A Barragem do Alqueva para quem? Por uma contextualização pluridimensional do desenvolvimento no Alentejo - Portugal Bruno Gonzaga Agapito da Veiga1 Laura Maria Goulart Duarte2 Lia Maldonado Teles de Vasconcelos3 Resumo O presente artigo situa-se no contexto da cooperação científica entre Brasil e Portugal por meio da Rede Luso Brasileira de Estudos Ambientais (RLBEA). O estudo de caso sobre a Barragem do Alqueva em Portugal soma-se a um processo comparativo de investigação sobre os efeitos das barragens no desenvolvimento local e regional no Brasil, Portugal e Moçambique, com destaque para a agricultura irrigada e seus atores sociais beneficiados, realizado por Universidades desses países. A Barragem do Alqueva está situada na porção sul de Portugal, denominada Alentejo e considerada umas das regiões mais pobres e periféricas da União Européia. Sua construção e operacionalização iniciada em 2002 engendram um processo histórico desde meados de 1950 onde surgem suas origens e controvérsias perante os impactos sociais e ambientais e a defasagem do projeto perante as condições econômicas e sociais atuais. Tal situação implica na necessidade de estudos centrados não apenas nos efeitos da barragem, mas no processo de construção da opção por uma grande infra-estrutura hídrica como solução para problemas de desenvolvimento. Para tanto, buscou-se analisar inicialmente as componentes históricas e sociais e as relações de poder em torno da estrutura fundiária da região do Alentejo que antecedem e caracterizam a opção pela construção da Barragem do Alqueva como solução para os problemas complexos e históricos de desenvolvimento da região. Foram realizadas, portanto, entre novembro de 2005 e junho de 2006, uma série de entrevistas a pesquisadores e técnicos do setor em Portugal, além de ampla revisão bibliográfica sobre o tema. O estudo comprova que a Barragem representa fortes interesses políticos e econômicos aquém da simples necessidade de oferta de água para agricultores locais e regionais, desconsiderando as reais necessidades de desenvolvimento para as populações pretensamente beneficiadas. 1 Doutor em Desenvolvimento Sustentável. Parceria Lusófona pela Água. [email protected] Doutora em Sociologia. CDS/Universidade de Brasília. [email protected] 3 Doutora em Engenharia do Ambiente e Sistemas Sociais. Universidade Nova de Lisboa. [email protected] 2 1. Introdução O Alentejo, situado na porção sul de Portugal, é considerado uma das regiões mais pobres e periféricas da Europa. As ações, políticas e programas de desenvolvimento por parte do Estado nessa região fundamentam-se, portanto, em suas taxas de desemprego, no envelhecimento da população, no processo de migração humana causando vazios demográficos agravados com o fracasso da Campanha do Trigo e de outras políticas de desenvolvimento inadequadas para o Alentejo1, bem como nas limitantes ambientais que afetam as atividades produtivas e a qualidade de vida das populações. A barragem e reservatório do Alqueva, localizados na região central e alta do Alentejo, operacionais desde 2002, figuram no ideário da população alentejana e do Governo Central desde a primeira metade do século passado. Durante este tempo, tornaram-se uma idéia-força na qual o desenvolvimento e reversão das condições socioeconômicas da região estariam condicionados à sua construção2. Este processo ideológico foi-se construindo junto à história política, econômica e social do Alentejo e de Portugal, em relações que são conhecidas das elites econômicas e políticas locais, acompanhadas pelo desinteresse do poder central face a pouca conveniência estratégica de se investir adequadamente no desenvolvimento Alentejano, como discutiremos adiante. É necessário, pois, um aprofundamento sobre o contexto histórico, político e social em que a Barragem do Alqueva se insere, como forma de contribuir ao debate sobre a reorientação de seu papel no desenvolvimento da região. Assim, buscamos por meio de revisão bibliográfica sobre esta questão, da realização de entrevistas com pesquisadores locais e nacionais, e com pesquisas de campo entre novembro de 2005 e abril de 2006, fornecer elementos para a reconstrução da visão sobre o desenvolvimento do Alentejo. Ao não se considerar uma contextualização pluridimensional na construção de um processo de intervenção estratégica – como é o caso da intenção de implantação do Alqueva, corre-se riscos de uma série de imprevistos indesejáveis que podem inviabilizar as reais possibilidades de contribuição que o empreendimento – já marcado por sérios impactos negativos e incertezas3assumidos para a realização da obra – teria em sua área de influência. Embora o empreendimento de Alqueva tenha um papel a desempenhar no processo de desenvolvimento do Alentejo, não há o que justifique meio século de espera para que o Estado atuasse na dinamização da região menos próspera do país. Neste sentido, consideramos que houve um verdadeiro processo de enraizamento da idéia-força do futuro Alentejano condicionado ao Alqueva, ao qual damos a alcunha de “alquevização” da sociedade, ou seja, um processo de construção de uma ideologia funcional de não desenvolvimento da região que atende interesses históricos diversos e convergentes. Para tanto, é preciso inicialmente fazer algumas considerações breves sobre a conceituação de desenvolvimento que orienta esta reflexão. CARMO (1999), por exemplo, utiliza-se da obra de Louis Lebret para aproximar a definição de desenvolvimento a “um processo dinâmico e inacabado, viável economicamente, e solidário entre as populações com o objetivo de alcançar melhor qualidade de vida”. Ainda recorremos ao autor para utilmente acrescentar aqui sua contribuição etimológica sobre a palavra desenvolver: cessar um estado de enredamento social (grifo nosso, CARMO, 1999:69). Esta reflexão do autor nos auxilia a apoiar um processo de compreensão do enredamento da população alentejana na crença de que somente uma obra de grande envergadura como Alqueva, envolvida em incertezas e insuficiências técnicas, poderia inverter as históricas condições sócio-econômicas do sul de Portugal. Este artigo busca, portanto, abordar este processo de implantação de Alqueva desassociado a uma avaliação do conjunto de fatores históricos, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, cuja ausência de debate – apoiado por uma crença funcional construída historicamente, impediu a população beneficiária de contestar o empreendimento, e de submetê-lo a uma reorientação e controle condizentes com a aspiração de mais de século. 2. A Barragem do Alqueva no contexto histórico-político-social do Alentejo A barragem e reservatório do Alqueva, associados a um sistema de infra-estruturas de irrigação de mais de 110.000 hectares, compreendem o chamado Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva (EFMA). O EFMA está situado na parte portuguesa da Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana, uma das bacias compartilhadas da Península Ibérica. A história da barragem surge mais concretamente com o Plano de Rega do Alentejo em 1957, e devido a uma série de eventualidades que se relacionam com a falta de recursos financeiros, até problemas de ordem política, esta só foi operacionalizada no início de 20024. O Alentejo caracteriza-se por graves problemas demográficos, entre eles e de caráter principal, o duplo envelhecimento da população e vazios demográficos que tem como causa principalmente a migração interna e a emigração para outros países que configuram as zonas Alentejanas como áreas de repulsão populacional (SANTOS, 1997; SILVA, 1995; REGO, 1998). Entretanto esse não é um processo que se pode atribuir simplesmente à falta de oportunidades para a população economicamente ativa no Alentejo. Há que se voltar no tempo para compreender como a situação fundiária e o controle do poder pelas elites locais tiveram e têm relação direta com esse processo. A Figura 1 mostra um resumo cronológico contemporâneo desta questão no Alentejo, embora existam autores que a aprofundem, buscando suas origens na ocupação romana no Século III a.C., árabe no Século VIII e reconquista cristã no Século XVIII, nomeadamente SANTOS (1997). A agricultura tem sido a principal atividade nos últimos séculos: o trabalho na terra é uma tradição que passa de geração a geração, mas os jovens buscam cada vez mais possibilidades de emprego longe das propriedades rurais de suas famílias5. Assim, as relações históricas de poder estiveram situadas principalmente na disputa e controle da terra como meio de produção e geração de riqueza e na manutenção do status quo dos grupos dominantes6 (elites sociais e econômicas que tem relação com a atividade agrária) – o que inclui uma oposição destes grupos ao processo de industrialização da região7. Esta oposição ao setor industrial se devia não só às relações conflituosas cujas causas remontam aos benefícios que as indústrias de moagem recebiam do governo, demonstrando um poder crescente do setor, como ao receio da perda de mão-de-obra agrícola para a indústria (CUTILEIRO, 2004). Às classes dominantes não interessava sofrerem perdas no que se refere à escassez e à alterações no quadro de baixos salários e remuneração da mão de obra que, em muitos casos, caracterizava-se como pagamento por favores condicionando, assim, a subordinação progressiva dos empregados aos patrões (CORREIA, 2005). Além disso, e com grande importância, o processo histórico de apropriação e concentração da terra, por sua vez, não era lícito ou muito transparente, gerando tensões entre os trabalhadores rurais e os grandes proprietários alentejanos. Podemos buscar origens não muito longínquas: a repartição dos baldios8 já nos apresenta um panorama de exclusão e expropriação social supervisionada pelos atores políticos que, no poder, acabaram se beneficiando com o empobrecimento das comunidades, além do já irregular aproveitamento em benefício próprio das terras comunais que os grandes proprietários empreendiam (CUTILEIRO, 2004). Os grandes proprietários sempre estiveram no poder, mas não propriamente no poder local – como as Juntas de Freguesia, órgãos executivos mais próximos das populações locais. Essas não lhes davam grande prestígio ou força política, sendo preferidas as Câmaras e instituições regionais onde formavam-se redes de conhecimento e poder que controlavam e administravam as instituições locais (BARROS, 1986). O autor aponta ainda o papel do Estado como perpetuador do latifundismo como sistema social vigente antes de 1974 no Alentejo. Período Fato Séc. XVII-XVIII 1899 Características Alentejo com ênfase na cultura cerealífera Proteção aos Cereais Conversão das terras em regime de exploração extensiva Aumento fundiária 1900 1929 Campanha do Trigo 1933 Estado Novo da produção e concentração Modernização da agricultura Enfraquecimento do associativismo rural Crescimento demográfico Surgem as origens de Alqueva 1957 Plano de Rega do Alentejo 1950/ 1970 Migração interna 1974 « 25 de abril » 1975 Reforma agrária Desapropriação e coletivização da posse das terras Inicio da Contra-Reforma Agrária Restituição das terras aos antigos donos Enfraquecimento do sistema de cooperativas Obras em Alqueva Exigência de novos estudos para Alqueva no ano seguinte 1986 Integração Comunitária Agricultura será regida pela Política Agrícola Comum (PAC) 1998 Obras em Alqueva retomadas 2002 Enchimento de Alqueva Após avaliação e anuência da Comissão Européia, Alqueva é construída com financiamento da União Européia no Quadro Comunitário de Apoio (QCA III). 1977 20% da população deixa o Alentejo Alqueva é dimensionado a partir dos anos 70 Figura 1. Contextualização histórica resumida da evolução da situação fundiária e de mão de obra rural no Alentejo situando-se também a construção da barragem de Alqueva. Fonte: Veiga (2007). Os membros das elites políticas e econômicas mantinham relações de parentesco, obtinham privilégios ilícitos dos poderes locais, formavam redes de conhecimento em nível regional (SANTOS, 1993) e, segundo TRINDADE (1997), que analisou as eleições no Concelho de Moura nos fins do Século XVIII, começo do XIX, chegavam a manipular o sistema eleitoral em proveito próprio. Até o “25 de abril”, que marca o fim do Estado Novo em 1974, as iniciativas de associativismo e vida política no interior alentejano eram controladas e reprimidas, como aponta o relato de PINTO DE SÁ (1989) a respeito do regime fascista. Com o “25 de abril” em Portugal – a Revolução dos Cravos, uma nova esperança abrese nos campos com a reforma agrária e a coletivização do uso da terra, embora com um modelo de desenvolvimento inadequado para o Alentejo9. Por outro lado, os latifundiários temerosos de verem suas terras ocupadas por estranhos, entregam os meios de produção à população local, permanecendo, de certa forma, ainda no poder10. Entretanto, o recém criado sistema de cooperativas conheceu uma queda vertiginosa – com as devidas exceções – acompanhada pela Contra-Reforma Agrária e a consecutiva restituição da terra e indenização aos seus antigos donos, que voltaram a exercer o poder na medida em que a concentração das terras contribuiu ao impedimento do desenvolvimento local (CORREIA, 2005). Devolvidos à situação anterior, outras questões agravam-se pela sazonalidade da oferta de mão-de-obra devido ao crescente processo de mecanização das grandes e médias propriedades (CANDEIAS, 1986), e projetos e políticas inadequadas para as realidades locais11. Assim, uma obra de grande envergadura como a Barragem do Alqueva encontra fortes argumentos como solução para problemas complexos tendo poucos efeitos sobre o status quo dos grupos dominantes. O EFMA, cujo maior símbolo tem sido a imagem da Barragem de Alqueva, contribui para a reprodução da lógica histórica de subordinação do povo alentejano em relação às elites locais, bem como para a relação entre a região e o governo central, uma vez que perpetua a estrutura social e produtiva vigentes: manutenção da situação fundiária, atração de mão-deobra barata no contexto da imigração, valorização da terra e políticas de subsídios com investimentos a condições convenientes aos empresários capazes de fazerem a conversão de suas terras. 3. Alquevização: a Barragem do Alqueva como idéia-força por mais de meio século O aproveitamento de águas no Alentejo remonta desde o Século XIX12, embora nesta época fosse uma questão periférica frente a outros assuntos de interesse central no contexto nacional, até que no período pós-II Guerra Mundial a necessidade de expansão da cultura cerealífera devida a Campanha do Trigo13 estimulasse a construção de barragens pelo governo central. A partir do Plano de Rega do Alentejo de 1957, de onde tem origem, a barragem de Alqueva leva aproximadamente meio século – entre interrupções e retomadas políticas da obra, para ser finalmente concluída. Esse tempo de espera e a imagem construída de solução para o quadro negativo de desenvolvimento no Alentejo, tornou o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva uma questão indiscutível no ideário nacional14. O EFMA15 é desde sempre considerado como um elemento estratégico no desenvolvimento do Alentejo. Entretanto, destaca-se uma grande oposição no seu processo de implantação por parte de Organizações Não Governamentais do Ambiente (ONGAs) na década de 1990 até os dias atuais – baseadas no conhecimento de especialistas (Quadro 1), considerando-se que exceto estas ONGAs – tanto da região afetada em Espanha como em Portugal – e associações com interesses no patrimônio cultural, toda a população alentejana estaria incondicionalmente a favor do Alqueva e alheia às idéias do movimento ambiental16. Consideramos que antes de um debate preciso sobre o modelo de desenvolvimento imposto para a região (MELO, 2002), estava Alqueva como idéia-força revestida de grande significado para a maioria da população. BATISTA & VASCONCELOS (2005) descrevem como por quase meio século a barragem se transformara em um mito – seja para a população local, seja para o governo e setores técnicos – que mesmo apresentando-se como um problema complexo, instaura-se no ideário social como solução ampla e ao mesmo tempo simplista: Alqueva contribuiria para a fixação dos habitantes no Alentejo por meio da abertura de oportunidades de trabalho e disponibilização de água na sua região de influência. Este enraizamento da idéia de Alqueva como solução única e indiscutível, segundo as autoras, se apoiaria nos valores dos grupos envolvidos sobre a questão do desenvolvimento, e a mudança destes valores não funcionaria tão rápido quanto a ação dos decisores. Tal projeto, enraizado na sociedade como o mais viável, só pode ser modificado quando a sociedade se convence de que uma reorientação na sua concepção é necessária. Esse processo pode esperar longos anos até a constatação de que a ineficácia das medidas estruturais adotadas tem relação com o modelo que as concebeu, e não propriamente com elas. Muitas vezes, ao invés de uma reorientação no modelo de desenvolvimento, as medidas estruturantes são substituídas por outras na expectativa que sejam então mais acertadas que as anteriores. Nesta lógica, as falhas em Alqueva poderiam ser substituídas por novos grandes empreendimentos que complementariam sua ineficiência. Quadro 1. Objetivos estruturantes do EFMA e suas correspondentes incertezas, impactos e constrangimentos apontados por pesquisadores, técnicos e ONGAs. Objetivos estruturantes do EFMA Incertezas e impactos apontados por cientistas e ONGAs Reserva estratégica de água no sul de Portugal A poluição da água restringe seus usos Regularização dos caudais do Rio Guadiana A gestão preconizada é sob a ótica da oferta e não da demanda Soberania Nacional frente ao controle de Espanha Transvase virtual do Rio Douro para o Rio Guadiana Dinamização econômica e social do Alentejo O modelo de desenvolvimento é reducionista e se apóia no estimulo da atividade produtiva para solução de problemas complexos. Alteração do modelo agrícola no Alentejo (regadio) Concentração fundiária. Os solos são sensíveis ao regadio, e sujeitos a salinização por águas poluídas. A construção da barragem afetou espécies em risco e destruiu habitats importantes Reforço da produção de energia elétrica A contribuição é pequena e a bombagem para elevação da água para regadio apresenta custos elevados Potenciação da capacidade turística do Alentejo Impacto ambiental dos empreendimentos (campos de golfe, sobrexploração das águas já poluídas e ilhas de conservação) Combate à desertificação física A reversão do quadro demográfico é lenta e considerada mesmo irreversível para alguns autores Amenização das alterações climáticas Há incertezas neste processo e a alteração na umidade pode afetar a agricultura Intervenção organizada no domínio do ambiente Descumprimento de várias Diretivas Comunitárias de patrimônio cultural proteção a espécies e conservação de habitats, inclusive a Diretiva Quadro da Água (princípio de recuperação de custos) Dinamização do emprego regional, já a partir da Atração de empresários estrangeiros e mão-de-obra obra imigrante sob condições precárias e desfavoráveis, como a obra mesmo demonstrou Fonte: Veiga (2007). Assim, torna-se apropriado combater os períodos críticos por meio de subsídios e obras públicas17, inclusive se estas dinamizam também setores poderosos como a construção civil, sempre dependentes de estímulos do Estado e capazes de gerar grande influência sobre projetos de infra-estruturas hídricas18. Nesse sentido, MERGULHÃO (1997) afirma que Portugal vem adotando claramente uma concepção funcionalista do desenvolvimento, cujo insucesso se arrasta desde o Estado Novo19, reforçando a sua litoralização e o consequente abandono de zonas interiores. Os resultados da adoção deste modelo, para ele, encontram-se na falta de equilíbrio entre o crescimento econômico e as dimensões sociais e ecológicas do desenvolvimento, causando desemprego, exclusão social e degradação do ambiente. Mesmo com a aposta na conversão das propriedades rurais em regimes mistos de irrigação e sequeiro (sua principal medida estruturante), surgem questionamentos sobre a viabilidade do sistema de rega, não só pelas características dos solos da região, como pela questão da desertificação humana, pelo panorama pouco positivo na reocupação do Alentejo pelos migrantes, além da necessária planificação rural condizente com os constrangimentos da Política Agrícola Comum, como nos coloca um autarca do Município de Évora: “Eu não creio que Alqueva seja a solução para todos os problemas do Alentejo – nem sequer para os problemas agrícolas. Só uma parte menor do Alentejo é susceptível de intensificação agrícola (...). Agora há coisas que me preocupam relativamente a Alqueva. Preocupa-me não haver ainda (...) um conjunto de actividades de formação, investigação aplicada, que permitam antever que daqui por dois ou três anos, quando Alqueva tiver água para começar a regar, quando estiverem instalados os primeiros blocos de rega, que esteja tudo preparado para as pessoas saberem o que vão cultivar, saberem os mercados que podem atingir, ter a produção organizada, (...) ter tudo preparado para que não suceda aquilo que pode vir a suceder – e que seria uma tragédia – que é termos água e não haver agricultores, ou então os agricultores começarem a produzir e, depois, não terem êxito econômico das suas explorações (...). Mas não se pense que o Alentejo conseguirá – digamos assim – nos mesmos 50 anos em que perdeu um terço de sua população, vir a ganhar esse terço de população, daqui a 50 anos outra vez! Eu não acredito nisso (...) a grande diáspora alentejana está nas grandes cinturas industriais de Lisboa e Setúbal. (...) a sua vinda para a região de origem, não acompanhada de recursos financeiros, para eles próprios investirem no seu negócio, nalgum aspecto pode ser – até – negativo, pela idade das pessoas e, portanto, pela sua capacidade.” RAIMUNDO (2001:121; 123). Se de um lado Alqueva propicia a continuidade da relação entre os grupos dominantes e os historicamente dominados e excluídos do processo de desenvolvimento, por outro, estes são obrigados a considerar a possibilidade concreta dos benefícios do empreendimento serem aplicáveis mais para empresários exógenos com capacidade de investimento e condições de inovação20 (incluindo-se atração de obra imigrante sujeita a condições precárias) do que para os próprios produtores alentejanos21, para os quais o desenvolvimento deveria ser prioritário, como receia o próprio presidente da EDIA em 1999: “Seria desejável que fossem agricultores alentejanos, mas com certeza que não rejeitaria a possibilidade – eu enquanto português – de se estabelecerem ao nível de produção, algumas parcerias com outros. Enfim, veria menos bem – porque desejaria que assim não ocorresse – é que fossem só estrangeiros a fazer esse aproveitamento em exclusivo” RAIMUNDO (2001:30). A grande maioria dos agricultores envolvidos nos projetos de regadio – naturalmente não os grandes proprietários – são de idade avançada, com pouca disponibilidade para investimentos e não contam com a continuidade da família na exploração da terra. A população ativa que migrou e emigrou no Alentejo nas décadas em que se discutia o desenvolvimento da região pela intervenção de Alqueva assume, atualmente, uma nova organização social nos centros urbanos, ainda desconhecida e pouco abordada nos estudos mais recentes. Entretanto, sabe-se que a intervenção na questão demográfica tem como vertente fixar o contingente populacional existente, mas não se constitui em uma esperança para os jovens da região, assim como não se coloca como uma alternativa de retorno da população ativa que deixou o Alentejo nas últimas décadas em busca de oportunidade e qualidade de vida. A fixação dependeria do sucesso da conversão de parte das terras para o sistema de regadio e mudança nas culturas praticadas tradicionalmente dentro do panorama da PAC. Além disso, o processo de conversão não pode ignorar a perspectiva de diversificação da produção e a identidade cultural que associa os cultivos tradicionais com a manutenção da biodiversidade local, como nos adverte o Sr. Raimundo, deputado representante Évora, temeroso da dependência da agricultura dos subsídios comunitários: “Hoje, quem está a fazer cereais, por exemplo, dificilmente tem condições para passar para outros sistemas culturais porque não tem sistemas de apoios que lhe permitam fazer essa transição, numa agricultura que, infelizmente, cada vez está mais dependente dos apoios e subsídios e das subvenções resultantes da reforma da Política Agrícola Comum. Logo, é preciso uma política, especificamente orientada, para uma reconversão dos sistemas culturais agrícolas alentejanos, onde tenha lugar o regadio e as produções chamadas mediterrânicas (a vinha, que tem tido sucesso e que se pode continuar a desenvolver na região; o olival; os hortofrutícolas). Mas, também a pecuária extensiva; os cereais, que não podemos deixar de fazer; as produções regionais de denominação de origem e que são uns nichos de mercado cada vez mais procurados; os enchidos; os queijos; etc. E também políticas que valorizem o nosso montado, numa perspectiva de aproveitamento integrado de todos os ecossistemas” RAIMUNDO (2001:298). O mesmo deputado, pertencente ao Partido Comunista Português que foi autor de um projeto de revisão da situação fundiária amplamente rejeitado pelos demais partidos políticos22, chama a atenção para um fator preponderante na dinamização do desenvolvimento regional, a partir da mudança no regime de propriedade característico do Alentejo: “isto nunca será feito, se a estrutura fundiária da propriedade continuar concentrada num conjunto de famílias, que tradicionalmente, têm dominado a propriedade latifundiária no Alentejo e que a redistribuem, dentro sempre dos mesmos clãs familiares, repetindo os processos produtivos anteriores e, portanto, mantendo uma agricultura defasada das potencialidades da região e das necessidades de uma época, (...). É preciso que a terra, no Alentejo, cumpra a sua função produtiva e social, ao contrário do que tem acontecido” RAIMUNDO (2001:298). Este debate torna-se oportuno, pois exclui a condição dogmática dos elementos do EFMA, que deveriam ser amplamente debatidos para constituição de orientações adequadas para a sua inserção em um processo de desenvolvimento no Alentejo, e não o contrário: o desenvolvimento do Alentejo a partir do EFMA. Entretanto esta perspectiva tornou-se arriscada para interesses políticos dos detentores do processo de implantação do empreendimento. Para BOISIER (1996), “as regiões se encontram, a todo o momento, articuladas entre si por relações de dominação e dependência, hierarquicamente ordenadas”, ou seja, por meio de uma dominação quantitativa ou qualitativa (que pode assumir contorno ideológico), determinadas regiões são preteridas em detrimento de outras, cujo desenvolvimento se não é freado, é usado a favor daquelas que controlam o poder político e não da população das regiões dependentes. Para manter e ampliar esse poder político, Alqueva também é tido como elemento estratégico nos processos eleitorais em 1991, 1995 e 2002, o que é percebido com base na maneira com que os fatos que envolveram sua implantação estiveram sempre associados a períodos políticos estratégicos23. Se GOMES PINTO (2002) chamava a atenção de que Alqueva era elemento corrente no discurso de candidatos de vários partidos às eleições legislativas em outubro de 1995 e às eleições presidenciais em 1996, é o Partido Socialista (PS) que assume a condução de Alqueva após os esforços do Partido Social Democrata (PSD), maioria no poder desde 1991, em autorizar o empreendimento. Ressalta-se, entretanto, que de maneira alguma se pretende estabelecer uma relação entre Alqueva e os resultados das eleições nos períodos de maior movimentação política em torno do empreendimento. Mas, enquanto o PS e o PSD revezam-se no poder central, as eleições autárquicas em boa parte do Alentejo tem historicamente o Partido Comunista Português com maioria desde as eleições pós “25 de abril”24. Esta situação altera-se somente quando, em 2001, o PS obtém maioria nas eleições autárquicas no Distrito de Beja, além do fato deste partido ter tido um crescimento exponencial no Alentejo, exatamente durante o processo de implantação do EFMA. Uma tensão política entre o Governo Central e as autarquias locais é demonstrada nas preferências dos eleitores ao elegerem autarcas na Assembléia e Câmara dos municípios em sua maioria do partido de oposição, obrigando o Governo Central a empreender esforços para conquistar o eleitorado em âmbito local, como por exemplo, distribuir cargos nos órgãos desconcentrados do Estado (a CCDR25, por exemplo). Assim, criam-se disputas políticas na liderança pelas instituições e programas de desenvolvimento da região, entre duas tendências – uma de atuação local, com pouca expressão nas eleições nacionais (pertencente ao Partido Comunista Português) e outra que ocupando historicamente o poder central não tem investido adequadamente ao longo dos anos no desenvolvimento efetivo do Alentejo, como coloca um membro do Comitê Central do PCP: “Quanto custou ao Alentejo, e para que serviu, a criação da estrutura chamada – PróAlentejo - que agora foi ou está a ser desactivada? Para que serviu, senão para a promoção pessoal de um conhecido dirigente regional e nacional do partido no poder?” RAIMUNDO (2001:91). No entanto, torna-se uma contradição que uma obra do vulto e custo do EFMA, no intuito de conquistar simpatia política, seja implantada em uma região cujo relativo desinteresse político tem sido demonstrado com a falta de investimentos estruturais permanentes – afinal, o Alentejo representa 7% da população do país. Sobre esta questão, um deputado de Évora acrescenta: “ (...) dos quais o mais evidente é que uma região com pouca população, uma região com poucos votos – é uma região pouco atractiva, para que os políticos canalizem para ela investimentos importantes, na medida em que, do ponto de vista dos ganhos políticos – em termos eleitorais, em termos de votação – há sempre mais tendência, que é natural – embora criticável – de privilegiar zonas onde o número de potenciais votantes seja, portanto maior” RAIMUNDO (2001:124). Torna-se clara a necessidade de uma reorientação – não dos eixos estratégicos do projeto, mas da forma de implantação de suas futuras componentes e revisão dos impactos e constrangimentos causados até o momento, bem como da concepção do modelo de desenvolvimento empregado. Entretanto, apontar a medida destas reorientações trata-se de uma tarefa difícil não só pelo fato de que este processo deve ser construído a partir de um debate em que participe a população alentejana, como pela necessidade de desenraizamento do pressuposto de Alqueva como propulsor do desenvolvimento do Alentejo. Esta tarefa torna-se a ainda mais complexa uma vez que o EFMA não é uma idéia isolada, mas faz parte de um pensamento hegemônico que vigora desde o Estado Novo a respeito de como deve ser o modelo de desenvolvimento em Portugal. Esta concepção tem um longo caminho a ser percorrido no sentido de sua desconstrução para permitir a releitura do EFMA como elemento de um processo de desenvolvimento concebido de maneira ampla e gerado a partir do Alentejo e não designado pelo governo central, atendendo a interesses funcionais de subordinação da região em função do desenvolvimento histórico do litoral do país. 4. Conclusões Com base nos argumentos expostos, procuramos com o presente artigo chamar a atenção de que os benefícios do EFMA – dados seus impactos, constrangimentos e incertezas – possivelmente não sejam sentidos pela ampla população alentejana, constituindo-se, ainda, na continuidade do processo histórico de marginalização das sociedades locais do processo de desenvolvimento. No entanto, as elites econômicas e os grupos que controlam a terra e os meios de produção terão benefícios em relação às demais parcelas da sociedade, na medida em que tem condições de investimento, contando com um processo de atração de mão-de-obra barata para uma agricultura com demandas sazonais, mecanizada e dependente de subsídios para competir no mercado comum europeu. Mesmo assim, restam ainda incertezas em relação à aposta neste modelo de reconversão das terras em regadio devido às reorientações da PAC, advertidas por analistas do setor. Refletimos ainda sobre o processo de “alquevização” da sociedade, ao que chamamos o efeito da dominação ideológica sobre a população – do nacional ao local – que deslocou o debate sobre a revisão do modelo de desenvolvimento do Alentejo, para uma reivindicação unânime por uma obra que durou mais de meio século. Alqueva, como idéia-força, estaria então associada ao projeto hegemônico do governo português de desenvolvimento para o Alentejo onde as elites continuam a exercer poder e influência sobre os destinos da população local. Notas 1 SERRÃO (1995) relata que a política do governo que intensificou a produção de trigo nos campos portugueses (Campanha do Trigo nos anos 1930) teve graves impactos sobre o meio ambiente no Alentejo e teve um alcance insuficiente para o desenvolvimento da região, tais como as políticas que se seguiram: Plano de Fomento Pecuário, a Reforma Agrária de 1974, o PROCALFER do início dos anos 80 e mais recentemente a Política Agrícola Comum, com elementos das políticas anteriores de maneira mais equilibrada e reconhecendo o agricultor como um agente do desenvolvimento rural sustentável. 2 Sobre esta questão, consultar o trabalho de BAPTISTA & VASCONCELOS (2005) que descrevem como a barragem de Alqueva tornou-se mito no ideário nacional português. 3 MELO (2002); ONGAS (2001), SEQUEIRA (2000); ADVISOR (2002). 4 Para compreender a cronologia e conflitos sob diferentes pontos de vista em relação à Alqueva, ver BAPTISTA &VASCONCELOS (2005); GOMES PINTO (2002); MELO (2002) ou ALVAREZ (2002). 5 RAMOS (1992), inclusive, afirma em um estudo de uma freguesia no Alentejo, que abandonar o local de origem já faz parte do ideário dos jovens locais. 6 TRINDADE (1997); BARROS (1986); CUTILEIRO (2004); RAMOS (1992); SANTOS (1997); CORREIA (2005); PINTO DE SÁ, (1989), entre outros. 7 MOSCA (1997); SILVA (1995) e PINTO DE SÁ (1989) apontam na história do Alentejo, uma relação funcional entre a industrialização tardia da região e o latifundismo como estrutura fundiária e forma de organização social. 8 CUTILEIRO (2004) descreve o processo de repartição das terras comunais (baldios), administradas pela Junta de Freguesia, que até então tinha um papel mais dinâmico na administração local graças aos tributos sobre as atividades comunais que permitia o sustento de suas ações. A repartição dos baldios é descrita pelo autor como uma das mais significativas alterações na situação fundiária a partir do Século XIX no seu estudo de caso, cujas conclusões neste sentido foram apontadas também por estudos mais recentes, como o de CORREIA (2005). 9 SERRÃO (1995) afirma que a o modelo produtivo da reforma agrária ainda é similar ao da Campanha do Trigo, e não promoveu ajustes estruturais necessários na agricultura alentejana. 10 CORREIA (2005) nos leva a entender a partir de seu estudo no Alentejo Central, que a estratégia de evitar a perda de controle das grandes propriedades no pós 25 de abril foi a entrega voluntária de propriedades aos colonos locais que mantinham vínculos morais de subordinação aos grandes proprietários. 11 RODRIGUES (1987), por exemplo, considerava os projetos e políticas de desenvolvimento para o meio rural, em um Concelho do Baixo Alentejo, defasados em relação à realidade local, além de desconhecerem fatores sócio-culturais da população, enquanto SERRÃO (1995) considera que as limitações ambientais do Alentejo nunca foram impedimento para as políticas inadequadas do governo central. 12 Esta cronologia pode ser vista em FIALHO PINTO (1986) e GOMES PINTO (2002). 13 FIALHO PINTO (1986). 14 MELO (2002) espantou-se de não haver, a exemplo dos conflitos frequentes que envolvem obras de aproveitamento hidroelétrico com a consecutiva inundação de grandes áreas naturais, nenhuma contestação por parte das populações afetadas pelo empreendimento. 15 Sobre as características técnicas do EFMA, consultar www.edia.pt. 16 Ver por exemplo o trabalho de GOMES PINTO (2002). 17 BARROS (1986) descreve três medidas de contenção de crises de desemprego no Alentejo: (1) os lavradores eram compelidos a absorverem os desempregados (que entrou em desuso em meados de 1950); (2) as “obras de crise” destinadas a absorver mão-de-obra desempregada promovidas pelas autarquias locais; e (3) distribuição de auxílios aos mais necessitados. PINTO DE SÁ (1989) confirma o procedimento de promover obras públicas para evitar as tensões sociais nas crises de desemprego causadas pelas desigualdades sociais na estrutura agrária do Alentejo. 18 BAGANHA et al (2001) citam o Estado como cliente e promotor da construção civil no campo das infra-estruturas financiadas pelos Quadros Comunitários de Apoio; enquanto CALVARIO (2004) aponta que o setor da construção civil é fonte de pressão para que obras públicas nos domínios das infra-estruturas hídricas, por vezes sem qualquer indicação de sustentabilidade, sejam realizadas. ARAUJO (s/d) afirma que certamente a indústria da construção civil em Portugal beneficia-se com uma construção como a do Alqueva. 19 Regime político conservador e autoritário vigente de 1933 até 1974 em Portugal. O período que teve por primeiro-ministro Antonio de Oliveira Salazar – de 1932 até 1968 é conhecido por Salazarismo e se sobrepõe em características ao Estado Novo. 20 ALVAREZ (2002) comenta que vem existindo compra de terras por empresários espanhóis em boa escala. 21 FRAGOSO (2001) revela que no seu estudo de caso no Bloco de Rega da Infra-Estrutura 12 do EFMA, 67 % da área de regadio estão nas mãos dos 75% de produtores com mais de 50 anos, que preocupam-se mais com a sua sucessão na atividade e na reforma do que em novos investimentos e inovações (mas 60% destes não possuem familiares – devidos sucessores – na atividade produtiva). 22 Preocupado com a possibilidade de Alqueva servir a interesses que não os do progresso social do Alentejo, o PCP apresenta um projeto de Lei à Assembléia da República em setembro de 2001, que previa uma reorganização da estrutura fundiária e a garantia de acesso a terra entre outros itens correlatos. 23 A inauguração da barragem foi marcada inicialmente para dezembro de 2001, o mesmo período das eleições autárquicas do mesmo ano. 24 CUTILEIRO (2004) já relatava que o PCP obtinha mais apoio no Alentejo que em outras regiões de Portugal, devido ao processo de apropriação ilegítima da terra que revoltava os agricultores desde a repartição dos baldios. 25 Comissão de Coordenação e do Desenvolvimento Regional, sob tutela do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional. 5. 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