ESTUDO DO PESO ESPECÍFICO DE RESIDUOS SOLIDOS URBANOS Ana Maria de Miranda Silveira TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: _____________________________________________ Prof. Cláudio Fernando Mahler, D. Sc. _____________________________________________ Prof. Maria Cláudia Barbosa, D.Sc. _____________________________________________ Prof. Elisabeth Ritter, D.Sc. _____________________________________________ Prof. Wanda Maria Risso Gunther, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL MARÇO DE 2004 SILVEIRA, ANA MARIA DE MIRANDA Estudo do Peso Específico de Resíduos Sólidos Urbanos [Rio de Janeiro] 2004 XI, 106p. 29,7cm (COPPE/UFRJ, M. Sc., Engenharia Civil, 2004) Tese – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1. Peso Específico 2. Ensaios de Cava I. COPPE/UFRJ II. Título (série) ii AGRADECIMENTOS: A Deus que deu à menina pobre e sem perspectiva na vida a família com quem pude desenvolver a irmandade incondicional e sólida que me dá o apoio necessário nesta estrada; que colocou em meu caminho o companheiro com quem pude estruturar a família com os filhos que só me dão alegria e netos; que dotou-me da curiosidade necessária para buscar sempre aprender mais, permitindo que eu pudesse fazer parte da comunidade da UFRJ, onde consegui minha graduação e minha pós-graduação, onde fui bem recebida por todos, alunos, professores e administrativos, recebendo a orientação do mestre que teve a paciência para me ensinar o suficiente necessário para usufruir do relacionamento com a elite cultural do meu país. Aos colegas mestrandos e doutorandos da COPPE que me auxiliaram e incentivaram. E em especial ao professor Cláudio Fernando Mahler pela dedicação, orientação e pelo apoio. iii Resumo da Tese apresentada a COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.) ESTUDO DO PESO ESPECÍFICO DE RESIDUOS SOLIDOS URBANOS Ana Maria de Miranda Silveira Março/2004 Orientador: Cláudio Fernando Mahler Programa: Engenharia Civil Trata o presente trabalho de um estudo do peso específico de resíduos sólidos urbanos dispostos em aterros não controlados (lixões), controlados e sanitários. Para determinar tais pesos específicos foram realizados ensaios in situ para determinação do peso específico de massa de lixo, nos aterros de Paracambi/RJ, Santo André/SP, Gramacho/RJ e Nova Iguaçu/RJ. São descritos os procedimentos usados nos ensaios in situ e as dificuldades encontradas na realização de tais ensaios. Com o uso do percâmetro (Carvalho e outros, 2004) foram comparados e, ate certo ponto, aferidos os resultados tendo se observado uma boa coerência entre ambos. No caso de Paracambi foi feita uma análise gravimétrica in situ, tendo-se obtido dados gravimétricos do Aterro de Gramacho e de Santo André a partir de publicações e informações fornecidas pelos respectivos órgãos municipais. O conhecimento do peso específico tem grande importância na previsão da vida útil do aterro e sua estabilidade, tendo se observado nos resultados obtidos, efeitos da idade de disposição dos resíduos, de procedimentos de compactação, equipamentos e coleta nas cidades, além da disposição, com a presença de entulhos, os quais provavelmente elevaram de forma talvez não representativa alguns resultados dos ensaios in situ. iv Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) STUDY OF SPECIFIC WEIGHT OF URBAN SOLID WASTE Ana Maria de Miranda Silveira March/2004 Advisor: Cláudio Fernando Mahler Department: Civil Engineering This work presents a study of specific weight of urban solid waste disposed in uncontrolled, controlled and sanitary landfills. To obtain the specific weights field and laboratory tests have been done in the landfills of the cities Paracambi, Rio de Janeiro, Santo André and Nova Iguaçu. The adopted procedures are described, as well as the technical and management difficulties occurred. The field tests were compared with laboratories tests done using a special new procedure called “percameter” (Carvalho e outros, 2004). The comparison showed a good agreement between the two procedures. The waste compositions of Paracambi, Quatis and São Gonçalo were determined. The waste compositions of Gramacho Landfill (Rio de Janeiro) and Sanitary Landfill of Santo André and Nova Iguaçu were obtained from the literature and direct contact with the municipalities. The knowledge of the specific weight has great importance for long life and stability of the landfill. The results obtained in this research confirmed the affect of the age of waste in its specific weight – it increases on time. The results showed also that the disposition of debris and industrial waste in non controlled landfill mixed with household waste, increase greatly the specific weight of the waste. v SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – Introdução ................................................................................. 1 CAPÍTULO 2 – Revisão da Literatura ................................................................ 4 2.1. Introdução.............................................................................................. 4 2.2. Terminologia .......................................................................................... 6 2.2.1. Lixo ............................................................................................. 6 2.2.2. Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)............................................... 6 2.2.3. Aterro Sanitário ........................................................................... 7 2.2.4. Lixão ou Vazadouro .................................................................... 8 2.2.5. Aterro Controlado........................................................................ 9 2.2.6. Percâmetro.................................................................................. 9 2.2.7. Amostra indeformada................................................................ 11 2.3. Parâmetros Geométricos..................................................................... 11 2.3.1. Classificação do Lixo ............................................................... 11 2.3.2. Salinidade ................................................................................. 12 2.3.3. Teor de Umidade ...................................................................... 12 2.3.4. Granulometria ........................................................................... 13 2.3.5. Permeabilidade ......................................................................... 14 2.3.6. Temperatura.............................................................................. 15 2.3.7. Caracterização Gravimétrica..................................................... 15 2.3.8. Peso Específico ........................................................................ 17 CAPÍTULO 3 – Materiais e Métodos ................................................................ 21 3.1. Introdução............................................................................................ 21 3.2. Ensaios de Caracterização .................................................................. 21 3.2.1. Material necessário para retirada das amostras ....................... 21 3.2.2. Coleta das amostras para a análise da composição química e determinação dos parâmetros físico-químicos....................... 22 3.2.3. Coleta de amostras para análise da composição gravimétrica............................................................................... 23 3.2.4. Determinações .......................................................................... 23 3.2.5. Composição gravimétrica da Cidade de São Paulo-SP ............ 26 3.2.6. Composição gravimétrica da Cidade do Rio de Janeiro ........... 27 vi CAPÍTULO 4 – Aterros Estudados ................................................................... 30 4.1. Aterro Municipal de Quatis/RJ ............................................................. 31 4.2. Aterro Municipal de Paracambi/RJ ...................................................... 32 4.3. Aterro de Itaoca/São Gonçalo/RJ ........................................................ 37 4.4. Aterro Municipal de Gramacho/RJ....................................................... 38 4.4.1. Dados gerais sobre o aterro metropolitano de Jardim Gramacho ................................................................................. 40 4.5. Centro de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu/RJ ..................... 42 4.6. Aterro Sanitário de Santo André/SP .................................................... 43 4.6.1. Características .......................................................................... 44 CAPÍTULO 5 – Ensaios Realizados ................................................................. 47 5.1. Peso Específico da Massa de Lixo em Aterro ..................................... 47 5.1.1. Aterro da COMLURB/RJ ........................................................... 47 5.1.2. Aterro de Santo André .............................................................. 49 5.1.3. Aterro de Paracambi/RJ ............................................................ 49 5.1.4. Ensaio no Aterro Municipal de Gramacho/RJ ........................... 67 5.1.5. Santo André .............................................................................. 73 5.1.6. Nova Iguaçu .............................................................................. 86 CAPÍTULO 6 – Discussão de Resultados ........................................................ 89 CAPÍTULO 7 – Conclusões e Sugestões ......................................................... 92 Referências Bibliográficas ................................................................................ 96 vii RELAÇÃO DE TABELAS Tabela 1 – Permeabilidade pela profundidade, em cobertura arenosa .......... 14 Tabela 2 – Valores de peso específico encontrados na literatura .................. 20 Tabela 3 – Composição gravimétrica ............................................................. 24 Tabela 4 – Componentes na amostra ............................................................ 25 Tabela 5 – Resíduos domésticos potencialmente perigosos.......................... 25 Tabela 6 – Composição gravimétrica dos RSU – São Paulo/98 .................... 26 Tabela 7 – Composição por área diferenciada no Rio de Janeiro.................. 29 Tabela 8 – Composição gravimétrica dos RSU – Paracambi......................... 39 Tabela 9 – Lixo vazado entre 1995 e 1999 .................................................... 41 Tabela 10 – Resultados obtidos ....................................................................... 48 Tabela 11 – Resultados obtidos ....................................................................... 49 Tabela 12 – Demonstrativo da pesagem do material da Cava 1...................... 54 Tabela 13 – Demonstrativo da pesagem do material da Cava 2...................... 55 Tabela 14 – Demonstrativo da pesagem do material da Cava 3...................... 56 Tabela 15 – Cubagem das cavas..................................................................... 58 Tabela 16 – Determinação do peso específico ................................................ 58 Tabela 17 – Demonstrativo da pesagem do material escavado....................... 61 Tabela 18 – Resumo dos parâmetros geotécnicos determinados.................... 66 Tabela 19 – Resumo dos parâmetros geotécnicos determinados.................... 66 Tabela 20 – Demonstrativo da pesagem do material escavado....................... 67 Tabela 21 – Demonstrativo do peso do material escavado.............................. 68 Tabela 22 – Demonstrativo de pesagem do material ....................................... 74 Tabela 23 – Demonstrativo de pesagem do material escavado....................... 76 Tabela 24 – Demonstrativo de pesagem do material escavado....................... 78 Tabela 25 – Aterro Sanitário de Santo André- ensaios de cava e com percâmetro- planilha resumo....................................................... 80 Tabela 26 – Determinação do peso específico in situ e com auxílio do percâmetro .................................................................................. 85 Tabela 27 – Demonstrativo de pesagem do material ....................................... 87 Tabela 28 – Resultados dos ensaios realizados .............................................. 89 viii RELAÇÃO DE FIGURAS Figura 1 – Vista geral do percâmetro ............................................................... 11 Figura 2 – Vista geral atual do lixão e via de acesso asfaltada ....................... 33 Figura 3 – Forno da metalúrgica Lanari ........................................................... 34 Figura 4 – Vista aérea do lixão com edificações da usina de reciclagem desativada à esquerda ..................................................................................... 35 Figura 5 – Aspecto atual do lixão ..................................................................... 35 Figura 6 – Vista aérea do aterro municipal de Gramacho ................................ 39 Figura 7 – Taludes impermeabilizados com manta de PEAD .......................... 43 Figura 8 – Vista geral do Aterro Sanitário de Santo André............................... 44 Figura 9 – Abertura da cava ............................................................................. 50 Figura 10 – Pesagem do material .................................................................... 51 Figura 11 – Preparação da área....................................................................... 52 Figura 12 – Início da escavação e confinamento do material escavado .......... 53 Figura 13 – Regularização do fundo da cava ................................................... 57 Figura 14 – Preenchimento da cava com água ................................................ 57 Figura 15 – Limpeza e regularização da área escolhida .................................. 59 Figura 16 – Escavação..................................................................................... 60 Figura 17 – Material escavado ......................................................................... 60 Figura 18 – Pesagem do material escavado .................................................... 61 Figura 19 – Preenchimento da cava com água ................................................ 62 Figura 20 – Detalhes da vista geral da área escolhida..................................... 69 Figura 21 – Detalhe da área com queimador de gases.................................... 70 Figura 22 – Cravação do percâmetro............................................................... 70 Figura 23 – Material escavado ......................................................................... 71 Figura 24 – Cravação do cilindro do percâmetro.............................................. 71 Figura 25 – Posicionamento do amostrador do percâmetro............................. 71 Figura 26 – Pesagem do material escavado .................................................... 72 Figura 27 – Preenchimento da cava com água ................................................ 72 Figura 28 – Esvaziamento da cava .................................................................. 72 Figura 29 – Regularização e escavação do terreno ......................................... 80 Figura 30 – Colocação do percâmetro ............................................................. 80 ix Figura 31 – Percâmetro após a cravação ........................................................ 81 Figura 32 – Detalhe da cava ............................................................................ 81 Figura 33 – Calibragem dos latões................................................................... 82 Figura 34 – Calibragem da balança ................................................................. 82 Figura 35 – Material escavado ......................................................................... 82 Figura 36 – Pesagem do material escavado .................................................... 83 Figura 37 – Enchimento da cava...................................................................... 83 Figura 38 – Esvaziamento da cava .................................................................. 84 Figura 39 – Detalhes do Aterro de Santo André............................................... 84 Figura 40 – Preparação do plástico para receber o material escavado ........... 88 Figura 41 – Material escavado ......................................................................... 89 Figura 42 – Cava preenchida com água .......................................................... 89 x RELAÇÃO DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Evolução da quantidade de Resíduos Sólidos gerados na Cidade do Rio de Janeiro............................................................ 28 Gráfico 2 – Variação mensal da geração de Resíduos Sólidos no Rio de Janeiro ........................................................................................ 29 Gráfico 3 – Composição gravimétrica dos Resíduos Sólidos de Quatis ........ 32 Gráfico 4 – Composição gravimétrica dos Resíduos Sólidos de Paracambi ................................................................................... 36 Gráfico 5 – Composição gravimétrica dos Resíduos Sólidos de São Gonçalo....................................................................................... 38 Gráfico 6 – Aterro de Santo André- relação idade e peso específico ............ 85 Gráfico 7 – Demonstrativo dos resultados obtidos em ensaios realizados em cava....................................................................................... 90 xi CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO Este trabalho faz parte do Programa de Pesquisas do Grupo de Estudos de Tecnologia de Resíduos Sólidos (GETRES) da Área de Geotecnia do Programa de Engenharia Civil da Coordenação dos Programas de Pósgraduação de Engenharia (COPPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que dentro de suas linhas principais de pesquisa, busca compreender o comportamento geomecânico dos resíduos sólidos urbanos depositados em aterros. O presente projeto contou com o apoio de diversas empresas, públicas e privadas, que permitiram e apoiaram a realização in situ dos ensaios que fizeram parte deste trabalho, tendo em vista seu interesse nos resultados, apoio científico e respeito ao corpo docente da COPPE. Este trabalho tem como objetivo estudar e determinar o peso específico in situ da massa de lixo depositada em aterros de resíduos sólidos urbanos compactados por diferentes equipamentos, e de características diversas. A fim de proceder à verificação do método utilizado, foi feita a comparação dos resultados obtidos com o emprego do percâmetro (CARVALHO, 2002). Dentre os parâmetros geotécnicos empregados no projeto de um aterro sanitário, o peso específico é dos mais relevantes, fornecendo importantes informações para previsão de sua vida útil e sua estabilidade. O peso específico é função de diversos fatores, dentre os quais a gravimetria, granulometria e compactação têm papel importante. No presente trabalho optou-se pela determinação do peso específico in situ. Embora aparentemente tarefa simples, exige cuidados especiais para minimizar a interferência de fatores como: a deformação do aterro, fruto do trânsito de equipamentos; a contração da cava, devido ao alivio de tensão lateral e de fundo; e as imperfeições na colocação do plástico de proteção; e 2 garantir que o tamanho da amostra seja representativo do todo. Vale observar que o peso específico é definido como a relação entre o peso e o volume, sendo pois dependente de apenas dois fatores, teoricamente simples de determinar. Sua reprodução em laboratório é praticamente impossível, dada à enorme variedade dos constituintes e à diversidade do tamanho dos resíduos, à dimensão das amostras, etc. Assim, o método adotado compreendeu a abertura de cavas cujas dimensões foram definidas em função das dimensões dos resíduos (LOBO CARNEIRO, 1996), das características da área objeto do estudo, e do equipamento empregado, bem como de uma observação visual dos resíduos – a fim de evitar a preponderância de algum tipo de material. A pesagem do material escavado foi feita em balança com precisão de duas casas decimais. A determinação do volume correspondente, foi feita com o auxilio de uma manta plástica a qual impermeabilizava a cava e a mesma foi preenchida com água, sendo o sistema convenientemente controlado e calibrado. Na maioria dos casos estudados, empregou-se o percâmetro (CARVALHO, 2002) para a verificação dos resultados obtidos. A dissertação está apresentada em 6 capítulos, cujo conteúdo, além da introdução, contém o seguinte: - Capítulo 2 – Revisão de literatura na qual são descritos aspectos ou conhecimentos sobre o tema, obtidos em livros, teses e publicações nacionais e internacionais; - Capítulo 3 – Materiais e métodos, no qual são apresentados os ensaios anteriormente publicados, equipamentos utilizados e a metodologia adotada; - Capítulo 4 – Aterros estudados, no qual são discriminados os aspectos que envolvem as áreas onde foram desenvolvidos os ensaios; - Capítulo 5 – Ensaios realizados neste trabalho, no qual são descritos as condições e os equipamentos utilizados, com apresentação de resultados; - Capítulo 6 – Discussão dos resultados 3 - Capitulo 7 – Conclusões e Sugestões de novas pesquisas. 4 CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA 2.1. INTRODUÇÃO Neste Capítulo é apresentada uma revisão bibliográfica sobre os aspectos referentes ao peso especifico dos resíduos sólidos urbanos e uma breve descrição dos termos técnicos associados ao tema. A determinação do peso específico da massa de lixo depositada em aterros é feita através de processo de mensuração, estabelecendo a relação que exprime o peso na unidade de volume. Sua composição é o fator mais importante, pois influencia as propriedades físicas, químicas e geomecânicas. As propriedades mecânicas variam de acordo com a matéria orgânica existente no lixo. As características físicas do lixo doméstico incluem teor de umidade, salinidade, granulometria, teor de matéria orgânica e peso específico, além do odor que não é mensurável. Vale ainda observar as características específicas dos materiais contidos no lixo, com diferentes tipos de constituintes, porosos e não completamente saturados. Mitchell (1993) comprovou que um aumento de 1 a 2% de matéria orgânica equivale a um aumento de 10 a 20% na fração de argila com respeito ao índice de plasticidade da massa de lixo. Além da oxidação, a matéria orgânica existente vai desencadear os processos bioquímicos para a geração de chorume e de gás na massa de lixo. No tocante à acomodação final do lixo, esta depende de dois fatores: um, ao qual podem-se aplicar os conceitos da Mecânica dos Solos: a compressibilidade, sendo o outro o tempo de degradação da matéria orgânica existente. O adensamento dos aterros pode ser dividido em compressão primária e secundária além dos processos bioquímicos de geração de chorume e gases que obedecem duas fases: fase ácida e fase de estabilização do metano (CHRISTENSEN e KJELDSEN, 1989). 5 O peso específico do lixo varia em função de sua composição, e aumenta proporcionalmente com a profundidade, como resultado do peso da pilha de lixo e a compactação diária aplicada ao aterro, sendo aceitos valores entre 3 a 18 KN/m3. Konig e Jessberger (1997) deram valiosa contribuição para a compreensão dos problemas relacionados à mecânica do lixo, destacando: - estabilidade estática e dinâmica do maciço, isto é, sua capacidade de contenção; - deformação e acomodação das estruturas do lixo; - estrutura interna; - a estrutura do aterro e o recobrimento para uso futuro da área, após sua utilização atingir as cotas previstas em projeto. Landva & Clark (1998) em Barbosa (2002), salientaram que, como os aterros são constituídos de materiais porosos, é necessário distinguir entre vazios intrapartículas e interpartículas. É possível, por exemplo, ter vazios intrapartículas saturados ou parcialmente saturados e vazios secos interpartículas e vice-versa. Propriedades como peso específico e permeabilidade, devem ser determinadas como função da porosidade, que é função do método de deposição e compactação. Os aterros sanitários no Brasil eram inicialmente projetados e construídos com adoção de critérios e parâmetros de projeto baseados em aterros da América do Norte e da Europa, que não possuem a mesma situação sócio-econômica além de composições diferentes e submetidos a outras condições climáticas. Sendo assim, é necessário um conhecimento mais profundo, do ponto de vista geotécnico, sobre o comportamento desses aterros (SANTOS, 1997). Neste sentido, com a crescente preocupação com as questões ambientais, surgiram métodos computacionais com os quais se procura representar com mais detalhes o comportamento hídrico e geotécnico dos aterros sanitários (CORREA SOBRINHO, 2000). 6 2.2. TERMINOLOGIA 2.2.1. Lixo BUARQUE DE HOLANDA (2000) apresenta as seguintes definições para lixo: “1 - O que se varre de casa, do jardim, da rua e se joga fora, entulho; 2 - Tudo o que não presta e se joga fora; 3 - Sujidade, sujeira, imundície; 4 Coisas inúteis, velhas, sem valor”. Modernamente esses conceitos vêm sendo revisados ou complementados tendo em vista a agregação de novos conhecimentos sobre a utilidade do lixo, o desenvolvimento de práticas utilizadas na reciclagem e compostagem, dando aproveitamento ao lixo, gerando entre outros benefícios, proteção à saúde pública e economia de energia e de recursos naturais, e determinando seu valor, como pode ser visto em (PEREIRA NETO, 1999). 2.2.2. Resíduos Sólidos Resíduos sólidos são definidos como restos das atividades humanas consideradas pelos geradores como inúteis ou descartáveis (IPT/CEMPRE, 2000). Resíduos sólidos, de acordo com a NBR 10004 (1987), são os resíduos no estado sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nessa definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e esgoto, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia possível. 7 De acordo com a NBR 10004 (1987), os RS podem ser classificados, também, quanto à periculosidade. Assim: 1 - Classe I (perigosos) são os que apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente, caracterizando-se por possuir uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. 2 - Classe II (não-inertes) podem ter propriedades como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água, porém, não se enquadram como resíduos classes I ou III. 3 - Classe III (inertes) não têm constituinte algum solubilizado em concentração superior ao padrão de potabilidade da água. 2.2.3. Aterro Sanitário De acordo com a NBR 8419 (1992), Aterro Sanitário de Resíduos Sólidos (Urbanos) é a técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área e volume possíveis, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário. Segundo LEITE (1995), o aterro sanitário é o método de disposição mais difundido em todo o mundo sendo a solução mais econômica quando comparada com os processos de compostagem e de incineração. No Brasil é o principal sistema de destinação final dos resíduos sólidos domésticos utilizado atualmente. Para o confinamento da massa de lixo, os projetos de aterros sanitários prevêem a proteção do solo com a execução de liners de argila compactada e aplicação de geotêxteis, controle geotécnico das camadas de recobrimento, execução de redes de coleta dos líquidos percolados e seu encaminhamento à estação de tratamento, rede de coleta dos gases resultantes das reações 8 decorrentes da decomposição da matéria orgânica confinada, e rede de drenagem pluvial para impedir que as redes de escoamento de precipitações pluviais ou corpos d’água existentes na área aumentem o volume dos líquidos percolados. Os projetos prevêem também a implantação das vias de circulação e a altura e inclinação máxima dos taludes de forma a garantir a estabilidade do aterro. 2.2.4. Lixão ou Vazadouro Neste caso, os resíduos são depositados diretamente no solo sem nenhuma técnica de engenharia para deposição e operação, ou qualquer preocupação com os danos que serão causados ao meio ambiente, como contaminação do solo e corpos d’água superficiais e subterrâneos, a proliferação de vetores e instalação de comunidades de catadores, geração de gases, etc. A crescente concentração urbana que tem como conseqüências a perda da qualidade de vida e a favelização das grandes áreas metropolitanas levaram à proliferação dos lixões. Além da contaminação do subsolo e das águas superficiais, a expansão e falta de controle desses equipamentos urbanos compromete até mesmo a segurança da aviação quando se localizam nas proximidades de aeroportos. 2.2.5. Aterro Controlado O termo identifica os lixões, alvo de medidas para sua recuperação sem prejuízos para o prosseguimento do seu funcionamento. Essas medidas vão desde ao isolamento da área, impedindo a operação dos catadores, erradicação do trabalho infantil, controle da quantidade e 9 qualidade dos resíduos recebidos no local, operação de recobrimento rotineiro/ diário da massa de lixo, a projetos para a drenagem de líquidos percolados e gases. 2.2.6. Percâmetro Trata-se de equipamento de campo descrito por Carvalho (2002) e Carvalho e Azevedo (2002), através do qual é possível medir o peso específico, a permeabilidade, a variação da vazão do percolado na unidade do tempo e a capacidade de campo de uma amostra indeformada de resíduos sólidos (Figura 1). O equipamento é formado por um corpo cilíndrico vedado na parte superior e na inferior por duas tampas (flanges) unidas por hastes rosqueadas nas extremidades com porcas borboletas para facilitar a montagem e desmontagem do equipamento. Para se obter amostras pouco deformadas, neste trabalho consideradas como indeformadas, o cilindro é biselado numa das extremidades para facilitar a penetração nos resíduos sólidos. A utilização do percâmetro consiste na cravação do cilindro com o emprego da pá da retro-escavadeira; retirado o cilindro com o material são realizados os ensaios para obtenção dos parâmetros geotécnicos discriminados anteriormente. Idealmente, as dimensões do percâmetro deveriam ser maiores, mas as características ergonômicas o impedem, de forma que inicialmente empregouse o cilindro do CBR com algumas adaptações para este ensaio, com controle da dimensão dos resíduos contidos no cilindro cravado no campo. 10 Figura 1 – Vista geral do percâmetro (apud CARVALHO, 2002) 11 2.2.7. Amostra Indeformada Amostra indeformada representativa para solos é aquela que conserva o máximo possível a composição granulométrica do material que constitui a camada, bem como o seu teor de umidade, índice de vazios e estrutura original . A retirada de amostras indeformadas deve ser feita nos pontos de sondagens especiais, sendo retirada de cada uma das diferentes camadas do material investigado uma amostra indeformada representativa para ensaios especiais de laboratório, pela cravação estática de um amostrador de parede fina (CETESB, 2001). 2.3. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS Na busca das propriedades da massa de lixo, tornam-se necessários ensaios geotécnicos para orientar o estudo de seu comportamento. Desta forma, é necessária a obtenção de amostras que permitam sua classificação geotécnica e dados de laboratório para a análise de seu comportamento, em função de sua composição e idade, as técnicas de deposição no aterro, a observação de suas fases ácida e de estabilização de matéria orgânica e geração do metano. Os principais parâmetros geotécnicos do estudo de peso específico do lixo estão sumarizados adiante. 2.3.1. Classificação do Lixo A classificação do lixo vai orientar os procedimentos necessários à obtenção dos parâmetros que governam o comportamento da massa de lixo. Segundo recomendações da GLR 1993, o lixo pode ser classificado em dois grupos, a saber: 12 1- Solo/lixo, como aqueles aos quais as propriedades da Mecânica dos Solos se aplicam e que correspondem a: solo escavado, entulho de obras, resíduos de incineração, lodo de ETEs e de ETAs. 2- Não-solo/lixo, como aqueles aos quais as propriedades da Mecânica dos Solos não se aplicam inteiramente, e que correspondem a: resíduos sólidos urbanos (RSU), lixo volumoso, lixo verde (resultado de podas de árvores e varrição de parques), resíduos industriais com característica de RSU e rejeitos de usinas de compostagem (RUC). 2.3.2. Salinidade De acordo com BARBOSA (2002) os estudos para a determinação da salinidade não obedecem aos procedimentos usados nos ensaios tradicionais, em função de: - diversidade de granulometria - a geometria dos equipamentos deve corresponder ao tamanho da maior partícula da massa de lixo testada; - composição do chorume - equipamentos devem ser adaptados com proteção à sua ação corrosiva; - pressões no solo - que são sempre inferiores às pressões da massa de lixo, os equipamentos devem ser adaptados para registrar grandes valores 2.3.3. Teor de Umidade O teor de umidade em aterros de resíduos sólidos é dependente de vários fatores incluindo: composição e condições iniciais do lixo, condições climáticas do local, procedimento de operação do aterro, presença de lixiviação, cobrimento e quantidade de umidade gerada pelo processo biológico de degradação dos resíduos. O teor de umidade do lixo sólido pode ser expresso de acordo com o peso úmido ou peso seco. Manassero et al (1997) e Knochennus et al (1997), em Barbosa (2002) relataram que para a maioria dos aterros sanitários nos EUA o teor de umidade 13 varia de 15% a 40%, dependendo da composição do lixo, da estação do ano, da umidade natural e das condições climáticas. Afirmam ainda, que em regiões onde a evapo-transpiração excede a precipitação o teor de umidade típico é da ordem de 25%. Blight (1992) em Barbosa (2002), apresenta resultados do perfil do teor de água do aterro de Johannesburg (África do Sul). O teor de umidade na profundidade de 3m a 5m, em 1990, alcançou valores duas vezes maiores do que no ano de 1988. Isto foi causado segundo o autor por uma precipitação fora da temporada. Medições realizadas na Pennsylvania (EUA) mostraram valores variando desde 30% próximo da superfície até 130% na profundidade maior. Coumoulos et al (1995) observa que medindo o teor de umidade em um aterro na Grécia, encontrou para uma profundidade de 15m, valores maiores que 60%, sendo que abaixo desta profundidade foi verificado um decréscimo até a profundidade de 30m, sendo medido um valor de 40%. 2.3.4. Granulometria Analisando os resultados dos diferentes aterros municipais, nota-se a tendência de aumento da quantidade de material granular fino com a idade do lixo, fato que pode ser explicado pelos diferentes estágios da decomposição. TCHOBANOUGLOUS et al (1977) propuseram um método baseado nos componentes que passam através da peneira, dando informações sobre a granulometria dos componentes individuais existentes no lixo doméstico. As diferentes granulometrias devem ser atribuídas ao maior grau de decomposição de acordo com a profundidade da amostra (COSTA, 2003). Neste caso, após um pré-tratamento mecânico biológico, em que os resíduos foram previamente triturados e homogeneizados, certa similaridade com os solos pode ser observada na distribuição granulométrica dos resíduos. 14 2.3.5. Permeabilidade É a característica de um meio poroso, permitir um líquido fluir entre suas partículas com maior ou menor velocidade. Representa o tempo necessário para que um líquido percorra os vazios de uma massa de solo, ou de resíduos. As normas para implantação de aterros de RSU exigem sua deposição em camadas, sistema de controle e coleta de chorume in situ. Neste caso as características hidráulicas do lixo são importantes, por causa da migração incontrolada do chorume e do problema de estabilidade, pois a tensão efetiva que comanda a resistência depende da pressão neutra, que depende das tensões provocadas pela percolação de líquidos dentro do meio poroso (PINTO, 2000), correspondente à massa de lixo. Outros fatores importantes para o estudo da permeabilidade são: a compactação e as características do lixo, com destaque para a idade. A condutividade hidráulica deve ser estudada caso a caso, mas uma primeira aproximação que pode ser sugerida é de 10-5 cm/s (BRIGGS, 2001). Na tabela 1 apresentam-se as permeabilidades in situ determinadas com o uso do permeâmetro Guelph. Tabela 1 – Permeabilidade pela profundidade, em cobertura arenosa ESTACAS PROFUNDIDADE (cm) PERMEABILIDADE (cm/seg) 2 15 3,2 x 10-4 2 30 1,0 x 10-4 9 20 6,5 x 10-5 10 20 5,9 x 10-5 10 40 2,5 x 10-4 FONTE: apud AGUIAR, 2001 15 2.3.6. Temperatura A temperatura é um dos indicadores das reações bioquímicas que ocorrem no interior da massa de lixo, em função da degradação da matéria orgânica, e usualmente, medida por metro de profundidade, através de termômetro elétrico-digital. A temperatura típica encontrada por COUMOULOS et al (1995) em Atenas, Grécia, em quatro diferentes datas, varia entre 40oC e 60oC na camada de superfície. Em grandes profundidades a temperatura do lixo pode decrescer consideravelmente. 2.3.7. Caracterização Gravimétrica A caracterização da massa de lixo é feita através de processo de amostragem para seleção e mensuração dos componentes da massa, determinando a relação entre o peso de cada componente presente na amostra e o peso da massa considerada. Neste processo as amostras devem ser representativas para que, durante a análise, apresentem as mesmas características e propriedades da sua massa total. Com base na composição gravimétrica, é determinado o teor de matéria orgânica, que ao se degradar, influi nos parâmetros geotécnicos da massa do lixo, pois envolve processos físicos, químicos e biológicos, nos quais a ação de bactérias e microorganismos é dominante e vai governar a geração de gás, chorume e composição química, e se processa em cinco fases distintas, que segundo Christensen e Kjeldsen (1989) são: Fase I - Aeróbia Essa fase que exige a presença de oxigênio (O2) é de curta duração, e uma reação exotérmica, na qual há geração de calor, e o oxigênio é consumido juntamente com nitratos, gerando CO2, e alguns produtos de decomposição. O 16 chorume gerado apresenta elevadas concentrações de cloretos e sulfatos, e Demanda Química de Oxigênio (DQO) da ordem de 10.000 a 100.000 mg/l. Fase II – Anaeróbia Ácida Fase que prescinde da presença de oxigênio (O2) e na qual verificam-se os processos de hidrólise e formação de ácidos, com o surgimento de bactérias facultativas. O chorume gerado apresenta pH ácido, elevados DQO e teores de amônia, cálcio, ferro e ácidos orgânicos. Fase III - Anaeróbia metanogênica instável ou acelerada Fase de lenta formação de metano, com surgimento de bactérias metanogênicas, pH elevado e diminuição da DQO. Fase IV – Anaeróbia metanogênica estável Quando se verifica alta e estável taxa de produção de metano. Fase V – Metanogênica em declínio ou desacelerada Quando se verifica significativa alta do pH e a taxa de metano é controlada pela hidrólise dos sólidos. No estudo para implantação de um programa de gerenciamento de RSU, ao se proceder a análise da composição gravimétrica da massa de lixo, é fundamental a identificação do seu objetivo, para que se possa determinar o ponto da etapa do processo em que serão coletadas as amostras para estudo. No caso em que o objetivo do estudo é o dimensionamento da frota de coleta, as amostras deverão retratar as condições em que o serviço de coleta é executado, devendo ser coletadas ao longo do trajeto percorrido pelo caminhão. 17 Para o caso em estudo, em que o objetivo é a determinação do peso específico no aterro, a retirada das amostras pode ser efetuada após a chegada do caminhão ao aterro, tendo-se como premissa básica à representatividade da amostra. 2.3.8. Peso Específico É o peso da unidade de volume de um corpo, que corresponde à relação entre o peso e o volume da amostra, isto é a relação que exprime o peso na unidade de volume. É a seguinte a definição da unidade para sua mensuração: P=mxg δ= Peso Volume Peso = Kg* 9.81 m/s2/ m3 = KN/m3 1KN = 1000kg / m P = δ= V = m m x g = 9,81 x seg2 V m3 x (kg) = 9,81 x kg x m m3seg2 KN = kg x m seg2 Propriedades como peso específico e permeabilidade devem ser determinadas como função da porosidade, que por sua vez é função do método de deposição, da sobrecarga aplicada e da idade do aterro. Uma grande parte dessas propriedades sofre mudanças significativas com o tempo. A decomposição da matéria orgânica e os processos de compressão primária e secundária alteram, de forma significativa, seus valores. 18 O peso específico varia de aterro para aterro, sendo fator fundamental a composição do lixo, além do método de disposição, envelhecimento induzido, profundidade e teor de umidade local. No caso dos resíduos sólidos, em função da heterogeneidade da massa, o estudo do peso específico requer muita atenção, pois a gravimetria e granulometria variam de acordo com a composição dos resíduos, que sofre a influência de fatores que vão desde a sazonalidade de eventos, ao poder aquisitivo da população atendida pela coleta dos resíduos sólidos, até as crises econômicas. O teor de umidade e o peso específico são características importantes para a classificação dos resíduos sólidos (SANTOS, 1997) e os valores encontrados na literatura são numerosos. Fassett et al (1994), em Manassero (1997) apresentou valores de peso específico variando desde 3 até 9 KN/m3 por camada que tenha recebido uma pequena compactação, 5 a 8 KN/m3 para compactação moderada, e 9 a 10,5 KN/m3 por camada com compactação boa. Van Impe (1997) obteve valores variando de 5 a 10 KN/m3 para alguns aterros na Bélgica. Uma alternativa para determinar o peso específico é proposta por Landva & Clark (1990) em Barbosa (2002), considerando os vazios intrapartículas e interpartículas. O peso específico médio da massa de lixo depende do peso específico da porção sólida de cada constituinte, da porosidade e do grau de saturação do aterro. Com uma exposição de água, o peso específico de qualquer constituinte hidrófilo pode ser aumentado. Assim, há uma composição típica de aterros, junto com peso específico típico dos constituintes na condição seca e saturada, que varia de 7 a 14 KN/m3. É geralmente aceito que o peso específico aumente com a profundidade. O peso específico da massa de lixo é propriedade bastante difícil de se determinar devido não só à natureza dos materiais que compõem os resíduos, mas também porque requer uma amostra de tamanho maior que o normalmente utilizado em geotecnia. 19 O principal fator de influência no peso específico é a composição dos resíduos, porém ele também irá depender da compactação durante a execução do aterro, da decomposição dos resíduos com o tempo, da dissipação das poro-pressões dos líquidos e dos gases, e da consolidação dos resíduos devido à sobreposição de novas camadas. Segundo Kaimoto e Cepollina (1996), em aterros com teores de matéria orgânica elevados, os pesos específicos normalmente são baixos, da ordem de 5 a 7 kN/m3, no caso de resíduos pouco compactados, e é da ordem de 9 a 13 kN/m3, quando se utiliza compactação controlada. Landva e Clark (1990) encontraram pesos específicos in situ entre 7 e 14 kN/m3 em vários aterros de resíduos sólidos do Canadá, apresentando um elevado conteúdo orgânico, superior a 50%. O grau de decomposição dos resíduos, fatores ambientais e a profundidade da amostra influenciam o valor do peso específico. Assim, em aterros mais antigos, esta propriedade, geralmente, aumenta com a profundidade como resultado do processo de compressão e consolidação do RSU (KONIG & JESSBERGER, 1997). Na literatura encontram-se valores de peso específico de resíduos tão baixos quanto 1,2 kN/m3, em aterros mal compactados e com muito plástico, até valores de 17 kN/m3 em aterros muito compactados (VERBRUGGE, 2000; ALCITURRI, 2000; CARVALHO, 1999; SANTOS, 1997). Vários autores dedicaram-se ao tema, obtendo valores diferentes, devido à variação das condições de realização dos ensaios. A tabela a seguir apresenta alguns desses valores de pesos específicos alcançados, sob as mais diversas formas de compactação, encontrados na literatura. 20 Tabela 2 – Valores de peso específico encontrados na literatura AUTOR/ANO Sowers (1968) Sowers (1973) Rao (1974) Bratley et al. (1976) Cartier e Baldit (1983) Oliden (1987) Oweiss e Khera (1990) Oweiss e Khera (1990) PESO ESPECÍFICO 8-12 Compactados 1,2-3 antes da compactação 6 após compactação 1,5-2 sem compactação 3,5-6 fraca compactação 1,16 sem compactação 7,0-13,1 Compactados 11,0-14,5 Compactados 10,0 pré-carregado 5,5-7,1 antes da decomposição 6,3 origem industrial e doméstica 4,6-17,3 Misturado 2,8-3,1 municipal sem compactação 4,7-6,3 10,0 Landva e Clark (1990) 7- 14 10 9,3 Gabr e Valero (1995) após compactação 7,5-8,5 Arroyo et al. (1990) Van Impe (1993/1994) OBSERVAÇÕES KN/m3 municipal moderadamente compactado Compactado resíduos sólidos municipais densificados máxima densidade seca (w=31%) 8 saturação completa (w=70%) 12 com volume de ar nulo (w=31%) FONTE: adaptado de OLALLA, C. (1993) in CARVALHO (2002) 21 CAPÍTULO 3 - MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Introdução Conforme descrito anteriormente, o peso específico é função de diversos fatores, dentre os quais a compactação, a granulometria e a gravimetria têm papel importante. Dada a importância da composição gravimétrica no peso específico dos resíduos dispostos nos aterros, em todos os casos na medida do possível foi feita a análise gravimétrica in situ com o material ensaiado nas cavas. 3.2. Ensaios de Caracterização O Manual de Gerenciamento Integrado do IPT/CEMPRE (2000) apresenta uma metodologia de simples aplicação, para a realização dos ensaios de caracterização e determinação dos parâmetros físicos e físicoquímicos da massa de lixo. Relacionam-se a seguir os passos para a realização de ensaio, levando-se sempre em consideração que no caso em que a quantidade de lixo é inferior a 1,5 t, é recomendado que a amostra abranja todo o material coletado: 3.2.1. Material necessário para retirada das amostras a - lona para confinamento da massa a ensaiar, evitando perdas e contaminação; b - ferramentas para romper os sacos, separar, misturar e amontoar os resíduos; c - mesa de madeira funcionando como bancada de trabalho; d - sacos plásticos para acondicionar e transportar as amostras; e - balanças com capacidade de 20 e 200 Kg; 22 f - tambores para coleta das amostras. 3.2.2. Coleta de amostras para a análise da composição química e determinação dos parâmetros físico-químicos: a - descarga do caminhão em pátio pavimentado ou coberto por lona, ao abrigo do sol, chuva, vento, e temperatura excessiva, de forma a inibir alterações do teor de umidade da massa a ensaiar, bem como o início da decomposição da matéria orgânica. b - rompimento dos sacos, homogeneização e formação de uma pilha inicial. c - coleta de amostras com emprego de tambores, retirando 1 amostra no topo, 1 na base e 2 nas laterais. d - formação de nova pilha com o material amostrado – pilha A. e - divisão da pilha A em 11 pilhas secundárias. f - coleta do material de uma das 11 pilhas, e após homogeneização e retirada dos materiais rígidos, acondicionamento em saco plástico, hermeticamente fechado e identificado para ser enviado ao laboratório, para análise da umidade, amostra 1. g - formação da pilha B, com o material de 4 das 10 pilhas secundárias, abandonando as restantes. Essas pilhas deverão estar bem homogeneizadas, e o material retalhado, com partículas de diâmetro máximo de 2cm. h - quarteamento da pilha B, que consiste em repartir a amostra em 4 montes homogêneos, escolhendo-se 2, aleatoriamente, até que se obtenha a amostra 2, com peso de aproximadamente 5Kg, acondicionada em saco plástico identificado, para ser encaminhado ao laboratório, determinação da composição química e parâmetros físico-químicos para 23 3.2.3. Coleta de amostras para análise da composição gravimétrica a - descarga do caminhão, rompimento dos sacos, homogeneização da massa de lixo; com a utilização dos tambores, coletar 4 amostras de 100l cada, obedecendo à ordem de coletar o material da base, do topo e das laterais da pilha formada pela descarga do caminhão. b - pesagem dos latões. c - formação de uma pilha com este material, que se constitui na amostra 3. 3.2.4. Determinações a - Teor de umidade e de material seco Após pesagem da amostra, secá-la em estufa, entre 100 e 103ºC, até que as pesagens das amostras demonstrem a estabilização do peso. Tem-se então: Umidade (%) = a- b /a X 100 Material seco (%) = b/a X 100 Sendo a= peso da amostra antes da estufa (Kg) b= peso da amostra após a secagem (Kg) b - Densidade Aparente Encher um recipiente de volume conhecido com a amostra 2, e pesar. A densidade aparente será a relação entre o peso da amostra e o volume do recipiente. Densidade aparente (Kg/ m3)= peso da amostra/ volume do recipiente 24 c - Composição Gravimétrica Fazer a triagem dos materiais da amostra 3, separando-os em classes, pesando-os e determinando a porcentagem de cada componente no peso total da amostra, conforme o modelo indicado na tabela 3. Tabela 3 – Composição gravimétrica Componente Peso (Kg) Porcentagem (%) Borracha Couro Madeira Matéria orgânica Metais ferrosos Metais não-ferrosos Papel Papelão plástico Plástico-filme Trapos Vidro Outros materiais d - Com os dados obtidos na determinação da composição física da massa de lixo, é possível fazer uma análise qualitativa, determinando as porcentagens de componentes potencialmente perigosos, putrescíveis, recicláveis, ou combustíveis, bastando para isto, agrupar os componentes, conforme as tabelas 4 e 5. 25 Tabela 4 – Componentes na amostra Componente Putrescíveis Reciclável Combustível X X Borracha Couro X Madeira X Matéria orgânica X X X Metais ferrosos X Metais não-ferrosos X X Papel X X X Papelão X X X Plástico duro X X Plástico-filme X X Trapos X X Vidro X Outros materiais Tabela 5 – Resíduos domésticos potencialmente perigosos Tipo Produtos Tintas Materiais para pintura Solventes Pigmentos vernizes Pesticidas Materiais para jardinagem e animais Inseticidas Repelentes herbicidas Óleos lubrificantes Materiais automotivos Fluidos de freio e transmissão baterias Pilhas Outros itens Aerosóis Lâmpadas fluorescentes 26 Vale a pena ressaltar que, para qualquer tipo de ensaio a ser efetuado na massa de lixo, é necessário que sejam disponibilizados equipamentos de proteção individual, pois o lixo além de constituir fonte de transmissão de doenças através de patógenos e substâncias tóxicas é um atrativo de vetores. 3.2.5. Composição Gravimétrica na Cidade de São Paulo Adotando a metodologia preconizada pela CETESB, Orth e Motta (1998) realizaram ensaios para determinação da composição gravimétrica dos resíduos sólidos da Cidade de São Paulo-SP, dando origem à tabela 6 a seguir: Tabela 6 - Composição gravimétrica dos RSU – São Paulo/98 Classe Renda Média Distrito Composição Gravimétrica dos RSD's 1 2 3 4 5 6 7 8 9 11 12 Alta Alto Pinheiros 43,20 Alta Moema 48,00 2,20 2,3 2,90 0,90 10,20 5,90 17,90 7,10 1,00 1,60 Média/alta Vila Mariana 49,50 1,30 2,2 1,00 1,40 13,30 10,5 12,40 3,40 n.d 2,80 2,20 Média Butantã 49,00 3,60 n.d 3,50 0,30 13,80 7,40 16,70 4,60 n.d n.d 1,10 Média Vila Sônia 36,10 n.d 0,5 1,20 0,20 32,20 4,30 19,90 2,90 n.d 0,20 2,50 Média/baixa Ipiranga 45,20 n.d 2,6 1,90 0,70 15,00 3,80 20,90 3,90 n.d 3,70 2,30 Média/baixa Lapa 61,80 n.d 1,4 0,90 0,60 8,70 3,50 15,20 1,60 2,00 1,90 2,40 Média/baixa Lapa 44,00 n.d 0,9 2,60 1,50 15,90 6,70 20,50 4,50 n.d 1,30 2,10 Baixa Jabaquara 46,30 0,40 1,9 2,60 1,00 13,30 2,70 21,90 6,00 n.d 2,40 1,50 Baixa Campo Limpo 54,30 n.d 2,0 1,90 1,50 8,60 8,90 14,80 4,30 n.d 1,90 1,80 Baixa S.Miguel Pta 50,20 n.d 0,4 2,60 0,70 12,40 6,40 20,40 3,40 n.d 2,60 0,90 Baixa Guaianazes 47,80 n.d 0,8 2,10 0,50 12,40 2,70 14,30 3,20 n.d 4,90 1,30 Baixa Cidade Dutra 49,50 n.d - 2,50 0,30 11,30 10,0 18,20 5,20 n.d 1,50 1,50 Baixa Jd.são Luis 42,40 0,80 0,5 2,50 1,80 13,70 5,30 25,20 3,60 n.d 3,50 0,70 Baixa Marsilack 63,90 0,50 - Baixa Cap. Socorro 59,80 Baixa Cap.Redondo Amostra total n.d 2,2 1,50 0,40 11,90 15,3 16,30 5,80 10 n.d 11,00 2,40 n.d 1,60 0,60 5,30 5,00 18,00 2,70 n.d 1,70 0,70 n.d 1,7 1,10 0,30 3,10 11,2 17,50 3,10 n.d 2,20 52,20 1,80 0,9 2,00 0,50 12,20 4,40 19,10 3,60 n.d 1,70 1,60 49,50 0,60 1,3 1,90 0,90 12,00 6,80 18,90 4,00 0,20 2,40 1,50 n.d 27 Em que se tem: 1. Matéria orgânica; 2. Borracha e couros; 3. Madeira; 4. Metal ferroso; 5. Metal não ferroso; 6. Papel; 7. Papelão; 8. Plástico mole; 9. Plástico duro; 10. Terra, cerâmica; 11. Trapos; 12. Vidros. Com base nos resultados obtidos, os autores concluíram que a média percentual em peso de matéria orgânica para o município foi de 49,50%, confirmando tendência de queda verificada em anos anteriores, que a classe de renda familiar influencia significativamente o percentual em peso de matéria orgânica, e a baixa média percentual em peso dos metais não ferrosos é conseqüência da reciclagem nas fontes das latas de alumínio. 3.2.6. Composição Gravimétrica na Cidade do Rio de Janeiro A composição gravimétrica no Rio de Janeiro, é acompanhada pela COMLURB. Tal monitoramento dos resíduos produzidos na cidade é realizado desde o inicio dos anos 80. Graças a isto diversos hábitos da população carioca têm sido observados, como por exemplo o alto consumo de cerveja no verão, em especial na época do carnaval, o crescimento do consumo de plásticos, as diferenças de consumo das classes mais altas com relação às menos abastadas, em especial no sentido de menor produção de matéria 28 orgânica. Além disso, o consumo é maior no final de cada mês, decrescendo até a terceira semana de cada mês, o que pode ser associado ao recebimento do salário. Outros aspectos interessantes observados por esse monitoramento continuo são os efeitos das crises econômicas e políticas, que provocam picos de consumo ou o inverso. No que se refere à matéria orgânica considera-se que em média atualmente 50% dos resíduos produzidos são deste material, valor este bastante elevado se comparado com as grandes cidades dos paises desenvolvidos, as quais tem uma produção máxima de 30% de matéria orgânica na composição do lixo, fruto de outros cuidados alimentares, maior poder aquisitivo e programas de taxas e coleta seletiva implementados há mais tempo e talvez, por isso, mais eficientes (COMLURB, 2003 e LIMA e SURLUIGA, 2000, MAHLER et al, 2002, MUNNICH et al, 2004). O Gráfico abaixo apresenta a evolução da produção de resíduos na Cidade do Rio de Janeiro. Como se pode observar nos anos iniciais do Plano Quantidade de Lixo (1.000.000 t) Real houve uma acentuada evolução na produção de resíduos na cidade. 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 1993 1994 1995 1996 1997 Anos Gráfico 1 – Evolução da Quantidade de Resíduos Sólidos gerados na Cidade do Rio de Janeiro (XAVIER DE BRITO, 1999 in MAHLER et al, 2002) Percentual Médio de Lixo 29 140 120 100 80 60 40 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Dias do Mês Gráfico 2 – Variação Mensal da Geração de Resíduos Sólidos gerados na Cidade do Rio de Janeiro (XAVIER DE BRITO, 1999 in MAHLER et al, 2002) Na tabela abaixo apresenta-se um exemplo de composição de residuos na Cidade do Rio de Janeiro em diversos bairros da cidade. Interessante observar a variação da produção de resíduos por bairros o que pode ser associado a classe social do bairro. Assim por exemplo o Leblon e a Barra, dois bairros habitados por uma população de maior poder aquisitivo, tem uma produção de matéria orgânica muito menor do que bairros como a Rocinha, Pavuna e Penha por, exemplo. Tabela 7 - Composição por área diferenciada no Rio de Janeiro (Comlurb – 1999) Materiais Composição Porcentagem Média em Peso Centro Rocinha Leblon Tijuca Piedade Penha Pavuna Barra StªCruz Vidro 3,54 2,27 9,06 2,97 1,93 3,61 3,15 6,85 2,62 Metal 2,59 2,10 2,31 2,18 2,84 2,19 3,01 2,12 1,94 Plástico 23,72 19,29 18,60 19,96 20,38 16,84 16,52 24,40 17,05 Papel 23,56 11,60 28,09 28,91 19,41 18,93 14,60 25,03 18,87 Mat.Org. 42,37 64,66 39,55 42,82 54,79 57,02 58,75 40,19 58,91 Mat.Inerte 1,28 0 1,57 1,87 0 0,35 0,12 0,14 0,12 Outros 2,94 0,08 0,82 1,29 0,65 1,06 3,85 1,27 0,49 30 CAPÍTULO 4 - ATERROS ESTUDADOS No caso dos aterros de lixo estudados neste trabalho, a compactação, que é função da operação e dos equipamentos disponíveis, é de difícil avaliação, tendo em vista a deficiência dos procedimentos gerenciais nos locais de disposição de resíduos, em especial no que se refere aos lixões. A cobertura com solo e a compactação é inexistente, conforme constatado no caso de Quatis, ou deficiente, como no caso de Paracambi, onde não existe qualquer norma de procedimento, e o serviço de recobrimento e espalhamento é realizado por 3 operadores de máquinas, 2 motoristas, 1 administrador e 2 vigias, que também são responsáveis pela manutenção do local. O equipamento utilizado pelos operários consiste em uma retroescavadeira, uma pá mecânica, e um trator esteira do tipo DSE com lâmina, que se movimenta sobre o aterro, sem que haja qualquer controle do número de passadas, situação observada também em São Gonçalo, onde a empresa que administra o aterro está realizando obras para a recuperação, a exemplo do que foi feito no Aterro de Gramacho, onde aparentemente não há controle efetivo da compactação (número de passadas). Nos aterros sanitários de Santo André e de Nova Iguaçu, onde a operação obedece a critérios técnicos e é objeto de monitoramento, as informações prestadas têm fundamento porque são registros das atividades efetuadas no desenvolvimento das ações previstas no gerenciamento operacional. Para determinação da composição gravimétrica dos aterros foram realizados três ensaios no Município de Quatis, um em Paracambi e um em São Gonçalo, todos no Estado do Rio de Janeiro. Nos aterros de Santo André (SP), Gramacho (RJ) e CTR/Nova Iguaçu (RJ) foram realizados ensaios para determinação do peso específico 31 4.1. ATERRO MUNICIPAL DE QUATIS/RJ Segundo dados do IBGE (2000), a população está distribuída conforme abaixo: - Área Urbana – 9.388 habitantes - Área Rural – 478 habitantes Sua receita baseia-se na atividade agropecuária, sendo que a única industria é do setor de laticínios, não tendo representatividade em termos de recolhimento de impostos e taxas. Assim como a maioria dos municípios brasileiros, Quatis é desprovida de Plano Diretor, onde deveriam estar definidos os usos, as políticas, os direitos e deveres dos usuários e dos gestores dos equipamentos comunitários e bens de utilidade pública, gerando re-serviços, sem que se obtenha a otimização da estrutura existente. Os resíduos sólidos são dispostos em lixão situado na zona rural, a 8 Km da sede do Município, em área cedida em comodato, cujo acesso é feito através de estrada de terra, com a presença de catadores, sem qualquer previsão de operação do aterro, com queima do lixo, sem equipamentos para a realização dos serviços de espalhamento e recobrimento. Na sede do município funciona um galpão de propriedade particular para compra de materiais ferrosos e embalagens plásticas descartáveis (PET) e de alumínio. No município de Quatis foram feitas duas series de caracterização dos resíduos sendo a media dos resultados apresentada no gráfico abaixo. Como toda pequena cidade do interior a porcentagem de matéria orgânica e bastante elevada. 32 01-10-2001 0,28% 7% 1% 0,47% 4% 0,48% 12% 0,01% 6% 7% 0,09% 3% 60% BORRACHA COURO MADEIRA MATÉRIA ORGÂNICA METAIS FERROSOS METAIS NÃO FERROSOS PAPEL PAPELÃO PLÁSTICO - filme PLÁSTICO - duro TRAPOS VIDRO OUTROS Gráfico 3 – Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos de Quatis 4.2. ATERRO MUNICIPAL DE PARACAMBI/RJ Os resíduos sólidos foram dispostos nos últimos 36 anos em área de propriedade da Brasil Industrial, com 30.000m2, ambientalmente inadequada, praticamente dentro do núcleo urbano, numa área que seria de natural expansão da cidade, entre o Distrito de Lages e a sede do município, com residências no entorno. Figura 2 – Vista geral atual do lixão e via de acesso asfaltada De acordo com informações da Prefeitura Municipal de Paracambi (01/2001), o início de operação do lixão está relacionado à emancipação do município em 1960, quando o lixo era descartado em pequenos pontos dispersos por ruas e terrenos baldios, prática que ainda não foi abandonada em alguns bairros do município. 33 A área que hoje constitui o lixão correspondia a um desses pontos de despejo de lixo, sem construções no terreno, e com cobertura vegetal; e o volume e a freqüência do descarte de resíduos bem menor. À medida que o município foi crescendo, aumentando a produção dos resíduos gerados pela população, a área passou a concentrar todo o volume de lixo da cidade. Atualmente, o terreno apresenta uma elevação de 10 metros em relação ao nível inicial, que naquela época igualava-se ao da linha férrea, vizinha à área. Os catadores passaram a atuar mais intensamente no lixão a partir de 1976, quando o volume de resíduos tornou-se significativo. Este grupo era constituído por pessoas não só moradoras do município, como também provenientes de municípios vizinhos como Japeri, Queimados e Nova Iguaçu. Alguns catadores improvisavam barracas feitas com materiais encontrados no lixo e acampavam no vazadouro durante a semana. Chegaram a atuar no lixão uma média de 15 a 20 famílias, sendo comum a presença de muitas crianças, e iniciando-se a construção de dez barracos ao longo da via de acesso ao lixão sendo removidas para conjunto habitacional em 2001, por ação da administração pública. Atualmente, o vazadouro municipal é responsável pelo recebimento de todo o lixo coletado na área urbana, não ocorrendo separação e tratamento para os diferentes tipos de resíduos. Assim, o lixão recebe o lixo doméstico, comercial, entulhos, resíduos de varrição e poda, bem como os resíduos gerados pelas indústrias locais, que não tem o seu destino assegurado por estas indústrias. Os resíduos de saúde por muito tempo foram encaminhados ao lixão; após a implantação da usina e até 1997, estes resíduos eram conduzidos a um incinerador com capacidade para 500 Kg/h, que fazia parte do equipamento da usina. Atualmente são queimados no forno da antiga metalúrgica Lanari (figura 3). 34 Figura 3 – Forno da Metalúrgica Lanari Nos serviços de espalhamento e recobrimento do lixão, que são realizados aleatoriamente, são empregados um trator-esteira do tipo DSE com lâmina (6 toneladas de peso), uma retro-escavadeira, uma pá mecânica e um caminhão basculante de 6m3, resultando em revolvimento da massa de lixo, dificultando a avaliação da idade do lixo, e propiciando maior heterogeneidade desta massa. O aceso ao vazadouro é feito por uma via asfaltada. A área do lixão já contou com uma cerca de proteção de tela e hibiscos na época em que funcionava a usina de reciclagem, que funcionou por 4 anos, entre 1992 a 1995, quando foi desativada devido a divergências da administração pública. Segundo a Prefeitura Municipal de Paracambi, a usina foi construída na área do lixão e mantida com recursos da prefeitura. Após a desativação da mesma, as instalações foram depredadas e a cerca viva arrancada,. Ainda estão presentes as edificações da usina de reciclagem onde funcionavam o escritório, o refeitório, vestiários e um pequeno galpão usado atualmente para estoque e separação de materiais recolhidos pelos catadores. (figura 4). 35 Figura 4 – Vista aérea do lixão com edificações da usina de reciclagem desativada à esquerda Há aproximadamente 4 anos, foram instalados 2 contêineres ao lado do galpão para armazenar o material recolhido por catadores e posterior venda a terceiros. Na figura 5 adiante é mostrada outra vista do estado do lixão 2002/2003. Figura 5 – Aspecto atual do lixão Apresenta-se a seguir a tabela abaixo com os resultados da caracterização gravimétrica realizada no aterro de Paracambi. 36 Tabela 8 - Composição gravimétrica dos RSU de Paracambi Tambor 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Total Duro 4.00 1.00 6.50 1.00 2.30 1.00 1.00 2.50 2.40 5.20 2.50 29.40 Plástico filme 7.20 9.00 7.10 7.00 4.20 1.60 6.00 5.90 6.60 6.60 6.00 67.20 Vidro Metal Trapo ---------0.30 0.40 0.70 ---------0.20 ---------2.70 ------------------0.20 4.50 ---------0.30 0.10 0.20 2.30 0.10 ---------0.20 0.10 0.10 0.20 3.60 2.00 0.10 ------------------0.30 ------------------1.40 ---------0.70 0.10 4.60 Papel 6.00 8.30 7.50 4.50 4.20 6.20 6.20 8.30 6.30 5.20 2.50 65.20 Mat Org 29.00 17.00 24.00 24.20 36.20 35.00 29.50 31.00 25.40 17.60 32.50 301.40 Total 48.20 36.00 45.60 37.60 49.50 44.10 42.70 52.00 40.80 35.40 44.00 475.90 Observações: 1-o item papel, inclui papelão. 2-o item metal refere-se aos ferrosos, pois não encontramos os não ferrosos.(alumínio). 3- a matéria orgânica inclui pequena quantidade de papel impregnado de matéria orgânica. COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RSU DE PARACAMBI Pl.Filme 14% Pl.Duro 6% Vidro 1% Metal 1% Trapo 1% Mat Org 63% Papel 14% Gráfico 4 – Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos de Paracambi 37 O ensaio foi realizado em 27/FEV/2002, às 10:00h, tendo sido encerrado às 17:00h, e teve o apoio da equipe da PMP, conforme a seguir: Os resultados indicam a alta porcentagem de matéria orgânica nos resíduos de Paracambi, fato bastante comum em cidades de pequeno porte. 4.3. ATERRO DE ITAOCA/SÃO GONÇALO/RJ Localizado a 6Km da sede do município de São Gonçalo, o aterro ocupa a área entre a Serra de Itaúna e os manguesais da Ilha de Itaoca. A Ilha de Itaoca possui 7 Km2 de extensão, sendo a segunda maior ilha da Baía de Guanabara, e seus manguesais fazem parte da APA de Guapimirim. Atualmente, os canais de Itaoca e Imboaçu, que separam a ilha do continente, estão assoreados. No início da década de 70, a Prefeitura Municipal de São Gonçalo implantou o vazadouro de Itaoca, dentro de uma área de manguezal considerada área de preservação ambiental, com base no artigo 2º da lei nº 4771, de 15 de setembro de 1965 (ALERJ, 2002b). O funcionamento deste vazadouro foi severamente criticado pelos ambientalistas, culminando com a interdição da área pela Capitania dos Portos do 1º Distrito Naval. Hoje a área, abriga um depósito onde é feita centralização e posterior comercialização de plástico coletado no aterro. A extinta Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana (FUNDREN), com a consultoria da Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (COMLURB) projetou e implantou o Aterro Sanitário de Engenho Pequeno, com a finalidade de receber o lixo do município e o lixo de Niterói. O aterro projetado foi alvo da reação contrária dos moradores vizinhos, inviabilizando o projeto e culminando com o envio do lixo de Niterói para o aterro de Gramacho e adoção de nova área para receber o lixo de São Gonçalo. 38 A Prefeitura Municipal de São Gonçalo desapropriou uma área de 500.000m2 para implantação de unidade de reciclagem e compostagem na cabeceira sul do vazadouro. No município de São Gonçalo também foi feita uma caracterização dos resíduos, sendo que o gráfico a seguir representa a composição gravimétrica da massa de lixo ensaiada. O percentual de matéria orgânica, também neste caso esta por volta dos 60%. Plástico filme 3% Plástico duro 4% Embalagem PET 3% Carina 4% Alumínio 1% Trapo 8% Papelão 6% Matéria orgânica 54% Formulário 7% Metal ferroso 2% Isopor 0% Vidro 6% Matéria vegetal 2% Gráfico 5 – Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos de São Gonçalo 4.4. ATERRO MUNICIPAL DE GRAMACHO/RJ Situado no segundo distrito do Município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, faz parte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 39 Figura 6 – Vista aérea do aterro municipal de Gramacho No início do século XIX, as 560 toneladas de lixo que eram vazadas na Ilha da Sapucaia próxima à Ponta do Caju, tornaram-se motivo de constantes preocupações face à proximidade com o mar. Passaram-se alguns anos e, na década de 40, o problema de destino adequado para o lixo da cidade continuava, e a Prefeitura ainda utilizava as imediações da Ponta do Caju para destino de lixo, onde havia os aterros do Camorim e do Retiro Saudoso, e também dos novos aterros da Penha, Cavalcante e Marechal Hermes. Nessa época a produção de lixo na cidade era de 1.100 toneladas por dia. Da década de 40 até os anos 80, o lixo se multiplicara passando de 1.100 toneladas para 5.000 toneladas por dia, correspondendo à quantidade gerada por uma população de seis milhões de habitantes, encontrando-se em início de atividades os aterros de Jardim Gramacho (Duque de Caxias), de Bangu, de Santa Cruz e em Jacarepaguá, o aterro do Camorim seguido posteriormente pelo aterro da Estrada Benvindo de Novaes. Enfrentando um desafio, em 1995, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da COMLURB, decidiu assumir a responsabilidade pela recuperação do Aterro de Gramacho, passando a operá-lo de forma sanitária e ambientalmente adequada. Hoje, o aterro possui sistema de captação e tratamento de chorume, sistema de captação e queima de biogás, novos prédios administrativos, um 40 centro de educação ambiental e um centro de triagem de materiais recicláveis operado pela cooperativa de catadores. Existe também um trabalho de recuperação do manguezal do entorno com replantio de mudas e propágulos. O lixo recolhido (cerca de 6.500 toneladas/dia) é disposto, compactado e coberto com argila, evitando focos de incêndio e proliferação de vetores. Decorridos 5 anos do início dos serviços de recuperação, o Aterro de Gramacho transformou-se num modelo de recuperação de áreas degradadas, sendo operado atualmente dentro das normas de engenharia sanitária ambiental. O aterro de Jardim Gramacho foi destinado a receber parte do lixo do município do Rio de Janeiro (Zona Sul, Centro e parte da Zona Norte), e os resíduos provenientes dos municípios de Duque de Caxias, Nilópolis e São João de Meriti, municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro, ficando sob responsabilidade dos outros aterros o recebimento do lixo gerado no restante da região metropolitana do Rio de Janeiro. Atualmente, o Aterro Metropolitano de Gramacho é a principal unidade para destino final de resíduos sólidos urbanos coletados na Cidade do Rio de Janeiro e nos municípios da Região Metropolitana, em especial Duque de Caxias, Nilópolis, São João de Meriti e Queimados. 4.4.1. Dados gerais sobre o aterro metropolitano de Jardim Gramacho a - Área do terreno: 1.300.000 m2 b - Demonstrativo do total de lixo vazado no período entre 1995 e o 1º semestre de 1999 41 Tabela 9 – Lixo vazado entre 1995 e 1999 ANO Lixo vazado (t) 1995 1996 1997 1998 1999* 2.168.327 2.263.060 2.414.508 2.461.958 1.108.458 180.694 188.588 201.209 205.163 184.743 6.023 6.200 6.615 6.745 6.074 Média mês (t) Média dia (t) FONTE: COMLURB (2003) c - Composição do lixo (1999): - Resíduos orgânicos = 50,50% - Resíduos inertes = 3,00% - Vidro = 3,40% - Metais = 2,16% - Papéis e papelões = 21,50% - Plásticos = 19,44% d - Quantidade de lixo já depositada no aterro: a estimativa é de 34.500.000t de resíduos no período entre setembro/78 a junho/99. e - Método de disposição: o método utilizado é de vazamento por áreas, com célula padrão para vazamento, com as dimensões de 50 m de largura x 60 m de comprimento x altura média de 4 a 6 m. Espalhamento feito de cima para baixo. f - Cobertura do lixo: depois de espalhado e compactado, o lixo recebe camada de cobertura (material heterogêneo proveniente de varreduras, demolições, etc.). g - Condições climáticas: - Clima tropical úmido - Índices pluviométricos superiores a 860mm ao ano - Umidade relativa do ar em média superior a 70% h - Sistema de captação de gás: feita através de poços eqüidistantes de 50m, em rede de tubos de poliestireno de alta densidade (PEAD) com diâmetro inicial de 4”, conduzido ao único ponto para queima através de flare. 42 i - Sistema de tratamento de efluentes: objetiva enquadrar os efluentes líquidos gerados no aterro aos padrões estabelecidos pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA). j - Procedimentos de remediação adotados: é provado que a área de implantação do aterro era originalmente um manguezal de importância ambiental no ecossistema marinho da Baia de Guanabara. Como soluções mitigadoras para esses problemas o processo de recuperação do aterro contou inicialmente com preparação das áreas de despejo dos resíduos, cobertura da massa de lixo, construção de via de circulação, para limitação do aterro, implantação de cortina impermeável de argila mole impedindo o transbordamento do chorume, instalação de drenos de gás e recirculação do chorume produzido, como forma de tratamento preliminar antes da implantação de uma ETE (COMLURB, 2003). 4.5. CENTRO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE NOVA IGUAÇU/RJ Com a decisão do Ministério Público Estadual de acabar com o Aterro Municipal de Gramacho em dezembro de 2004, os municípios de Queimados, São João de Meriti, Belford Roxo, Mesquita e Nova Iguaçu, todos da Baixada Fluminense, e que despejam mais de 1.800 t de resíduos sólidos naquele aterro, tentam encontrar a melhor forma de depositar seus resíduos. Nova Iguaçu inaugurou em fevereiro de 2003 sua Central de Tratamento de Resíduos, com vida útil de 20 anos, e ocupando área de 1.200.000 m2 no Bairro de Adrianópolis. O projeto prevê a disposição junto ao maciço terroso, totalmente impermeabilizada. Na impermeabilização do terreno para proteção de toda a interface do terreno com a massa de lixo, foi adotada manta PEAD e camada de argila. 43 Figura 7 – Taludes Impermeabilizados com Manta de PEAD O chorume coletado é dirigido para um poço coletor, sendo recolocado nas camadas superiores, para recirculação, e dirigido para estação de tratamento cuja implantação é prevista em projeto. O projeto prevê a instalação de estação de tratamento para os resíduos de saúde, e o Projeto de Minimização de Gases do Efeito Estufa com a implantação de usina de geração de energia com o uso do gás metano, resultante da decomposição do lixo, que é drenado da massa do aterro. Os dados operacionais do CTR, estão listados a seguir: - Espessura das camadas 5,00 m - Número de camadas aterradas 5a6 - Número de passadas 6a8 - Altura média dos taludes 40,00 m - Equipamentos utilizados trator de esteira HD11(14,40 t) trator de esteira D6G (16,80 t) - Volume depositado 209.600 t (240.700 m3) FONTE: SA PAULISTA (2003) 4.6. ATERRO SANITÁRIO DE SANTO ANDRÉ/SP 44 4.6.1. Características O Complexo do Aterro Municipal de Santo André tem como objetivo o tratamento e destino final de resíduos sólidos produzidos no município. Iniciou sua operação, oficialmente, em 1987 e está localizado no bairro Cidade São Jorge, numa área de 217.000 m2. Atualmente, já finalizou a camada 18, de sua 2ª fase, e iniciou uma nova etapa. A altura de cada berma varia em torno de 5,0 m, sendo fechada por uma camada compacta de espessura não inferior a 0,30m e não superior a 0,60m, dispostas em taludes com inclinação máxima de 1V:2H. Em cada camada, os resíduos sólidos são descarregados no pé do talude, empurrados de baixo para cima e compactados, primeiro, com 3 a 5 passadas de trator de esteiras tipo AT D8 e após, com 3 a 5 passadas de Rolo Compactador Pé de Carneiro pesando 20t (somente no platô) e opera com a capacidade de recepção de aproximadamente 20.000 toneladas/mês de resíduos sólidos. Figura 8 – Vista geral do Aterro Sanitário de Santo André Na última avaliação feita pela Cetesb em 2002 foi classificado com índice IQR=9.3 (a nota máxima é 10.0), estão os seguintes equipamentos: y Aterro Sanitário y Unidade de Tratamento de Resíduos Líquidos Percolados y Usina de Triagem de Recicláveis 45 y Unidade de Tratamento de Resíduos Infectantes A vida útil deste local foi ampliada em 11 anos porque a administração municipal decidiu implantar a coleta seletiva e a população colabora na separação dos resíduos recicláveis. Santo André é modelo na coleta, tratamento, separação e destinação final de resíduos sólidos para outras cidades brasileiras. É também um dos roteiros utilizados na educação ambiental promovida pelo SEMASA e na visitação de grupos de técnicos e administradores de outros municípios. O recobrimento dos resíduos é feito diariamente com solo predominantemente silto-argiloso, sendo compactado com espessura variável entre 0,10 m a 0,40 m, através dos procedimentos e equipamentos descritos acima. Tal camada possui a mesma função essencial de promover um selo sanitário sobre a massa de resíduos na frente de operação, impedindo a proliferação de vetores, tais como: moscas, ratos, urubus, etc. Essa camada possui ainda, um caráter provisório, pois será recoberta na sua maior parte com nova plataforma de resíduos sólidos. Não existe normalização para os parâmetros de compactação desse solo. A rotina de controle de operação do aterro abrange, entre outras atividades, as seguintes: - controle de características e da origem dos resíduos processados; - peso dos resíduos recebidos; - cumprimento do plano de trabalho da frente de operação; - uniformidade da energia de compactação; - garantia da espessura da cobertura de solo prevista; - execução da impermeabilização de fundo de berma; - manutenção dos acessos de veículos; - preparação de praças de escoamento para drenagem superficial em dias chuvosos; 46 - fiscalização das obras de apoio (dreno de gases e percolados, plantio de grama, etc.); - avaliação da qualidade e quantidade dos efluentes líquidos gerados; - controle das instalações de treinamento de efluentes líquidos; - verificação da salubridade nas instalações (ruídos, odores, poeira) etc. A coleta seletiva em Santo André é feita desde 1998. No período de operação da camada 14, 4 bairros eram atendidos por ela. Na operação da camada 15, considerando-se a data do levantamento planialtimétrico (janeiro/2000), a mesma era feita em 60% da cidade. O sistema de coleta seletiva porta a porta é disponibilizado com caminhão compactador, que coleta os resíduos secos ou recicláveis, duas vezes por semana, em dias e horários específicos, em todos os bairros da cidade (a partir de abril/2000). Esses recicláveis são descarregados em fossos de recepção para posterior encaminhamento para a triagem através de esteiras mecânicas (OLIVEIRA, 2001). 47 CAPÍTULO 5 - ENSAIOS REALIZADOS A determinação do peso específico dos resíduos depositados em aterros é feita através de processo mecânico de mensuração, estabelecendo a relação que exprime a massa na unidade de volume. Os métodos para a sua determinação, são os mesmos usados para os ensaios de solo, isto é, a escavação e pesagem de um volume conhecido. Diversos autores realizaram trabalhos com este objetivo. Nos subitens 5.1.1 e 5.1.2. são detalhados dois ensaios realizados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os ensaios de cava no Aterro Sanitário da Secretaria Municipal de Saneamento Ambiental – SEMASA, no Município de Santo André/SP, no Aterro de Paracambi, no Aterro Municipal de Gramacho, e no Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) de Nova Iguaçu, no Estado do Rio de Janeiro, descritos nos subitens 5.1.3 a 5.1.6, foram realizados pela autora. A determinação do peso especifico fazendo uso do percametro foi realizada pelo Engo. Amarury Rezende Carvalho, doutorando da COPPE. 5.1. PESO ESPECÍFICO DA MASSA DE LIXO EM ATERRO 5.1.1. Aterro da COMLURB/RJ Adotando esta metodologia, Costa Leite et al (1979) realizaram no Aterro de Jacarepaguá/RJ o ensaio, cujos principais passos estão descritos a seguir: y Idade máxima do lixo depositado Os ensaios foram realizados com o lixo de três idades distintas: recém coletado, após seis meses, e após seis anos de disposição. 48 y Equipamento utilizado: - 1 retro-escavadeira; 1 pá mecânica de 1 ¾ jardas cúbicas; 1 trator sobre esteiras Caterpillar D-6; 1 balança rodoviária; 1 caminhão basculante de 11m3 e de tara conhecida y Procedimentos: - Limpeza do terreno – usando o trator de esteira, foi feita a raspagem do terreno para a retirada da camada de cobertura. - Escavação - com o emprego de retro-escavadeira, foi executada uma cava com volume de 50,00 m3 para o lixo de dois anos, e de 32,00 m3 para o lixo de seis meses. - Pesagem do material escavado - com o auxílio da pá mecânica, o material foi colocado no caminhão basculante e pesado na balança rodoviária, situada na entrada do aterro. No ensaio para o lixo recém coletado, os caminhões coletores foram pesados na entrada do aterro e o lixo despejado na cava de 50 m3, até seu total preenchimento, utilizando o mesmo método de espalhamento e compactação adotado no aterro, com o emprego do trator de esteira modelo D6. Os resultados obtidos estão indicados na tabela 10 adiante. Tabela 10 – Resultados obtidos Idade do lixo (anos) Peso (Kg) Volume 2 Peso específico (m ) (Kg/m3) 0 23.075,00 50,00 461,50 ½ 25.268,00 32,00 786,60 2 52.125,00 50,00 1.042,50 FONTE: COSTA LEITE et al (1979) 49 5.1.2. Aterro de Santo André y Adotando a mesma metodologia, e com o objetivo de avaliar a ordem de grandeza da densidade dos resíduos depositados no corpo do aterro e o grau de compactação do horizonte da camada de solo de cobertura/fechamento da célula da cota aproximada de 835, foram realizados ensaios de campo no Aterro Municipal de Santo André (EPT, 1999), utilizando lixo recentemente depositado. Para determinação do volume das seis cavas de 1,00X1,00X0,50 m executadas, foi feito o preenchimento com água após seu revestimento com lona plástica. Os resultados obtidos estão apresentados na tabela 11, a seguir: Tabela 11 – Resultados obtidos Cava Peso Específico (kg/m3) 1 1069 2 1166 3 1060 4 1119 5 903 6 803 Média 1020 FONTE: EPT (1999) 5.1.3. Aterro de Paracambi/RJ Descreve-se a seguir o primeiro ensaio para determinação do peso específico da massa de lixo, no aterro de Paracambi/RJ, realizado em 05/AGO/2002. Trata-se de um lixão, com a deposição do lixo em área de propriedade da municipalidade e sem qualquer preocupação com o meio ambiente, sem drenagem e coleta de gases e chorume, sem recobrimento, e com a presença de catadores e vetores, e sob constantes reclamações dos munícipes, pelos transtornos que causa. 50 Inicialmente foi feita uma caracterização gravimétrica dos resíduos da cidade que apresentou uma elevada percentagem de matéria orgânica (63 %): Uma descrição detalhada da determinação da gravimetria dos resíduos de Paracambi está apresentada no capítulo anterior. No ensaio foi feita a cubagem do volume ocupado por determinada massa de lixo. Para a determinação deste valor, foi aberta uma cava, com a pesagem do material escavado e cubagem do volume escavado, como mostra a figura 9 adiante. Figura 9 – Abertura da cava Em função da dificuldade de escavação em aterros de lixo para a obtenção de um polígono regular, devido à presença de madeiras, plásticos, vidros e embalagens PET, não foi possível a escavação de uma cava com dimensões regulares, assim como sua profundidade foi limitada pela altura do nível de líquido percolado em seu interior com a presença de água no fundo da cava, o serviço de escavação foi paralisado. Procedeu-se então à pesagem de todo o material escavado, acondicionado em tambores devidamente tarados, como mostra a figura 10. 51 Figura 10 – Pesagem do material Para fazer a cubagem da cava, procedeu-se à regularização do fundo, colocação da manta plástica e seu preenchimento com água, medida nos tambores calibrados. Obtidos os valores de material escavado e o volume de água empregados no preenchimento da cava determinou-se o peso específico da massa de lixo depositada, a partir da fórmula: γ = peso do material escavado / volume da cava • Condições de realização do ensaio: Temperatura: 27˚ C horário de início: 10:00 h umidade relativa: em torno de 50% • Equipamentos - EPI (Equipamentos de Proteção Individual) - Retro-escavadeira MF 86 HS - Trator de esteira CAT-D6E - Caminhão-pipa com capacidade de 5000 l - Latões para pesagem: seis latões com capacidade de 200 l - Balança com capacidade para 200 Kg 52 • Calibragem dos tambores Na calibragem dos tambores, procedeu-se à verificação das dimensões para determinação do volume de cada um. Os latões usados neste ensaio são aqueles que a PMP emprega na coleta de lixo na cidade, e têm furos no fundo para impedir o acúmulo de líquidos durante a coleta, sendo que apenas dois tinham o fundo vedado, tendo então sido destinados para serem utilizados no preenchimento da cava com água. • Escolha dos locais para a execução das cavas Na escolha para as áreas a serem ensaiadas, foram consideradas as informações dos técnicos da PMP, que identificaram a direção de expansão do despejo de lixo, permitindo a escolha de amostras com presumíveis idades e graus de compactação diferenciados. • Preparação do local Escolhidas as áreas para locação das cavas, procedeu-se à retirada da camada de solo superficial, com o emprego do trator de esteira, como mostra a figura 11. Figura 11 - Preparação da área • Escavação 53 Junto à área determinada para execução da primeira cava, foi estendida a lona plástica onde foram acomodados os latões usados na pesagem do material escavado, dando inicio à escavação, colocando todo o material escavado nos tambores. A fim de evitar que o material escavado sofresse alterações de volume por se misturar ao material superficial do aterro, esse material foi colocado sobre uma lona plástica, conforme figura 12. Figura 12 – Início da escavação e confinamento do material escavado • Pesagem do material escavado Todo o material escavado foi colocado nos tambores selecionados e pesado. O peso do material é a diferença entre o peso total e a tara dos tambores. Após a pesagem, o material foi despejado próximo à cava, de onde seria removido para recolocação na cava após o término do ensaio. • Análise preliminar das condições da cava, para orientar a determinação de suas dimensões. Essa análise determinou as dimensões da cava. A largura foi fixada em função do equipamento usado e a profundidade foi determinada pelas condições de execução da escavação com o afloramento do percolado. A escavação foi interrompida quando o fundo da cava atingiu o nível do líquido percolado na massa de lixo, a 1,50 m de profundidade. 54 Nas cavas 1 e 2, encontrou-se pouca diferença na massa ensaiada, tendo sido constatada a presença de sacos plásticos, embalagens PET em razoável estado de conservação, e pedaços de madeira, indicando tratar-se de lixo ainda em processo de decomposição. Observou-se ainda a presença de resíduos industriais. Na cava 3, a massa ensaiada apresentou um nível de percolado bastante alto, indicando tratar-se de lixo novo, com odor muito forte. As tabelas 12, 13 e 14 adiante contêm os resultados obtidos nos ensaios executados. Tabela 12 - Demonstrativo da pesagem do material da Cava 1 Pesagem Tara Peso total Peso líquido 1 12,80 104,20 91,40 2 12,90 101,50 88,60 3 13,00 109,70 96,70 4 13,05 117,30 104,25 5 12,80 68,00 55,20 6 12,90 84,30 71,40 7 13,00 68,60 68,60 8 13,05 72,75 72,75 9 12,80 77,40 77,40 10 12,90 88,80 88,80 11 13,00 63,80 63,80 12 13,05 106,95 106,95 13 12,80 59,70 59,70 14 12,90 47,10 47,10 15 13,00 87,40 87,40 16 13,05 87,35 87,35 17 12,80 93,40 93,40 18 12,90 88,10 88,10 19 13,00 71,00 71,00 20 13,05 74,65 74,65 21 12,80 92,50 92,50 22 12,90 64,50 64,50 23 13,00 97,00 97,00 55 Pesagem Tara Peso total Peso líquido 24 13,05 104,20 91,15 25 12,80 89,20 76,40 26 12,90 52,80 39,90 27 13,00 74,50 61,50 Peso Total 2.117,50 Kg Tabela 13 - Demonstrativo da pesagem do material da Cava 2 Pesagem Tara Peso total Peso líquido 1 12,80 62,50 49,70 2 12,90 84,30 71,40 3 13,00 52,70 39,70 4 13,05 81,40 68,35 5 12,80 98,40 85,60 6 12,90 75,00 62,10 7 13,00 65,40 52,40 8 13,05 45,00 31,95 9 12,80 64,00 51,20 10 12,90 70,00 57,10 11 13,00 51,00 38,00 12 13,05 81,30 68,25 13 12,80 74,50 61,70 14 12,90 70,00 57,10 15 13,00 93,40 80,40 16 13,05 76,00 62,95 17 12,80 87,10 74,30 18 12,90 71,20 58,30 19 13,00 61,60 48,60 20 13,05 61,00 47,95 21 12,80 33,00 20,20 22 12,90 79,00 66,10 23 13,00 100,00 87,00 Peso Total 1.187,25 Kg 56 Tabela 14 - Demonstrativo do material da Cava 3 Pesagem Tara Peso líquido 1 12,80 62,50 49,70 2 12,90 84,60 71,40 3 13,00 52,70 39,70 4 13,05 81,40 68,35 5 12,80 98,40 85,60 6 12,90 75,00 32,10 7 13,00 65,40 52,40 8 13,05 45,00 31,95 9 12,80 64,00 51,20 10 12,90 70,00 57,10 11 13,00 51,00 38,00 12 13,05 81,30 68,25 13 12,80 74,50 61,70 14 12,90 70,00 57,10 15 13,00 93,40 80,40 16 13,05 76,00 92,95 17 12,80 87,10 74,30 Peso Total • Peso total 1.012,20Kg Colocação da lona plástica Terminada a escavação, procedeu-se à retirada do material que pudesse danificar a lona plástica e à regularização do fundo. Esta etapa do trabalho teve que ser realizada muito rapidamente, em função da concentração do líquido percolado no fundo da cava. 57 Figura 13 – Regularização do fundo da cava • Cubagem da cava Para a cubagem da cava, seu preenchimento foi realizado com a água fornecida pelo carro-pipa colocado à disposição da PMP pelo Exército para a realização do ensaio. O volume de água necessário ao preenchimento das cavas foi medido com o emprego dos latões previamente calibrados designados para esta etapa do ensaio. A figura 14 adiante mostra a cava preenchida com água. Figura 14 – Preenchimento da cava com água 58 Na figura 14 pode-se ver claramente as dificuldades de colocação e ocupação de todos os espaços na cava pela manta plástica. As tabelas apresentadas adiante mostram o volume de água empregada para determinação do volume das cavas. Tabela 15 – Cubagem das cavas Cava 1 (dm3) Medida Cava 2 (dm3) Volume Medida Cava 3 (dm3) Volume Medida Volume 1 176,18 1 180,36 1 175,60 2 183,04 2 164,74 2 176,18 3 183,04 3 180,35 3 182,39 4 160,16 4 179,65 4 176,18 5 169,31 * - * - 6 169,31 * - * - 7 173,89 * - * - 8 151,01 * - * - 9 176,08 * - * - Totais 1.542,02l 705,10l 710,35l * Cava preenchida • Determinação do peso específico da massa de lixo. Os resultados obtidos estão reunidos na tabela 16, possibilitando a determinação do peso específico do Aterro de Paracambi/RJ. Tabela 16 – Determinação do peso específico Cava Cava 1 Peso do material escavado (Kg) 3 Volume (m ) 3 Peso Específico (KN/m ) Cava 2 Cava 3 2.117,50 1.187,30 1.012,20 0,154202 0,70510 0,71035 13,45 16,50 13,96 59 • Comentários sobre as condições de compactação As condições de compactação do aterro são precárias e sazonais, ocasionando o revolvimento da massa de lixo, impossibilitando uma avaliação da idade do material depositado. Desta forma, não se deve levar em consideração as informações sobre o número de passadas do equipamento. Na pesagem do material escavado foi usado o mesmo tambor, com tara de 7.00 Kg. O segundo ensaio no Aterro de Paracambi foi realizado no dia 25/FEV/2003, adotando a mesma metodologia, com a escavação de uma cava somente. A série fotográfica das figuras 15, 16, 17 e 18 mostra os mesmos procedimentos descritos para o ensaio no aterro de Paracambi. Figura 15 – Limpeza e regularização da área escolhida 60 Figura 16 – Escavação Figura 17 - Material escavado 61 Figura 18 – Pesagem do material escavado O resultado da pesagem do material está discriminado na tabela 17. Tabela 17 - Demonstrativo da pesagem do material escavado Pesagem Peso total 1 65,6 Peso líquido 58,6 2 77,0 70,0 3 67,0 60,0 4 91,0 84,0 5 82,0 75,0 6 112,0 105,0 7 110,0 103,0 8 119,0 112,0 9 92,5 85,5 10 83,0 76,0 11 70,0 63,0 12 104,0 97,0 13 103,0 96,0 14 99,5 92,5 15 74,0 67,0 Total 1.244,6 Kg 62 No enchimento da cava, usou-se também apenas um latão, calibrado em laboratório, com capacidade de 63 l, e o volume de água necessário foi de 793.00 l. Figura 19 – Preenchimento da cava com água Determinação do peso específico Peso do material escavado 1244,6 Kg • Volume da cava 793 l = 793 dm3 Peso específico 1244,6/ 0,793 X 9,8= 15,38 KN/m3 Aferição dos resultados Para proceder à aferição dos resultados obtidos, foi utilizado equipamento de campo e laboratório, denominado percâmetro (CARVALHO, 2002), com o qual é possível medir o peso específico, a permeabilidade, a 63 variação da vazão do percolado com o tempo e a capacidade de campo de uma amostra indeformada de resíduos sólidos. As características dimensionais e de material do percâmetro foram escolhidas em função de aspectos ergonométricos, tendo em vista que o ensaio pode ser realizado por uma só pessoa, capaz de manipular o equipamento sem o auxilio de equipamentos de transporte. Assim, em seu projeto inicial, fez-se uso do cilindro CBR, o qual foi nas etapas posteriores melhorado e adaptado a um cilindro biselado, especialmente fabricado para estes ensaios. Foram produzidas seis unidades destes cilindros em aço especial para este trabalho. O procedimento de cada ensaio consistiu em cravar estes cilindros com o lado biselado para baixo na base de uma vala escavada no plano em estudo, com o auxílio de uma retro-escavadeira. Tal cilindro funcionou como amostrador do lixo. No procedimento empregado escava-se uma cava de aproximadamente 1,5 m a 2,0 m de profundidade. Regularizado o fundo desta cava com uma enxada foi colocado o cilindro, sendo sobreposta ao mesmo uma placa de aço e sobre a mesma uma ou duas tábuas. A seguir, cravou-se o cilindro fazendo uso da pressão hidráulica da pá da retro-escavadeira. Dependendo das circunstâncias utilizou-se um anel de cilindro CBR para facilitar o trabalho de cravação do amostrador. Ao término da amostragem, foi escavado o lixo em volta do cilindro e retirado o mesmo com o auxílio de uma enxada. Amostras de lixo da vala foram retiradas e colocadas em cápsulas para, posterior determinação do teor de umidade dos resíduos. Finalmente, as amostras foram embaladas em sacos plásticos para preservar as suas umidades e levadas para o laboratório. No laboratório o cilindro foi preparado para a pesagem sendo excessos de lixo nas bordas retirados com o auxílio de serra. Mediu-se o peso da amostra e, tendo o volume e o peso do cilindro, determina-se o peso específico dos resíduos. Um papel filtro é colocado na parte superior e inferior da amostra sendo que em ambas as faces fez-se um desbaste da amostra e colocação de 64 uma pequena camada de areia. O conjunto foi fixado por meio das hastes e parafusos, sendo o cilindro preso ao conjunto com a amostra em seu interior. O equipamento foi colocado sobre um tripé de apoio sendo uma mangueira colocada entre o espigão inferior do aparelho e o bico da bureta, iniciando-se, então, a saturação da amostra (Figura 1). Posteriormente à saturação, foram feitas diversas leituras da permeabilidade com carga variável, até a estabilização do sistema. Neste caso, mediu-se com um cronômetro o tempo do deslocamento da água na bureta. Terminado o ensaio de permeabilidade, com a amostra ainda saturada, fecharam-se as faces inferior e superior. O nível foi ajustado por meio de calços e colocado um becker sob o tripé, embaixo da face inferior. De posse de uma planilha para medir as variações dos volumes do percolado em função do tempo, o tampão superior foi retirado, para dar início às leituras do volume percolado, após a retirada do obturador inferior. As leituras foram interrompidas quando a vazão atingia um valor de 0,01 cm3/seg (CARVALHO, 2002). Terminado o ensaio, o flange superior do equipamento foi retirado e assim como os filtros e a areia da parte superior da amostra. Em seguida amostras de resíduos foram recolhidas em cápsulas de alumínio. A seguir, as cápsulas foram levadas à estufa para determinação da umidade média dos resíduos. Através desta umidade pode-se se calcular a capacidade de campo dos resíduos. Ao todo foram realizados 6 ensaios num mesmo platô. • • Equipamento e pessoal de apoio: - 1 retro-escavadeira - 1 tratorista - 2 ajudantes Condições de realização dos ensaios: - Coleta em 05/09/2002 - cilindro “A” Horário: 11:00 Às 14:00 h 65 Temperatura : 27° C Profundidade da vala: 2,30 m, lixo escuro, com cheiro e pouco úmido sem afloramento de percolado Idade: de difícil determinação, pois o lixo é remanejado. Supõe-se que seja entre 5 e 10 anos em função de informações locais - Coleta em 20/09/2002 - cilindros 1, 2, 3, 4 e 5 Horário: 09:00 às 13:00h Temperatura: 30° C Profundidades da vala: a- cilindros 1, 2 e 3 : 1,00 m - resíduos praticamente inertizados b- cilindros 4 E 5 : 2,00 m - os resíduos úmidos, escuros e com odor Idades : No caso “a” de difícil determinação, pois o lixo é remanejado. Supõese que seja entre 10 e 15 anos em função de informações locais. No caso “b” de difícil determinação, pois o lixo é remanejado. Supõese que seja entre 5 e 10 anos em função de informações locais. A Tabela 18 a seguir apresenta um resumo dos resultados obtidos nos ensaios realizados com o percâmetro. Tabela 18 – Resumo dos Parâmetros Geotécnicos Determinados Com os valores constantes no quadro é possível determinar o valor médio do peso específico: (γ médio =12,44 kN/m3) 66 CILINDRO Ø (dm) H (dm) V Pc (kg) Pc + PA PA (kg) γ = PA/V γ = PA/V 1 (kg/dm3) (kN/m3) (dm ) 1,5200 1,7790 3,2281 3,8806 8,5624 4,6818 1,4503 14,2132 2 1,5216 1,7694 3,2175 3,7792 7,9889 4,2097 1,3084 12,8221 3 1,5214 1,7750 3,2268 3,8248 9,2135 5,3887 1,6700 16,3658 4 1,5224 1,7758 3,2325 3,8293 6,9532 3,1239 0,9664 5 1,5196 1,7756 3,2203 3,9029 7,5501 3,6472 1,1326 11,0991 6 1,5228 1,7756 3,2339 3,7812 A - - 3 - - 9,4707 - 3,1730 5,2060 8,6559 3,4499 - 1,0873 10,6551 PA = PC = A Tabela 19 a seguir apresenta um resumo dos resultados obtidos nos ensaios realizados no Aterro Sanitário de Santo André com o mesmo percâmetro. Tabela 19 – Resumo dos Parâmetros Geotécnicos Determinados Plataforma Idade t t (meses) 3 (kN/m ) k (cm/s) wnat (%) w (%) 1 60 16,18 3,57E-04 22,56 31,78 17,40 42,77 2 58 14,79 1,00E-03 19,89 27,37 15,71 34,42 3 56 11,27 8,76E-04 16,94 34,67 12,98 34,06 4 54 8,67 9,04E-04 33,16 52,89 9,95 35,10 5 52 10,31 9,23E-04 27,56 39,71 11,29 32,72 6 50 11,55 9,25E-04 25,6 34,13 12,33 31,99 9 44 10,29 9,58E-04 35,18 34,13 10,21 26,48 13 24 7,84 9,97E-04 43,35 68,96 9,24 38,45 14 18 8,02 9,24E-04 49,48 56,76 8,41 31,04 16 6 11,79 9,25E-04 53,93 39,7 10,70 31,00 (kN/m3) (%) Pela tabela 19 observou-se que os valores médios do peso específico (gtmédio igual a 11,07 kN/m3). 67 5.1.4. Ensaio no Aterro Municipal de Gramacho/RJ Condições de realização do ensaio: • Data de realização : 03/ABR/2003 • Horário de início : 10:00h, • Temperatura : • Métodos e materiais 300C. Foram adotados os mesmos equipamentos e metodologia usados nos ensaios anteriores, à exceção da retro-escavadeira, que foi substituída por uma Caterpillar 390, em função da disponibilidade desta máquina dentro da rotina de operação do aterro. O local escolhido para o início da escavação teve que ser abandonado, pois as condições da massa de lixo sob a camada de cobertura não eram representativas da massa depositada, por ser área de deposição de material de dragagem. Os resultados obtidos estão assinalados na tabela 20 adiante. Tabela 20 – Demonstrativo da pesagem do material escavado Pesagem Peso total (kg) Peso líquido (kg) Volume de água (l) 1 54,0 44,0 63 2 54,5 44,5 63 3 52,5 42,5 63 4 58,0 48,0 63 5 64,5 54,5 63 6 68,5 58,5 63 7 69,0 59,0 * 8 71,0 61,0 - 9 69,0 59,0 - 10 76,5 66,5 - 11 74,0 64,0 - 12 54,5 44,5 - Total 766,0 646,0 378 * Final da cava 68 • Determinação do peso específico: Peso específico=peso do lixo/volume de água = 766 Kg/378 dm3x9.8= 16,75 KN/m3 . • Características do material: O material escavado caracteriza-se por ser completamente heterogêneo, com uma elevada presença de matacões e resto de entulho, material orgânico pouco degradado, nenhuma embalagem de PET, não foi observada também a presença de alumínio ou outro metal, bem como nenhum saco residencial fechado. O segundo ensaio no Aterro Municipal de Gramacho foi realizado no dia 21/MAI/2003, sendo adotada a mesma metodologia de escavação, pesagem, cobrimento da cava com lona plástica, enchimento da cava com água para cubagem do volume escavado e determinação do peso específico. Houve alteração apenas no equipamento usado na escavação, tendo sido alocado pela Administração do aterro uma retro-escavadeira D-6. Na pesagem do material escavado foram usados dois latões com tara de 6,50 Kg e no enchimento da cava foi usado o mesmo latão, calibrado em laboratório, usado nos ensaios anteriores, e o volume de água necessária ao enchimento da cava foi de 441 l, correspondente a 7 latões. A tabela 21 a seguir apresenta os valores referentes à pesagem do material escavado: Tabela 21 – Demonstrativo do peso do material escavado Pesagem Peso total (kg) Peso líquido (kg) 1 59,50 53,00 2 56,00 49,50 3 56,00 49,50 4 66,00 59,50 5 53,50 47,00 6 64,50 58,00 7 59,00 52,50 8 58,00 51,50 69 • Pesagem Peso total (kg) Peso líquido (kg) 9 65,00 58,50 10 60,50 54,00 11 59,50 53,00 12 65,50 59,00 13 71,00 64,50 14 79,50 73,00 15 77,50 71,00 16 41,50 35,00 Total 896,00 888,50 Determinação do peso específico: 888,50 Kg / 441 dm3 x 9,8 = 19,74 KN/ m3. As figuras 20 a 28, a seguir, contêm uma síntese fotográfica dos ensaios realizados no aterro de Gramacho. Figura 20 – Detalhes da vista geral da área escolhida 70 Figura 21 – Detalhe da área com queimador de gases Figura 22 – Cravação do percâmetro 71 Figura 23 – Material escavado Figura 24 – Cravação do cilindro do percâmetro Figura 25 – Posicionamento do amostrador do percâmetro 72 Figura 26 – Pesagem do material escavado Figura 27 – Preenchimento da cava com água Figura 28 – Esvaziamento da cava 73 • Características do material Tal como no primeiro local, o material era completamente heterogêneo, com uma presença de matacões e especialmente resto de entulho aparentemente maior do que no outro local de investigação, material orgânico pouco degradado, nenhuma embalagem de PET, não foi observada também a presença de alumínio ou outro metal, bem como nenhum saco residencial fechado. 5.1.5. Santo André Adotando a mesma metodologia de realização do ensaio in situ e aferição do resultado com o uso do percâmetro, foram realizados os ensaios no Aterro Municipal de Santo André/SP. O primeiro ensaio foi feito na berma 01, finalizada em 1987 e remanejada em JUL/1995 • Condições de realização do ensaio: - Data de realização :13/MAR/2003 - Horário de início: 10:00 h - Temperatura: - Características do material escavado: sem orgânicos, com muita 270 C borracha e plásticos, com cheiro, e um pouco úmido devido, provavelmente, ao dreno que está próximo e às chuvas ocorridas em dias anteriores. - A idade de disposição deste resíduo é de difícil determinação, uma vez que o mesmo foi remanejado, podendo-se supor que tenha entre dez a quinze anos de disposição, segundo informações fornecidas pela equipe de trabalho local. - Profundidade da vala: 2,20 a 2,50 m, sem afloramento de percolado 74 • Equipamento e pessoal de apoio: 1 Retro-escavadeira 1 Tratorista 2 Ajudantes • Cálculo do peso da amostra Na tabela 22 estão discriminados os dados relativos à pesagem do material escavado. Tabela 22 – Demonstrativo de pesagem do material Latões Peso Bruto (kg) Tara (kg) 01 55,80 7,50 48,30 02 53,40 7,50 45,90 03 64,00 7,50 56,50 04 50,00 7,50 42,50 05 49,40 7,50 41,90 06 50,70 7,50 43,20 07 58,80 7,50 51,30 08 56,40 7,50 48,90 09 60,90 7,50 53,40 10 51,70 7,50 44,20 11 62,00 7,50 54,50 12 63,30 7,50 55,80 13 60,00 7,50 52,50 Soma • Peso Líquido (kg) 630,90 Cálculo do volume da amostra Foram usados 9 latões , perfazendo o total de 567 litros • Determinação do peso específico: g= 630.90Kg /0.567 m3 * 9,8 =10.90 KN/m3 75 • Aferição com o percâmetro: Foi tirada uma amostra • Peso total 8.736,0g Peso da tábua 1.252,0g Peso do cilindro 1 3.880,6g Peso da amostra 3.604,0g = 3,604kg Volume do cilindro 3,2281dm3 Equipamento e pessoal de apoio: 1 Retro-escavadeira 1 Tratorista 2 Ajudantes Os resultados estão apresentados na tabela 25 que contém sua síntese para todos os ensaios realizados com o percâmetro no Aterro. O segundo ensaio foi realizado na berma 18, finalizada em 2002. • Condições de realização do ensaio: - Data de realização: 14/MAR/2003 - Horário de início: 10:00 h. - Temperatura: 270 C. - Características do material escavado: com orgânicos, com muitos plásticos, com cheiro, e baixo teor de umidade - Profundidade da vala: 0,50m, sem afloramento de percolado A idade de disposição deste resíduo é de difícil determinação, uma vez que o mesmo foi remanejado, podendo-se supor que tenha entre cinco a dez anos de disposição. • Equipamento e pessoal de apoio: 76 1 Retro-escavadeira 1 Tratorista 2 Ajudantes • Cálculo do peso da amostra Na tabela 23 estão discriminados os dados referentes à pesagem do material escavado. Tabela 23 – Demonstrativo de pesagem do material escavado Latões Peso Bruto(kg) Tara (kg) Peso Líquido (kg) 01 49,50 7,50 42,00 02 40,50 7,50 33,00 03 56,00 7,50 48,50 04 54,30 7,50 46,80 05 58,00 7,50 50,50 06 53,50 7,50 46,00 07 62,30 7,50 54,80 08 51,70 7,50 44,20 09 68,00 7,50 60,50 10 62,40 7,50 54,90 11 34,70 7,50 27,20 Soma • 508,40 Cálculo do volume da amostra Foram usados 8 latões perfazendo o total de 504 litros • Determinação do peso específico: g= 508.40Kg /0.504 m3 * 0.0098 =9.88 KN/m3 • Aferição com o percâmetro Foram realizadas duas amostras:cilindros 2 e 5 Cilindro 2 - Peso total 7.626,0 g 77 - Peso da tábua 1.307,0 g - Peso do cilindro 3.779,2 g - Peso da amostra 2.539,8 g = 2,5398 kg - Volume 2,4901 m3 Obs: neste caso, houve dificuldades na cravação do cilindro. Assim, descontouse 4 cm da altura, correspondente ao que não foi cravado. Cilindro 5 Peso total Peso da tábua 8.325,0 g 560,0 g Peso do cilindro 5 3.902,9 g Peso da amostra 3.862,1 g = 3,862 kg Volume 3,2203 m3 Os resultados estão apresentados na tabela apresentada mais adiante que contém sua síntese para todos os ensaios realizados com o percâmetro no Aterro. O terceiro ensaio foi realizado na berma 17, sem informações sobre a data de fechamento. • Condições de realização do ensaio : - Data de realização: 19/MAR/2003 - Horário de início: 14:00 h - Temperatura: 270 C - Características do material escavado:com orgânicos, com muitos plásticos, com cheiro e um pouco úmido - Profundidade da vala: 1,50m, sem afloramento de percolado 78 - Idade de difícil determinação, por se tratar também de uma camada de resíduos remanejados, durante o processo de retaludamento do aterro. • Equipamento e pessoal de apoio: 1 Retro-escavadeira 1 Tratorista 2 Ajudantes • Cálculo do peso da amostra Na tabela 24 a seguir, estão discriminados os dados referentes à pesagem do material escavado. Tabela 24 – Demonstrativo de pesagem do material escavado Latões Peso bruto (kg) Tara (kg) Peso líquido (kg) 01 71,00 7,50 63,50 02 66,00 7,50 58,50 03 70,50 7,50 63,00 04 75,50 7,50 68,00 05 61,50 7,50 54,00 06 67,40 7,50 59,90 07 53,60 7,50 46,10 08 108,70 7,50 101,20 09 95,10 7,50 87,60 10 75,00 7,50 67,50 11 77,70 7,50 70,20 12 69,50 7,50 62,00 13 68,20 7,50 60,70 14 93,50 7,50 86,00 15 64,40 7,50 56,90 Soma 1.005,10 79 • Cálculo do volume da amostra Foram usados 8 latões perfazendo o total de 504 litros • Determinação do peso específico: g = 1005.10Kg /0.504 m3 * 0.0098 =19.54 KN/m3 Obs: este ensaio foi prejudicado devido às dificuldades de medição do volume da amostra, em função da profundidade. Além disso, verificou-se após a abertura da vala, a presença de camada de cobrimento (10 cm) de rachão, uma camada de 60cm de solo, uma outra de material orgânico de podas (70 cm) e uma última de solo. Desse modo, o material ensaiado estava muito compactado e os resíduos misturados com solo, o que alterou muito a sua densidade. • Aferição com o percâmetro Foi realizada uma amostra: cilindro 3: - Peso total 7.133,0 g - Peso da tábua - Peso do cilindro - Peso da amostra 2.592,2 g = 2,592 kg - Volume 716,0 g 3.824,2 g 2,500 dm3 Obs: neste caso, tivemos dificuldades na cravação do cilindro. Assim, descontou-se 4 cm da altura, correspondente ao que não foi cravado. Os resultados estão apresentados na tabela mais adiante que contém sua síntese para todos os ensaios realizados com o percâmetro no Aterro. Na tabela 25 a seguir, estão discriminados os dados referentes à pesagem do material escavado. 80 Tabela 25 – Aterro Sanitário de Santo André – Ensaios de Cava e com o Percâmetro - Planilha resumo H (dm) V (dm3) Pc (kg) Pc + PA PA (kg) CILINDRO Ø (dm) γ = PA/V γ = PA/V 3 (kg/dm ) (kN/dm3) 1 1,5200 1,7790 3,2281 3,8806 7,484 3,604 1,1164 10,940 CAVA 01 - - 567 - - 630,9 1,1127 10,90 2 1,5216 1,7694 2,4901 3,7792 6,319 2,539 1,0196 9,99 5 1,5196 1,7756 3,2203 3,9029 7,765 3,862 1,1993 11,75 CAVA 18 - - 504 - - 508,4 1,0087 9,88 3 1,5214 1,7750 2,500 3,8248 6,417 2,592 1,0368 10,16 CAVA 17 - - 504 - - 1005,1 1,9942 19,54 As figuras 29 a 38 a seguir, ilustram as etapas de execução do trabalho em Santo André/SP. Figura 29 – Regularização e escavação do terreno Figura 30 – Colocação do percâmetro 81 Figura 31 – Percâmetro após a cravação Figura 32 – Detalhe da cava Figura 33 – Calibragem dos latões 82 Figura 34 – Calibragem da balança Figura 35 – Material escavado 83 Figura 36 – Pesagem do material escavado Figura 37 – Enchimento da cava 84 Figura 38 – Esvaziamento da cava A figura 39 a seguir ilustra aspectos do aterro sanitário de Santo André/SP, apresentando fases da deposição da massa de lixo. FIGURA 39 – DETALHES DO ATERRO DE SANTO ANDRÉ Figura 39 – Detalhes do Aterro de Santo André 85 A tabela 26 apresenta um resumo dos resultados obtidos nos ensaios realizados no Aterro Sanitário de Santo André com o percâmetro. Tabela 26 – Determinação do peso especifico in situ e com o auxílio do percâmetro – Santo André γt (kN/m3) γt (kN/m3) PERCÂMETRO CAVA (*) 25/10/00 16,18 --- 13/03/03 11,64 11,13 CAMADA IDADE (meses) DATA 1 60 2 58 04/11/00 14,79 --- 3 56 11/11/00 11,27 --- 4 54 16/12/00 8,67 --- 5 52 06/01/01 10,31 --- 6 50 20/01/01 11,55 --- 9 44 20/01/01 10,29 --- 13 24 24/02/01 7,84 --- 03/1999 --- 7,88 14 18 25/01/01 8,02 --- 16 6 26/02/01 11,79 --- 17 12 19/03/03 10,37 19,94** 18 6 14/03/03 11,09 10,09 * Ensaios realizados adotando-se a metodologia de cava, cujos resultados foram verificados com a utilização do percâmetro ** O valor da camada 17 no ensaio de cava, é completamente atípico, indicando elevada presença de entulho na amostra De acordo com a tabela 26, o valor médio do peso específico (γtmédio ) determinado com o uso do percâmetro foi de 11,07 kN/m3. 86 PESO ESPECÍFICO (kN/m3) 18.00 15.00 y = 0.0669x + 7.8368 R2 = 0.1612 12.00 9.00 y = 0.0294x + 8.8179 R2 = 0.2373 6.00 0 10 PERCÂMETRO 20 CAVA 30 40 50 IDADE ( MESES ) Linear (PERCÂMETRO) 60 70 Linear (CAVA) Gráfico 6 – Aterro Sanitário Santo André – Relação Idade e Peso Específico No gráfico 6 estão plotados os valores de peso específico e idade dos resíduos tanto para o ensaio em cava quanto com o uso do percâmetro. Ambos indicam uma tendência de crescimento do peso específico com o tempo, sendo tal tendência bastante aproximada conforme pode ser visto no gráfico. 5.1.6. Nova Iguaçu O ensaio realizado no Centro de Tratamento de Resíduos, no Município de Nova Iguaçu/RJ, é descrito a seguir : • Condições de realização do ensaio: - Data de realização: 18/JUN/2003 - Horário de início : 10:00 h - Temperatura : 28º C - Características do material escavado:com orgânicos, muitos plásticos, com odor pronunciado e baixa umidade observada visualmente. • Profundidade da vala: 0,50 m, sem afloramento de percolado Equipamento e pessoal de apoio: 1 Retro-escavadeira CASE 580 L 87 1 Tratorista 2 Ajudantes • Cálculo do peso do material escavado : Na pesagem do material escavado foi usado um único latão, cujo peso é de 11 Kg, sendo feitas 4 pesagens, conforme discriminado na tabela 27 a seguir. 88 Tabela 27 – Demonstrativo de pesagem do material Pesagem Total Peso líquido (Kg) 1 33,00 2 43,00 3 47,00 4 73,00 183,00 • Volume da água necessária para o preenchimento da cava : 200l • Cálculo do peso específico da massa de lixo depositada no aterro : g = 183.00 Kg /200 dm3 * 9.8 =9.15 KN/m3 As figuras 40, 41 e 42 a seguir, ilustram as fases de execução do ensaio no Centro de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu/RJ. Figura 40 – Preparação do plástico para receber o material escavado 89 Figura 41 –Material escavado Figura 42 – Cava preenchida com água 90 CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO DE RESULTADOS Na tabela 28 a seguir, estão discriminados os resultados dos ensaios realizados: Tabela 28- Resultados dos ensaios realizados Ensaios Data Classificação 05/08/02 Peso Específico ( kN/m3 ) cava percâmetro 13,45 Cava 1 16,50 Cava 2 13,96 Cava 3 15,38 Paracambi/RJ Observações Aterro a céu aberto (cilindro 1) 14,21 (cilindro 2) 12,82 (cilindro 3) 16,36 25/02/03 (cilindro 4) 9,47 (cilindro 5) 11,10 (cilindro A) 10,65 Gramacho/RJ 03/04/03 Aterro Controlado 21/05/03 Santo André 13/03/03 16,75 19,74 Aterro Sanitário 14/03/03 10,90 (cilindro 1) 10,94 Berma 01 9,88 (cilindro 2) 9,99 Berma 18 (cilindro 5) 11,75 19,54* (cilindro 3) 10,16 N. Iguaçu/RJ 18/06/03 Aterro Sanitário Berma 17 9,15 * Nesta amostra verificamos a presença de entulho de obras, com grande incidência de matacões. Com base nos resultados obtidos é possível o lançamento dos gráficos 6 e 7, relacionando a idade, a umidade e o peso específico da massa de lixo. 91 RESULTADO DOS ENSAIOS REALIZADOS Cava 1 15 ( kN/m3 ) PESO ESPECÍFICO 20 Cava2 10 Cava 3 Cava 4 5 0 Paracambi Gramacho Santo André Nova Iguaçu CIDADES Gráfico 7 – Demonstrativo dos resultados obtidos em ensaios realizados em cava Foram realizados dez ensaios in situ, sendo quatro num aterro a céu aberto, dois num aterro controlado e quatro em dois aterros sanitários. Com o percâmetro (Carvalho e outros, 2004) foram realizados seis ensaios em aterro a céu aberto e quatro em aterro sanitário, conforme apresentados na Tabela 28. Os resultados obtidos para o peso específico em aterros sanitários foram em média menores do que os observados em aterros controlados e não controlados. As razões para esse resultado, são essencialmente a melhor organização operacional dos aterros sanitarios, uso de equipamentos de compactação em melhores condições, controle da compactação de forma a obter um valor ótimo e regularidade da operação. As exceções observadas nos resultados forma devidas ao uso de entulho como material de cobertura em alguns casos. Vale ainda ressalvar quanto aos ensaios em cava as dificuldades de realização dos mesmos com qualidade tendo em vista: 1. Alívio de tensões provocado pela retirada de material que provoca movimentos laterais e de fundo em direção à abertura; 2. Movimentos de equipamentos pesados e pessoas na borda da cava, que também contribuem para a diminuição da mesma; 3. Dificuldades na preparação da cava, tendo em vista a heterogeneidade dos resíduos e às suas dimensões, bem como sua distribuição dentro da massa; 92 4. Dificuldades na colocação da manta plástica e sua adaptação à cava de forma a realmente ocupar as superfícies de todo o volume de resíduo escavado. 5. Problemas com a calibração dos equipamentos, inclusive os recipientes usados para a adução da água. 93 CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES A pesquisa aqui desenvolvida reforça a importância de ensaios de campo em projetos ambientais, em particular no caso de aterros de resíduos sólidos, tema este da maior importância para o nosso país, dadas as enormes despesas que as prefeituras das cidades com população superior a 500.000 habitantes têm com este problema e os danos ambientais causados pelos locais de disposição de resíduos se não bem controlados, operados e gerenciados. Dentro destes aspectos, a vida útil de cada aterro é de enorme importância, pois uma vez escolhida uma determinada área, todo o esforço deve ser empreendido numa operação ambientalmente adequada e economicamente vantajosa para a sociedade, de forma que toda extensão de vida útil de locais já em operação deve ser vista como positiva, se o aterro funciona adequadamente. Assim, na previsão da vida útil dos aterros e na sua estabilidade geotécnica o peso específico desempenha papel relevante o que justifica totalmente a pesquisa aqui desenvolvida. As dificuldades de desenvolvimento do trabalho foram muitas, em especial as de caráter logístico, uma vez que o ensaio in situ exige certo equipamento e pessoal de apoio à disposição, condições que permitam uma elaboração científica e cuidadosa de todas as operações, o que não é tão simples de conseguir com as empresas e prefeituras que trabalham nos aterros. Assim, de forma geral, o trabalho é desenvolvido em local de difícil permanência, pela temperatura elevada, odores desagradáveis, vetores, etc. A oportunidade apresentada neste trabalho de, paralelamente aos ensaios de campo, realizar ensaios de laboratório, tema desenvolvido por Carvalho outros (2004) com amostras colhidas na mesma oportunidade, nos quatro locais onde os ensaios in situ foram realizados, serviram também para comparar e controlar a metodologia empregada e os resultados obtidos. Não obstante as dificuldades logísticas enfrentadas e já comentadas, os resultados alcançados nos ensaios procedidos nos aterros de Paracambi, 94 Gramacho e Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, e Santo André, em São Paulo, forneceram indicadores relevantes mesmo que em alguns casos, até certo ponto previsíveis. Um outro aspecto importante da pesquisa, foi a oportunidade de realizar ensaios in situ e analise de amostras em aterros dos três tipos definidos na Norma: aterro a céu aberto, aterro controlado e aterro sanitário. Os resultados obtidos nos ensaios permitem concluir que os dois métodos podem ser empregados para controle no acompanhamento da evolução do adensamento do aterro ou ganho de estabilidade, fruto do crescimento do peso especifico da massa de residuos. Ficou comprovado que o tempo de disposição dos resíduos (idade) aumenta o valor de seu peso específico, favorecendo pois a vida útil dos aterros. Cuidados especiais devem ser tomados nos ensaios em cava para que efeitos prejudiciais como presença de equipamentos na borda da cava, colocação da manta plástica, etc, não prejudiquem os resultados. A observação cuidadosa do material retirado é relevante, fazendo-se de preferência, sempre uma caracterização do material, tendo em vista a heterogeneidade dos resíduos, podendo a presença de materiais como entulho, conduzir a valores elevados de peso específico. Tal heterogeneidade e presença, em certos casos, em maior quantidade, conduziu à obtenção de valores quase inesperados do peso específico (acima de 19 kN/m3). No que tange às sugestões, podem ser grupadas em duas vertentes, técnica e acadêmica: • Técnica - Para realização de ensaios de determinação de peso específico em aterros, deve ser observado o máximo empenho das entidades envolvidas no gerenciamento de resíduos sólidos: o órgão responsável e a administração do materiais/equipamentos aterro, no empregados sentido de disponibilizar (retro-escavadeira, os tambores, 95 balança, lona plástica), bem como a mão de obra a ser utilizada, além do ponto d´água necessário. - Na escolha do local para realização do ensaio deve ser observado que as idades do lixo estudado sejam semelhantes, descartando os locais onde a granulometria configure que a massa de lixo tenha sido revolvida, acarretando por exemplo a possibilidade de que seja aumentada sua heterogeneidade. - O tamanho da cava será limitado pelas condições da massa de lixo durante a escavação, tamanho dos grãos, buscando-se respeitar a relação tamanho do sgraos e da cava, de forma a ter resultados representativos. Havendo afloramento do chorume no fundo da cava a escavação deverá ser interrompida, pois a profundidade limite foi atingida. - Antes do preenchimento da cava deve ser feito um trabalho de revisão das paredes da mesma com o emprego de enxada, para impedir que objetos cortantes danifiquem a lona plástica. - Deve ser aperfeiçoada a sistemática de execução de ensaios com emprego de equipamentos calibrados; - Fazer sempre após o ensaio em cava uma caracterização gravimétrica dos resíduos ali contidos, de forma a controlar possíveis alterações de valores, fruto de restos de entulho dispostos ocasionalmente no aterro, fragmentos de rocha, etc.; - Realizar sempre o maior número possível de ensaios, de forma a ter resultados em média representativos do local em estudo; - Incentivar outros estudos com ensaios em cava e percâmetro, de forma a aumentar a quantidade de informações sobre valores de peso específico de aterros brasileiros, o que será certamente útil em novos projetos. 96 • Acadêmica Estimular a continuidade dos ensaios descritos neste trabalho para aprimoramento dos ensaios executados. Aprofundar o uso do percâmetro, comparando os resultados entre o peso específico, a umidade, a permeabilidade e a capacidade de campo. Realizar ensaios com equipamentos como permeametro Guelph ou infiltrometros em diversos locais do aterro onde sejam realizados ensaios de cava e percametro, de forma a obter informações relevantes quanto ao peso especifico do aterro e a permeabilidade. 97 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGAREZ, Fernando Vieira, MEDEIROS, Rodrigo (org.). Ciências Ambientais. Rio de Janeiro : NADC/UFRJ, 2001. 180 p. p.156-180. ALCITURRI, J.M.S. Comportamiento geotécnico de vertederos de resíduos urbanos. Seminário sobre aspectos geotécnicos do projeto e construção de aterros de resíduos. LNEC, Lisboa, Portugal, 2000 pg. 1-22. ALERJ, 2002a. Disponível em http://www.rj.gov.br/top_const_estadual.htm. Acessado em 20/03/2002. ALERJ, 2002b. Disponível em http://www.rj.gov.br/top_leis_ordinarias.htm. Acessado em 20/03/2002. ALMEIDA, J. R. et al. 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