Faculdade de Medicina
Universidade de São Paulo
Resultados do Projeto Bandeira
Científica 2002
Serra dos Aimorés - MG
I- Introdução
Integrantes do projeto
Bandeira Científica 2002
na saída de ônibus em
São Paulo.
O ano de 2002 foi o quinto ano consecutivo de trabalhos da Bandeira Científica.
O projeto foi reativado em 1998 por acadêmicos da FMUSP, incentivados por
informações e relatos sobre expedições na década de 60, encontrados nos arquivos da
Faculdade. Cresceu substancialmente nestes anos com o apoio de vários órgãos
governamentais, entidades e empresas, chegando a resultados surpreendentes nestas
últimas expedições.
As expedições são realizadas preferencialmente em áreas rurais distantes,
desprotegidas e eventualmente sem assistência médica. A partir de 2000 foram
introduzidas consultas em ambulatórios improvisados, coleta de dados epidemiológicos,
além da realização de palestras sobre temas básicos de saúde e saneamento para a
população e agentes de saúde da
localidade.
O local de atuação do projeto em
2002 foi município de Serra dos
Aimorés, que é uma pequena cidade
próxima a Nanuque, localizado na região
nordeste do Estado de Minas Gerais a 6
km da fronteira com a Bahia. Possui
7752 habitantes segundo estimativas do
IBGE 2002, mas faz parte de uma região
Foto do mapa de Minas Gerais com Serra dos Aimorés
indicada pela seta
de mesmo nome cuja soma da população atinge um valor próximo ao de 400.000
habitantes. A cidade é predominantemente composta por zona urbana, mas a maioria de
1
seus habitantes trabalham na zona rural, empregados em grandes fazendas da região,
pois as principais atividades econômicas são agricultura, pecuária e comércio1.
A cidade possui dois Programas de Saúde da Família (PSF) compondo 12
microáreas, sendo que duas são rurais e uma abrange tanto área urbana como rural
(tabela 1). A porcentagem da população do município cadastrada no Programa atinge
98,55%2. Desse modo, Serra dos Aimorés conta com uma ótima cobertura primária de
Saúde.
Segundo a prefeitura, o maior problema da região é a falta uma estrutura
hospitalar, sendo que o único hospital público da região está situado em Nanuque, a
meia hora da Serra dos Aimorés. No entanto, muitos casos são mandados para Belo
Horizonte, a 800 km.
Em contraste com essa situação, Serra dos Aimorés conta há anos com um
prédio hospitalar acabado, mas inoperante. O prédio, que possui três setores distintos,
foi construído com o intuito de abrigar enfermarias, ambulatórios e centro cirúrgico
completo (que conta com sala de cirurgia e sala obstétrica), totalizando 80 leitos.
Devido a problemas políticos e econômicos, no entanto, o Hospital nunca entrou em
funcionamento. Atualmente, um pequeno setor do edifício é ocupado pelas Secretarias
Municipais de Saúde e de Ação Social.
A estrutura da edificação é superestimada para as necessidades do município,
mas poderia, em um futuro, abrigar um hospital regional, que servisse também aos
municípios próximos.
Tabela 1: divisão do PSF em Serra dos Aimorés
ACS
N°
Responsável responsável Microárea Localização famílias
Dejacy
Maria Aparecida
I
urbana
208
Maria Celeste
II
urbana
196
Aparecida
III
rural
60
Sebastiana
IV
urbana
228
Valdinéia
V
urbana
230
Nara Ney
VI
urbana
198
Lorena
Gil
I
urbana
240
Elizabeth
II
urbana
202
Elza
III
urbana
174
Artenize
IV
urbana
180
Adeluzia
V
urbana
195
Selma
VI
rural
205
Total
12
2316
N° por
família
4
4
4
4
5
4
4
4
4
4
6
4
Total
832
784
240
912
1150
792
960
808
696
720
1170
820
9884
2
II- Atividades do projeto BC 2002
No período de 11 a 19 de dezembro, realizaram-se as atividades do Projeto
Bandeira Científica 2002. A equipe de 91 participantes da FMUSP foi composta de
acadêmicos, professores médicos supervisores e fisioterapeutas. Contou ainda com o
apoio de médicos e alunos de Fisioterapia da Faculdade de Medicina de Caratinga
(FUNEC), instalada no município homônimo, ao leste de Minas Gerais.
As atividades executadas foram orientação para os agentes comunitários de
saúde, a assistência médica, o desenvolvimento de projetos de iniciação científica, a
realização de palestras sobre temas básicos de saúde e saneamento, realizadas junto à
população e agentes saúde da localidade, assim como a coleta de dados
epidemiológicos da população atendida.
3
III- Atendimentos
De 11 a 15 de dezembro (quarta-feira a domingo), os atendimentos deram-se na
área urbana. Os agendamentos foram distribuídos entre as microáreas do PSF, de modo
a que a demanda fosse constante ao longo dos cinco dias de atendimento urbano. O
Posto Central, com aproximadamente 8 salas disponíveis, e o prédio do Hospital
Municipal (que foi reformado e limpo para nossa utilização), com cerca de 12 salas
disponíveis, abrigaram a estrutura da Bandeira e receberam os pacientes nesse período.
Neste ano contamos com o atendimento ambulatorial de Clinica Médica,
Pediatria, Otorrinolaringologia, Cirurgia e Psiquiatria, foram realizados exames de
Citologia Cervical Uterina para rastreamento de câncer de colo de útero, exame
parasitológico de fezes, como diagnóstico e rastreamento na população, com
identificação dos parasitas e tratamento, realizamos ainda biopsias para investigação de
Leishmaniose, Hanseníase e Câncer de pele.
Em ambos os locais, realizaram-se atendimentos ambulatoriais em Clínica Geral
e em Fisioterapia, coleta de exames de colpocitologia oncótica (papanicolaou) e
recepção de frascos de coleta de fezes para exames.
O Hospital recebeu ainda ambulatórios nas especialidades de Pediatria,
Otorrinolaringologia, e foi montada uma sala para a realização de pequenos
procedimentos cirúrgicos. Parte do espectro de técnicas de exames a que é submetido o
material fecal colhido foi realizada em um laboratório improvisado em uma das salas do
Hospital.
O atendimento em Psiquiatria foi direcionado ao CAPS do município, de modo
que os pacientes psiquiátricos fossem atendidos no mesmo local em que já faziam
acompanhamento com psicólogo.
O atendimento rural ocorreu no dia 16/12, e a equipe foi novamente dividida, de
modo a cobrir três bairros de microáreas distintas.
No bairro do Lajedão, o atendimento foi realizado na Unidade de Saúde Lajedão
e na Escola Municipal. Na localidade de Córrego dos Bichos, o atendimento deu-se na
Unidade de Saúde Córrego dos Bichos, assim como na Escola Municipal ao lado. As
4
estruturas utilizadas no bairro de Aimorezinhos foram a Escola Municipal Angeli Saúde
e o Posto Aimorezinho.
Também na zona rural foi mantida a mesma estrutura de atendimento médico e
fisioterápico, realização de exames de papanicolaou e recepção dos coletores de fezes
previamente distribuídos.
Fig. Caracterização populacional e habitação típica encontrada
Os pacientes atendidos pelo Projeto Bandeira Científica foram agendados
previamente pelos agentes de saúde locais. Antes do atendimento, cada paciente
preencheu um cadastro com dados pessoais e epidemiológicos para compor um banco
de dados para posterior análise das condições de saúde local, a ser entregue a Secretaria
de Saúde local. Além disso, também foi pedido um consentimento livre e esclarecido de
modelo igual ao utilizado no Hospital das Clínicas da FMUSP para utilização desses
dados para estudo científico epidemiológico.
Após a consulta médica alguns casos foram encaminhados ao atendimento
fisioterápico por equipes da USP e da FUMEC.
Foram realizadas cerca de 2.100 consultas, sendo que os pacientes atendidos
receberam a medicação gratuitamente fornecida pelo Projeto Bandeira Científica, bem
como foram incluídos no sistema de saúde local.
5
Atendimento Fisioterápico
A equipe de fisioterapeutas foi composta por cinco integrantes: um supervisor
responsável e quatro acadêmicas do curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da
USP. O trabalho da equipe ficou baseado no Hospital, tendo ocorrido também alguns
atendimentos no Posto de Saúde Central e nos locais de atendimento dos bairros da zona
rural.
Tanto as intervenções quanto as prescrições de auto tratamento se deram
basicamente por meio de técnicas cinesioterápicas, ou seja, com exercícios específicos
para a sintomatologia de cada paciente, com pouco uso de outras técnicas como a
crioterapia. A cinésioterapia significa tratar pelo movimento, e esta foi a idéia do grupo
e o papel da Fisioterapia na Bandeira Científica. Muitas patologias do sistema músculoesquelético, posturais, neuromusculares, reumatológicas e cardio-respiratórias se
beneficiam deste tipo de tratamento.
As causas mais comuns de procura ao atendimento foram lombalgia e dores nas
costas em geral. Outras causas freqüentes incluíram problemas reumatológicos, algias
em joelho e ombro e déficits circulatórios. O número total de atendimentos foi o de 113
pacientes, que poderia ter sido maior em face da prevalência de queixas na população
passíveis de serem submetidas a atendimento fisioterápico.
Além dos atendimentos, foram realizadas palestras abertas para a população sobre
prevenção de dores nas costas e doenças respiratórias. Também foi apresentada uma
palestra sobre lombalgia para os funcionários da Usina de Álcool da cidade.
6
Atendimento Psiquiátrico
O trabalho realizado pela disciplina de Psiquiatria na Bandeira Científica 2002, na
cidade de Serra dos Aimorés (MG), foi um avanço para a especialidade dentro do
Projeto. A inovação vem do fato de que na cidade já existe um trabalho sendo realizado,
o CAPS, que foi adotado pelo programa para uma consultoria, algumas de suas
características foram re-elaboradas e a ele se somaram novos casos, de pacientes
atendidos durante a Bandeira Científica, que não estavam incluídos no serviço
oferecido.
O CAPS, centro de apoio psicológico oferecido pelo SUS da região, conta com
uma equipe constituída por médico generalista, psicóloga e auxiliar de enfermagem, que
prestam adequado atendimento à saúde mental da população, tendo em vista as
modestas possibilidades de melhorias e inovações.
A expedição contou com um médico especialista do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que dirigiu o atendimento
realizado por alunos do 3o ao 5o anos da graduação desta faculdade. Os dados obtidos
estão sendo avaliados e serão incluídos em diferentes pesquisas científicas sobre saúde
mental, possibilidades de tratamentos e direções que podem ser adotadas no contexto
brasileiro.
O atendimento realizado pela expedição a pacientes do ambulatório da cidade
caracterizou-se por uma consultoria, no sentido de avaliar doentes, esclarecer dúvidas
diagnósticas, elaborar novas condutas em casos de refratariedade ao tratamento, auxiliar
os profissionais do ambulatório, carentes de treinamento mais moderno e, portanto,
readequar o serviço oferecido pelo CAPS à demanda municipal.
7
IV- Cursos e Palestras
Durante os últimos dias foram realizadas palestras aos agentes de saúde sobre
diferentes temas, com a possibilidade da população participarem das palestras.
Os agentes de saúde propuseram os seguintes temas: Hipertensão Arterial
Sistêmica, Diabetes, DST e AIDS, Lombalgia, Planejamento familiar, Saneamento e
Primeiros Socorros; sendo esta última um curso com os resultados detalhados no
Próximo ítem.
Fig. Palestras realizadas a comunidade e Agentes de Saúde
8
Projeto Suporte Básico e Avançado de Vida
O projeto “Suporte Básico e Avançado de Vida” do Departamento de Cirurgia
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) existe há mais de
dez anos. Tem por objetivo de divulgar o conhecimento em prevenção de acidentes e
atendimento inicial em urgências médicas e a acidentados para estudantes de medicina,
profissionais da área de saúde e até mesmo para leigos. Segue os protocolos
estabelecidos pela American Heart Association. Conta com acadêmicos bolsistas pelo
COSEAS da USP e outros voluntários coordenados pelo Prof. Dr. Fernando Bueno
Pereira Leitão.
Este é o relatório da orientação didática de caráter teórico-prático sobre
primeiros socorros, prevenção de acidentes e suporte básico de vida ministrada a
agentes comunitárias de saúde do Programa Saúde da Família.
Este foi o segundo ano desta parceria. O ano de 2001 foi marcado por atividades
semelhantes no município de Buriticupu, no Maranhão.
Atividades
O treinamento das agentes ocorreu em dois dias consecutivos:
•
Dia 18 de dezembro de 2002.
Fig.: Parte teórica do curso. Agentes comunitárias de saúde e acadêmicos de medicina.
Parte teórica. Palestra abordando os temas:
1. prevenção de acidentes.
2. fatores de risco para doenças cardiovasculares.
3. importância da cadeia de sobrevivência.
9
4. primeiros socorros nas seguintes situações: queimaduras, sangramentos, fraturas
e luxações, picadas por animais peçonhentos, urgências oftalmológicas e
dúvidas pessoais das agentes.
Esta primeira etapa teve duração aproximada de 90 minutos e contou com a
presença de nove agentes de saúde. Acadêmicos de medicina não vinculados ao Projeto
Suporte Básico e Avançado de Vida auxiliaram nesta parte.
Dia 19 de dezembro de 2002.
Parte prática. Contou-se com a presença das mesmas nove participantes, mais
uma outra agente de saúde que não pode comparecer no dia anterior.
Os temas
abordados e manobras praticadas nesta etapa foram:
1. reconhecimento dos sinais e sintomas de um infarto agudo do miocárdio.
2. “ABCD” do suporte básico de vida no adulto, na criança e no bebê.
3. desobstrução de vias aéreas no adulto e no bebê devido obstrução por corpo
estranho.
4. imobilização de coluna cervical, rolamento em bloco e noções de transporte da
vítima de trauma.
Para esta parte do treinamento usou-se um manequim de bebê e um de adulto
(apenas tronco e cabeça). Inicialmente foi feita uma demonstração pelos instrutores,
seguida de uma simulação de situação de emergência para que as agentes atendessem.
Todas participaram ativamente na execução
das manobras.
Para as situações de obstrução de vias
aéreas por corpo estranho no adulto e
rolamento em bloco da vítima traumatizada, as
manobras foram realizadas entre as próprias
agentes, sempre contando com uma voluntária
para simular a vítima.
Esta etapa teve duração aproximada de
três horas.
Ao final foram distribuídas apostilas para
cada uma das agentes, contendo os tópicos
mencionados e outros que não foram possíveis
Fig. Instrutor acompanhando agente de
saúde durante parte prática do treinamento.
10
abordar, ou que foram expostos por outros palestrantes do Projeto Bandeira Científica,
mas que não do Projeto Suporte Básico e Avançado de Vida. Deixou-se também para o
município o manequim do adulto, para que pudesse ser feita futuramente a reciclagem
do treinamento.
11
Avaliação dos resultados
Para se ter um controle do conhecimento retido pelas agentes, aplicou-se uma
prova antes e essa mesma prova logo após o treinamento.
A avaliação constava de 20 testes de múltipla escolha com cinco alternativas
cada, onde apenas uma estava correta. Cabem aqui algumas observações importantes:
1. esta prova foi criada para atender outro grupo de pessoas treinadas pelo Projeto
Suporte Básico e Avançado de Vida. Trata-se de professores da Faculdade de
Educação da USP que receberam seu treinamento no Hospital das Clínicas da
FMUSP durante o ano de 2002. O vocabulário nela contido não condizia,
portanto, com a realidade por nós verificada em Serra dos Aimorés.
2. alguns dos quesitos da prova não receberam a mesma ênfase que no treinamento
dos professores acima mencionado . Estes últimos receberam um treinamento
mais longo (aproximadamente 9 horas).
3. uma das questões foi cancelada por não condizer com a realidade local. Tratavase do número de telefone correto a se discar em caso de emergência. Portanto, ao
final, a prova constava de 19 testes.
4. uma questão teve duas alternativas consideradas corretas, pois seu enunciado
dava margem à dúvida (inclusive aos instrutores).
12
Resultados
Seguem a seguir os gráficos com os resultados obtidos na avaliação. Vale lembrar
que uma das agentes de saúde compareceu apenas ao segundo dia do treinamento,
realizando somente uma das provas. Ela não foi levada em conta ao se obter as notas
médias.
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1
2
3
4
5
6
Notas pré curso
7
8
9
10
Notas pós curso
Notas individuais pré e pós treinamento.
80%
69%
70%
60%
50%
38%
40%
30%
20%
10%
0%
1
Nota média pré curso
Nota média pós curso
Nota média pré e pós treinamento.
13
Discussão
Verificou-se uma significativa melhora dos conhecimentos adquiridos durante o
treinamento. A nota média obteve uma melhora de 82%. É evidente que 69% não é o
desempenho ideal. Consideramos que após a exposição teórica e a prática, o aluno deva
obter uma nota acima de 90%. Todavia, como já exposto anteriormente, a avaliação
aplicada não foi criada para o público alvo aqui apresentado.
Além das evidências numéricas, vale lembrar o quão elogiada foi essa experiência
pelas próprias agentes de saúde. Inúmeras vezes elas abordaram os instrutores para
parabenizá-los e agradecê-los. O treinamento foi lembrado e mencionado pelas agentes,
inclusive quando entrevistadas pela equipe de reportagem da TV USP, que acompanhou
o Projeto Bandeira Científica em Serra dos Aimorés.
Conclusão
A parceria entre os projetos Suporte Básico e Avançado de Vida e Bandeira
Científica vem surtindo efeitos positivos.
Infelizmente não se possui este mesmo
controle de notas da expedição a Buruticupu, MA, do ano de 2001. A comparação não
é possível, mas concluir que os resultados são animadores é.
Esforços educativos neste assunto são fundamentais. Numa região de poucos
recursos como a apresentada, as agentes de saúde são o público alvo ideal para tal
treinamento. São pessoas com certo destaque na comunidade, conhecem a fundo o diaa-dia e problemas dos moradores de sua região e freqüentemente seus conhecimentos
sobre temas de saúde são cobrados, especialmente devido ao cargo que ocupam.
14
V- Análise das características gerais da população
Os dados descritivos da população atendida podem ser analisados na tabela 1.
A população atendida foi de 2100 indivíduos, sendo 822 (36,4%) do sexo
masculino e 1436 (63,6%) do sexo feminino. A idade média foi de 31,57 anos, variando
de 11 dias a 99 anos. A cor
predominante
foi
a
mulata/parda (52,0%), seguida
pela branca (26,5%), negra
(19,9%) e amarela (1,6%). Em
relação
ao
nascimento,
nascida
em
Estado
a
de
maioria
Minas
é
Gerais
(66,1%), seguida pela Bahia
(25,8) e outros (8,1%), e 93,6% dos atendidos residem atualmente em Serra dos
Aimorés. A profissão mais encontrada foi a de doméstica (empregada e dona de casa,
35%), a segunda mais encontrada foi a de estudante (26,6%) seguida pela de trabalhador
urbano com (21,0%), aposentados (6,6%) e desempregados (1,3%). A média da
escolaridade encontrada foi de 4,46 anos estudados e a religião predominante é a
Católica (81,8%), tendo significativo número de cristãos não católicos (15,5%). A
população atendida tem a média de altura, peso e Índice de Massa Corpórea (IMC =
peso/altura2) de 1,51m, 49,7Kg e 22,39 respectivamente, sendo o IMC aplicado apenas
para maiores 20.A porcentagem de pessoas casadas é de 38,5% e 61,5% de não casadas.
A média de pessoas que residem na mesma casa é de 4,58, chegando até ao máximo de
15 pessoas.
OBS: foram registrados dados de 2321 fichas epidemiológicas, preenchidas antes do
atendimento e pela visita domiciliar; as tabelas que não completam o número de 2321
no total foram conseqüência da não resposta do entrevistado, que tinha a total liberdade
para não responder.
15
Tabela 1: resultado descritivo das características populacionais encontradas em Serra dos Aimorés, Minas
Gerais. Atendimento e visita domiciliar.
Sexo
Idade
Cor
Estado de
Nascimento
Residência
Atual
Estado Civil
Masculino
822
36,4%
Feminino
1436
63,6%
Média ± Desvio Padrão
7,91 ± 55,23
Mínimo
11dias
Máximo
99anos
Branca
570
26,5%
Parda/mulata
1120
52,0%
Negra
429
19,9%
Amarela
35
1,6%
Minas Gerais
1470
66,1%
Bahia
574
25,8%
Outros
179
8,1%
Serra dos Aimorés
2145
93,6%
Outros
136
6,4%
Solteiro/ Viúvo/ Separado
1345
61,5%
Casado/ Amigado
843
38,5%
Número de
pessoas que
reside na
mesma casa
Média ± Desvio Padrão
Peso (Kg)
Média ± Desvio Padrão
2,33 ± 6,82
Mínimo
1 pessoa
Máximo
15 pessoas
28,16 ± 71,23 Kg
Mínimo
1,5 Kg
Máximo
129 Kg
16
Altura (m)
IMC
Profissão
Religião
Escolaridade
Divisão da
renda
Média ± Desvio Padrão
1,33 ± 1,70 m
Mínimo
0,16 m
Máximo
1,95 m
Média ± Desvio Padrão
18,40 ± 28,80
Mínimo
11,11 Kg/m2
Máximo
56,71 Kg/m2
Trabalhador rural
182
9,5%
Doméstica
674
35,0%
Trabalhador urbano
404
21,0%
Aposentado
126
6,6%
Estudante
512
26,6%
Desempregado
25
1,3%
Católica
1618
81,8%
Cristã não católica
307
15,5%
Outra
54
2,7%
Média ± Desvio Padrão
0,66 ± 8,25
Mínimo (analfabetos)
0 anos
Máximo
18 anos
1 salário ou menos
973
48,80%
Mais de 1 salário
1021
51,20%
17
Estratificação
Para melhor interpretação dos dados a população foi dividida em faixas etárias,
sendo composta de 4 faixas etárias, a primeira é a de crianças composta de pacientes de
0 a 11 anos de idade, a segunda é a dos adolescentes, composta de indivíduos de 12 a 19
anos, a terceira é a da população adulta, composta de pessoas de 20 a 49 anos e por
último temos a faixa etária dos idosos, composta de pessoas com mais de 50 anos.
Tabela e Gráfico nº2: distribuição de faixa etária referida
FAIXA ETÁRIA
Nº
Em %
0-11 (saúde da criança)
614
26,6
12-19 (saúde do adolescente)
326
14,1
20-49 (saúde do adulto)
788
34,1
>50 (saúde do idoso)
581
25,2
Total
2309
100
581
614
326
788
A tabela nº 3 ilustra a distribuição do número de pessoas que vivem na mesma
casa do entrevistado, a média da constituição familiar encontrada foi aproximadamente
de 4 pessoas, chegando até a 15 pessoas.
Tabela e Gráfico nº3: distribuição do número de pessoas que o paciente refere viver na mesma casa
Número de pessoas
Nº
Em %
1
109
4,9
89
127 109
249
157
2
249
11,3
3
385
17,5
4
464
21,0
5
401
18,2
6
225
10,2
7
157
7,1
8
157
7,1
225
385
401
464
1
2
3
4
5
6
7
8
9
18
9 ou mais
127
5,8
A tabela nº 4 ilustra a distribuição do IMC na população acima de 20 anos, como
podemos ver a maioria da população está na faixa normal, temos uma população
importante na faixa abaixo do normal, outra faixa importante de obesos.
Tabela e Gráfico nº 4: distribuição do IMC
IMC
Nº
Em %
152
283
Abaixo (< que 20)
152
14,3
Normal (entre 20 e 25)
477
45,0
Sobrepeso (entre 25 e 30)
283
26,7
Obeso (acima de 30)
148
14,0
148
477
A tabela nº5 ilustra a distribuição da população em anos estudados dividida em 4
faixas, nenhum ano estudado (analfabetos), de 1 a 4 anos estudados, de 5 a 8 anos e
acima de 9 anos; foram excluídos os pacientes pré-escolares.
Tabela e Gráfico nº 5 da distribuição dos anos estudados referido
Anos estudados
Nº
Em %
Nenhum
342
19,4
De 1 a 4 anos
685
38,8
De 5 a 8 anos
448
25,5
Acima de 9 anos
290
16,4
290
342
448
685
A tabela nº 6 ilustra a distribuição da escolaridade da população, foram divididos
em 5 faixas, sem estudo, pré-escolar, primário, ginásio e colegial e universitário.
Tabela e Gráfico nº 6 da distribuição da escolaridade referida
Série
Nº
Em %
Nenhum
344
15,4
Pré-escolar
391
17,50
De 1 a 4 série
761
34,1
294
443
344
391
19
De 5 a 8 série
443
19,8
Colegial e universitário
294
13,2
20
Características de moradia
Os dados sócio-econômicos da população de Serra dos Aimorés relacionados à
moradia podem ser encontrados na tabela e gráficos nº 2.
Dois terços da população atendida (75,6%) possuem residência própria,
enquanto o restante das pessoas vivem em casas alugadas (16,3%), emprestadas
(3,15%), de familiares (2,02%), no local onde são empregadas (1,26%), ou em
habitações governamentais (1,21%).
As construções são, em sua maioria, de alvenaria (88,9%), enquanto 11,1% são
de madeira ou pau-a-pique. O piso no interior das casas é coberto por algum tipo de
revestimento em 96,7% dos casos, enquanto em 3,3% das residências o piso é de barro
ou de terra batida.
Animais domésticos estão presentes nas residências de 57,9% da população
(47,7% das pessoas relataram só co-habitarem com animais domésticos) e animais nãodomésticos nas casas de 20,1% dos entrevistados (9,9% das pessoas relataram cohabitarem exclusivamente com animais não-domésticos). A associação entre ambos é
encontrada nas residências de 10,3% da população; enquanto 32,2% das pessoas
negaram ter qualquer tipo de animal em casa.
A coleta pública do lixo abrange 68,4% das residências, enquanto, no restante
das habitações, o lixo domiciliar é queimado (28,4%), enterrado (0,9%), ou jogado a céu
aberto (2,3%).
O abastecimento das casas por água encanada abrange 90,3% das residências,
enquanto o restante dos habitantes de Serra dos Aimorés são obrigados a consumir água
retirada de poços e minas (8,7%), rios e lagos (0,9%).
A coleta pública de esgoto domiciliar só atinge as residências de 15,5% da
população local. Fossas sépticas são recebem o esgoto de 69,9% dos habitantes. O
esgoto de 14,9% das pessoas é despejado a céu aberto, sem receber qualquer outro
destino.
21
Tabela e gráficos nº 2
Casa
Tipo de casa
Própria
1680
75,6%
Alugada
362
16,3%
Emprestada
70
3,15%
Familiares
45
2,02%
Emprego
28
1,26%
Governo
27
1,21%
1951
88,9%
243
11,1%
2143
96,7%
74
3,3%
1011
47,7%
Não-domésticos
209
9,9%
Ambos os tipos
218
10,3%
682
32,2%
Alvenaria/ Tijolo
Pau-a-pique
Piso
Cimento/ Madeira
Barro/ Terra batida
Animais
Domésticos
Nenhum tipo
22
Lixo
Água
Coleta pública
1524
68,4%
Queimado
634
28,4%
Enterrado
20
0,9%
Céu aberto
51
2,3%
2009
90,3%
194
8,7%
21
0,9%
342
15,5%
328
14,9%
1534
69,6%
Encanada
Poço/ mina
Rio/ lago
Esgoto
Coleta pública
Céu aberto
Fossa
23
Hábitos e Vícios
Na população de Serra dos Aimorés foi realizado estudo da freqüência de
etilismo entre a população atendida pelo projeto Bandeira Científica e obteve-se que do
grupo analisado houve maior prevalência de uso de bebida alcoólica em 16,4% da
amostra, sendo que mais da metade dos pacientes considerados etilistas eram do sexo
masculino (25,1%) enquanto que a taxa de consumo de alcoól no sexo feminino ficou
na faixa de 11,4%.
Quanto ao tipo de bebida preferencialmente consumida pela população local
atendida , houve predomínio com mais de 61% dos entrevistados pelo uso de bebidas
fermentadas, sendo seguido pelas destiladas que tiveram 31,4% e pela associação de
ambas¨com 6,7%. Apesar dessa seqüência ter sido apresentada em ambos os sexos,
houve uma certa diferença na porcentagem que cada tipo de bebida alcoólica é
consumido em cada sexo. Na população feminina tem-se um predomínio pelo uso de
bebidas fermentadas sendo consumida por 81% das mulheres que forma consideradas
etilistas, enquanto que as destiladas eram apreciadas por 18,2% e a associação de ambas
esteve presente em apenas 0,7%. Entre os homens, o uso de bebidas fermentadas e
destiladas teve praticamente a mesma prevalência, pois obteve-se a presença de 46,9%
dos entrevistados usando fermentadas enquanto que as destiladas atingiram 41,7%. Com
relação à associação de ambos os tipos de bebidas alcoólicas, houve um valor de 11,4%.
Sexo
ETILISMO
1
2
Frequência de Etilismo (%)
TOTAL
M
%
194
25,1
578
74,9
772
100,0
F
%
155
11,4
1207
88,6
1362
100,0
TOTAL
%
349
16,4
1785
83,6
2134
100,0
16,4
1
2
83,6
Legendas:
Sexo: M- Masculino, F- Feminino
Etilismo: 1- Sim, 2- Não
24
Sexo
M
%
F
%
1
82
46,9
111
81,0
TIPO
2
3 TOTAL
73 20
175
41,7 11,4 100,0
25 1
137
18,2 0,7
100,0
TOTAL 193 98 21
%
61,9 31,4 6,7
Frequência do tipo de bebida (%)
6,7
1
31,4
2
61,9
3
312
100,0
Legendas:
Sexo: M- Masculino, F- Feminino
Tipo: 1-Fermentada, 2- Destilada, 3- Ambas
Outro ponto de grande importância na analise do hábito dessa população quanto
ao comsumo de bebida alcoólica esta no tempo que as pessoas consideradas etilistas
fazem uso do álcool. Para isso criou e padronizou a tabela que esta sendo mostrada
abaixo e a partir dela pode-se concluir que a maior parte da população 44,5% faz uso de
bebida há menos de 10 anos, sendo que 25,4% utiliza por volta de 11 há 20 anos,
seguindo por 21 a 30 anos e por mais de 30 anos que tiveram a mesma taxa de 15,1%.
Pode-se perceber que a maior parte das mulheres assim como de homens classificados
como etilistas consomem há menos de 10 anos sendo que no primeiro grupo tivemos
uma taxa de 58,7% enquanto que no segundo grupo o valor encontrado foi de 34,1%. O
tempo de etilismo de 11 a 20 anos foi o segundo período de maior prevalência de uso de
álcool, tanto na amostra do sexo masculino quanto do feminino obtendo em ambos os
casos o valor de 25,4%. Na amostra masculina o terceiro lugar quanto ao tempo de uso
de álcool ficou com o consumo por mais de 30 anos no qual tivemos um valor de 21,4%
da amostra enquanto que o periodo de 21 a 30 anos teve-se valor de 19,1%.
Diferentemente, a amostra feminina teve como terceiro lugar o período de 21 a 30 anos
com 9,5% dos casos enquanto que 6,3% relataram usar por mais de 30 anos.
25
Sexo
M
%
F
%
TEMPO
1
2
3
4 TOTAL
59 44 33 37
173
34,1 25,4 19,1 21,4 100,0
74 32 12
58,7 25,4 9,5
8
6,3
126
100,0
TOTAL 133 76 45 45
%
44,5 25,4 15,1 15,1
299
100,0
Frequência do tempo de tabagismo (%)
15,1
44,5
15,1
25,4
Legendas:
Sexo: M: Masculino F: Feminino
Tempo: 0-10 anos: 1
10-20 anos: 2
21-30 anos: 3
mais de 30 anos: 4
O hábito de fumar também foi investigado na população de Serra dos Aimorés e
está analisado pelas tabelas apresentadas abaixo e através dessas pode-se mostrar que da
população analisada pelo projeto Bandeira Cientifica a grande maioria (81,2%) não
relatou ter o hábito tabagista,enquanto que 18,8% disseram já ter fumado algum período
da vida. Das pessoas que se declaram ser tabagistas ( 403 pacientes) houve um
predomínio de fumantes do sexo feminino com 215 mulheres para 188 de homens.
Observou-se que entre os tabagistas de ambos os sexos, mais de 85% desses
consome até 2 maços de cigarro por dia, sendo que 9% daquele grupo fumam de 2 até 3
maços. Percebeu-se que dos indivíduos que consomem mais de 5 maços há um
predomínio do sexo masculino, já que 3,4% do grupo de tabagistas masculinos fumam
essa quantidade, enquanto que nas mulheres temos 1,6%. Quanto ao tempo destinado ao
tabagismo houve diferença entre os sexos, já que a maioria da amostra feminina
(31,5%) concentrou esse tempo em até 10 anos; por outro lado, os homens tabagistas
mantiveram um maior número de fumantes (33,9%) por um período de mais de 30
anos, mostrando que os homens nessa cidade fazem uso do tabaco por mais tempo que a
mulheres apesar de que o número de mulheres fumantes está mais elevado do que o de
homens.
26
1
2
3
4
QUANTIDADE
1
2
3
4
Sexo
M
%
152
85,9
16
9,0
3
1,7
6
3,4
F
%
167
86,5
17
8,8
6
3,1
3
1,6
TOTAL
%
319
86,2
33
8,9
9
2,4
9
2,4
TOTAL
177
100,0
193
100,0
Frequência da quantidade de tabagismo
(%)
8,9
2,42,4
1
2
370
100,0
3
4
86,2
Legendas:
Sexo: M- Masculino, F-feminino
Quantidade: 0 até 2 maços- 1
2 até 3 maços- 2
3 até 5 maços- 3
mais de 5 maços- 4
Tabagismo: 1- Sim
Tempo: 0-10 anos: 1
11-20 anos: 2
21-30 anos: 3
mais de 30 anos: 4
2- Não
TABAGISMO
Sexo
1
2
TOTAL
1
188 588
776
Row % 24,2 75,8
100,0
2
Row %
215 1148
15,8 84,2
1363
100,0
TOTAL
Row %
403 1736
18,8 81,2
2139
100,0
Frequência de tabagismo (%)
18,8
1
2
81,2
27
Sexo
M
%
F
%
1
30
16,7
64
31,5
TEMPO
2
3
46 43
25,6 23,9
46 40
22,7 19,7
4 TOTAL
61
180
33,9 100,0
53
203
26,1 100,0
TOTAL 94 92 83 114
%
24,5 24,0 21,7 29,8
383
100,0
Frequência de tempo de tabagismo (%)
29,8
24,5
1
2
3
4
21,7
24
No projeto de assistência a comunidade de Serra dos Aimorés teve-se a
oportunidade de realizar uma investigação sobre o quanto o assunto AIDS era
conhecido e comentado pela população local. Através da coletas de dados de
indivíduos que tinham mais de 12 anos pode-se criar as tabelas abaixo que
puderam mostrar que no grupo atendido pelo projeto, a grande maioria, ou seja,
por volta de 97% já haviam recebido alguma informação sobre a doença, ficando
apenas 2,9% da população sem ter tido qualquer conhecimento sobre o assunto.
Apesar da grande quantidade de indivíduos dizer que conhece a doença,
pode-se constatar que a percentagem de pessoas que já conversaram sobre a
AIDS foi de apenas 49,2%, por outro lado 50,8% das pessoas nunca tocaram no
assunto, o que mostra que apesar da grande maioria relatar ter ouvido sobre o
assunto, não há uma troca de informação entre a própria população.
28
CONVERSOU SOBRE AIDS
Sexo
1
2 TOTAL
M
197 273
470
%
41,9 58,1 100,0
F
559 509 1068
%
52,3 47,7 100,0
TOTAL 756 782 1538
%
49,2 50,8 100,0
Ouviu falar de
AIDS
1
2
Total
Frequência de individuos que já
conversaram sobre AIDS (%)
49,2
1
50,8
2
Frequência de pessoas que ouviram
sobre AIDS
Frequency
Percent
1533
46
1579
97,1%
2,9%
100,0%
2,90%
1
2
97,10%
Legenda
Ouviu falar de AIDS: 1-Sim, 2- Não
Conversou sobre AIDS: 1- Sim, 2-Não
Sexo: 1-Masculino, 2- Feminino
Por fim dentre as pessoas que declararam já ter ouvido falar de AIDS perguntouse a elas se achavam que estavam protegidas contra o vírus do HIV e a partir dessa
investigação obteve-se que dentre esse grupo a grande maioria (75,1%) declarou estar
confiante que se encontra fora de qualquer risco para a doença, enquanto que 24,9%
mostraram-se inseguros quanto à possibilidade de adquirir HIV.
Sentem-se protegido
Frequency
pela AIDS
1
1148
2
380
Total
1528
frequência de individuos que se
sentem protegidos contra AIDS
Percent
75,1%
24,9%
100,0%
24,90%
1
2
75,10%
Legenda:
1-Sim
2- Não
29
VI- Principais diagnósticos
DOR LOMBAR E CIÁTICA
A dor lombar ou lombalgia é sentida nas regiões sacroilíaca, lombossacral, ou
lombar. Freqüentemente é acompanhada por ciatalgia, uma dor irradiante de uma ou
ambas as nádegas e/ou pernas na distribuição do nervo ciático.
A maioria das lombalgias pode estar relacionada a problemas ligamentosos
(torção) ou musculares (luxação) agudos, que tendem a ser autolimitados, ou a
processos de espondilite anquilosante, de osteoartrite, ou fibromusculares mais crônicos
da área lombossacral. A prevalência dessas condições tende a aumentar com a idade. As
causas de lombalgia crônica também podem incluir: 1. Estiramento lombar devido a
uma postura inadequada ou a um condicionamento precário, agravado por fatores
mecânicos (p. ex., excesso de uso, obesidade ou gravidez); 2. Fibromialgia localizada
ou generalizada; 3. Rompimento ou protrusão do disco intervertebral com herniação
subseqüente do núcleo polposo no canal espinhal, causando pressão na raiz nervosa por
um fator mecânico direto ou inflamatório; 4. Ruptura traumática de ligamento, fratura
por estresse das partes interarticulares, ou rasgadura.
HIPERTENSÃO ARTERIAL
É a elevação da PS sistólica e/ou diastólica, tanto primária (hipertensão essencial)
quanto secundária.A hipertensão primária ou essencial é de etiologia desconhecida, e
parece improvável que uma única causa vá explicar suas diversas alterações
hemodinâmicas e fisiopatológicas. A hereditariedade indubitavelmente predispõe
indivíduos à hipertensão, mas o mecanismo exato não está esclarecido. Fatores
ambientais (p. ex., Na da dieta, obesidade e estresse) parecem agir apenas em indivíduos
geneticamente suscetíveis.
Quaisquer que sejam os mecanismos patogenéticos responsáveis, eles devem levar ou a
um aumento da resistência periférica total (RPT) vascular induzindo vasoconstrição ou
a um aumento do débito cardíaco (DC). A hipertensão secundária está associada com
doença parenquimatosa renal bilateral (p. ex., glomerulonefrite crônica ou pielonefrite,
doença renal policística, doença do colágeno renal, ou uropatia obstrutiva) ou com
distúrbios potencialmente curáveis como feocromocitoma, síndrome de Cushing,
aldosteronismo primário, hipertireoidismo, mixedema, coarctação da aorta, doença
30
vascular renal e doença renal unilateral. Pode também ser associada com o uso de
contraceptivos orais e ingestão excessiva de álcool. Estima-se que existam > 50 milhões
de hipertensos nos EUA (PS sistólica
140mmHg e/ou diastólica
90mmHg, ou
recebendo medicação anti-hipertensiva). A hipertensão ocorre mais nos negros que nos
brancos, e a morbidade e mortalidade são maiores nos negros. A prevalência da
hipertensão diastólica aumenta com a idade, pelo menos até a idade de 55 ou 60 anos. A
prevalência de hipertensão sistólica isolada (sistólica
160mmHg, diastólica <
90mmHg) aumenta com a idade pelo menos até os 80 anos. Se forem incluídas pessoas
com hipertensão diastólica e hipertensão sistólica isolada, > 50% dos negros e brancos
acima dos 65 anos de idade apresentarão hipertensão. A hipertensão sistólica isolada é
mais prevalente entre mulheres que em homens em ambas as raças. Entre 85 e 90% dos
casos são primários (essenciais); em 5 ou 10%, a hipertensão é secundária à doença
parenquimatosa renal bilateral e apenas 1 ou 2% dos casos são conseqüências de uma
condição potencialmente curável.
CEFALÉIA
A cefaléia é um sintoma comum de infecção intracraniana ou sistêmica aguda, tumor
intracraniano, trauma de crânio, hipertensão grave, hipoxia cerebral e muitas doenças
dos olhos, nariz, garganta e ouvidos. Contudo, essas condições patológicas
correspondem a apenas poucos dos pacientes que buscam consulta médica devido à
cefaléia.
O
remanescente
usualmente sofre de cefaléia
devido
à
dor
muscular,
enxaqueca ou cefaléia para a
qual
nenhuma
estrutural
possa
determinada.
As
causa
ser
cefaléias
podem resultar de estímulo,
tração ou pressão em qualquer das estruturas sensíveis à dor: todos os tecidos de
revestimento do crânio, o 5º, 9º e o 10º nervos cranianos e os nervos cervicais
superiores; os grandes seios venosos intracranianos; as grandes artérias na base do
crânio e as grandes artérias durais; e a dura-máter na base do crânio. A dilatação ou
contração da parede de vasos sangüíneos estimula terminações nervosas, causando
31
cefaléias. Dentre as causas potenciais relacionadas anteriormente, as cefaléias se
originam muito mais devido a fontes extra do que intracranianas.
ENXAQUECA
É um distúrbio paroxístico caracterizado por ataques recorrentes de cefaléia, com
o ou sem distúrbios visuais e GI associados.A causa é desconhecida, mas há evidências
que sugerem um distúrbio funcional geneticamente transmitido de circulação intra e
extracraniana. Sabe-se que as alterações regionais do fluxo sangüíneo cerebral devido à
vasodilação arterial intracraniana acompanham a enxaqueca e possivelmente a causem.
Acredita-se que o mecanismo esteja relacionado a reduções episódicas nas
concentrações sistêmicas de serotonina, que por sua vez conduzam as altera-ções
vasomotoras observadas. Os sintomas prodrômicos podem ser devido a vasoconstrição
intracerebral e alguns atribuem a cefaléia a substâncias liberadas pela liberação das
artérias do couro cabeludo. Malformações vasculares intracranianas são causa rara de
enxaqueca. A enxaqueca pode ocorrer em qualquer idade mas usualmente tem início
entre as idades de 10 e 30 anos, e mais freqüentemente em mulheres que em homens.
Freqüentemente sofrem re-missões parciais ou completas após os 50 anos. É obtido uma
história familiar em mais de 50% dos casos.
32
GASTRITE AGUDA (Gastrite Erosiva Aguda; Erosão Aguda de Estresse; Úlcera
Gástrica Aguda; Gastrite Hemorrágica Aguda)
São lesões superficiais da mucosa do estômago que ocorrem muito rapidamente em
relação a vários tipos de agressão. Evidências recentes implicam o microrganismo
espiral Helicobacter pylori (anteriormente chamado de Campylobacter pylori), que
coloniza específica e seletivamente as células gástricas humanas secretoras de mucina,
como o agente etiológico
na maioria dos casos de
gastrite não erosiva no
homem.
O
microrganismo
(e
a
gastrite) se distribui por
todo
o
mundo
e
a
prevalência é maior nas
populações que vivem em
más condições sanitárias.
A prevalência também está relacionada à idade, visto que a porcentagem de pessoas
colonizadas é grosseiramente igual na idade. Nenhum outro microrganismo coloniza o
estômago humano secretor de ácido. Na ausência de ácido, especialmente com
esvaziamento gástrico retardado muito bactérias diferentes podem colonizar o estômago
e causar gastrite aguda ou crônica. Gastrite superficial – As células inflamatórias
predominantes na gastrite são mononucleares misturadas aos plasmócitos; a inflamação
é superficial e pode ser irregular. Ela pode envolver isoladamente o fundo ou antro, ou
ambos. A situação pode se resolver ou progredir, às vezes lentamente. É geralmente
acompanhada por atrofia ou metaplasia e não tem implicações clínicas significantes.
Ocorre mais comumente com o avanço da idade e é comum acima da idade de 40 anos.
Não há sintomas típicos e a gastrite superficial é freqüentemente assintomática. Não há
também aspecto endoscópico que seja fidedigno e mesmo a mucosa aparentemente
normal pode estar afetada.
É mais provável que a gastrite profunda seja sintomática (dispepsia vaga), mas esta
novamente correlaciona-se precariamente com a aparência endoscópica; as células poli
e mononucleares infiltram toda a mucosa até a muscular, mas raramente com exsudato
ou abscessos das criptas. As lesões podem ser irregulares e coexistir com áreas de
33
gastrite superficial. Podem estar presentes atrofia glandular e metaplasia parciais. A
gastrite profunda está quase sempre presente nos cotos gástricos pós-gastrectomia (ver
adiante). Está sempre presente próximo a úlceras gástricas e cânceres e é mais comum
nos parentes de pacientes com câncer gástrico.
34
RINITE
É a mais freqüente IRA aguda, caracterizada por edema e vasodilatação da
membrana mucosa nasal, rinorréia e obstrução nasal.
A rinite aguda é a manifestação habitual do resfriado comum pode ser causada por
estreptococos, estafilococos e pneumococos. A rinite crônica pode ser uma
manifestação da sífilis, TB, rinosclerose, rinosporidiose, leishmaníase, blastomicose,
histoplasmose e hanseníase – todas estas condições caracterizam-se pela formação de
granulomas e destruição de palato mole, cartilagem e ossos. Estas condições produzem
obstrução nasal, rinorréia purulenta e epistaxes freqüentes.
RINITE ALÉRGICA
Constitui um sintoma complexo, que inclui a febre do feno e a rinite alérgica
perene, caracterizada por espirros sazonais ou perenes, rinorréia, congestão nasal,
prurido, conjuntivite e faringite.
RESFRIADO COMUM (Infecção Respiratória Alta [IRA]; Coriza Aguda)
É uma infecção aguda virótica, geralmente afebril do trato respiratório, com
inflamação em qualquer uma ou todas as vias aéreas, inclusive o nariz, seios paranasais,
garganta, laringe e freqüentemente a traquéia e os brônquios.
Muitos vírus provocam o resfriado comum, inclusive os picornavírus (rinovírus,
certos ecovírus e coxsackievírus), os vírus da influenza, parainfluenza, vírus sincicial
respiratório, coronavírus e adenovírus. No entanto, apenas alguns dos vírus são
importantes em um dado momento e as causas do resfriado comum apresentam uma
importante variação sazonal. Os fatores predisponentes não foram claramente
identificados. O resfriamento da superfície corpórea não provoca resfriados por si
mesmo e a suscetibilidade não sofre influência da saúde e nutrição do indivíduo nem da
existência de anormalidades das vias aéreas superiores (p. ex., amídalas ou adenóides
aumentadas). A infecção pode ser facilitada por fadiga excessiva, distúrbio emocional
ou distúrbios alérgicos nasofaríngeos e durante a fase da metade do ciclo menstrual. As
bactérias patogênicas que existem na nasofaringe algumas vezes provocam
complicações supurativas tais como otite média e sinusite. A bronquite de etiologia
virótica também pode vir a ser infectada secundariamente por bactérias.
35
Farmácia
36
DISTÚRBIOS DO HUMOR (Distúrbios Afetivos)
São condições psicopatológicas nas quais um distúrbio disseminado do humor
constitui a manifestação central. O termo distúrbio afetivo, o qual na sua utilização mais
ampla também abrange ansiedade e neuroses relacionadas, está sendo substituído pelo
aceito internacionalmente e mais delimitado conceito de distúrbio do humor. Essas
condições, especialmente as formas depressivas são heterogêneas e comuns tanto na
clínica
geral
quanto
na
psiquiatria. Embora cerca de
25% de todos os indivíduos
experimentem alguma forma
de distúrbio afetivo, o risco
durante a vida para distúrbio
do
humor
clinicamente
identificável é de 8 a 9%. Um
terço desenvolve um curso
crônico e dos remanescentes 5 a 6%, pelo menos dois terços experimentam episódios de
recorrência. Isto significa que para a maioria dos atingidos, a doença apresentará
recorrência ou um curso prolongado. As taxas são maiores em mulheres em 2:1, para as
formas predominantemente depressivas da doença, e quase sempre num distúrbio
bipolar. Condições bipolares, para as quais 1% da população é de risco, usualmente têm
início durante a adolescência, aos 20 e 30 anos de idade; as condições unipolares
iniciam-se, em média, uma década depois que sua correspondente bipolar. Os achados
epidemiológicos recentes nos EUA sugerem um efeito de grupo, pelo quais aqueles
nascidos no final desse século apresentam índices maiores de depressão e suicídio,
freqüentemente associa-los com taxas maiores de abuso de substâncias. Embora alguns
desses aumentos sejam provavelmente devido a uma maior facilidade para determinação
de depressão em indivíduos mais jovens, o abuso de substâncias comórbidas e os fatores
ambientais precariamente compreendidos podem ter contribuído para um desvio
matemático na direção de uma idade mais jovem. Não tem sido observado que cultura,
classe social e raça apresentem contribuições diferenciais significantes para a incidência
de distúrbios do humor. Entretanto, fatores socioculturais parecem modificar as
manifestações clínicas; p. ex., queixas somáticas, tensão, preocupação e irritabilidade
37
são mais comuns entre as classes socioeconômicas mais baixas; ruminações de culpa e
auto-reprovação.
38
ESCABIOSE (Sarna)
É uma infecção da pele por ectoparasita transmissível, caracterizada por túneis
superficiais, prurido intenso e infecção secundária.A escabiose é causada pelo ácaro
Sarcoptes scabiei. A fêmea, carregada de ovos, penetra na camada córnea da pele,
formando túneis e deposita seus ovos ao longo do trajeto. As larvas nascem em poucos
dias e se agregam ao redor de folículos pilosos. Acredita-se que as lesões sejam
decorrentes de hipersensibilidade aos parasitas.
A escabiose é transmitida com muita facilidade, sendo comum encontrar-se toda
uma família acometida, por contágio pele a pele com um indivíduo infectado (p. ex.,
quando se dorme junto). Raramente pode ser transmitida através de roupas pessoais ou
de cama. Como o ácaro não sobrevive fora do corpo humano por muito tempo, não é
necessário o uso de medidas profiláticas extremas no tratamento da escabiose, como a
dedetização.
OTITE MÉDIA AGUDA
É uma infecção bacteriana ou virótica do ouvido médio, geralmente secundaria a
uma IRA. Ela pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum.
Em crianças pequenas, particularmente entre 3 meses a 3 anos. Os microrganismos
podem migrar da nasofaringe para o ouvido médio pela superfície da membrana mucosa
do tubo eustaquiano ou podem se propagar através da membrana mucosa da própria
lâmina e em casos de celulite ou tromboflebite.
Etiologia
Em recém-nascidos, os bacilos Gram-negativos da flora intestinal, particularmente a Escherichia coli, e o Staphylococcus aureus causam a otite média supurativa.
Em lactentes maiores e em crianças pequenas (< 14 anos), os micror-ganismos
causadores são o Streptococcus [Diplococcus] pneumoniae, Hemophilus influenzae,
estreptococos
-hemolíticos do Grupo A, Branhamella catarrhalis e S. aureus. A otite
média virótica geralmente é infectada secundaria-mente por um destes agentes. Nas
crianças > 14 anos é menos comum a infecção por H. influenzae; os principais
microrganismos responsáveis são o S. pneumoniae, estreptococos
-hemolíticos do
Grupo A e S. aureus. A freqüência relativa dos microrganismos identificados que
causam otite média aguda varia de acordo com a prevalência de cada um em uma
comunidade, numa dada época do ano.
39
ANEMIAS
Trata-se da diminuição do número ou conteúdo de hemoglobina das hemácias
devido à perda de sangue, produção prejudicada, destruição aumentada de hemácias ou
uma combinação dessas alterações.
ANEMIAS POR DEFICIÊNCIA DE FERRO (Anemia da Perda Crônica de Sangue;
Anemia Hipocrômica-Microcítica; Clorose; Anemia Hipocrômica da Gestação, Período
Neonatal e Infância)
É a anemia crônica caracterizada por hemácias pequenas e pálidas e depleção das
reservas de Fe. O mecanismo primário para a deficiência de Fe, a causa mais importante
de anemia, sempre se deve considerar ser perda sangüínea; nos adultos é virtual-mente o
único mecanismo possível. Em homens adultos, a causa mais freqüente é o sangramento
oculto crônico, geralmente do trato GI. Nas mulheres, a perda menstrual pode ser o
mecanismo, mas sempre se deve considerar outros pontos. Embora se possa pensar que
a ausência de menstruação durante a gravidez protegeria a mãe da deficiência de Fe, é
necessário suplementação de Fe devido a uma perda de Fe em rede no feto em
desenvolvimento
A
deficiência de Fe pode ser
causada por necessidade de
Fe aumentada, absorção de
Fe diminuída, ou ambos. A
deficiência de Fe é provável
durante os 2 primeiros anos
de vida, caso o Fe dietético
seja
inadequado
para
as
demandas de crescimento rápido. As meninas adolescentes podem tornar-se deficientes
em Fe devido à dieta inadequada para as necessidades do crescimento, associada à perda
adicional devido à menstruação. O pico de crescimento em meninos adolescentes
também pode produzir um aumento significativo na demanda de Fe, resultando em
eritropoiese deficiente em Fe.
Outras causas da anemia incluem absorção diminuída de Fe após gastrectomia,
síndromes de malabsorção do intestino delgado superior.
40
INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO BAIXO E DO TRATO GENITAL
MASCULINO(Cistite; Uretrite)
Infecções bacterianas do trato urinário baixo são muito comuns. No recémnascido, as ITUs são mais comuns no sexo masculino (incidência de 1%) do que no
feminino e são, freqüentemente, associadas a bacteremia. Em crianças de 1 a 5 anos de
idade, a prevalência de bacteriúria em meninas sobe para aproximadamente 5%,
enquanto que a dos meninos cai para 0,5%. As infecções em meninos estão
freqüentemente
associadas
a
anormalidades
congênitas
do
trato
urinário.
Aproximadamente 30 a 50% das ITUs durante este período estão associadas ao refluxo
vesicoureteral (RVU). Este é um período crítico para se determinar se a progressão para
cicatrização renal irá ocorrer, com subseqüente insuficiência renal. As infecções são
geralmente sintomáticas nesta faixa etária, enquanto que a bacteriúria oculta é típica
durante a idade escolar. Aproximadamente 5% das meninas adolescentes desenvolvem
ITUs em algum momento, mas estas não estão associadas a anormalidades urológicas.
A bacteriúria é rara em meninos adolescentes. Entre os 20 e 50 anos de idade, as ITUs
são aproximadamente cinqüenta vezes mais freqüentes em mulheres. Mais tarde, a
incidência de ITUs aumenta em ambos os sexos, com uma redução na proporção
mulher: homem. A antibioticoterapia e procedimentos cirúrgicos para corrigir
anormalidades congênitas ou adquiridas melhoram acentuadamente o prognostico para a
maioria das ITUs.
Apesar da obstrução do trato urinário por si só não causar ITU, sua presença
geralmente predispõe à infecção e esta é muito mais difícil de ser tratada com
tratamento medicamentoso.
OSTEOARTRITE (Doença Degenerativa da Articulação [DDA], Osteoartrose,
Osteoartrite Hipertrófica)
É um distúrbio que envolve primariamente a cartilagem hialina e osso subcondral,
embora todos os tecidos em torno e na própria articulação envolvida sejam
hipertróficos. Incidência – Osteoartrite (OA), a forma mais comum de todos os
distúrbios articulares, aparece primeiro assintomaticamente na 2ª e 3ª décadas e se torna
universal pela idade de 70 anos. Quase todas as pessoas em torno da idade de 40 anos
apresentam algumas alterações patológicas nas articulações que sustentam peso, embora
relativamente poucas pessoas sejam sintomáticas. Homens e mulheres são igualmente
41
afetados, mas o início é mais precoce entre homens. OA é encontrada em todos os
climas.
ASMA
É uma doença pulmonar caracterizada por: 1. Obstrução de vias aéreas que é
reversível (mas não completamente em alguns pacientes), espontaneamente ou com
tratamento; 2. inflamação das via aéreas; e 3. responsividade aumentada das vias aéreas
a vários estímulos. Aproximadamente 10 milhões de asmáticos vivem nos EUA. De
1980 a 1987, as taxas de prevalência de asma aumentaram 29%, e de 1970 a 1987 as
taxas de alta hospitalar para asma quase triplicaram. Os negros têm probabilidade quase
duas vezes maior do que os brancos de precisarem de internação. No mundo inteiro está
crescendo a mortalidade por asma; de 1980 a 1987, nos EUA, a taxa de mortalidade
aumentou em 31%.
PITIRÍASE VERSICOLOR
É uma infecção caracterizada por lesões escamativas que variam do branco ao
marrom, em geral assintomáticas, múltiplas, causadas pelo Pityrosporum orbiculare
(antigamente chamado Malassezia furfur). É comumente encontrada em adultos jovens.
As lesões são discretamente descamativas, tendem a coalescer e pode ser encontrado em
tórax, pescoço, abdome e, ocasional-mente, no rosto. A descamação pode ser pouco
evidente, mas raspando-se as lesões aparece descamação fina e característica. O
paciente em geral, nota a presença das lesões no verão, pois elas não bronzeiam,
formando pontos com coloração diferente do resto do corpo. O prurido não é comum,
mas pode estar presente, principalmente quando o paciente está com o corpo muito
quente.
CERUME
O cerume (cera de ouvido) pode obstruir o canal auditivo e provocar dor, prurido e
hipoacusia condutiva temporária.
DERMATITE DE CONTATO
É uma inflamação crônica ou aguda, em geral bem delimitada, causada por
substâncias em contato com a pele.A dermatite de contato pode ser causada por
substância química irritante primária ou por reação de hipersensibilidade tardia do Tipo
42
IV. Irritantes primários podem lesar a pele sã ou irritar uma área de dermatite
preexistente. Irritantes fracos (p. ex., sabão, detergentes, acetona, ou mesmo a água)
podem necessitar de vários dias de exposição para causar alterações clinicamente
observáveis. Já os irritantes potentes (p. ex., ácidos, álcalis ou fenol) podem causar
alterações em poucos minutos. Os mecanismos pelos quais estes irritantes lesam a pele
são desconhecidos.
A dermatite de contato alérgica deve-se à hipersensibilidade tardia e, portanto,
necessita de um tempo de latência que pode variar desde 6 a 10 dias (no caso de
irritantes potentes, p. ex., da hera venenosa) até anos (para irritantes fracos) para que o
indivíduo fique sensibilizado. Na reexposição, o prurido e a dermatite podem aparecer
em 4 às 12h. Estudos recentes indicam que as células de Langerhans (uma pequena
subpopulação de células epidérmicas) têm função crítica na apresentação de alergênios
para as células T que, assim, ficam sensibilizados. Acredita-se que mediadores químicos
liberados pelos ceratinócitos e células de Langerhans também contribuam para a
indução da sensibilidade. É difícil para os pacientes acreditarem que se tornaram
alérgicos a substâncias que usaram por vários anos ou para tratar a sua dermatite.
Entretanto, os ingredientes contidos nos medicamentos tópicos constituem uma das
principais causas de dermatite de contato alérgica: antibióticos (penicilina,
sulfonamidas, neomicina), anti-histamínicos (difenidramina, prometazina), anestésicos
(benzocaína), anti-sépticos (timerosal, hexaclorofeno) e estabilizantes (etilenodiamina e
derivados). Outras substâncias comumente envolvidas são as plantas (hera venenosa,
carvalho e sumagre; prímula, ambrósia americana); produtos usados na manufatura de
calçados e vestimentas (agentes corantes em calçados; formaldeído livre no final da
pressão durável;plásticos catalisadores e antioxidantes de borracha em luvas, calçados,
roupas íntimas e outras vestimentas); compostos metálicos (níquel, cromatos e
mercúrio); p-fenilenodiamina e outros corantes; e cosméticos (depiladores, esmalte de
unhas, desodorantes). Os agentes industriais capazes de produzir dermatoses
ocupacionais são quase inumeráveis. Dermatites de contato fototóxica e fotoalérgica
necessitam de exposição à luz após uso tópico de certos produtos químicos. Elas se
manifestam como uma resposta exagerada à exposição à luz solar.Os agentes
comumente envolvidos em dermatites fotoalérgicas de contato incluem loções após
barba, filtros solares e sulfonamidas usadas topicamente. A dermatite fototóxica de
43
contato é comumente causada por certos perfumes, alcatrão da hulha, psoralenos e óleos
usados em manufaturas.
REFLUXO GASTRESOFÁGICO
É o refluxo de conteúdo gástrico para o esôfago. A existência de refluxo
gastresofágico (RGE) indica incompetência do esfíncter esofágico inferior. Outros
fatores que contribuem para o desenvolvimento de esofagite incluem a natureza cáustica
do líquido refluído, a incapacidade de clareamento do esôfago, o volume dos conteúdos
gástricos e as funções protetoras da mucosa local. Os fatores que contribuem para a
competência da junção gastresofágica incluem a pressão intrínseca do esfíncter, o
ângulo da junção cardioesofágica, a ação do diafragma e, quando de pé, a gravidade. A
incontinência gastresofágica era anteriormente atribuída somente à hérnia de hiato por
deslizamento, mas evidências recentes indicam que a causa é a incompetência do
esfíncter esofágico inferior como a primeira causa do refluxo ácido.
DESNUTRIÇÃO PROTÉICO-CALÓRICA
A desnutrição protéico-calórica (DPC) é classificada de acordo com graus de
gravidade: 1º (leve), 2º (moderada) ou 3º (grave). DPC leve é caracterizada por
deficiência no crescimento em crianças ou deterioração no adulto; DPC moderada é
observada
com
alterações
bioquímicas
superimpostas
e
DPC
grave
pelo
desenvolvimento de sinais clínicos adicionais. A satisfação das necessidades calóricas é
básica para a sobrevivência, e a forma pela qual é acompanhada por fontes protéicas e
não protéicas determina o tipo de DPC grave produzida. Uma dieta com excesso de
calorias não protéicas de amido ou açúcar, mas deficiente em aminoácidos essenciais e
proteínas totais, eventualmente resulta em Kwashiorkor. As inadequações graves de
calorias e nutrientes causam inanição total, que em crianças pequenas é denominada
marasmo, mas em essência não difere da semi-inanição no adulto. Formas
intermediárias são denominadas kwashiorkor-marásmico. O marasmo é a forma
predominante de DPC na maioria dos países subdesenvolvidos. Está associado ao
abandono precoce ou impossibilidade de amamentar, com as infecções conseqüentes,
mais notadamente aquelas causando gastrenterite infantil. Essas infecções resultam da
falta de higiene e do conhecimento adequado das necessidades educacionais mais
importantes, especialmente nas regiões periféricas e favelas de crescimento tão rápido
dos países subdesenvolvidos. Kwashiorkor é menos comum e usualmente é manifestado
44
como o estado kwashiorkor-marásmico intermediário. O kwashiorkor tende a ser
confinado àquelas partes do mundo (África rural, Caribe e Ilhas do Pacífico) onde os
principais alimentos produzidos como inhame, mandioca, batata doce ou banana verde,
que são deficientes em proteínas e apresentam teores excessivamente altos de amido.
Tabela: prevalência de achados diagnósticos mais freqüentes
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Hipótese Diagnósticas
Dor osteomuscular
HAS
Cefaléia
Helmintíase intestinal
Corrimento vaginal
Síndrome dispeptica
A esclarecer
Lesão dermatológica
Rinite alérgica
Depressão
Diminuição da acuidade visual
Escabiose
Puericultura
Dor abdominal
Otite
Anemia
DM
IVAS
ITU
Artrose
Asma
PV
Cerume
dermatite de contato
Refluxo esofágico
Papanicolaou
Transtorno ansioso
Desnutrição
Micose
Outros
total
164
141
129
126
122
72
58
49
48
45
27
24
24
23
23
22
22
22
21
20
18
18
17
16
16
15
15
14
14
859
2184
%
8,53
7,33
6,71
6,55
6,34
3,74
3,02
2,55
2,50
2,34
1,40
1,25
1,25
1,20
1,20
1,14
1,14
1,14
1,09
1,04
0,94
0,94
0,88
0,83
0,83
0,78
0,78
0,73
0,73
44,67
113,57
Total
Onde: HAS= Hipertensão Arterial Sistêmica; DM=Diabetes Melitus; IVAS=Infecção de Vias Aéreas
Superiores; ITU=Infecção de Trato Urinário; PV=Ptiríase Versicolor;
Obs: a % total é maior do que 100% porque o número de diagnósticos encontrados foi
maior do que um por pessoa na população atendida. A população atendida somou 1923
indivíduos, sendo 672 sexo masculino e 1251 do sexo feminino. Além disso, houve 392
visitas domiciliares, onde não houve atendimento médico.
45
Tabela: prevalência de achados diagnósticos masculinos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Diagnóstico
Dor osteomuscular
Helmintíase intestinal
HAS
Cefaléia
Síndrome dispeptica
A esclarecer
Rinite alérgica
IVAS
Otite
Lesões cutaneas
Puericultura
Diminuição da acuidade visual
Escabiose
Desnutrição
Hérnia
ICC
ITU
Anemia
Asma
DM
Cerume
Depressão
Dermatite de contato
Dor abdominal
Impetigo
Micose
Refluxo esofágico
Alergia
Fimose
Outros
total
64
62
35
22
22
19
14
12
12
11
11
10
10
9
8
8
8
7
7
7
6
6
6
6
6
6
6
5
5
308
718
%
9,52
9,23
5,21
3,27
3,27
2,83
2,08
1,79
1,79
1,64
1,64
1,49
1,49
1,34
1,19
1,19
1,19
1,04
1,04
1,04
0,89
0,89
0,89
0,89
0,89
0,89
0,89
0,74
0,74
45,83
106,85
Total
Onde: HAS= Hipertensão Arterial Sistêmica; IVAS=infecção de vias aéreas superiores;
ICC=Insuficiência Cardíaca Congestiva; ITU=Infecção de Trato Urinário; DM=Diabetes Melitus
46
Tabela: prevalência de achados diagnósticos femininos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Hipóteses Diagnósticas
HAS
Cefaléia
Corrimento vaginal
Dor osteo-muscular
Helmintíase intestinal
Síndrome dispéptica
A esclarecer
Depressão
Rinite alérgica
Lombalgia
Anemia
ITU
Artrose
Dor abdominal
DM
Papanicolaou
PV
TPM
Escabiose
Gestação
Transtorno ansioso
Cerume
Climatério
IVAS
Lesões cutâneas
Asma
Puericultura
Refluxo esofágico
Hipoacusia
Outros
total
105
103
81
67
61
48
39
39
35
31
20
20
16
15
14
14
13
13
12
12
12
11
11
11
11
10
10
10
9
517
1370
%
8,39
8,23
6,47
5,36
4,88
3,84
3,12
3,12
2,80
2,48
1,60
1,60
1,28
1,20
1,12
1,12
1,04
1,04
0,96
0,96
0,96
0,88
0,88
0,88
0,88
0,80
0,80
0,80
0,72
41,33
109,51
Total
Onde: HAS= Hipertensão Arterial Sistêmica; ITU=Infecção de Trato Urinário; DM=Diabetes Melitus;
PV=Ptiríase Versicolor; TPM= Tensão pré-menstrual; IVAS=infecção de vias aéreas superiores;
47
Gráfico: prevalência dos principais achados diagnósticos por sexo encontrados em
Serra dos Aimorés
% na população
10
8,39
9
8,93
9,23
8,23
8
6,47
7
6
5,36
5,21
4,88
5
3,84
3,27
4
3,12
3
2
0,89
1
0,00
0
HAS
Masculino
Feminino
cefaléia
corrimento
vaginal
dor osteomuscular
helmintíase
intestinal
Síndrome
dispeptica
Depressão
Diagnósticos
48
Tabela: prevalência de achados diagnósticos entre 0 e 11 anos de idade
0-11
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Hipóteses Diagnósticas
Helmintíase intestinal
Puericultura
Anemia
Escabiose
IVAS
rinite alérgica
A esclarecer
Cefaléia
Desnutrição
Impetigo
Lesões cutâneas
Asma
Hipertrofia amigdaliana
Cerume
Diminuição da acuidade visual
ITU
PV
Alergia
Diarréia
Otite
Ptiriase alba
Amigdalite
Atopia
dermatite de contato
Hemangioma
Hérnia
picada de inseto
Assaduras
Controle
Outros
Total
Total % (535 pessoas)
83
15,5
22
4,11
18
3,36
18
3,36
18
3,36
16
2,99
15
2,8
12
2,24
11
2,06
11
2,06
11
2,06
9
1,68
8
1,5
6
1,12
6
1,12
6
1,12
6
1,12
5
0,93
5
0,93
5
0,93
5
0,93
4
0,75
4
0,75
4
0,75
4
0,75
4
0,75
4
0,75
3
0,56
3
0,56
172
32,1
498
93,1
49
Tabela: prevalência de achados diagnósticos entre 12 a 19 anos de idade
12-19 Hipóteses Diagnósticas
1 Cefaléia
2 Helmintíase intestinal
3 Corrimento vaginal
4 Dor osteomuscular
5 Rinite alérgica
6 A esclarecer
7 PV
8 Síndrome dispeptica
9 Dor abdominal
10 Lesões cutâneas
11 Diminuição da acuidade visual
12 Asma
13 ITU
14 Amigdalite
15 Anemia
16 Cerume
17 Hérnia
18 Hipotensão postural
19 Micose
20 TPM
21 Cervicalgia
22 Depressão
23 Dermatite de contato
24 Eczema
25 Fucunculose
26 Gestação
27 IVAS
28 Labirintite
29 Otite
30 Outros
Total
Total % (180 pessoas)
30
16,67
17
9,44
16
8,89
14
7,78
11
6,11
7
3,89
7
3,89
7
3,89
6
3,33
6
3,33
5
2,78
4
2,22
4
2,22
3
1,67
3
1,67
3
1,67
3
1,67
3
1,67
3
1,67
3
1,67
2
1,11
2
1,11
2
1,11
2
1,11
2
1,11
2
1,11
2
1,11
2
1,11
2
1,11
101
56,11
274
152,22
50
Tabela: prevalência de achados diagnósticos entre 20 a 49 anos de idade
20-49 Hipóteses Diagnósticas
1 Dor osteomuscular
2 Corrimento vaginal
3 Cefaléia
4 HAS
5 Síndrome dispeptica
6 A esclarecer
7 Depressão
8 Rinite alérgica
9 Helmintíase intestinal
10 ITU
11 Papanicolaou
12 Gestação
13 Refluxo esofágico
14 TPM
15 Transtorno ansioso
16 Climatério
17 Otite
18 Dor abdominal
19 DM
20 Varizes
21 Anemia
22 Asma
23 Cerume
24 lesões cutaneas
25 AR
26 Artrite
27 Dermatite Seborréica
28 Escabiose
29 Tinea
30 Outros
Total
Total % (642 pessoas)
69
10,75
60
9,35
57
8,88
34
5,30
26
4,05
21
3,27
20
3,12
19
2,96
18
2,80
17
2,65
12
1,87
10
1,56
10
1,56
10
1,56
9
1,40
8
1,25
8
1,25
7
1,09
6
0,93
6
0,93
5
0,78
5
0,78
5
0,78
5
0,78
4
0,62
4
0,62
4
0,62
4
0,62
4
0,62
248
38,63
715
111,37
51
Tabela: prevalência de achados diagnósticos entre maiores de 49 anos de idade
>50
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Hipóteses Diagnósticas
HAS
Dor osteomuscular
Síndrome dispeptica
Cefaléia
Depressão
Artrose
A esclarecer
DM
ICC
Lesões cutâneas
Helmintíase intestinal
Diminuição da acuidade visual
Hipoacusia
ITU
Zumbido
Dermatite de contato
Dor abdominal
Otite
Refluxo esofágico
Hérnia
Micose
Neuropatia periférica
Obstipação intestinal
Bursite
Corrimento vaginal
HPB
Prostatismo
Tontura
Transtorno ansioso
Outros
Total
Total % (484 pesoas)
107
22,11
56
11,57
38
7,85
30
6,20
25
5,17
19
3,93
15
3,10
15
3,10
12
2,48
11
2,27
10
2,07
9
1,86
9
1,86
7
1,45
7
1,45
6
1,24
6
1,24
6
1,24
6
1,24
5
1,03
5
1,03
5
1,03
5
1,03
4
0,83
4
0,83
4
0,83
4
0,83
4
0,83
4
0,83
210
43,39
648
133,88
52
Ocorrência referida de algumas patologias
No questionário epidemiológico aplicado à população de Serra dos Aimorés
(pacientes atendidos e pessoas entrevistadas durante as visitas domiciliares), perguntouse aos entrevistados sobre a presença ou ocorrência anterior de algumas doenças entre
eles e familiares.
Assim, nesta tabela podemos ver a distribuição da freqüência referida de
diabetes, HAS, hepatite, malária, hanseníase e leishmaniose, nos atendidos e dos
familiares de 1º grau.
É importante notar que a distribuição não representa o universo total de
pacientes acometidos pelas patologias abaixo, e sim a porcentagem da população que
sabe ou acredita ter apresentado essas doenças.
Tabela e gráfico: ocorrência referida de diversas patologias entre a população de Serra dos Aimorés.
Doenças
Antecedentes pessoais
Antecedentes familiares
Diabetes
81 Pessoas
3,6%
380 Pessoas
17%
HAS
425 Pessoas
19%
878 Pessoas
39,3%
Hepatite
58 Pessoas
2,6%
114 Pessoas
5,1%
Malária
82 Pessoas
3,7%
72 Pessoas
3,2%
Hanseníase
18 Pessoas
0,8%
60 Pessoas
2,7%
Leishmaniose
5 Pessoas
0,2%
5 Pessoas
0,2%
878
380
425
81
Diabetes
58
HAS
114
Hepatite
Pacientes
82 72
18 60
Malária
Hanseníase
5
5
Leishmaniose
Familiares
53
VII- Saúde da Mulher
A história mostra que a sociedade vê a mulher como cidadã de segunda classe,
que tem uma série de deveres e obrigações, mas pouquíssimos direitos e quase nenhum
apoio para realizar as tarefas que lhe são atribuídas.
Espera-se que a mulher esteja sexualmente
disponível, seja perpetuadora da espécie e cuide de
seu filho. Consciente ou inconscientemente, a
sociedade espera que ela cumpra com todas essas
funções sociais e a culpa se o resultado do esforço
feminino não é satisfatório.
Só mais recentemente desenvolveram-se
programas dirigidos a atender as necessidades
próprias da mulher, assim como priorizar as
necessidades individuais acima de propósitos
exclusivamente sociais.
Neste contexto encaixa-se a prevenção do câncer do colo do útero e do câncer de
mama. A prevenção do câncer do colo do útero pode ser de nível primário através da
realização de sexo seguro, a fim de evitar o contágio com o HPV, que é o principal fator
de risco para o desenvolvimento da doença, ou nível secundário, que é a detecção
precoce da doença, feita através da realização do exame Papanicolaou (Citológico
Cervical Uterino). A prevenção do câncer de mama é feita através da detecção precoce
com três estratégias complementares entre si: o auto-exame das mamas, o exame clínico
das mamas e a mamografia.
54
Papanicolaou
Muitas vezes por vergonha, falta de acesso aos serviços, preconceito ou medo de
realizarem os exames ginecológicos de rotina as mulheres colocam sua saúde e a vida
em risco. O caso do câncer de colo do útero, por exemplo, é responsável pela morte de
milhares de mulheres em todo o mundo, sendo que apresenta o mais alto potencial de
cura, chegando próximo a 100%, quando diagnosticado precocemente.
O útero da mulher é composto por colo, corpo e fundo. Inicialmente, o tumor
limita-se à região do colo. Sua evolução ocorre vagarosamente, motivo pelo qual, se
atendida a tempo, é curável na quase totalidade dos casos. Entretanto, se não tratado em
tempo hábil, pode estender-se para todo o útero e outros órgãos. Atinge
predominantemente
mulheres na faixa de 35 a
50
anos;
porém,
há
muitos relatos de casos
em pacientes com cerca
de 20 anos e naquelas
com mais de 50 anos, é
absolutamente necessária
a realização regular dos
exames preventivos.
Fila de espera pra a realização do exame de Papanicolaou
Quando ocorre sua instalação, o câncer de colo do útero tem a seguinte
evolução:
•
Displasia - lesão inicial onde as células do colo sofrem alterações mínimas;
•
Decorridos cerca de três anos do surgimento da displasia, instala-se uma forma
localizada de câncer chamada carcinoma in situ;
•
Após seis anos, o tumor invade a mucosa do útero e torna-se um carcinoma
microinvasor;
•
Quatorze anos após o aparecimento da displasia, o câncer assume sua forma
mais terrível espalhando-se, mediante a ocorrência de metástase, para outras
regiões do corpo.
55
No sistema atual mais de 70% das pacientes diagnosticadas com câncer de colo
do útero apresentam a doença em estágio avançado já na primeira consulta, o que limita,
em muito, a possibilidade de cura. De todas as mortes por câncer em mulheres
brasileiras da faixa etária entre 35 e 49 anos, 15% morrem devido ao câncer de colo do
útero.
Embora o Brasil tenha sido um dos primeiros países no mundo a introduzir a
citologia de Papanicolaou para a detecção precoce do câncer de colo uterino, esta
doença continua a ser um sério problema de saúde pública.
Em Serra dos Aimorés a cobertura de exame de Papanicolaou para a população
feminina com mais de 20 anos e que já teve vida sexualmente ativa é de 75,4% (pelo
menos um exame na vida). Porém 15,4% destes já o fizeram a mais de 3 anos, tempo
máximo recomendado pelo Ministério da Saúde e 24,6% da população feminina
atendida refere nunca ter realizado o exame.
Tabela e Gráfico nº 1: distribuição do tempo do último exame citológico cervical
Último papanicolau
Nº
Em %
Há menos de 3 anos
416
60,0
Há mais de 3 anos
107
15,4
Nunca realizou
171
24,6
171
107
416
56
Tabela nº 2: porcentagens de realização do exame de papanicolaou por estrato de escolaridade
Tempo da realização do último exame de Papanicolaou
Série
Há menos de 3
anos
Há mais de 3 anos
Nunca realizou
Analfabeto
37,8
20,7
41,5
Primário
63,6
16,7
19,8
Ginásio
64,2
13,3
22,5
Colegial ou
universitário
71,1
8,1
20,7
Como podemos ver na tabela e no gráfico nº2 a população analfabeta está mais
susceptível, pois é evidente a menor taxa de realização do exame de papanicolaou. Não
sendo significativa a diferença entre os outros graus de escolaridade, porém a freqüência
de exames realizados a menos de 3 anos é crescente conforme aumenta a escolaridade.
Gráfico nº 2: realização do exame de papanicolaou a menos de 3 anos de acordo com a escolaridade.
Escolaridade
Em %
80
Analfabeto (1)
37,8
60
Primário (2)
63,6
Ginásio (3)
64,2
40
20
0
1
Colegial ou universitário (4)
2
3
4
71,1
57
Como podemos ver na tabela e no gráfico nº3 a população com menor renda
realiza menos exame de papanicolaou, com uma porcentagem superior a média, sendo
30,6% de pacientes com até um salário mínimo que nunca realizaram o exame
preventivo.
Tabela nº 3: porcentagens de realização do exame de papanicolaou por estrato de renda
Tempo da realização do último exame de Papanicolaou
Há menos de 3
anos
Há mais de 3 anos
Nunca realizou
Até 1 salário
mínimo
54,5
14,8
30,6
Mais de 1 salário
65,8
16,0
18,2
Renda Familiar
Gráfico nº3: realização do exame de papanicolaou a menos de 3 anos de acordo com a renda.
Renda Familiar
Em %
Até 1 salário mínimo (1)
54,5
Mais de 1 salário (2)
65,8
80
60
40
20
0
1
2
58
Modelo de condução do Ministério da Saúde com resultado do exame
de Papanicolaou
Pacientes com citologia com resultado alterado, que devem ser submetidas a
procedimentos adicionais de diagnóstico e à terapia adequada imediatos:
Lesão de alto grau - Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau II (NIC II), Neoplasia
Intraepitelial Cervical Grau III (NIC III): encaminhamento imediato para a colposcopia,
para avaliação histopatológica.
Casos com resultado de Carcinoma escamoso invasivo e Adenocarcinoma in situ
ou invasivo / outras neoplasias malignas: encaminhamento imediato para a colposcopia
e biópsia para confirmação diagnóstica pela histopatologia e, posteriormente,
encaminhamento à Unidade de alta complexidade oncológica.
Casos com Amostras Insatisfatórias: repetir imediatamente a coleta, já que não
foi possível a avaliação do material enviado, para descartar uma lesão significativa.
• Obter a informação da 2ª citologia em até seis meses (180 dias) da data da coleta.
• Caso o resultado da 2ª coleta persistir amostra insatisfatória, encaminhar ao nível
secundário para investigação colposcópica.
• Caso o resultado da 2ª coleta for negativo para neoplasia ou resultados positivos
seguem este protocolo.
Casos com Lesões de baixo grau (ASCUS, AGUS, HPV e NIC I):
acompanhamento na unidade primária, repetir exame citopatológico após seis meses
(180 dias).
Casos com Lesões de baixo grau (ASCUS, AGUS, HPV e NIC I) persistentes
após seis meses ou com progressão para lesão mais grave: encaminhamento imediato
para a colposcopia, para avaliação histopatológica.
Casos com Resultados sem anormalidades: avaliar resultados de exames no
ano anterior; recomendar (agendar) repetição após um ano, para pacientes novas no
seguimento; se negativo para neoplasia, isto é, pacientes com duas citologias
consecutivas negativas, agendar para nova citologia após três anos.
59
60
Câncer de Mama
O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres devido a sua
alta freqüência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção de
sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos 35 anos de
idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente.
Este tipo de câncer representa nos países ocidentais umas das principais causas
de morte em mulheres. As estatísticas indicam o aumento de sua freqüência tanto nos
países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes
em suas taxas de incidência ajustadas por idade nos registros de câncer de base
populacional de diversos continentes. Tem-se documentado também o aumento no risco
de mulheres migrantes de áreas de baixo risco para áreas de alto risco. Nos Estados
Unidos, a Sociedade Americana de Cancerologia indica que em cada 10 mulheres uma
tem a probabilidade de desenvolver um câncer de mama durante a vida.
No Brasil, o câncer de mama é o que mais causa mortes entre as mulheres. Em
1998, foram registrados 8.044 mortes decorrentes deste tipo de câncer. Dos 305.330
novos casos de câncer com previsão de serem diagnosticados em 2001, o câncer de
mama será o principal a atingir a população feminina, sendo responsável por 31.590
novos casos.
O sintoma do câncer de mama, já localmente detectável em exame físico, é o
aparecimento de nódulo ou caroço no seio, com ou sem irritação e dor no local. As
formas mais eficazes para detecção precoce do câncer de mama são o auto-exame das
mamas, o exame clínico e a mamografia. As pesquisas indicam um impacto
significativo do Auto-Exame das Mamas - AEM na detecção precoce do câncer de
mama, registrando-se tumores primários menores e menor número de linfonodos
axilares invadidos pelo tumor (ou por células neoplásicas) nas mulheres que fazem este
exame regularmente. A sobrevida em cinco anos tem sido de 75% entre praticantes do
AEM contra 57% entre as não-praticantes. Esta vantagem na sobrevida persiste quando
se ajusta por idade, método de detecção, histórico familiar e demora na aplicação do
tratamento.
61
A mamografia é o exame radiológico dos tecidos moles das mamas e é
considerado um dos mais importantes procedimentos para o rastreamento do câncer
ainda impalpável de mama. A sensibilidade da mamografia é alta, ainda que, na maioria
dos estudos feitos, sejam registradas perdas entre 10 a 15% dos casos de câncer
detectável ao exame físico. A sensibilidade da prova é muito menor em mulheres
jovens. A mamografia, devido a sua pouca eficácia em mulheres com menos de 40 anos
e mais de 70, em termos epidemiológicos e de saúde pública, não deve ser utilizada em
programas maciços, e sim ser indicada no seguimento das mulheres de alto risco ou com
suspeitas de doenças mamárias.
O rastreamento do câncer de mama feito pela mamografia, com periodicidade de
um a três anos, reduz significativamente a mortalidade em mulheres de 50 a 70 anos.
Nas mulheres com menos de 50 anos, existe pouca evidência deste benefício. O
Instituto Nacional de Câncer recomenda que o Exame Clínico das Mamas - ECM seja
realizado a cada três anos pelas mulheres com menos de 35 anos, a cada dois anos pelas
mulheres entre 35 e 39 anos e anualmente pelas mulheres entre 40 e 49 anos. As
mulheres na faixa etária entre 50 e 70 anos devem submeter-se ao exame anual ou
semestralmente, sendo a mamografia indicada em casos suspeitos e de alto risco.
Idade
Acima de 35
suspeita
35 a 39 suspeita
AEM
mensal
40 a 49 anos
mensal
Anual
50 anos ou mais
mensal
1 a 2 vezes por ano
mensal
ECM
Pelo menos a cada 2
anos
Pelo menos a cada 2
anos
Mamografia
Pelo menos a cada 2
anos
Pelo menos a cada 2
anos
Pelo menos a cada 2
anos
Pelo menos a cada 2
anos
AEM - Auto Exame da Mama
ECM - Exame Clínico da Mama
62
Entre as pacientes atendidas pelo Projeto Bandeira Científica apenas 49,7%
referem realizar o auto-exame de mama e alarmantemente somente 22,4% das pacientes
tiveram o exame clínico das mamas. Quando analisamos em relação à idade nota-se que
há uma maior preocupação com este exame nas mulheres mais velhas, porém ainda
insuficiente (menos de 30% das mulheres com mais de 50 anos) e também visto que o
auto-exame de mama é mais realizado entre as mulheres adultas em relação às idosas.
Tabela e Gráfico nº3: distribuição das pacientes que referem realizar o auto-exame de mama.
Auto exame de mama
Nº
Em %
Refere realizar
453
49,7
Não refere realizar
459
50,3
453
459
Tabela e Gráfico nº4: da distribuição das pacientes que referem exame de mama pelo médico
204
Exame clínico das mamas
Nº
Em %
Já realizou
204
22,4
Nunca realizou
707
77,6
707
63
Nesta distribuição tem-se uma progressão da realização do auto-exame de mama
conforme aumenta a escolaridade, com uma pequena tendência à queda com a
escolaridade colegial ou superior.
Tabela e Gráfico nº5: distribuição das pacientes que referem realizar o auto-exame de mama de acordo
com a escolaridade.
Auto-exame de mama
Escolaridade
Em %
Analfabeto (1)
34,0
Primário (2)
47,8
Ginásio (3)
65,7
80
60
40
20
0
1
Colegial ou universitário (4)
2
3
4
62,1
Na tabela e gráfico nº6 pode-se notar que as pacientes que possuem maior renda
realizam mais o auto-exame de mama, esta é uma condição que se repete em relação ao
exame clínico das mamas.
Tabela e gráfico nº 6: porcentagens de realização do auto-exame de mama por estrato da renda
Auto-exame de mama
Renda Familiar
Em %
Até 1 salário mínimo
43,9
Mais de 1 salário
57,9
80
60
40
20
0
Até 1
salário
Mais que
1 salário
64
Na tabela e gráfico nº7 podemos ver que existe uma maior preocupação em
realizar o auto-exame de mama nas mulheres que realizam o exame preventivo, esta
situação se repete se considerar o exame clínico da mama. Com este dado pode-se
chegar a conclusão que existe uma porcentagem da população que está excluída do
sistema de saúde.
Tabela e gráfico nº 7: porcentagens de realização do auto-exame de mama em relação ao tempo do
último papanicolaou.
Auto-exame de mama
Papanicolaou
Em %
Há menos de 3 anos (1)
60,8
Há mais de 3 anos (2)
53,4
80
60
40
20
0
Nunca realizou (3)
39,9
1
2
3
65
Presença de corrimento vaginal
Um dos mais comuns e mais irritantes problemas que afeta a saúde da mulher é o
corrimento vaginal também chamado de vaginite e uma das causas mais freqüentes de
visita ao médico ginecologista. Caracteriza-se por uma irritação vaginal ou um
corrimento anormal que pode ou não ter cheiro desagradável, pode haver também
prurido (coceira) ou ardor na vagina ou ainda polaciúria (vontade mais freqüente de
urinar).
Os corrimentos podem ser causados por:
•
Infecções vaginais
•
Infecções cervicais ou do colo do útero
•
Doenças sexualmente transmissíveis
O corrimento vaginal foi relatado em 28,9% das pacientes, sendo que mais da
metade (53,5%) era de cor branca, a cor amarela foi o segundo mais relatado com
45,5% e apenas 3 pacientes referiram corrimento de cor esverdeada. Mais de um terço
das pacientes referiram ter odor fétido no corrimento e 40,8% referiram prurido vaginal.
Dentre as pacientes com corrimento de cor branco 36,1% relataram prurido,
descrito na ginecologia clássica como sendo provavelmente candidíase, dentre as
mulheres com corrimento amarelado 54,8% relataram a presença de odor fétido,
característico de infecção por gardinerela ou tricomonas.
Tabela e Gráfico nº8: distribuição das pacientes que referem ter corrimento vaginal.
Presença de corrimento vaginal
Nº
Em %
Com corrimento
262
28,7%
Sem corrimento
650
71,3%
262
650
66
Tabela e Gráfico nº9: distribuição da cor referida do corrimento vaginal
Cor do corrimento vaginal
Branco
Nº
Em %
134
51,7%
2
123
Amarelo
Esverdeado
123
47,5%
2
0,8%
134
Tabela e Gráfico nº10: distribuição das pacientes que referem ter prurido vaginal.
Presença de Prurido
Nº
Em %
111
Com prurido
Sem prurido
111
43,7%
143
143
56,3%
Tabela e Gráfico nº11: distribuição das pacientes que referem ter odor no corrimento vaginal.
Presença de odor
Nº
Em %
Com odor
93
35,9%
Sem odor
166
64,1%
93
166
67
Contracepção
Existe uma importante parte da população feminina que se apresenta sem uso
métodos de contraceptivo (31,4%), considerando todos os métodos, medicamentosos,
cirúrgico, comportamental ou de barreira.
Tabela e Gráfico nº12: distribuição das pacientes que referem utilizar métodos contraceptivos.
Contracepção
Nº
Em %
Com contracepção
380
68,6%
Sem uso de contracepção
174
31,4%
174
380
Tabela e Gráfico nº13: distribuição dos tipos de métodos contraceptivos referidos.
Métodos contraceptivos
Nº
Em %
127
37,5%
Cirurgia
141
41,6%
Barreira
50
14,7%
Comportamental
1
0,3%
Medicamentoso
50
1
127
141
Dentre as pacientes atendidas apenas 17,8% refere fazer uso de camisinha, uma
porcentagem pequena, levando consigo um maior risco de transmissão de doenças
sexualmente transmissíveis.
Tabela e Gráfico nº14: distribuição das pacientes que referem fazer uso de camisinha.
Camisinha
Nº
Em %
Faz uso
143
17,8%
Sem uso
659
82,2%
143
659
68
E para completar este quadro, temos uma população feminina de 5,6% que
refere ter algum tipo de lesão genital.
Tabela e Gráfico nº15: distribuição das pacientes que referem ter lesões genitais.
51
Lesões genitais
Nº
Em %
Possuem
51
5,6%
Não possuem
854 94,4%
854
69
Relato Social das Mulheres Atendidas
A população estudada é de maioria feminina, com uma razão mulheres/homens
de 2:1, que passa para 3:1 dentro da faixa etária adulta, e mais mulheres com
diagnóstico de hipertensão referido mostrando que as mulheres procuram mais o serviço
de saúde que os homens. Dentro da população feminina, há uma maior prevalência de
donas de casa que qualquer outra profissão, mesmo que, em relação aos anos estudados,
elas sejam mais instruídas que os homens; há também um maior índice fora do normal
de massa corpórea, sobretudo na obesidade e sobrepeso entre as mulheres, que é fator de
risco importante para doenças como a própria hipertensão, a diabetes e as doenças
cerebrovasculares e cardiovasculares. Não se pode negar, tendo tais dados em mãos,
que, apesar de o tratamento ser igualmente dispendido para ambos os sexos, deve-se dar
mais ênfase à saúde feminina, dando condições para que a saúde pública, como um
todo, seja melhor assistida.
Quando analisa-se a situação do sexo feminino em relação ao panorama geral
podemos ver que o sexo feminino tem uma maior porcentagem de indivíduos na
classificação de sobrepeso e obeso, mostrando que as mulheres estão mais exposta a
esse fator de risco de variadas doenças.
Tabela e Gráfico nº16 distribuição do IMC no sexo feminino
IMC
Nº
Em %
Abaixo (< que 20)
100
13,6%
Normal (entre 20 e 25)
296
40,2%
Sobrepeso (entre 25 e 30)
214
29,1%
Obeso (acima de 30)
126
17,1%
126
214
100
296
70
Na tabela nº17 pode-se observar o nível de instrução feminino, que possuí uma
maior porcentagem de estudo acima de nove anos. Esta situação se repete ao considerar
a escolaridade atingida, tendo no sexo feminino uma menor quantidade de analfabetas e
uma maior quantidade de colegiais e universitárias comparativamente ao sexo
masculino.
Tabela e Gráfico nº17 distribuição dos anos estudados referido
Anos estudados
Nº
Em %
Nenhum
208
23,9%
De 1 a 4 anos
329
37,8%
De 5 a 8 anos
161
18,5%
Acima de 9 anos
172
19,8%
172
208
161
329
71
VIII- HIV e AIDS
Dentro das linhas de estudo desenvolvidos pelo Projeto Bandeira Científica está
a avaliação da vulnerabilidade coletiva da população de Serra dos Aimorés à infecção
pelo vírus HIV e à AIDS.
Para isso, o Projeto se vale de um grande banco de dados obtido através do
preenchimento de fichas epidemiológicas na ocasião dos atendimentos médicos
realizados durante a visita à cidade em Dezembro de 2002. Com essas fichas foi
possível ter acesso a uma série de informações dos entrevistados sobre suas condições
de vida, educação, acesso à informação, à saúde e as percepções individuais acerca do
risco que correm frente à pandemia da AIDS.
Junto com isso, foram realizadas entrevistas também com os agentes de saúde
para que fosse verificada também a situação dos líderes de comunidade, e para que se
soubesse o papel da Prefeitura nesse quadro.
Com mais de 2500 entrevistas realizadas será possível avaliar o impacto que a
doença tem em Serra dos Aimorés e, mais que isso, encontrar os pontos fracos na
resistência ao avanço da epidemia.
O primeiro obstáculo enfrentado nesse processo foi o preconceito que existe em
torno do assunto. Isso pôde ser observado tanto entre os acadêmicos expedicionários do
Projeto quanto entre a população entrevistada, que quando perguntada se mostrava
constrangida. Esse fato não é peculiaridade de Serra dos Aimorés e nem mesmo foi a
regra entre as entrevistas, porém a primeira impressão que se teve foi que boa parte da
população atendida, se não estava acuada frente ao assunto das perguntas, mostrava-se
inteirada e disposta a conversar abertamente.
Isso é positivo se pensarmos que pessoas interessadas devem existir nas maiores
proporções possíveis, porém pode diminuir a representatividade e o valor final do
estudo uma vez que houve tendência maior a responder às questões a parcela
esclarecida sobre o assunto dentro da população geral. Esse viés será discutido durante a
análise dos dados.
72
Numa primeira avaliação dos dados vemos que a população entrevistada, que era
na sua maioria de mulheres e predominantemente jovem, teve a sua primeira relação
sexual quase sempre na segunda década de vida, por volta dos 16 anos; e hoje, dentre os
que ainda mantém uma vida sexualmente ativa, a maior parte teve somente um parceiro
sexual no último ano. Esse dado, somado à informação de que mais de 1000
entrevistados
não
tiveram
parceiro algum no ano passado,
mostra sem grandes análises que
uma boa parte da população tem
uma vulnerabilidade reduzida ao
HIV
quanto
a
forma
de
transmissão sexual. No entanto
dentro da parcela que ainda tem
uma vida sexualmente ativa
é
uma minoria (22,51%) que tem o costume de usar o preservativo; isso, provavelmente
porque preocupam-se mais com a contracepção e a muitas das mulheres já fizeram
cirurgia de laqueadura de trompas.
Existem porém outras vias de transmissão do vírus HIV, como o uso
compartilhado de seringas entre usuários de drogas injetáveis. Quanto a isso, os dados
são bastante otimistas e mostram apenas 3 usuários entre os entrevistados, mas é claro
que devemos pensar que esse número pode estar subestimado tanto pelo não alcance do
Projeto à população usuária quanto pelo também tabu em torno do assunto.
Quando questionados se já haviam ouvido falar sobre a AIDS, no intuito de
avaliar sua percepção do assunto, 67,6% dos entrevistados responderam que sim, o que
mostra que as campanhas de educação em saúde, as palestras ministradas, as escolas, a
televisão e os postos de saúde em conjunto com os agentes comunitários de saúde estão
todos contribuindo na redução da vulnerabilidade dessa população. Mas esse trabalho de
informação e educação populacional ainda está longe de ser concluído. Vemos isso
quando muito menos da metade dos entrevistados revelaram que conversavam sobre
HIV/AIDS com alguém, e apesar disso se sentiam protegidos da doença por motivos
muitas vezes absurdos.
73
Nas entrevistas com as agentes de saúde, observamos que a cidade conta com
um programa já em andamento de educação, prevenção, diagnóstico e tratamento
coordenado pela Dra Olímpia uma médica de Teófio Otoni. Seu trabalho tem um
alcance exemplar dentro da população e é determinante na redução da vulnerabilidade à
pandemia da AIDS. Soubemos também que a cidade já tem cerca de uma dezena de
pacientes em tratamento, cujos medicamentos são trazidos de T. Otoni ou de Belo
Horizonte. Seria interessante para o enriquecimento do estudo como um todo o acesso
preciso a informações dessa ordem.
Conclusões preliminares:
1- é louvável a iniciativa da Dra. Olímpia no seu empenho em propagar programas de
prevenção, educação, diagnóstico e tratamento da Aids. Atividades como esta devem ser
encorajadas a fim de que se propaguem mais entre a população.
2- apesar de a maioria das pessoas estar informada sobre o que é a AIDS e sua
transmissão, existe ainda um forte preconceito das pessoas para conversar e discutir
sobre o assunto.
3- da mesma forma, a maioria dos entrevistados sente-se protegida em relação a
infecção pelo vírus da AIDS entretanto apenas por estar informada da existência da
epidemia e não por estar efetivamente agindo de forma a prevenir o contágio.
Análises mais detalhadas estão sendo realizadas a fim de inferir mais
precisamente a vulnerabilidade coletiva a que a população está submetida. A
continuidade do projeto será mantida e medidas serão propostas para que o risco de
infecção da população seja reduzido.
74
IX- Otorrinolaringologia
Do protocolo da otorrinolaringologia aplicado na cidade de Serra dos Aimorés
interrogamos sobres as queixas, seguido de um exame físico direcionado conforme o
protocolo, realizado por um especialista da área, Dr. Ronaldo Frizzarine.
Foram avaliadas 67 pessoas escolhidas aleatoriamente durante a entrevista
epidemiológica.
Das 67 pessoas entrevistadas: 41 eram do sexo feminino e 26 do sexo masculino.
A distribuição por idade se fez da seguinte forma:
menores que 19 anos: 21 casos;
entre 20 e 39 anos: 15 casos;
entre 40 e 59 anos: 21 casos e
maiores que 60 anos: 10 casos.
O protocolo visava relacionar a queixa de zumbido com Hipertensão arterial
sistêmica (HAS), Diabetes (DM) e consumo de xantinas (chocolate, café,...). No entanto
outros dados foram coletados, cujo resultado foram os seguintes:
Quanto à parte otológica:
Queixas Otológicas
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
am
gr
ia
lg
ta
n
Sa
O
o
c
oa
id
ur
Pr
ip
t
en
do
bi
m
Zu
ia
us
H
o
Fica claro que as principais queixas são hipoacusia, zumbido e prurido. Sendo
que os dois primeiros necessitam de avaliação pela audiometria para melhor elucidação
diagnóstica.
75
Das 20 pessoas que relataram hipoacusia, 7 tinham rolhas de cera, 6 com otites e
8 sem associação com outros achados de exame físico. Ou seja 40 % dos casos
precisariam de uma audiometria para elucidação diagnóstica, pois nem todos se
encaixam no diagnóstico de presbiacusia (idade média 46,6 anos).
Além disto às queixas de otalgia e otorréia estavam, em sua grande maioria
relacionadas a quadros de otites. Lembrando que as otites representaram 40% dos
achados de exame físico otológico.
Quanto ao restante do exame físico otológico, vimos que o grande achado foi
rolha de cera, o que pode nos mostrar a falta de orientação populacional quanto a
higiene auditiva, pois uma causa comum de rolha de cera é a má manipulação do
conduto auditivo, empurrando a cera para dentro do canal, ocluindo-o. E levando às
queixas acima relatadas, como zumbido, hipoacusia e prurido.
Exame Físico Otológico
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
OM
Co
O
Ro
OM
rpo
lha tite
Cc
Cs
e
de
xte
Es
ole
im
tra
ple
r
Ce
ste
nh
sc
ra na
ato
o
om
ma
ou
tos
vid
a
os
ec
o
76
Em relação à parte nasal, teremos os seguintes valores:
Queixas Nasais
25%
20%
15%
10%
5%
0%
ia
m
os
ac
to
C
en
m
ra
ng
Sa
a
iz
or
C
o
id
ur
Pr
al
ci
rro
pi
Fa
l/
Es
ta
on
Fr
or
D
A dor frontal/Facial, pode ser sintomas de muitas patologias (cefaléia, sinusites,
neuralgias, entre outras) sendo portanto pouco especifica e de difícil caracterização
etiológica.
A obstrução nasal é outra das principais queixa, acompanhada do prurido, do
espirro e da coriza, sendo estes os sinais mais significativos de rinite. Que é uma
patologia mais freqüentemente encontrada em grandes centros urbanos, não sendo tão
freqüente em áreas de pouca poluição, no entanto vale lembrar que muitos moradores de
Serra dos Aimorés, trabalham perto ou em canaviais onde há intensa presença de
fumaça que pode funcionar como um irritante para a mucosa nasal.
Para reforçar estes dados ao exame físico foram encontradas freqüentemente
hipertrofia de conchas, palidez de mucosas e rinorréia, que podem ser sinais presentes
nas rinites, embora o diagnóstico em si de rinite não tenha sido tão freqüente quanto os
seus achados.
Além disto vale reforçar a importância do diagnóstico e tratamento adequado
das rinites, pois por serem crônicas requerem tratamento adequado e prolongado. Caso
contrário podem evoluir para as complicações como: otites médias, infecções de vias
aéreas superiores de repetição, alteração no desenvolvimento crânio-facial e do sono,
entre outras.
77
Soma-se a estes fatos o dado de que as queixas respiratórias correspondiam a
48% das queixas dos entrevistados. Assim sendo devemos dar um maior enfoque à parte
nasal da população de Serra dos Aimorés.
Exame Físico Nasal
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
si
nu
Si
C
or
es
te
po
tra
nh
o
ite
in
R
a
os
uc
M
as
de
ch
ez
on
C
lid
de
Pa
fia
tr o
er
ip
H
Quanto à cavidade oral obtivemos os seguintes dados:
Queixa e Exame Físico Bucais
25%
20%
15%
10%
5%
0%
or
ilit
de
s
ila
ns
to
al
c
bu
a
ud
ag
fia
r
do
e
ira
tro
er
ip
p
es
ns
To
D
H
R
78
Percebe-se que é freqüente o respirador bucal, as alterações de tonsilas, que pode
ser a causa da alteração da fala ou mesmo do respirador bucal. Em qualquer caso é
importante ter-se um médico especializado no acompanhamento e orientação destes
pacientes, pois são doenças crônicas, que na infância pode levar a uma alteração do
crescimento, a criança pode ficar menos ativa, ter alterações na face que impliquem até
na alteração de arcada dentária. entre outras complicações.
Assim concluímos que seria interessante, o acesso da população ao
serviço de otorrinolaringologia, e além disto acesso a audiometria; orientações quanto o
cuidado com o conduto auditivo; orientação para fatores desencadeantes de rinites
irritativas, como preveni-las e como trata-las de formas simples.
Em relação direta com o protocolo de zumbido temos que a relação zumbido e
HAS teve uma relação de 1,54, ou seja a HAS representaria um fator de risco para
zumbido, aumentado em 54% de chance de desenvolver zumbido nesta população do
que na população sem HAS.
Não foi possível correlacionar com DM, pois somente um paciente era
sabidamente diabético e este não apresentava a queixa de zumbido.
No entanto o consumo de xantina mostrou-se significativamente aumentado nos
pacientes com zumbido. Sendo a relação de 2,73, ou seja, quem consome xantinas tem
173% de chance a mais de desenvolver zumbido que a população que não consome.
Vale ressaltar, que o consumo de xantina por ser um fator muito freqüente pode não ser
de fato, um fator de risco, e sim uma coincidência de um achado comum.
79
X- Parasitoses Intestinais
As parasitoses intestinais ainda constituem um importante problema de Saúde
para a humanidade. A Organização Mundial da Saúde calcula que existam, em todo o
mundo, cerca de 1 bilhão de indivíduos parasitados por Ascaris lumbricoides e entre
800 e 900 milhões infectados por Trichuris trichiura e ancilostomídeos, além de 400
milhões de infectados por Entamoeba
histolytica e 200 milhões por Giardia
lamblia.
Apesar
de
sua
inegável
importância como doença de massa, as
parasitoses
intestinais
têm
sido
controladas em muitas regiões e países
que conseguiram distribuir de forma
socialmente justa os benefícios do desenvolvimento econômico e científico. Assim,
determinados segmentos da população mundial puderam usufruir dos avanços
conseguidos pelo melhor conhecimento acerca da biologia, epidemiologia e prevenção
de doenças causadas por parasitas intestinais, bem como de medicamentos mais eficazes
e seguros, que ocorreram nas últimas décadas.
Em países subdesenvolvidos e em alguns bolsões de pobreza de regiões com
melhor desenvolvimento econômico, as infecções intestinais continuam causando
enormes problemas à população.
Em todo o Brasil, observou-se uma queda na prevalência de infecção por
parasitas intestinais nas últimas décadas, em conseqüência da melhoria nas condições de
saneamento básico, aliada à melhoria do poder aquisitivo e dos índices de escolaridade
da população.
Algumas populações, no entanto, ainda são muito atingidas, em virtude de
condições de vida menos privilegiadas. Isso justifica a colocação das parasitoses
intestinais na pauta dos problemas de saúde pública que, embora já possuam meios
adequados de controle, ainda persistem devido à falta de atenção política para seu
combate.
80
Esse relatório tem como objetivo mostrar a importância das parasitoses
intestinais na população de Serra dos Aimorés, bem como relacioná-las com possíveis
fatores causais.
81
Características da amostra
Para a pesquisa epidemiológica de prevalência de parasitoses intestinais em
Serra dos Aimorés, foram analisadas as fezes de 269 (duzentos e sessenta e nove)
pessoas previa e aleatoriamente escolhidas pelas Agentes Comunitárias de Saúde locais
dentro de cada uma das 12 microáreas do PSF municipal. Essa amostragem representa
3,47% de toda a população do município.
Outras 72 (setenta e duas) pessoas, que manifestaram interesse em realizar os
exames ou apresentaram suspeita diagnóstica de parasitose intestinal durante o
atendimento clínico ambulatorial, também tiveram as fezes analisadas. Os resultados
desses exames, no entanto, não foram considerados na análise epidemiológica, de modo
a não viciar a amostra populacional.
Dentro do universo dessas 269 pessoas, havia mais mulheres (169; ou 62,8% da
amostra) do que homens (100; ou 37,2% da amostra). O grupo etário predominante foi o
das crianças (0 a 11 anos), totalizando 122 indivíduos examinados; ou 45,4% da
amostra, seguida pelos adultos (20 a 49 anos) - perfazendo 61 exames (22,7%) -, pelos
idosos (acima de 50 anos) - 50 exames (18,6%)-, e pelos adolescentes – 36 exames
(13,4%).
Como a amostragem solicitada às Agentes Comunitárias de Saúde era
igualmente distribuída entre os sexos e os grupos etários, podemos concluir que o
interesse e a adesão da população à pesquisa de parasitoses intestinais foi maior entre as
mulheres e as crianças.
Para facilitar a análise e suas conclusões, os pacientes que fizeram os exames
proto-parasitológico de fezes (PPF) foram agrupados em 4 setores da cidade: o
conglomerado urbano principal (centro), e os bairros da zona rural que foram visitados
pelo Projeto Bandeira Científica. No Centro, foram analisadas as fezes de 201 pessoas,
ou 74,7% da amostra. No bairro do Lajedão, foram realizados 43 exames (16,0%). Na
localidade do Córrego dos Bichos, 18 exames (6,7%). No bairro de Aimorezinhos, 7
exames (2,6%). A amostragem de pacientes conseguida em Aimorezinhos foi
considerada insuficiente, por isso os dados obtidos na análise epidemiológica desse
bairro não se encontram nos gráficos que seguirão.
82
Prevalência de parasitoses intestinais
A prevalência de indivíduos infectados por um ou mais tipos de parasita intestinal
em Serra dos Aimorés é a de 71,4% (como pode ser conferida na tabela 1).
Tabela e Gráfico 1: prevalência de indivíduos infectados por algum tipo de parasita intestinal no
município de Serra dos Aimorés, MG. A amostra populacional totalizou 269 pessoas, que representam
3,47% da população total do município.
Parasitose
intestinal
Ausente
Presente
77
28,6%
192
71,4%
77
192
Tabela e Gráfico 2: prevalência de parasitoses intestinais de acordo com cada um dos quatro bairros
analisados (Centro, Lajedão, Córrego dos Bichos, Aimorezinhos).
Prevalência de
parasitoses
intestinais de
acordo com o
Centro
bairro
Lajedão
Córrego dos Bichos
Aimorezinho
Ausente
Presente
65
(32,3%)
8
(18,6%)
1
(5,6%)
3
(42,9%)
136
(67,7%)
35
(81,4%)
17
(94,4%)
4
(57,1%)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
ausente (%)
presente (%)
Centro Lajedão Córrego
dos
Bichos
É evidente no gráfico nº 2 a progressão no número de casos nos bairros da área
rural do município (Lajedão e Córrego dos Bichos), que têm uma porcentagem de casos
destoante com a encontrada no conglomerado urbano principal.
Esse achado é fruto das diferenças de hábitos e condições de vida entre as
populações desses bairros. É comum encontrarmos deficiências na cobertura de
saneamento básico nos bairros mais afastados ou na zona rural, o que se reflete na
porcentagem de indivíduos infectados.
A prevalência de casos positivos também muda de acordo com o tipo de destino
dado ao esgoto doméstico, como podemos visualizar no gráfico nº 3. Pessoas cujas
residências não são atendidas pelo serviço de coleta pública de esgoto são mais
susceptíveis à infecção por parasitas intestinais. A presença de fossa séptica nas
83
residências mostra-se uma solução menos eficiente que a coleta pública. Isso,
provavelmente devido a problemas na construção, conservação e limpeza das mesmas.
Tabela e Gráfico 3: prevalência de parasitoses intestinais de acordo com o destino dado ao esgoto
doméstico.
13
16
(44,8%) (55,2%)
Céu aberto
9
44
(17,0%) (83,0%)
Fossa
48
122
(28,2%) (71,8%)
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
ausente (%)
presente (%)
fossa
Presente
céu
aberto
Ausente
coleta
pública
Prevalência de
parasitoses
intestinais de
acordo com o
Coleta pública
destino do
esgoto
À frente, pia; ao fundo, cercado para criação de aves.
84
Protozoários
As protozooses intestinais são um importante problema de Saúde Pública, por
serem doenças endêmicas (presentes na população ao longo do tempo) que podem
apresentar surtos. Nem todos os protozoários intestinais provocam doenças. Alguns
habitam o intestino de pessoas sãs, sem lhes causar qualquer incômodo. Outros, no
entanto, podem provocar importantes diarréias, sendo o tipo e a gravidade variável entre
os diversos tipos de protozoários intestinais.
Todos, no entanto, estão intimamente ligados à água, sendo a pesquisa de
prevalência de protozoários intestinais (patogênicos ou não) um importante mecanismo
de verificação da contaminação da água por fezes.
A amebíase tem como agente causador a Entamoeba histolytica. O parasita,
dentro do intestino, pode provocar desde falta de apetite, dores abdominais e diarréia
simples (muitas vezes intercalada com prisão de ventre) até casos mais graves, como
diarréia com presença de sangue, abscessos no intestino e no fígado e perfuração
intestinal.
A giardíase tem como agente causador a Giardia lamblia, e manifesta-se com
diarréia com fezes espumosas e presença de muco nas mesmas.
Ambos os parasitas apresentam infecções causadoras de diarréia de maior
gravidade em crianças e idosos.
Outras espécies de protozoários, antigamente desconhecidas ou de ocorrência
muito rara, manifestam-se atualmente como importante problema de saúde em pacientes
imunodeprimidos (e, às vezes, também em indivíduos imunocompetentes. É o caso da
infecção pelos criptosporídeos.
Tabela e Gráfico 4: prevalência de infecção por protozoários na população de Serra dos Aimorés.
Protozoários
Ausente
Presente
87
32,3%
182
67,7%
87
182
A prevalência de infecção por um ou mais protozoários em Serra dos Aimorés é
67,7%. A tabela e gráficos nº 5 mostram os valores encontrados para cada parasita em
separado.
85
Tabela e Gráficos 5: prevalência da infecção por cada tipo de protozoário pesquisado.
Blastocystis
hominis
Ausente
Presente
Criptosporidium
190
70,6%
79
29,4%
79
190
Ausente
9
Presente
Endolimax nana
260
96,7%
9
3,3%
161
59,9%
260
Ausente
108
Presente
Entamoeba coli
40,1%
168
62,5%
101
37,5%
262
97,4%
7
2,6%
161
Ausente
Presente
Entamoeba
hartmanni
108
101
168
Ausente
7
Presente
262
Entamoeba
hystolitica/dispar
Ausente
230
85,5%
39
14,5%
39
Presente
230
Giardia lamblia
Ausente
240
89,2%
29
86
Presente
Iodamoeba
beutschlii
29
10,8%
257
95,5%
12
4,5%
Ausente
Presente
12
257
A água é um bem vital, sendo o direito ao acesso a uma fonte de água de
qualidade fundamental. No entanto, dentro da população de Serra dos Aimorés, nem
todas as residências têm disponíveis água com as mesmas condições de potabilidade. É
o que podemos aferir do gráfico nº 6, que nos confirma a relação da infecção intestinal
por protozoários com as fontes de captação de água. Pessoas sem acesso ao
abastecimento público de água estão mais suscetíveis a essas infecções (e,
conseqüentemente, a doenças diarréicas), sofrendo com uma pior qualidade de vida.
A mesma associação é encontrada no gráfico nº 7, que mostra a importância de
reservar um destino e tratamento adequados ao esgoto domiciliar.
Tabela e Gráfico 6: prevalência de infecção intestinal por um ou mais tipos de protozoários, de acordo
com a origem da água consumida em casa.
Prevalência de
infecção
intestinal por
protozoários
Encanada
de acordo com
a origem da
Poço/ Mina
água
Rio/ Lago
Ausente
Presente
73
150
(32,7%) (67,3%)
5
23
(17,9%) (82,1%)
1
3
(25,0%) (75,0%)
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
ausente (%)
presente (%)
encanada
poço/mina
87
Tabela e Gráfico 7: prevalência de infecção intestinal por um ou mais tipos de protozoários, de acordo
com o destino dado ao esgoto domiciliar.
Prevalência de
infecção
intestinal por
protozoários
Coleta pública
de acordo com
o destino do
Céu aberto
esgoto
Fossa
.
Ausente
Presente
12
17
(41,4%) (58,6%)
11
42
(20,8%) (79,2%)
56
114
(32,9%) (67,1%)
100
80
60
ausente (%)
40
presente (%)
20
0
coleta
pública
céu
aberto
fossa
Talvez por isso os bairros da zona rural, onde o saneamento de água e esgoto é
deficiente, a prevalência de protozooses intestinais é mais alta que no Centro da cidade.
Nesse aspecto, as soluções não são únicas e requerem atenção do Poder Público
(atenção representada não só por verbas, mas muitas vezes por planejamento e
criatividade na hora de utilizá-las).
A tabela e o gráfico nº 8 denunciam o problema.
Na comunidade do
Córrego dos Bichos, os
números
encontrados
ilustram bem a dimensão
do problema. Segundo foi
conferido
pelo
Projeto
Bandeira Científica em sua
expedição
a
Serra
dos
Aimorés,
a
fonte
de
captação de água no local está localizada em um ponto de depressão do terreno, ao redor
do qual estão distribuídas as casas (sempre a um nível de altitude acima desse poço).
Como as habitações não são servidas por serviço público de coleta de esgotos, o destino
das fezes são fossas construídas junto a essas casas, nem sempre em boas condições.
Devido às características do terreno, o lençol freático provavelmente se
encontra contaminado pelas fezes dos habitantes da localidade, e assim o ciclo de
infecção pela água se perpetua. Diferentes medidas poderiam ser tomadas, tais como a
88
mudança
do
local
de
captação de água para uma
região mais alta e afastada,
onde
a
contaminação
subterrânea não existisse ou
ainda
uma
condições
melhoria
de
coleta
nas
e
tratamento das fezes (como a
substituição das fossas sépticas que não atendam às condições necessárias de
utilização).
As fezes e a urina que ficam na fossa séptica são absorvidas pela terra e podem
contaminar o lençol freático (fluxo subterrâneo de água que permite ao homem cavar
poços e minas). Para evitar a contaminação da água, as fossas devem ser construídas a
pelo menos 50 metros de distância de todas as casas e de todos os locais de onde se
retira água. O fundo da privada deve ficar 2 metros mais alto (mais raso) que a altura da
água nos poços. O interior da fossa requer limpeza periódica (pois a tendência é que,
com o tempo, os resíduos reduzam a profundidade das mesmas).
Tabela e Gráfico 8: prevalência de infecção intestinal por um ou mais tipos de protozoários, de acordo
com o bairro de residência.
Prevalência de
infecção
intestinal por
protozoários
Centro
de acordo com
o bairro
Lajedão
Ausente
74
(36,8%)
9
(20,9%)
Córrego dos Bichos
1 (5,6%)
Aimorezinho
3
(42,9%)
Presente
127
(63,2%
)
34
(79,1%
)
17
(94,4%
)
4
(57,1%
)
100
80
60
ausente (%)
40
presente (%)
20
0
Centro Lajedão Córrego
dos
Bichos
O grupo etário mais susceptível à infecção por parasitas intestinais é o das
crianças. No entanto, os resultados encontrados em Serra dos Aimorés mostraram uma
progressão na prevalência de infecção intestinal por protozoários (tabela e gráfico nº 9)
89
e por Geo-helmintos (tabela e gráfico nº 15), que aumenta quanto maior a idade. Esse
fato pode ser explicado por 2 fatores:
ƒ a maior atenção dada pela população às queixas intestinais das faixas etárias
mais jovens, o que faz com que esses indivíduos sejam mais tratados. Esse fator é
evidenciado pela menor adesão das faixas etárias mais altas à pesquisa de parasitoses
intestinais por meio do exame de fezes realizado durante as atividades do Projeto
Bandeira Científica em Serra dos Aimorés;
ƒ o fato de as parasitoses intestinais estarem mais comumente associadas às
crianças, que faz com que para os médicos e demais profissionais de Saúde, esse
diagnóstico seja mais facilmente lembrado no atendimento pediátrico.
Assim, podemos concluir que, no município de Serra dos Aimorés, o problema
das parasitoses intestinais nas faixas etárias mais altas tem sido negligenciado pela
população e pelo Sistema de Saúde, e que o tratamento dado aos casos suspeito tem se
mostrado eficiente, pois reduz a prevalência de infectados entre as crianças.
Tabela e Gráfico 9: prevalência de infecção intestinal por um ou mais tipos de protozoários, de acordo
com a idade do indivíduo.
Idoso
ausente (%)
so
id
o
lto
presente (%)
ad
u
74
(60,7%)
25
(69,4%)
45
(73,8%)
38
(76,0%)
te
48
(39,3%)
11
(30,6%)
16
(26,2%)
12
(24,0%)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
sc
en
Adulto
Presente
le
Adolescente
Ausente
ad
o
Prevalência de
infecção
intestinal por
protozoários
Criança
de acordo com
a idade
90
Não foram encontradas relações entre a prevalência de protozooses intestinais
com renda familiar ou sexo das pessoas.
Tabela e Gráfico 10: prevalência de infecção intestinal por um ou mais tipos de protozoários, de acordo
com o destino dado ao esgoto domiciliar.
Prevalência de
infecção
intestinal por
protozoários
Até 1 salário
de acordo com
mínimo / mês
a renda
familiar
Mais de 1 salário
mensal
mínimo / mês
Ausente
Presente
42
91
(31,6%) (68,4%)
80
60
ausente (%)
40
presente (%)
20
0
33
70
(32,0%) (68,0%)
até 1 salário mais de 1
mín.
salário mín.
Crianças alimentando-se sem lavar as mãos
91
Geo-helmintos
Para certos vermes, o solo desempenha papel de grande importância, garantindo
a sobrevivência de seus ovos e larvas. Assim, vermes sem hospedeiros intermediários
provocam as chamadas geo-helmintoses, já que ovos e larvas dos mesmos são capazes
de sobreviver em determinados solos, principalmente os areno-argilosos e os argilosos
(por permitirem aeração e migração das mesmas).
Numerosos inquéritos têm sido realizados em diferentes áreas do país, estudando
a ocorrência de helmintíases em toda a população ou em determinados grupos,
principalmente o de escolares. Embora muitas vezes as amostras não sejam
representativas da população estudada e a comparabilidade dos resultados alcançados
em diferentes levantamentos seja prejudicada pela heterogeneidade da metodologia e
das técnicas utilizadas para exame das fezes, os resultados permitem que se confirme o
que seria de se esperar, em termos do que se sabe sobre a epidemiologia das
helmintíases, ou seja, que a prevalência de indivíduos infectados aumenta quanto mais
precárias as condições de saneamento. É difícil relacionar a prevalência de helmintíases
com outras condições sócio-econômicas e educacionais, pois essas condições,
geralmente, estão relacionadas com as de saneamento.
A tabela e o gráfico nº 11 mostram a prevalência de infecção intestinal por um
ou mais Geo-helmintos na população de Serra dos Aimorés, enquanto a tabela e o
gráfico nº 12 mostram a prevalência de cada um dos vermes pesquisados na população.
Tabela e Gráfico 11: prevalência de infecção intestinal por um ou mais tipos de Geo-helmintos na
população de Serra dos Aimorés.
Geo-Helmintos
Ausente
Presente
198
73,6%
71
26,4%
71
198
A ancilostomose, também conhecida como amarelão, é uma verminose
decorrente do parasitismo pelo Ancylostoma duodenale ou pelo Necator americanus, da
qual a anemia é a manifestação clínica mais importante. Em populações carentes, cuja
alimentação muitas vezes é deficiente, a ancilostomose manifesta-se de maneira mais
grave. Ao reduzir a capacidade física do indivíduo parasitado, provoca diminuição
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concomitante de sua produtividade (e, portanto, de sua renda), agravando suas
condições de vida.
Indivíduos parasitados têm os vermes aderidos à mucosa do intestino delgado,
de onde se nutrem do sangue da pessoa. Ao mudarem de posição para se prenderem a
outro ponto da mucosa, deixam no local abandonado pequenas lesões hemorrágicas.
Uma fêmea adulta de ancilostomídeo deposita, por dia, de 5.000 a 10.000 ovos no trato
intestinal do indivíduo parasitado. Este, quando evacua, carrega em suas fezes os ovos
do parasita. Uma parte dos ovos eclodem e dão origem a larvas do verme, que vivem na
superfície do solo, enquanto aguardam a oportunidade de penetrar na pele de uma
pessoa. Essa penetração se dá normalmente pelos pés, sendo o uso de calçados um
importante mecanismo de proteção à infecção pelos ancilostomídeos
O Ascaris lumbricoides é o Geo-helminto mais prevalente na população geral,
sendo popularmente conhecido pelo nome de lombriga. O Homem contrai a ascaridíase
pela ingestão de ovos, que são levados à boca com os alimentos sólidos e líquidos, ou
pelas mãos contaminadas. A contaminação do solo por fezes contendo ovos do parasita
é a principal responsável pela propagação desta verminose. A infecção pelo Ascaris
lumbricoides pode ser assintomática, só sendo descoberta pela eliminação ocasional do
verme, ou pelo achado dos ovos em exame de fezes. Quando a infestação é muito
grande, os vermes podem enroscar-se uns aos outros (situação conhecida como “bolo de
ascaris”) e obstruir completamente o interior do intestino, causando uma situação
médica grave. Em crianças com alimentação deficiente, a ascaridíase pode prejudicar o
aproveitamento das proteínas, agravando as condições de desnutrição.
O Trichuris trichiura, apesar de pouco conhecido, é, juntamente com o Ascaris
lumbricoides, o verme mais freqüentemente encontrado na população. O mecanismo de
infecção é o mesmo entre os dois vermes, sendo comum encontrar ambos os parasitas
no mesmo indivíduo. Na maioria dos infectados, a infecção pelo Trichuris trichiura não
provoca sintomas. Quando o parasitismo é intenso, pode ocorrer perda de apetite e
emagrecimento, desconforto abdominal, diarréia, eliminação de fezes muco-purulentas
e anemia.
A estrongiloidíase é causada pelo verme denominado Strongyloides stercoralis, e
pode manifestar-se com sensações de azia e má digestão, dor em região epigástrica e
93
diarréia. O Homem infecta-se no contato com o solo contaminado (penetração da larva
pela pele), ou ingerindo as larvas junto com alimentos.
Tabela e Gráfico 12: prevalência de infecção intestinal por cada tipo de Geo-helminto na população de
Serra dos Aimorés.
Ancilostomídeos
Ausente
Presente
244
90,7%
25
9,3%
25
244
Ascaris
lumbricoides
Ausente
231
85,9%
38
14,1%
38
Presente
231
Hymenolepsis
nana
Ausente
258
95,9%
11
4,1%
11
Presente
258
Strongyloides
stercoralis
Ausente
263
97,8%
6
2,2%
6
Presente
263
Trichuris
trichiura
Ausente
248
92,2%
21
7,8%
21
Presente
248
Ao contrário das infecções intestinais provocadas por protozoários, as
helmintíases não têm sua ocorrência relacionadas com o consumo de água contaminada
(ver tabela e gráfico nº 13). Como já discutido, a infecção por esses vermes se dá pela
94
ingestão de alimentos contaminados ou pelo contato direto da mão (contaminada com os
ovos) com a boca, facilitada pela falta de higiene pessoal. Isso é comprovado pelas
prevalências desse tipo de infecção em populações com diferentes origens da água
ingerida, que se mostram praticamente iguais.
No entanto, mais uma vez o destino dado ao esgoto doméstico se mostrou
relacionado com a prevalência de infecções intestinais. Como podemos ver na tabela e
gráfico nº 14, indivíduos que dispõem de rede pública de coleta de esgoto domiciliar
estão mais protegidos contra as geo-helmintíases que os cujo esgoto não tem um destino
adequado. As fossas sépticas se mostraram uma opção menos eficiente que a coleta
pública, novamente devido a problemas na construção, conservação e limpeza das
mesmas.
Tabela e Gráfico 13: prevalência de infecção intestinal por um ou mais tipos de Geo-helmintos, de
acordo com a origem da água consumida.
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Presente
161
62
(72,2%) (27,8%)
ausente (%)
presente
(%)
21
7
(75,0%) (25,0%)
poço/mi
na
Poço/ Mina
Ausente
encanad
a
Prevalência de
infecção
intestinal por
Geo-helmintos
Encanada
de acordo com
a origem da
água
Tabela e Gráfico 14: prevalência de infecção intestinal por um ou mais tipos de Geo-helmintos, de
acordo com o destino dado ao esgoto domiciliar.
Prevalência de
infecção
intestinal por
Geo-helmintos
Coleta pública
de acordo com
o destino do
Céu aberto
esgoto
Fossa
Ausente
Presente
25
4
(86,2%) (13,8%)
31
22
(58,5%) (41,5%)
129
41
(75,9%) (24,1%)
100
80
60
ausente (%)
40
presente (%)
20
0
coleta
céu
pública aberto
fossa
Assim como a água, o solo das comunidades da zona rural mostrou estar mais
infectado, já que a prevalência de geo-helmintíases é maior nesses bairros que no Centro
da cidade. Isso está intimamente ligado à falta de saneamento básico de esgoto,
problema mais grave nesses bairros. As as pessoas estão igualmente expostas a contrair
95
esses vermes comendo alimentos crus contaminados, mas o fato de viver em contato
com um solo infectado aumenta as chances de uma pessoa contrair esses tipos de
verminoses.
Tabela e Gráfico 15: prevalência de infecção intestinal por um ou mais tipos de Geo-helmintos, de
acordo com o bairro de residência.
Prevalência de
infecção
intestinal por
Geo-helmintos
Centro
de acordo com
o bairro
Lajedão
Córrego dos Bichos
Aimorezinho
Ausente
Presente
153
(76,1%)
29
(67,4%)
11
(61,1%)
5
(71,4%)
48
(23,9%)
14
(32,6%)
7
(38,9%)
2
(28,6%)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
ausente (%)
presente (%)
Centro
Lajedão Córrego
dos
Bichos
Tabela e Gráfico 16: prevalência de infecção intestinal por um ou mais tipos de Geo-helmintos, de
acordo com o grupo etário.
Idoso
ausente (%)
presente (%)
id
os
o
38
(31,1%)
11
(30,6%)
13
(21,3%)
9
(18,0%)
to
84
(68,9%)
25
(69,4%)
48
(78,7%)
41
(82,0%)
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
ad
ul
Adulto
Presente
sc
en
te
Adolescente
Ausente
ad
ol
e
Prevalência de
infecção
intestinal por
protozoários
Criança
de acordo com
a idade
96
Schistosoma mansoni
Tabela e Gráfico 17: prevalência de infecção intestinal por Schistosoma mansoni na população de Serra
dos Aimorés.
Schistosoma
mansoni
Ausente
266
98,9%
3
1,1%
3
Presente
266
Apesar de ser um parasita sistêmico (e não só intestinal), o Schistosoma mansoni
é considerado nesse trabalho devido à eliminação dos ovos desse verme nas fezes
humanas.
A esquistossomose é uma parasitose intestinal importante não só pelo grande
número de indivíduos acometidos, mas pelas dificuldades que oferece para sua
eliminação. Em termos gerais, a esquistossomose é ainda, em nossos dias, uma
parasitose em expansão, podendo instalar-se facilmente em áreas antes livres dessa
infecção. Devido ao fato de o ciclo de vida do parasita incluir um estágio de
desenvolvimento dentro do organismo de um caramujo que habita coleções de água
(algumas, conhecidas “lagoas de coceira”), as condições necessárias para a propagação
da doença são a presença de indivíduos infectados que possam contaminar lagoas e
brejos que sirvam de moradia para esse tipo de caramujo. O contágio se dá pela
penetração da larva pela pele de pessoas que entrem em contato com a água
contaminada.
A doença, também conhecida como “barriga d’água”, representa um importante
problema de saúde, uma vez que pessoas não tratadas podem, a longo prazo,
desenvolver insuficiência hepática, chegando até à morte.
É possível que os casos positivos encontrados em Serra dos Aimorés tenham
sido contraídos em outra localidade, mas nem por isso deixam de ser importantes, tanto
pelas complicações da doença, quanto pela possibilidade de aparecimento de focos de
contaminação dentro do município.
97
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Relatório Serra dos Aimorés