PORTAGENS ? MINISTRO ANUNCIOU MAS AINDA NAO LEGISLOU Isenções e preços ficam na mesma até setembro ¦ Aguarda-se publicação de portaria que oficialize decisão do já deram instruções para governo. Enquanto isso, concessionárias continuar o mesmo sistema de cobrança por mais três meses Célia Domingues - JF ERA aguardada com expectativas o resultado da reavaliação do governo sobre as portagens nas ex-Scut tendo em vista que a regulamentação sobre os concelhos abrangidos pelos critérios de discriminação positiva terminou no dia 30 de junho. Mas por mais três meses, tudo se manterá na mesma. Na sexta-feira, numa visita à região, o ministro da Economia revelou que o atual modelo de cobrança vai continuar até setembro. O Governo "tem estado em contacto com a Comissão Europeia tendo em vista a transposição da diretiva Euro- vinheta para Portugal", justificou Álvaro Santos Pereira. Findos os três meses, "vai entrar em vigor um regime de descontos e taxas cujo valor do montante será conforme com a legislação europeia, de forma a garantir que não se discriminem os utilizadores destas vias". A União Europeia (UE) impõe que as portagens devam ser aplicadas "sem discriminação, direta ou indireta, por razões associadas à nacionalidade do utilizador, ou que, ainda que não estejam expressamente relacionadas com a nacionalidade, conduzam de facto, através da aplicação de outros critérios de distinção, ao mes- mo resultado". Tal como o Jornal do Fundão deu conta em anteriores edições, o governo alega que a UE rejeita a implementação de fatores de discriminação positiva, pelo que está a trabalhar num regime de des- contos para ser aplicado em setembro. A redução do valor de portagens e a eliminação de isenções, sabe o JF, é o cenário que está a ser estudado. Sem legislação ainda preparada sobre esta matéria e sem as negociações com as concessionadas terminadas, o governo decidiu prolongar o atual sistema de paga- mentos. Enquanto isso, as concessionárias aguardam que saia legislação que oficialize o anúncio do ministro, embora tenham dado instruções às empresas que estão a assumir a cobrança das portagens (no caso da A 23 é a Portvia), no final da semana passada, de que o sistema de cobranças se manteria por mais três meses. "O que sabemos foi transmitido, é apenas o que em cima da hora, pela Estradas de Portugal e INIR (Instituto de Infraestruturas Rodoviárias)", revelou fonte de uma das concessionárias. Na realidade no artigo 14." da Portaria sobre a entrada em vigor nos das portagens nas autoestradas sem custo para o utilizador (Portaria n.° 303/201 1 ) é referido que "o regime de isenções e descontos previsto no artigo 4.° aplicar-se-á uniforme- mente aos lanços e sublanços de autoestradas identificados no artigo 3.°, até 30 de Junho de 2012". Lê-se na mesma portaria, que "a partir de 1 de Julho de 2012, a aplicação do regime de isenções e descontos previsto no artigo 4.° manter-se-á apenas para as autoestradas referidas no artigo 3.° que sirvam regiões cujo produto interno bruto (PIB) per capita regional seja inferior a 80 % da média do PIB per capita nacional". No caso da região da Beira Interior, os critérios que justificam a discriminação positiva para empresa e residentes manter-se-iam, porque os mesmos indicadores estão abaixo da média nacional, tal como JF já revelou em maio. Contactado pelo JF, fonte do Ministério da Economia garante que "a Portaria, com efeitos a partir de 1 de julho, será publicada dentro em breve' ' Reforça a mesma fonte que a decisão do prolongamento das portagens foi comunicada junto do INIR e Estradas de . Portugal. Isenções nas ex-Scuts vão ficar em vigor até setembro. O anúncio foi feito pelo DESTAQUE Portagens para emigrantes A Estradas de Portugal garantiu ao JF que está a funcionar na fronteira de Vilar Formoso desde domingo novas máquinas para pagamento de portagens eletrónicas exclusivas para carros de matrícula estrangeira. Para os carros de matricula estrangeiras existem três formas de pagamento destas portagens: o sistema EASYToII (o condutor, sem ter de sair da viatu- ra, introduz o cartão bancário no terminal de pagamento e o sistema associa automaticamente a matrícula do veículo ao cartão bancário), o TOLL- Card (cartão previamente carregado com 5, 1 0, 20 ou 40 euros.), o TOLLService (um título pré-pago com utilização ilimitada durante 3 dias) ou aluguer da Via Verde. ministro Álvaro Santos Pereira, em Alcains CONTESTAÇÃO Movimento pede demissão de ministro O MOVIMENTO Empresários pela Subsistência do Interior não se conforma com o anúncio do prolongamento de portagens na A 23, A 25 e A 24 e defende a demissão do Ministro da Economia. O empresário Luís Veiga refere que "o Interior não precisa dessa esmola, pois não eram as autoestradas A 23, A 24 e A 25 que iam perder as isenções" no final de junho dado que as regiões abrangidas têm baixos índices de poder de compra, dentro dos valores especificados por lei para atribuição do benefício. Luís Veiga, que participou num encontro de com Álvaro empresários Santos Pereira na Covilhã, constatou que "que não há estratégia nenhuma para o interior". Os empresários lamentaram "não ouvir uma palavra de compreensão do ministro da Economia, antes pelo contrário, sentiram que [o governante] está num mundo completamente diferente e provavelmente noutro conti- nente". "O prolongamento de portagens, sem outras medidas que atenuem o efeito das portagens, foi a gota de água," acrescentou Luís Veiga que acrescenta: "Para nós é altura de dizer basta e exigir a demissão do ministro, não podemos ir para outro nível de exigência após aquele pequeno-almoço surrealista de um diálogo de surdos entre 50 empresários e o governante". Ou seja, "não se vislumbra outro caminho que não seja de mais o encerramento empresas e a desertificação humana e, perante isso, ele não tem resposta", contou o porta-voz dos empresários. A visita de Álvaro Santos Pereira "não trouxe nada de novo, independentemente da necessidade que atribui às reformas em curso", apesar de "ter sido ex- plicado que as empresas estão no limite e que chegaram a um ponto de não retorno em termos da operação no interior do país".