elementos como colunas
mesa, escadas, etc. Tudo isto tem qu~
ser feito antes de forrar o casco e colocar a falsa quilha, executando-se então
a abertura da escotilha. Pode construirse todo este complexo depois de forra-
•
Os turcos para
lanchas com as
suas roldanas.
Â.
Popa do barco com a cana do leme talhada e colocada sobre o leme. À
direita, vista geral do convés, preparada para colocar os restantes
acessórios. Com lixa média e fina arredondar-se-ão
todos os cantos do barco, tanto por fora como no interior.
A experiência demonstrou que desta maneira, os golpes
freqüentes durante as viagens, eram assim menos perigosos.
•
46
•
do o casco e colocado o convés mas
não o aconselhamos, sobretudo a~s aficionados iniciantes, pelas muitas dificultades que podem encontrar.
Quando todas estas operações tenham sido concluídas, constróem-se as
gaiútas e gradeados. Às travessas que
forman estas peças podem ser colocadas na sua base um rodapé que será
constrído com duas réguas, uma mais
Â
Proa d~ Cuter com o cabrestante melhorado, acrescentada a chaminé
da cozmha, o gradeado de proa e as pequenas peças de fogo.
Entrada da escotilha com
as escadas interiores. Esta
modifição deve ser
feita quando a estrutura da quilha
e anteparas foram terminadas
antes de se começar o forro.
•
Escotilha de acesso. Foi
meljorada abrindo dois
quadrantes para se poder ver o
interior. O gradeado foi construído
antes de ser colado com verniz cor
de teca.
•
A escotilha
transformada
e colocada no seu lugar.
O primeiro degrau do interior tem
a forma de pega para
facilitar a saída.
47
fina que a outra, coladas entre e cortadas com can ivete. Bem lixadas e arredondadas ç.:am-se no seu lugar.
GRADEADO. Os acessos aos
porões e pontes costumavam ser tapados mediante umas gelosias de madeira
que permitiam o arejamento dos interiores; no caso de tormenta e chuva tapavam-se com lonas ou com tábuas bem
ajustadas.
Os gradeados são formados pro réguas nas quais se executou uma série
de entalhes iguais e eqüidistantes, de
modo que cruzadas entre si em ângulo
reto formam a xareta, axadrezado ou em
rede. Construir estas peças é de uma dificultade relativa visto que é necessário
 Neste caso o autor do modelo atingiu o máximo de
a utilização de uma máquina, e será experfeição abrindo a escotilha e executando os interiores
plicada no volume «Modelismo Naval
com os seus beliches, mesas, etc. A entrada é constituída por quatro
Avançado».
Por outro lado, asa caixas de
peças imóveis. Um interessante detalhe é a bitácula com as
montagem têm-nas incluídas e, em qualsuas esferas magnéticas, frente à roda do leme.
quer caso, podem ser encontradas em
lojas especializadas.
Gaiútas. Cada detalhe contribui para melhorar
o modelo com a chaminé da cozinha feita em latão
e a balsa salva-vidas. É muito importante a limpeza no trabalho
e na pintura para dar urna sensação de realidade.
48
ÂNCORAS. Pintam-se de preto e
colocam no seu cepo. Este, na realidada, era formado por duas peças de madeira unidas entre si por umas braçadeiras de ferro que, neste caso, executamse com tiras de papel pintadas de preto.
Não é adequado utilizar materiais mais
grossos porque falsearíamos a escala.
As duas peças do cepo levam no centro
uma ranhura por onde passa a cabeça
da âncora ou arganéis que se pode forrar com um cabo fino enrolando-o. O
cepo cruzará os braços da âncora em
ângulo reto.
O cabo da âncora será atado por
uma extremidade ao arganéu mediante
um nõ especial, como se indica nos planos de construção. A outra será passada pelo orifício correspondente, dará
uma volta ao apóstolo e se enrolará no
cabrestante com várias voltas, terminando no gradeado de proa. Um dos braços
de âncora será recolhido por um cabo
que o fixará contra o reforço de proa e
será atado na abita em cruz do interior
da amura.
 Gradeado de proa. No modelo
•
da caixa não se inclui, mas sim nos
planos originais deste barco.
ARTILHARIA. Sendo estas peças
Uma das escotilhas transformadas.
Tirou-se-lhes as travessas centrais
e dada a curvatura normal deste
tipo de gradeado.
As
caixas
para balas
e o aparelho
completo
dos canhões
contribuem
para
melhorar
o modelo.
Todas as
cavilhas
e argolas
do convés serão
colocadas
antes
dos
acessórios.
....o1111
~
49
um dos elementos mais espetaculares
do modelo, devem ser tratadas com especial atenção e cuidado. Os canos dos
canhões pintam-se de preto se se querem em ferro, ou com a mistura de verde e ocre que se explicou no segundo
volume desta obra se preferirmos em
bronze.
As carretas serão retocadas, arre-
•
•
Prisão das âncoras de modo que estas fiquem apoiadas
no reforço do costado e atadas à abita.
As frestas dos canhões adornadas. À direita,
a canhão central é o que a caixa de montagem possui.
Substituimos os canhões por outros em tom de ferro e maiores,
mas conservando as carretas. Nestas colocam-se as
cavilhas do aparelho assim como o cabo que fixa o canhão à amura.
•
50
dondando os seus perfis e introduzindo
os cabos e argolas necessárias para fixar o aparelho. Podem pintar-se de vermelho para lhe dar um aspecto mais de
acordo com a sua época, mas para isso
haveria de pintar também todo o interior
das amuradas, assim como os lados das
gaiútas e escotilhas. A sua finalidade era
a de dissimular o sangue dos feridos no
Os canhões colocados na sua posição, já amarrados
antes de colocado o resto do aparelho. lambem
podem !!er oliservados os suporte para cavilhas.
•
Os canhões com o seu aparelho. Sobre a
borda da amura colocaram-se uns ferros
para dispor a rede de proteção.
•
•
Oconvés com os seus acessórios já colocados. Éo momento de
comparar com os planos os melhoramentos executados ou pensar em outros novos.
51
 O suporte para cavilhas colocado
no seu lugar. Há que
colocar antP.s dos cabos e argolas
à volta da ertora do mastaréu.
combate e espalhar de algum modo o terror dos tripulantes.
O aparelho dos canhões é constituído pela cábrea, que é um cabo grosso
que fixa o tubo às amuradas para evitar
o recuo excessivo da peça ao disparar
e uns moitões situados de ambos lados
da carreta e, às vezes, por trás dela para
colocar o canhão na sua posição. Para
completar o aparelho e torná-lo vistoso
f r:~remos pequenos rolos de cordame,
deixando-os aos lados das carretas sobre a ponte.
OutíOs acessórios de grande realismo são as balas, que se colocarão, nest8 caso, sobre caixas de madeira fixadas
às am uras, uma por canhão, com umas
sei s 01.: oito balas cada uma. Também
poden: colocar se barriletes com as mechas e inclusive os instrumentos de limpieza do canhão.
Outras peças que se podem acrescentar são as pequenas peças de fogo
móveis sobre a borda da amurada à proa
e à popa, assentes sobre un supporte
executado com fio de latão.
LANCHAS. Esta caixa de montagem não as traz, mas, como jã temos visto, podem encontrar -se pré-fabricadas
em lojas especializadas. Por outro lado,
podem ser construídas pelo modelista,
se bem que sea necessário um grande
cuidado. Há vários métodos de construção de lanchas ou botes para navios
que serão explicados em outro lugar
desta obra. O mais usual é partir de um
pequeno bloco de madeira macia, dando-lhe a forma adequada e variando o
seu interior com uma lâmina curva. Outro dos métodos é criar uma estrutura
como a de um barco de caixa de montagem à base de falsa qu ilha e anteparas, forrando-a como um barco normal,
con pequenas tábuas. O método mais
preciso e real ista é talhar as formas de
bote sobre um bloco de madeira branca
e ajustado sobre ela as cavernas, e contraroda, a contraquilha e o contracadaste, e forrando o conjunto. Deste modo o
bloco talhado faz as vezes de molde, que
depois se separa, ficando o conjunto
pronto para os seus acabamentos.
CANA DO LEME. Esta é uma
peça de madeira encurvada e alargada
numa de cujas extremidades se abre o
cavado para acolher a cabeça do leme.
A outra estreita-se e termina numa peça
redonda onde se fixa o aparelho, geralmente de quatro moitões. A roda do leme
é de difícil execução se não se possuem
ferramentas adequads, mas é facilmente adquirida em lojas.
Outros detalhes interessantes e fáceis de acrescentar são: corrimãos, proteções de rede sobre as bordas, suportes para as espichas e sinos.
Por outro lado, todo o aficionado
sabe do cuidadoso armazenamento de
~parelho do leme, utilizado para favorecer a manobra e fixá-lo com mar forte.
  Aspecto da popa com o seu guarda leme e a_grande abita horizontal sobressaindo. O pequeno canhão
 Â
é mais um elemento que realça o conjunto. A direita, aspecto da pequena lancha
da goleta, executada sobre um bloco de madeira cuidadosamente talhado e escavado até
ao ponto de se tornar transparente à contra-luz. Leva todos os seus acessórios como os remos e os turcos
para a arriar. Um precioso detalhe é o tensor (à esquerda da foto) executado à mão.
A direita, popa da goleta da qual ressaltam os contrastes nas tonalidades
dos seus diferentes elementos de latão, madeira de teca, convés de pinho, etc.
.
Todos os d~:talhes que foram cuidados conscenciosamente, como o farol
que pende do suporte da espicha, os olhos de boi ou o salva-vidas.
52
53
todo tipo de peças de metal e outros materiais que se ao princípio não têm finalidade concreta, num determinado momento podem solucionar muitos dos problemas que se apresentam. Convém,
pois, ter uma caixa ou, melhor ainda, um
pequeno armário-arquivo com as suficientes divisões para guardar tudo aquilo que em qualquer momento possa ter
utilidade, como correntes, peças de
quinquilharias, restos de outros naufrágios e o sem fim de coisas, pequenas
peças, que nos rodeiam sem aparente
utilidade e que em outra altura teríamos
desprezado.
 Com as cavilhas de metal e um pouco
de cordel podem construir-se estes
corrimãos para as escadas exteriores.
brilhante desmerece completamente o
acabamento dando uma impressão puoco real. Por isso, se utilizamos vernizes
brilhantes daremos uma última camada
com verniz mate ou acetinado.
PINTURA DO PAINEL E
ADORNOS DE POPA. A caixa de
ENVERNIZAMENTO. Colocadas todas as peças de madeira dentro e
fora do casco e sobre o convés, faremos
o envernizamento final para deixar o barco pronto para colocar os elementos soltos como canhões, baldes, barris, cabos
e argolas, bigotas, etc. Todas as peças,
 Colocação do painel de popa
 Neste aspecto do convés
e os adornos laterais.
Serão colados com cola de contato.
No interior, colocamos
um suporte para a espicha.
de uma goleta visto por
estibordo, destaca-se o aparelho
de içar e arriar a escada,
assim como as defensas.
54
assim como o casco e todos os seus
elementos exteriores, estarão bem lixados e limpos. É o momento de corrigir
qualquer defeito que apreciemos, porque
depois será quase impossível.
Podemos utilizar vernizes coloridos
se queremos dar tons às madeira, ma levando em conta dois aspectos importan-
tes. Primeiro devemos respeitar o mais
possível os tons naturais se utilizamos
madeiras nobres. Os vernizes coloridos
só se utilizarão para realçar a beleza do
modelo, pelo que tenemos que ser extremamente parcos na sua utilização visto que todo o verniz escurece o objeto,
e, segundo, cada camada de verniz deve
aplicar-se sobre a anterior apenas quando esta esteja completamente seca para
evitar grumos e depósitos excessivos
nos recantos.
Quando utilizarmos vernizes incolores, do tipo betume, aplicam-se em camadas finas com um pincel médio, pro. curando não repassar muitas vezes sobre o mesmo lugar porque sendo vernizes de secagem rápida podemos arrancá-lo ou riscá-lo com o pincel.
Há que procurar tonalidades acetinadas e mesmo brilhantes. Um modelo
  O painel de popa é um elemento muito vistoso,
assim como os adornos laterais. Nesta ápoca, os
barcos decoravam-se con certa profusão incluindo os menores.
55
montagem vem provida de um pincel e rado com ocre claro para que realcem.
adornos de metal com aspecto de bron- Depois de envernizado o conjunto com
ze. Podem colocar-se no seu lugar como verniz cor caju, nogueira se se quer mais
vêm, ou podem ser retocados para fica- escuro ou uma mistura dos dois. Por úlrem com aparência real. Estes adornos timo aplicar-se-à um verniz mate ou aceeram de madeira talhada e policromada. tinado transparente. Se esta operação
Costumava-se pintar o fundo de preto e for realizada com cuidado e limpeza oreas talhas en amarelo. Se era um barco sultado será surpreendente.
Concluído todo este laborioso, mas
de luxo ou especialmente assinalado,
estes podiam ser cobertos com folha de apaixonante processo, é o momento de
ouro. Nos modelos de estaleiro que se · dedicar algum tempo para observação
conservam nos museus, os artesãos do trabalho real izado, entre outras coicostumavam deixar as talhas na sua cor, sas porque mais tarde será impossível.
escurecendo-se até tons avermelhados É o momento de observar o modelo de
ou acres com o passar do tempo. Para todos os ângulos, de olhar cada detalhe
imitar este último aspecto podemos pin- com espíritu crítico para ver se algo não
tar os adornos com marrom avermelha- nos ou se é possível de correção. É
do, ou vermelho simplesmente, traçando aconselhável observar o modelo frente a
alguns veios da madeira com preto e al- um espelho, como se o objeto e a imagumas com amarelo e um pouco de gem em frente nos fossem estranhos; é
ocre. As zonas exteriores das talhas po- surpreendente o que podemos observar.
dem ser retocadas con vermelho mistu-
PEAN HA. Por último, se não o fizemos antes, construiremos a peanha ou
base de sustentação do modelo. Algumas caixas de montagem incluem-nas e
outras não. Uma das peanhas que se podem construir com facilidade é a que
lembra suportes usados nos estaleiros,
colocando pedacinhos de madeira intervalados, uns mais altos do que outros,
formando um declive onde assentará a
quilha do barco, de modo que a proa esteja mais elevada do que a popa. Outra
modalidade é colocar sobre a base dois
suportes com ranhura para encaixar a
quilha e no meio uma cinta que abrace
o casco. Deste modo se consegue grande segurança no suporte e não é necessário furar a quilha para colocar pernas.
Painel de popa da goleta britânica
«Guinevere>>. Há que realçar a simplicidade,
sobriedade e beleza da decoração.
56
MASTREAÇÃO. A mastreação
com os seus mastros, vergas, velas e
aparelhos é o elemento ~ue dá espetacularidade ao modelo. E um processo
~
Varios
aspectos
~ do casco do
Cuter pronto
para
iniciar
a sua
mastreação
e colocado
sobre uma
peanha
ou base.
Há modelistas
que em
alguns
casos
inclusive
o dão assim
por terminado.
Neste caso
encerrar-se-á
numa
vitrine,
indicando
numa placa
as características
gerais, como
se se tratase
do estudo
de um casco.
~
57
l
pesado e laborioso, mas com grandes e
satisfatórios resultados. Há pessoas que
gostam de deixar o modelo apenas com
os seus mastros e vergas, sem as velas,
e os que preferem completá-los. Em
qualquer caso o trabalho deve ser meticuloso, visto que é onde rnais se apre-
. Se bem que o modelo de Dikar inclua peanha,
optamos por construir esta base que lembra
os suportes dos estaleiros. As extremidades levam uns pernos
de ferro onde ficará cravada a quilha do navio.
ciam os erros de escala e os defeitos de
construção. Una maestreação completa
pode levar, pelo menos, o mesmo tempo
de trabalho que o casco o que dá uma
idéia de sua complexidade. Cada um dos
elementos que compõem a mastreação
deverá ser realizado em separado antes
de sua montagem definitiva para evitar
excessivas complicações.
MASTRO. Neste caso é um mastro de uma só peça algo adelgaçado na
sua extremidade superior. Para fazer
com que o mastro seja cônico lixar-se-à
a todo o seu comprimento, procurando
que o adelgaçamento seja uniforme.
Uma forma simples e rápida de o fazer
é, se se dispõe de um berbequim elétrico, acoplar numa extremidade de mastro envolto na lixa atá alcançar a grossura que se queira, que, por outro lado,
apenas se verá diminuída num milímetro.
Aspecto de uma goleta completamente mastreada e elegantemente pintada. À direita,
aspecto de frente do Cuter com o seu aparelho e o acrescento dos panos que realizaremos neste volume.
58
planos, mas neste caso introduzimos alguns melhoramentos, como são as nervuras que robustecem toda a estrutura,
construída com réguas de 1 mm de espessura, e inclusive mais finas. Também
colocamos nos lados da abertura central, por onde passará o calcês, estreitas réguas arredondadas. Estes reforços evitavam a fricção excessiva dos
avéns com a parte inferior do cesto da
gávea.
A pega é uma peça grossa de madeira arredondada no seu lado mais à
proa e com dois orifícios, um para o encastre de calcês do mastro e outro para
passar o mastaréu. As pegas costumavam estar abraçadas por uma cinta de
ferro para as robustecer. Em seguida
montaremos o cesto da gávea e a pega
sobre o calcês do mastro, colando-os e
envernizando o conjunto. Em todas estas
peças colocamos os cabos, argolas,
CESTOS DE GÁVEA E PEGAS.
São facimente realizáveis seguindo os moitões e cadernais. Também se ex e-
O calcês será talhado e quadrangulado com lima e na sua extremidade superior será feito um encastre para o acoplar à pega.
Será feito o orifício do mastro sobre
o convés colocando a enora e comprovar-se-à que o mastro se adapta com facilidade.
O restante dos paus do mastro e
mastaréus constrõem-se do mesmo
modo, levando em conta que os mastaréus não sofre nenhum adelgaçamento
no seu comprimento, mas se tem que se
lhe a construir o calcês e uma cunha na
sua parte inferior, onde se abrirá um orifício para introduzir um cabo que o fixará ao calcês do mastro. O mastaréu, ao
adelgaçar na sua extremidade superior,
termina num tope, uma espécie de rodela que é conhecida com o nome de borla.
Aspeêto do calcês e do seu encastre para a pega. À direita, cestos da gávea e pega preparados para a sua
montagem. Ocesto da gávea principal foi melhorado acrescentando as nervuras radiais e as almofadas para os ovéns.
59
cutam nos cestos das gáveas os orifícios por onde passarão os estais.
•
•
O calcês com o seu cesto da gávea e pega montados. O mastaréu
deverá ser talhado e comprovar-se-á o seu perfeito acoplamento.
O calcês neste mastro tem os instrumentos de radar pintados
de branco. Observem-se os reforços de gurupés da cruzeta
em forma de arco para a segurar.
60
VERGAS. Primeiro construiremos
as do mastro maior, que neste caso é
único, e consta de três vergas cruzadas,
e duas à popa que se chamam vergueiros. Todos estes mastros, incluindo o gurupês, têm na suas extremidades uns
entalhes, três ou quatro, que servem
para nelas amarrar cabos, moitões, etc.,
prõprios para a sua manobra. Uma vez
afiadas as extremidades das vergas fazem-se nelas os referidos entalhes com
uma lima de seccão triangular, sem
aprofundar muito para evitar roturas.
Os vergueiros levam na sua extremidade da proa umas forquilhas encastradas ao mastro para deslizar pelo masta réu. Podem construir-se mediante
duas réguas coladas e pregadas de ambos os lados do vergueiro, deixando uma
zona curva no seu interior que se adapte no mastro ou praticando uma ranhura
na extremidade para introduzir a forquilha. Tanto as vergas cruzadas como os
vergueiros fixam-se ao mastro mediante
um mecanismo chamado telha, formado
por umas bolas de madeira furadas, intercaladas por peças verticais de madeira que fazem de guia e proteção. Deste
modo a verga pode deslizar com facilidade ao longo do mastro, apertando o
círculo constituído pela forquilha.
Envernizaremos todas as peças e as
colocaremos com todos os acessórios:
moitões, etc.
Terminado este processo, instalaremos o mastro maior e o gurupés no seu
lugar e os fixaremos com cola branca.
Não esqueçamos de colocar os vaus,
que são duas peças quadrangulares, fixadas de ambos os lados do mastro e
que servem para soportar o peso docesto da gávea. Previamente teremos colocado as bigotas no seu lugar como os
seus colhedores. Estes terão a inclinação que o próprio ovém indique. Podemos colocar nas mesas os garrunchos para as forras inferiores dos a pa-
nos, peças que são melhoramentos introduzidos por nós e não aparecem na
caixa de ·montagem nem nos seus planos. Do mesmo modo é o momento de
• • Talhado de vergas: Utilizou-se um berbequim como torno para afiar .
as extremidades. A direita, os vergueiros talhados com as suas forqu1lhas.
. .Â
Telha para a verga maior. À direita, as extremidades
de todas as vergas e vergueiros serão talhados com estes entalhes
onde serão fixados os moitões e diversos aparelhos das mesmas.
61
colocar todo o acessório que consideremos importante, para o acabamento do
modelo, como chaminé da cozinha, sino,
etc. É muito importante colocar a cara
do leme previamente trabalhada con lâmina e lixa. Fixar-se-á o leme, ou mediante o seu aparelho de costado. O
leme por fora será dotado de que dá valor ao modelo e se costuma esquecer facilmente.
APARELHO. É o momento de começar um dos trabalhos mais interessante do nosso modelo. Em todo o navio
à vela há sempre dois tipos de cordame,
um para a sustentação dos mastros chamado aparelho fixo, e outro utilizado para
a manobra das vergas, velas e tudo aqui-
A
lo que deva içar-se ou movimentar-se,
chamado aparelho móvel. A importância
de todos estes elementos radica na
grande vistosidade que dão ao modelo
visto que cada cabo, cada moitão ou bigota segue uma ordem determinada pela
experiência de séculos no mar, de modo
que nada é gratuito nem está colocado
ao acaso. Cada peça deste complexo
cumpre uma missão específica e não
outra. Por tudo isto devemos prestar uma
atenção e uns cuidados especiais ao estudar os planos e executar cada uma
das operações. Um modelo cujo casco
e acessórios de convés estejam bem
executados, mas a sua mastreação e
aparelhos tenham erros graves ou estejam deficientemente construídos, perderá 80 I 100 do seu valor. Contudo, certos
Aspecto das vergas e vergueiros prontos
para colocar as velas e mastrear o barco. Énecessário
realizar esta operação antes da sua colocação, porque
ao contrário o trabalho será mais difícil.
62
defeitos de construção podem dissimular-se e inclusive desculpar-se com um
aparelho bem trabalhado. É um processo pesado e que exige paciência e tempo, mas a beleza do mastreado compensa o esforço empregue.
APARELHO FIXO. Como já temos dito trata-se de todos aqueles cabos que servem para a sustentação dos
mastros. É composto pelos avéns, brandai9 e estais. Começaremos os avéns do
mastro, que são quatro grossos cabos
de cada lado, atados dois a dois, envolvendo o calcês, baixando pela boca de
lobo, abertura para efeito do cesto da gávea, e vindo a terminar com as suas correspondentes bigotas às mesas de
guarnição. O avém mais à proa seguirá
a mesma linha do perfil que o mastaréu.
A extremidade de cada avém envolverá a sua correspondente bigota sem
ser atada à outra extremidade, e apenas
coní um fino fio passaremos cinco ou
seis voltas abraçando os cabos. Cada
avém levará três fios atados em espaços
iguais e cada bigota ficará à mesma altura que os restantes. As bigotas devem
ficar na posição na qual um dos orifícios
esteja no ponto mais elevado, com os
outros dois de ambos os lados e mais
baixos, sendo a posição inversa para as
bigotas das mesas de guarnição.
COLHEDORES. Em seguida colocaremos os colhedores das bigotas, que
são os cabos que esticam os avéns. No
plano de construção explicar -se claramente esta operação. Consiste em agarrar um cabo mais fino que o avém e darlhe um nó numa das extremidades. Deixaremos o outro libre, colocando-lhe
cola num centímetro do seu comprimento para que ao endurecer possa passar
facilmente pelos orifícios das bigotas.
A
·Aspecto da mesa de guarnição com as suas bigotas,
esticadores e aparelho de ovéns e enfrechates.
A
As bigotas já dispostas com os seus colhedores
e esticadores planos, que se construirem com pequenas barras
de metal as quais se escavou e furou as extremidades.
63
cestos da gávea, e unem-se aos avéns
um pouco abaixo das cassoilas. Atamse aos avéns por meio de um grosso
cabo ou uma barra de ferro chamada
malhete. Como os avéns das mastaréus
exercem uma forte pressão sobre os
avéns do mastro através das arraigadas
forçando a tendência a separarem-se,
costumavam-se atar entre si de uma
banda à outra, à altura da barra, fixando-os fortemente com um cabo.
 Aspecto do cesto da gávea com os seus
ovéns e arreigadas. Instalou-se o cadernal que
sustentará a grande vela de carangueja.
Começaremos introduzindo o colhedor
por um dos orifícios laterais internos da
bigota. Mais à proa até que o nó executado na outra extremidade apanha o dito
orifício. Levaremos o cabo pela parte exterior e voltamos a introduzí-lo no orifício
correspondente da primeira bigota da
mesa de guarnição, de modo que a extremidade livre do cabo apareça pelo
seu lado interno. Assim iremos seguindo
a orden dos orifícios até que a última volta suba até a bigota superior e sea atada ao ovém. Vistos de frente os colhedores ficarão formando três linhas verticais e paralelas, sendo a mais comprida
a do centro.
ARREIGADAS. Estes são uns cabos da mesma grossura que os avéns,
que partem das bigotas assentes nos
64
ENFRECHATES. São uns cabos
finos que atados horizontalmente aos
avéns formam uma escada que permite
o acesso aos cestos das gáveas. Estes
cabos ou enfrechates atam-se ao primeiro e último avém mediante um nó dobrado e aos intermediários mediante outro chamado volta de fiel. É conveniente
fixar todos estes nós com uma gota de
cola branca. Outro procedimento de colocar os enfrechates, muito simples e suficiente para as pequenas escalas, é colar os enfrechates diretamente aos
avéns, deixando uma gota de cola no
que seria cada nó. Depois basta pintar o
conjunto de preto. Há que procurar que
não sobressaiam cabos soltos ao cortar
as sobras do enfrechate. Também recomendamos a utilização de pinças longas
e de pontas finas para executar esta
operação e não nos enredarmos à medida que fechamos a malha que deverá
colocar -se por cima das bigotas até aos
brandais.
ESTAIS. No aparelho fixo estes
cabos cumprem a missão de fixar os
mastros no sentido longitudinal. O estai
do mastro real é o mais grosso de todo
o cordame. Cstuma ser um cabo forrado
unido ao gurupés ou a outro mastro mediante bigotas cegas ou não e que parte
do calcês do mastro, rodeando-o e
abraçando as voltas dos avéns. A sua
extremidade superi~r leva uma volta pela
qual passa o estai. E como um nó corrediço, mas que não se fecha completamente. No nosso caso há um só mastro
e o seu estai não termina no gurupés de~
vida à sua peculiar posição, mas apenas
na extremidade superior da roda mediante uma única bigota simples cujo
colhedor dá voltas através de uma ranhura aberta nesse ponto da roda. Por último, colocaremos os avéns do mastaréu e os estais que partem deste até ao
guru pés, alguns dos quais serão amarrados a este mastro ou o atravessarão. Colocaremos tambén os patarrazes do gurupés que o fixam ao casco mediante as
correspondentes bigotas.
BRANDAIS. São uns cabos, como
os ov~ns , mas mais finos e compridos,
que f1xam os mastaréus às mesas de
guarn_ição no sentido lateral. Na parte
supenor do galope colocar-se-á um tope
de madeira para que assentem as chamadas voltas do capelo, que são todas
as que constituem brandais, avéns e estais em volta do mastro. Neste caso são
apenas quatro, correspondendo duas ao
calcês do mastaréu e outras duas à parte superior do galope.
Com isto concluímos o aparelho fixo
do cuter «Andromede». Todo ele, salvo
os colhedores, foram pintados de preto
ou d~ um ocr~ muito escuro e um pouco bnlhante v1sto que na realidade iam
cobertos com breu vegetal para sua melhor proteção.
D.o cesto da gávea pendem preparados os moitões para as
d1versas manobras das vergas e velas. Os brandais ficam
sujeitos por um grosso cabo aos ovéns.
APARELHO MÓVEL. Esta é a
fase mais complicada de todas as que
c.ompõen o aparelho, devido ao progres~lvo emanharamento de cordame que
 Estai do mastaréu formado por un nó de tralha
Iremos colocando. Todos os cabos despara se prender ao mastro. Os estais mais grossos
ta fase serão de cor natural do material são forrados e cobertos de breu para a sua proteção.
65
A
A extremidade do estai do mastro termina
numa bigota simples de grande tamanho unida à
cabeça da roda. Observe-se o forro do estai.
A
Aspecto dos patarrazes do gurupés que
o sujeitam lateralmente ao casco.
Dois unem-se na roda e quatro aos costados da proa.
66
em que está entraçado. Nunca se deixará de cor branca, mas apenas se tingirá com tinta ocre clara e um pouco de
verde. É conveniente que cada um dos
cabos seja alisado com cola branca ou
cera para que desapareçam os fios, que
desfeariam o conjunto. Não se devem fazer nós muito grossos, nem deixar neles
cabos soltos. É preferível enrolar um
cabo fino, um fio, e fixá-lo com um pouco de cola.
Como indicamos anteriormente, antes de começar a operação do aparelho
móvel devem estar colocados todos os
moitões, cadernais, etc., nos mastros,
cestos da gávea e vergas, assim como
aqueles que se fixem ou pendam dosestais. Por isso há que estudar detidamente o plano do velame antes de por mãos
à obra. Também as velas devem estar
envergadas para facilitarmos o trabalho
posterior da sua montagem.
VELAS. Para as confeccionar há
que desenhar uns moldes em papel de
cada uma delas, assinalando todos os
detalhes necessários que aparecerão
sobre as velas. Estas eram formadas por
grossas tiras de linho costuradas entre
si. Todo o navio à vela levava um profissional, o mestre, que se ocupava da sua
confecção e reparação durante as viagens. A sua tarefa era considerada quase uma arte devido à enorme importância da sua boa conservação para a sobrevivência dos navios e das suas tripulações.
As costuras das tiras de tela ou panos podem imitar -se facilmente costurando diretamente à máquina em linhas
paralelas. Há velas em que estas costuras são verticais e em outras são paralelas ao bordo contrário de envergamento. Todas as velas levam à volta um reforço formado por uma bainha costurada e ângulo de tela reforçando cada vér-
tice ou punho da vela. Também, sobretudo nas velas maiores, costuram-se
uma ou várias franas de tela, de lado a
l~do , e paralelas ao gurutil ou ao impunldouro, bordo superior e inferior respectivamente, das velas. Estas b~ndas
levarão a todo o seu comprimento uns
olhais através dos quais passarão uns
cabos chamados rizes que servem para
ferrar uma parte da vela e reduzir a sua
superfície. Esta operação chama-se rizar e a sua contrária largar. Todo o bordo exterior de vela levará um cabo costurado para a reforçar. Este cabo chama-se tralha e sobre este, e a intervalos, executam-se uns olhais de onde
posteriormente partirão outros cabos llamados apagas e que serviam para manter a vela em posição. Os punhos ou vérEstais A
do
mastaréu
e cruzeta.
À direita, dois
dos quatro
brandais que
fixam os
mataréus ao
costado
do barco.
~ Aparelho
completo
das velas
quadradas
com o seu pano.
67
 Punhos de amura de velas de cutelo, triangular ou
bujarronas. Atadas ao estai o seu aparelho dianteiro chama-se
amura.
 Uma vela de gávea completa com as suas ·escotas,
amantilhos, etc. No centro, pintada de branço, o calcês
com a sua cruzeta e pega. Observe-se o poleame, perfeitamente
ordenado, a colocação da vela devida aos produtos
externos utilizados para a proteger da umidade.
Os rizes, utilizados para reduzir a superfície vélica e,
pintado de cinza, um instrumento para a colocação de radar.
68
tices dos ângulos das velas executamse mediante uma dobra na mesma tralha, reforçando com fio nas suas extremidades. As velas podem ser tingidas
com uma infusão de chá ou café muito
suave. Tambén podem ser endurecidas
con verniz transparente diluído se queremos dar algo de preparativo à tela.
No modelo que estamos construindo só aparecem, como já dissemos anteriormente, seis velas: duas quadrangulares, três bujarronas e uma carangueja.
A estas acrescentamos a vela maior,
uma bujarrona mais cinco panos com os
seus vergueiros; dois na carangueja, um
no gurupés, dois na gávea do mastaréu,
dois na maior e outros dois no costado
do navio. A sua execução não oferece
dificultades especiais. Unicamente há
que desenhar as novas velas e planificar até ao detalhe o seu aparelho.
Costuraremos cada vela à sua verga segundo se indica nos planos de
construção e colocaremos nos punhos
os moitões necessários.
Começaremos pela vela carangueja. Para isso colocaremos os anéis do
mastro, sem os apertar, que fixarão essa
vela. Estes anéis na realidade eram de
madeira para não danificar o mastro. Colocam-se as cassoilas dos vergueiros e
fecham-se os anéis. Por fim completarse-á todo o aparelho como indicam os
planos. No continuação colocaremos as
vergas com as suas velas do mastro
real, cada uma com o seu aparelho completo antes de passar a outra. Podemos
começar pela verga do mastaréu menor,
depois pela do mastaréu e por fim pela
maior.
Primeiro colocaremos as cassoilas
que fixam a verga do mastro, depois executaremos o aparelho da verga começando pelo interno, que é para içar, e
a partir dele iremos abrindo para os lados, colocando cada elemento, que é simétrico, alternadamente. A seguir fare-
 Esquema de
vela quadrangular.
69
 Neste vau, que sobressai do costado
da popa, terminam e começam as escotas
da vela maior, os braços que dirigem a posição
da verga, unidos mediante um moitão com
a sua abraçadeira ao lais da mesma.
Aqui vemos o punho de uma
vela com a sua escota para ...
levar a vela até à proa.
Um dos seus cabos termina no.
exterior do navio, neste caso
no vau que sobressai
à popa, e outro,
uma vez que passou pelo
moitão do punho da vela,
vem morrer no interior da
amura perto da proa. A amura
que puxa para a frente é como
uma escota trabalhando ao
inverso. No meio o briol ou
carregadeira que ferra a vela
pelo punho para a manejar
com mais facilidade.
70
 Aparelho superior
de um dos panos da vela
de mastaréu, pendida do
seu vergueiro ao qual o fixam
um dois moitões simples.
 Envergamento e aparelho
dos panos.
71
mos toda a manobra das velas, seguindo o mesmo sistema de dentes para fora.
Todos os cabos devem ter uma ordem, como ven indicado nos planos vé-
.Â. Envergamento do pano da vela da carangueja
com os seus vergueiros.
72
licos, para evitar que se cruzem formando um emaranhado que estragaria o
conjunto. Cada um deles será alisado
com cola branca ou alkil , que ao endu-
.Â. Esteira do pano da vela maior
.Â. Aparelho do vergueiro fixado por um
e gurutil da vela do masteréu
com o seu aparelho .
enganche especial ao costado do navio
junto à mesa de guarnição.
.Â. Vergeuiro e o seu pau de frade que pode ser extensível mediante
um aparelho especial. O pano ferra-se com o seu aparelho simples,
o que facilita poder ser arriado em caso de necessidade.
73
recer dará consistência ao cab?. A cad~
um deles ao atar-se à sua cavilha se fi~
xará com um pouco de cola e cada no
será tapado com um rolinha do mesmo
.Ã.
Detalhe.do pau de frade do pico
. . do vergueiro com o seu pano.
Detalhe do suporte do vergu~iro do pau
de frade. São duas abraçade1ras
de ferro que o fixam
Â
dos no convés deixam-se enrolados em
círculo.
Em seguida colocaremos as bujarronas, começando pela mais à proa, bujarrona de fora, bujarrona de dentro, vela
de estai e, se colocamos uma quarta
vela de cutelo, a polaca. Primeiro colocaremos as adriças ou cabos que partem de um moitão no punho da pena,
que é o ângulo superior e que passa por
outro moitão sob o cesto da gávea ou
sob o ângulo que forma o estai correspondente com o mastro.Depois a adriça
do punho da amura, que é o ângulo inferior mais à proa. Não os amarraremos
sem que se coloquem as argolas que
unem o estai com o gurutil dianteiro. Colocadas estas, esticam-se e amarran-se
colocando a última escota que parte do
punho de escota, o do traseiro. Estas escotas amarram-se todas a um ou outro
.& As bujarronas colocadas pela sua ordem mais uma
bordo do navio nas cavilhas para o efeito.
complemento, a giba.
·
Até aqui concluímos o nosso modelo segundo o material e os planos da caixa de montagem. A partir de agora dedicaremos um certo tempo para a observação dos defeitos e para acrescentar
aqueles detalhes que consideremos
melhorarem o modelo. No nosso caso
acrecentamos os panos com o seu aparelho para dar ao navio o aspecto que
deveria ter com todo o pano desfraldado.
Aconselhamos, para concluir, que
todo o modelo terminado seja protegido
mediante uma vitrine. Um trabalho bem
realizado ficará danificado em pouco
tempo se não for guardado devidamente. Dentro da vitrine guardaremos um pequeno recipiente com sal cua finalidade
é mantener estável a umidade no interior.
As bases e as vitrines podem ser
compradas em peças e construídas por
nós próprios. De qualquer forma não são
baratas, mas se queremos desfrutar e fazer desfrutar aos outros o nosso modelo .& Escotas de vela triangular
ou de cutelo. Ambas tenninam
valerá a pena.
num dos bordos do navios.
74
75
R'i}
tt.; ç0
I<;
.Â. Os diferentes patarrazes do gurupés e as amuras das velas
de cutelo, muitas terminam nas cavilhas da proa. Estas
amuras passam através de um entalhe praticado na borda .
.Â. Na extremidade superior de um dos mastros desta goleta
podemos observar a borla ou tope do mastro,
um dos instrumentos de medição do vento, o punho de pena,
extremidade superior de uma vela triangular e as voltas
de encapeladura de estais e brandais.
76
lt-(
9S
Download

Visualizar/Abrir - Portal Barcos do Brasil