ESTIMATIVA DA GRAVIDADE ESPECÍFICA (PESO ESPECÍFICO) DE SEMENTES DE ALGODÃO
COM E SEM LÍNTER
Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão1, Gleibson Dionízio Cardoso2, Liv Soares Severino3, (1)
Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, 58107-720, Campina Grande, PB. e-mail:
[email protected], (2) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, 58107-720,
Campina Grande, PB e-mail: [email protected], (3) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz,
1143, Centenário, 58107-720, Campina Grande, PB e-mail: [email protected]
RESUMO
Sementes de algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch.) e de algodão
mocó, de fibra marrom (G. hirsutum L. raça marie galante Hutch.), cultivar BRS 200 Marrom foram
submetidas a secagem para ficarem com peso constante e umidade em torno de 11,00% e foram
submetidas a pesagem em balança de precisão e tiveram o volume mesurado, utilizando-se uma
proveta com capacidade para 1000cm3. O estudo foi realizado no Laboratório de Apoio Multidisciplinar
da Embrapa Algodão, localizado em Campina Grande, Paraíba. Foram testadas as seguintes
cultivares: BRS 200 Marrom, mocó, perene, de ciclo econômico de três anos, BRA 201 (herbácea),
BRS 187 8H (herbácea), CNPA Precoce 1 (herbácea), CNPA 6M (mocó, sem quase línter) e a CNPA 5
(mocó, também quase sem línter). As sementes com línter apresentaram menores valores para a
gravidade específica, variando de 217,87kg/m3 na cultivar BRS 201 a 304,09kg/m3 e nas sementes
deslintadas variou entre 503,24kg/m3 na cultivar CNPA 6M de mocó, sementes naturalmente sem línter
a 622kg/m3 na cultivar BRS 201. Independente da cultivar e condições de cultivo, há registros na
literatura de valores de 288 a 401kg/m3 para sementes com línter e de 352 a 641 kg/m3 para sementes
deslintadas, considerando o algodoeiro herbáceo.
INTRODUÇÃO
O algodoeiro herbáceo é uma das plantas cultivadas de maior uso pela humanidade,
apresentando um número elevado de subprodutos, em especial derivados de suas sementes que são
ricas em óleo e proteínas de elevado valor biológico, além do línter, constituído por fibras curtas, abaixo
de 12,7 mm, que tem grande uso na industria, sendo fonte de matéria-prima para diversos produtos
como a pólvora e o algodão hidrófilo (Cherry & Leffler, 1984 e Cardoso, 2001).
O óleo derivado das sementes do algodoeiro é um dos cinco mais importantes do mundo, quase
20% da produção total, sendo que a semente é processada em quatros grandes grupos de produtos:
óleo (cerca de 16% do total em relação ao peso), 45% é da torta, resíduo da extração do óleo, 9% é de
línter e 26% é de casca, com uma média mundial de 4% de impurezas, segundo Kromer, 1977 e Carter
et al. 1979, citados por Cherry & Leffler, 1984). As importações e exportações dos subprodutos do
algodão são significativas a nível mundial e as vezes as sementes são transportadas sem
processamento em especial em navios, onde o transporte é cobrado por volume e não por peso. Sendo
assim é importante ter-se conhecimento do peso específico ou densidade das sementes. Há cultivares
com sementes com línter, como as da espécie de G. hirsutum L. raça latifolium Hutch. e sem línter, em
geral, como as sementes da espécie G. barbadense L., as duas mais importantes do mundo em termos
de produção de fibra e sementes de algodão, que são ditas do novo mundo e alotetraplóides (Fryxell,
1984 e Gridi-Papp et al. 1992). Dependendo do preço do línter as vezes é melhor deslintar as
sementes por via mecânica e transportá-las, aumentando a densidade das mesmas. Por outro lado, o
conteúdo de línter varia com a cultivar, o método de descaroçamento, o manejo da cultura e outros
fatores. Com este trabalho, objetivou-se determinar em condições de laboratório a densidade de
sementes de algodão, também conhecida por peso específico, de algumas cultivares sintetizadas pela
EMBRAPA, com e sem línter.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido em condições de Laboratório, pertencente a Embrapa Algodão, sede,
localizada em Campina Grande, Estado da Paraíba, no ano de 2003. Foram testados vários genótipos
com e sem línter, natural ou deslintadas com ácido sulfúrico, com quatro repetições. As cultivares
testadas foram: BRS 200 Marrom, de algodão perene, fibra de cor, descendente do algodão mocó ou
arbóreo do Nordeste do Brasil, Gossypium hirsutum L. raça marie galante Hutch. que tem originalmente
línter também de cor marrom (EMBRAPA, 2002a), a BRS 201, cultivar herbácea de fibra e línter
branco, recentemente lançada pela EMBRAPA para a região Nordeste (EMBRAPA, 2002b), a cultivar
BRS 187 8H também herbácea e recomendada para a região Nordeste cultivos de sequeiro e irrigado
(EMBRAPA, 1999), a CNPA 6M, de algodão mocó cujas sementes sem línter, cerca de 85% do total
(EMBRAPA, 1997) a CNPA 7H, também herbácea, ainda muito plantada na região Nordeste, com
sementes somente com línter e a CNPA Precoce 1, lançada também em 1999 (EMBRAPA, 1999),
todas descaroçadas em máquina de rolo, couro de búfalo. Para a determinação da densidade das
sementes utilizou-se uma proveta de um litro de capacidade (Figuras 1 e 2, respectivamente com e
sem línter) e o peso ou massa foi determinada em balança de precisão eletrônica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verifica-se na Tabela 1, os resultados obtidos considerando os valores médios para o peso
específico de sementes de algodão como e sem línter e suas variações entre os genótipos. Conforme
pode ser verificado na Tabela 1, como era esperado as sementes com línter apresentam peso
específico bem menor do que as com línter, com uma diferença média de 305,4kg/m3, ou equivalente a
2,1 vezes a mais para as sementes sem línter. O línter assim tem grande influência no peso específico
da semente do algodão e para se ter uma boa precisão é aconselhável fazer o estudo específico para a
cultivar que está trabalhando, pois as diferenças podem ser grandes e significativas.
CONCLUSÕES
•
O peso específico de sementes de algodão, espécie Gossypium hirsutum, varia entre as
cultivares com e sem línter;
•
A semente com línter, em média, tem peso específico duas vezes menor do que a semente
sem o línter;
•
Com relação as sementes com línter, a média foi de 276,90 kg/m3 de peso específico,
enquanto que as sementes sem línter tiveram média de 582,30 kg/m3.
Figura 1. Detalhe da medição da densidade
da semente sem línter.
Figura 2. Detalhe da medição da densidade
da semente com línter.
Tabela 1. Estimativa do peso específico (Kg/m3) de sementes de algodão herbáceo com e sem línter e
colorido perene em função de cultivares e raças. Campina Grande, PB. 2003.
GENÓTIPOS
BRS 200 Marrom
BRS 201
BRS 187 8H
CNPA PRECOCE 3
CNPA 6M
CNPA 7H
Média
Com Línter
304,9
217,87
286,72
298,94
276,90
Sem Línter
613,85
622,22
586,74
503,24
585,46
582,30
Determinações realizadas no Laboratório Multidisciplinar da Embrapa Algodão. Campina Grande, PB. 2003.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CHERRY, J.P.; LEFFLER, H.R. Seed. In: KOHEL, R.J.; LEWIS, C.F. Cotton. Madison, Wisconsin:
American Society of Agronomy, 1984. p. 511-569.
EMBRAPA ALGODÃO (campina Grande,PB). Algumas informações técnicas das cultivares de
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EMBRAPA ALGODÃO (Campina Grande,PB) BRS 187 8H: Cultivar de algodoeiro herbáceo para as
condições do Nordeste e uso na Agricultura familiar. Campina Grande, 1999. (Folder).
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Campina Grande, 2002. (Folder).
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precoce. Campina Grande, 1997. (Folder).
FRYXELL, P.A. Taxonomy and germplasm resources. In: KOHEL, R.J.; LEWIS, C.F. Cotton. Madison,
Wisconsin: American Society of Agronomy, 1984. p. 27-57.
GRIDI-PAPP. I.L.; CIA, E.; FUZATTO, M.G.; SILVA, N.M. da; FERRAZ, C.A.M.; CARVALHO. N. de;
CARVALHO, L.H.; SABINO, N.P.; KONDO, J.I.; PASSOS, S.M. de G.; CHIAVEGATO, E.J.;
CAMARGO, P.P. de; CAVALERI, P.A. Manual do produtor de algodão. São Paulo: Bolsa de
Mercadorias & Futuros, 1992. 155 p.
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