18 — QUARTA-FEIRA, 9 de março de 2005 RURAL CORREIO DO POVO Reunião da seca adiada para hoje Encontro entre movimentos sociais e grupo de ministros pode trazer alento a pequeno agricultor adiamento da reunião interministerial que aconteceria ontem, em Brasília, e trataria O sobre as formas de auxiliar os atingidos pela seca, frustou as expectativas dos produtores rurais. O encontro, com técnicos de 11 ministérios, acabou sendo transferido para hoje, a pedido da Casa Civil. A terça-feira foi marcada por bloqueios em diversas rodovias do Estado para pedir a ação imediata dos governos estadual e federal no socorro aos agricultores afetados pela estiagem. De acordo com Rudimar Dal’Asta, integrante da Pastoral da Terra e da Via Campesina, as manifestações podem ser intensificadas nos próximos dias. “Devem haver protestos diários até que o governo ajude os agricultores. A situação está caótica e precisamos garantir pelo menos a alimentação dessas famílias e do gado”, disse Dal’Asta. A Fetraf-Sul, que também promoveu manifestações, cobra uma ação rápida e eficaz dos governos na ajuda LULA HELFER / ESPECIAL / CP lamenta o coordenaaos agricultores. dor-geral da FetrafUma reunião realizada Sul, Altemir Tortelli. ontem entre a federação, A Via Campesina BB e Ministério do Deavalia que as medidas senvolvimento Agrário apresentadas pelo gotentou encontrar soluverno do Estado são ções para a determinainsuficientes. O movição legal de que as vistomento pede créditos rias referentes aos conemergenciais, alongatratos do seguro da agrimento do prazo para cultura familiar sejam pagamento de dívidas individuais. Por haver e laudo de perdas gecerca de 190 mil contraneralizado. Em Santa tos somente no RS, a Fe- Em Santa Cruz, fumicultor protestou também por preço Cruz, o Movimento traf quer que sejam feitas vistorias por município, dos Pequenos Agricultores (MPA) protestou por o que agilizaria o processo de liberação dos recur- melhor remuneração aos produtores de fumo e sos. “As perdas são generalizadas na milho e na autorização do governo federal para exportar o soja. Em todos os locais, a paisagem é a mesma”, produto em folha, sem intermédio das empresas. Mulheres rurais condenam desigualdades Mais de cinco mil pessoas de 15 municípios das regiões Central e Vale do Rio Pardo fizeram ontem, no Gadolando garante Feira de Terneiros Ginásio Arrozão, em Cachoeira do Sul, durante o 11º Encontro de Famílias Rurais, um apelo pela paz enLUÍS BACEDONI / ESPECIAL / CP tre os povos. O manifesto integra a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, documento final do encontro, no qual elas condenam a exclusão e desigualdades sociais e pedem mais respeito, tolerância, justiça e solidariedade. Entre os temas discutidos, estão a Previdência Social, o Pronaf Mulher e o Fumo. As trabalhadoras debateram formas de agiliDia Internacional da Mulher é marcado por ato zar o processo de aposentadoria e a maior valorização do trabalho. “Os serviços da Previdência ainda precisam atingir plenamente o universo das trabalhadoras rurais”, diz Cleudia Camargo, coordenadora das mulheres rurais de Cachoeira do Sul. Estiveram em pauta ainda a lavoura de fumo, um dos pilares de sustentação enconômica da região, a adesão do Brasil à Convenção Quadro e o processo deextinção da lavoura também renderam debates. O evento, alusivo ao Dia Internacional da Mulher, foi promovido por entidades ligadas às famílias e trabalhadores rurais da região. Prefeitos se unem contra perda MMC não descarta Exportação de carne invasões no Estado supera as 85 mil t Unificar as ações contra os efeitos da estiagem na economia e no agravo social. Este foi o objetivo de prefeitos e secretários de Agricultura de 14 dos 16 municípios atendidos pela Copalma, de Palmeira das Missões, que estiveram reunidos, ontem à tarde, na sede da cooperativa. A Copalma atende 4,5 mil famílias através das 12 unidades espalhadas pelos 16 municípios. Para 2005, esperava receber três milhões de sacas de soja e 500 mil de milho antes da seca, mas reduziu para 500 mil de soja e 100 mil de milho, conforme o presidente Daniel Witeck. Na região, segundo os prefeitos, a produção já está 80% perdida e a principal preocupação agora é com a falta de crédito, o colapso da economia e o agravo dos problemas sociais como o desemprego e a ausên- cia do dinheiro circulando. O Ministério da Agricultura têm dúvidas sobre levantamentos da Emater-RS para a Conab, e desconsidera dados oficiais do IBGE que revelam a situação da agricultura na região. A quebra na pequena propriedade já é de 100% em quase todas as atividades, com perda menor na produção de leite, pois a soja está servindo de alimentação animal. Na média e grande propriedade, as perdas ultrapassam os 80%. Se não ocorrerem chuvas fortes nos próximos dias, os prefeitos decretarão em conjunto estado de calamidade pública, amparada por lei. Também participaram do encontro dirigentes da Emater-RS, Copalma, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Associação Comercial (Acaip) e Sindilojas do município. O Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) não descarta invadir trecho da BR-101 em Três Cachoeiras e uma fábrica em Palmeira das Missões, região ocupada desde domingo por centenas de produtoras para marcar o Dia Internacional da Mulher. A condição é o não-atendimento das reivindicações encaminhadas ao governo federal, entre elas linha de crédito no valor individual de R$ 1,5 mil para aquisição de alimento (e não de grãos) e R$ 3,6 mil para compra de sementes de culturas de inverno. Também é solicitada irrigação para os três estados do Sul e a reposição dos R$ 2 bilhões cortados do orçamento da União, até então destinados à agricultura familiar. Luciana Piovesan. uma das coordenadoras nacionais do MMC no RS, questiona o que chama de “privilégios do agronegócio na política agrícola do governo”, em detrimento da agricultura familiar, motivo do bloqueio ao portão da indústria. “ O acesso à previdência também é uma das nossas bandeiras”, disse. ALEGRETE PARQUE DO SINDICATO RURAL PREFERENCIAL DE VENTRES AMANHÃ - 5ª FEIRA - 18h30min 750 BOVINOS 350 vacas solteiras 150 vacas c/ cria 250 NOVILHAS 1½ e 2½ anos DESTAQUES: 3 lotes de 70 vacas vazias especiais e 80 com cria uma só marca. COMISSÃO COMPRADOR: 4% FONES: (55) 422-4664/4457 SITE: agendaremates.com Gadolando e Febrac garantiram ontem, após encontro, a realização da Feira de Terneiros durante a 1ª Fenasul – mostra que engloba a Expoleite, programada para 25 a 29 de maio, em Esteio. “A liberação de crédito oficial, já confimada pelos agentes financeiros, garante a participação dos terneiros”, sinalizou o presidente da Gadolando, José Ernesto Ferreira. Ainda não está definido o prazo final para adesão das asssociações de raças. Segundo o dirigente, o volume de recursos ainda não está determinado, mas juros e prazos de carência serão acessíveis. As exportações brasileiras de carne bovina totalizaram 85,19 mil toneladas em fevereiro, desempenho 24,5% superior ao mesmo período no ano passado. Em relação a janeiro, no entanto, ocorreu queda de 4,5%. A receita no período foi de 184,35 milhões de dólares, considerada estável em comparação com o mês anterior mas 28,6% superior a fevereiro de 2004. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior, os resultados ainda evidenciam o impacto do embargo da Rússia ao produto brasileiro. A retomada das exportações para aquele país deve se refletir já nas vendas deste mês. Cotações Soja-Grão – Bolsa de Chicago US$ Bushel 08/03/05 Variação Fecham. Março/2005 + 0,11 6,19½ Maio/2005 + 0,09¼ 6,25½ Julho/2005 + 0,09¼ 6,29¼ Agosto/2005 + 0,08 6,26¼ Bovino gordo em pé/kg Semana de 28/02 a 04/03 (*) Boi Vaca Mínimo R$ 1,45 R$ 1,30 Máximo R$ 1,70 R$ 1,40 Fonte: (*) Emater Requião solicita veto de OGMs na Biossegurança O governador do Paraná, Roberto Requião, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo que ele vete os artigos da Lei de Biossegurança que tratam de organismos geneticamente modificados (OGMs). Segundo ele, esta é a “última oportunidade que temos para livrar o nosso país da estratégia de dominação empreendida por algumas poucas empresas multinacionais que monopolizam a produção de sementes transgênicas”. Agricultura familiar no RS responde por 27% do PIB Estudo solicitado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas aponta que 27% do PIB gaúcho é de responsabilidade da agricultura familiar. O índice supera a agricultura patronal (23%). No Brasil, a agricultura familiar responde por 10% do PIB. Amanhã, às 9h, a Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da AL promove o seminário “O PIB das cadeias produtivas do RS”, no plenarinho. Angus programa dias de campo no RS e no PR Dois Dias de Campo já estão programados para este mês com o apoio da Associação Brasileira de Angus. O primeiro deles será dia 12, em Londrina (PR) e o outro no dia 23, em Chiapeta. “Essas iniciativas promovem a integração entre os criadores associados, a difusão de novas tecnologias, a troca de experiências e a divulgação da raça entre produtores das diversas regiões do Brasil”, argumenta o presidente da associação, José Paulo Dornelles Cairoli. Comissão que investiga pescadores é prorrogada A Comissão de Investigação, que apura a existência de falsos pescadores no litoral de Santa Catarina, decidiu prorrogar seu trabalho por mais uma semana. Em todo o país, já foram canceladas mais de 700 carteiras profissionais. O trabalho de investigação deve prosseguir em outros estados nas próximas semanas. Até o final deste mês, será lançado o novo Registro Geral da Pesca, que prevê o recadastramento nacional dos pescadores profissionais. Instituto abre inscrição para pós em agribusiness O Instituto Universal de Marketing em Agribusiness está com inscrições abertas para o curso de pósgraduação dirigido ao marketing em agribusiness. O programa desenvolve competências críticas e estratégicas com ênfase na comercialização, negociação e business do processo da cadeia produtiva do agronegócio. O curso começa em 11 de março. Informações pelo fone 3346-8079 ou no site www.i-uma.edu.br. Índia aprova o cultivo de algodão transgênico O Comitê de Aprovação de Engenharia Genética da Índia aprovou no dia 4 último o cultivo de seis variedades de algodão geneticamente modificado da Monsanto na região norte do país. A decisão permite que os produtores dos Estados de Haryana, Punjab e Rajasthan passem a cultivar o algodão Bt, resistente a insetos. Até agora, o uso da biotecnologia na lavoura indiana só era permitida nas regiões central e sudeste.