História Fascículo 06 Cinília Tadeu Gisondi Omaki Maria Odette Simão Brancatelli Índice História Geral A relação entre as guerras mundiais....................................................................................................1 Exercícios............................................................................................................................................2 Gabarito.............................................................................................................................................4 História Geral A relação entre as Guerras Mundiais “As guerras são momentos nos quais as transformações históricas que vinham ocorrendo aceleram-se intensamente”. Bouthoul e Mosca As duas Guerras Mundiais podem ser consideradas “guerras de redivisão de mercados”, pois as contradições e tensões políticas, ideológicas e econômicas entre algumas nações capitalistas geraram um intrincado sistema de alianças, uma ameaçadora corrida armamentista e perigosas crises localizadas. O grande momento do continente europeu aconteceu durante o século XIX, em particular em sua segunda metade, quando se deu a hegemonia do sistema capitalista. Nesse sentido, no plano político merece destaque o movimento das nacionalidades, com a unificação da Itália e da Alemanha e, no plano econômico, a Segunda Revolução Industrial, o Neocolonialismo e a divisão internacional do trabalho. O longo período de paz, desde a Guerra Franco-Prussiana (1870-71), em uma Europa fortalecida e próspera, alimentou a imaginação de todos, de que os bons tempos nunca acabariam, mas os dias da “belle époque” estavam contados. Muitas são as causas do primeiro conflito mundial, a corrida imperialista; o forte nacionalismo; a quebra do equilíbrio europeu, com a unificação da Alemanha e sua rápida ascensão à condição de jovem potência; a política de alianças e as tensões localizadas. As crises no Marrocos e nos Bálcãs que precederam a Primeira Guerra Mundial (1914-18) constituíram-se em tensões internacionais, pois refletiram os interesses econômicos e políticos de países europeus, que na conjuntura imperialista, disputavam mercados e áreas de influência. Buscando isolar a França, a Alemanha aproximou-se do Império Austro-Húngaro e da Itália, formando a Tríplice Aliança durante o último quartel do século XIX. Acuada a França procura firmar alianças com a Rússia e a Inglaterra, gerando a Tríplice Entente. A disputa pelo Marrocos, região rica em minérios e estrategicamente localizada, agravou as divergências entre Alemanha e França, em particular quando foi estabelecida a vitória francesa. Paralelamente, a Rússia ao se aliar à Tríplice Entente buscava proteger-se do expansionismo austríaco sobre os Bálcãs. A meta do Império Austro-Húngaro era a de bloquear o crescimento da Sérvia e da Rússia sobre os povos eslavos. Além da rivalidade com a Áustria, a Rússia estava em choque com o Império Turco-Otomano, pois desejava conquistar o controle sobre Bósforo e Dardanelos, importantes pontos estratégicos. Nos Bálcãs, a Sérvia pretendia impor a sua hegemonia sobre os povos eslavos e formar a “Grande Sérvia”, opondo-se, diretamente, aos objetivos austríacos, turcos, russos e búlgaros. O quadro geral aproximou Sérvia e Rússia. A trama estava toda montada e o ponto final que deflagrou a guerra foi o assassinato do herdeiro do trono austríaco, o arquiduque Francisco Ferdinando, em Serajevo, por um nacionalista da Bósnia. O conflito tornou-se mundial devido ao sistema de alianças. A Primeira Guerra Mundial apresentou uma intensa movimentação nos seus primeiros e últimos anos, mas foi em 1917 que houve a definição do confronto, com a entrada dos Estados Unidos ao lado dos países da Entente e a saída da Rússia devido a Revolução Bolchevista. A Grande Guerra somente terminou em novembro de 1918, quando a Alemanha aceitou o armistício. O trauma provocado pelo conflito mundial não evitou que as potências vencedoras cometessem excessos. As severas determinações impostas a Alemanha pelo Tratado de Versalhes, provocaram um forte nacionalismo revanchista, que possui direta relação com o estabelecimento do nazismo e a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Os principais tratados foram o de Versalhes sobre a Alemanha e de Saint-Germain e Sèvres que fragmentaram o Império Austro-Húngaro e Turco-Otomano, respectivamente. O abuso das nações democrático-liberais sobre os perdedores, em particular a Alemanha, e vencedores marginalizados, como a Itália e o Japão, mais a ameaça do “perigo vermelho” representado com a vitória da primeira revolução socialista, e as duras conseqüências da Crise de 1929, geraram uma progressiva degradação dos ideais liberais e democráticos, facilitando a emergência de regimes totalitários de extrema direita (Nazifascismo). O contexto que separou a duas Guerras Mundiais ficou ainda mais agitado e frágil com a adoção da Política de Apaziguamento, caracterizada pela não reação das potências democráticas às agressões do nazifascismo e a falência da Liga das Nações, criada após a Primeira Guerra para tentar evitar novos confrontos. Dentro da política expansionista nazista do “espaço vital”, a invasão da Polônia (1939) foi o estopim de mais um conflito mundial, negando o comentário de que a “Primeira Guerra seria a guerra para acabar com todas as guerras”. O novo conflito só terminou em agosto de 1945, após o lançamento das bombas atômicas americanas sobre Hiroshima e Nagasaki. Iniciando uma nova fase de tensões, crises, desconfianças e medo, em um mundo bipolarizado (capitalismo X socialismo) e em Guerra Fria. Prof.a Cinilia Tadeu Gisondi Omaki Exercícios 01. (Puccamp 95) I. “... longe (...) das melodiosas valsas vienenses (...) eram audíveis os lamentos das nacionalidades abortadas pela prepotência dos grandes impérios...” II. “... o capitalismo se transformou num sistema de opressão colonial e de asfixia financeira da intensa maioria da população do globo por um punhado de países avançados...” Aos textos pode-se associar: a. a Comuna de Paris. b. a Primeira Guerra Mundial. c. o conflito Sino-Soviético. d. o Congresso de Viena. e. a política da Santa Aliança. 02. (Cesgranrio 93) Considerando-se as relações internacionais presentes na conjuntura pré-Primeira Grande Guerra, podemos afirmar que: I. II. III. IV. V. As rivalidades anglo-germânicas foram agravadas pela construção da Estrada de Ferro Berlim-Bagdá. As pretensões da Rússia de dominar os Estreitos de Bósforo e Dardanelos aumentaram os seus conflitos com o Império Turco. As desavenças entre a Sérvia e o Império Austro-Húngaro estavam diretamente ligadas à disputa pela anexação da Bósnia-Herzegovina pela Inglaterra. A morte do futuro Imperador Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando, em Serajevo, na Bósnia, precipitou o início da Guerra. A união da Inglaterra, França e Japão para formar a Tríplice Entente foi uma maneira de neutralizar a Tríplice Aliança, que unia Alemanha, Rússia e Itália. Estão corretas as afirmativas: a. somente I, II e III. b. somente I, II e IV. c. somente I, III e V. d. somente II, III e IV. e. somente III, IV e V. 03. (Fuvest 99) “As lâmpadas estão se apagando na Europa inteira. Não as veremos brilhar outra vez em nossa existência”. Sobre esta frase, proferida por Edward Grey, secretário das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, em agosto de 1914, pode-se afirmar que exprime: a. a percepção de que a guerra, que estava começando naquele momento e que iria envolver toda a Europa, marcava o fim de uma cultura, de uma época conhecida como a Belle Époque; b. a desilusão de quem sabe que a guerra, que começava naquele momento, entre Grã-Bretanha e Alemanha, iria sepultar toda uma política de esforços diplomáticos visando evitar o conflito. c. a compreensão de quem, por ser muito velho, consegue perceber que também aquela guerra, embora longa e sangrenta, iria terminar um dia, permitindo que a Europa voltasse a brilhar; d. a ilusão de que, apesar de tudo, a guerra que estava começando, iria, por causa de seu caráter mortal e generalizado, ser o último grande conflito armado a envolver todos os países da Europa; e. a convicção de que a guerra que acabava de começar, e que iria envolver todo o continente europeu, haveria de suceder uma outra, a Segunda Guerra Mundial, antes da paz definitiva ser alcançada. 04. (Mackensie 97) O filósofo francês Jean-Paul Sartre, falecido em 1980, foi convocado para servir ao exército ao eclodir a Segunda Guerra Mundial. Ele registrou em um diário: “(... ) tenho vergonha de confessar, começo a esperar o fim da guerra. Oh, é uma crença imaginária, eu a espero como durante o inverno de 38 esperava o fim da paz, sem acreditar. Mas afinal, estou tão deslocado da guerra como em 38 - 39 estava deslocado da paz.” J. P. Sartre, Diário de uma Guerra Estranha Destaque os acontecimentos ocorridos antes da ofensiva alemã, que levaram o filósofo, em 38-39, a sentir-se deslocado da paz. a. A assinatura do Pacto Anti-Kominterm e a realização da Conferência de Potsdam. b. A formação da Liga das Nações e a invasão da URSS. c. A Conferência de Munique e Pacto de Não-Agressão Nazi-Soviético. d. A Conferência de Yalta e a divisão da Alemanha. e. O rompimento dos acordos de paz de Brest-Litowsky e a consolidação de duas superpotências. 05. (Cesgranrio 93) Com o final da Segunda Guerra Mundial, os países vitoriosos procuraram criar vários mecanismos internacionais que buscassem o desenvolvimento do planeta de forma mais harmônica. É dessa época a criação do seguinte organismo: a. ONU- para a constituição de um exército internacional para por fim às guerras. b. OTAN - para a desmilitarização dos países ocidentais e a diminuição das zonas de conflito. c. GATT - para a implantação de uma tarifa única sobre os produtos e serviços internacionais. d. UNESCO - para a melhoria da qualidade alimentar das populações miseráveis do Terceiro Mundo. e. FMI - para ajudar financeiramente aos países membros, quando em dificuldades. Gabarito 01. Alternativa b. Nacionalismos exaltados e conflitos relacionados ao imperialismo, no início do século XX, criaram uma atmosfera de tensão e instabilidade, agravada pelas alianças, corrida armamentista e as crises localizadas (marroquinas e balcânicas), que levaram a Europa e o mundo para a Primeira Grande Guerra (1914-1918). 02. Alternativa b. Um dos principais motivos das crises balcânicas tem relação com o nacionalismo sérvio e sua meta de formar a “Grande Sérvia”, opondo-se diretamente aos interesses austríacos, turcos, russos e búlgaros. A tensão entre Sérvia e Império Austro-Húngaro aumentou quando a Bósnia-Herzegovina, cobiçada pelo governo sérvio, foi anexada pela Áustria, que também impediu que a Albânia fosse incorporada pela Sérvia. Neste contexto, intensifica-se a atuação de várias sociedades nacionalistas secretas, como a Mão Negra que assassinou o herdeiro do trono austríaco Francisco Ferdinando, em Serajevo, precipitando o início da guerra, que se tornou mundial devido as alianças – Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria e Itália) e Tríplice Entente (França, Grã-Bretanha e Rússia). 03. Alternativa a. A expressão francesa Belle Époque é usada para caracterizar o período de otimismo, felicidade, tranqüilidade social, expansão capitalista e hegemonia burguesa, do final do século XIX e início do XX, de uma Europa que, aparentemente, nunca perderia a posição de força e influência sobre os demais continentes. 04. Alternativa c. O expansionismo militarista germânico durante a década de 1930 foi um importante fator para a Segunda Guerra Mundial, neste contexto merecem destaque a Conferência de Munique e o Pacto de Não-Agressão Nazi-Soviético. A pretensão alemã de anexar os Sudetos (região habitada por minoria alemã e pertencente à Tchecoslováquia) gerou o Acordo de Munique (1938), firmado pela Alemanha, Itália, França e Grã-Bretanha, determinando que a área dos Sudetos seria incorporada à Alemanha, que não poderia tomar outras áreas tchecas. No entanto, em 1939, violando o Acordo, Hitler invade o restante da Tchecoslováquia, ampliando o III Reich. O Pacto de Não-Agressão Nazi-Soviético, firmado em 23 de agosto de 1939, entre Hitler e Stálin, evitou a reação de Moscou, quando a Alemanha invadiu a Polônia. Tal fato provocou a imediata reação anglo-francesa, iniciando a Segunda Guerra Mundial. 05. Alternativa e. Uma das conseqüências da Segunda Guerra Mundial, foi a redação da Carta da Nações Unidas, em 1945. Os principais objetivos da ONU são o de preservar a paz e a segurança mundial, além de desenvolver a cooperação entre os povos, buscando soluções para os vários problemas econômicos, sociais, culturais e humanitários, defendendo os direitos humanos e as liberdades primordiais. Os cinco principais órgãos da ONU são o Conselho de Segurança, Assembléia Geral, Secretariado, Corte Internacional de Justiça e Conselho Econômico e Social, ao qual estão ligados o FMI (Fundo Monetário Internacional), GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio, transformado em OMC), UNESCO (Organização Educacional, Científica e Cultural), UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), entre outros.