FONTES PARA A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO PIAUÍ: A CONTRIBUIÇÃO DA
FACULDADE CATÓLICA DE FILOSOFIA - FAFI
Kamila Lúcio Lima (Orientanda ICV)
Maria da Conceição Sousa de Carvalho (Orientadora - Depto. de Métodos e
Técnicas da Educação – CCE - UFPI)
Introdução
Esta pesquisa busca analisar as contribuições da Faculdade Católica de Filosofia do PiauíFAFI para a formação de professores no período correspondente aos anos de 1957 a 1971, que são
os anos em que a FAFI se configurou como “a primeira agência formadora de professores, em nível
superior, para atuarem no Ensino Médio, (1º e 2º ciclos)”, conforme Pereira (2003, p.31).
Os
primeiros passos para o surgimento desta instituição se deram com a criação da Sociedade
Piauiense de Cultura, idealizada pelo então Arcebispo de Teresina, Dom Avelar Brandão Vilela. A
criação da FAFI foi resultado da preocupação com o desenvolvimento do Estado, que estava ligado
às questões políticas e econômicas, porém sob um olhar mais criterioso via-se a necessidade
também do desenvolvimento no campo educacional. Dentre os motivos impulsionadores desta
iniciativa estava o contexto econômico e social da década de 1950, que foi marcado por fortes ideais
democráticos e transformações que já vinham moldando o país mesmo antes desta década,
principalmente durante os governos de Getúlio Vargas (1930-1945/ 1951- 1954) e de Juscelino
Kubitschek (1956- 1961). No plano estadual os governos de Francisco das Chagas Caldas Rodrigues
(1959 - 1962) e Petrônio Portela Nunes (1963- 1966), apoiavam o quadro de transformações que
vinha se desenvolvendo. É pertinente destacar que a partir da segunda metade da década de 1960,
com a instalação da Ditadura Civil Militar, a FAFI experimentou um período de grandes embates. A
faculdade posicionava-se contra o governo, assim como muitas instituições de ensino pelo Brasil. A
esse respeito Irlane Gonçalves Abreu, afirma em seu relato que: “[...] o momento repressivo não
permitia maiores voos críticos.” (apud SOUSA; BOMFIM; PEREIRA, 2000, p.254), isso evidencia
quão veemente era o cerco armado pelos defensores da Ditadura. Muitos fatos importantes ligados a
FAFI destacados nesta pesquisa foram desvelados por meio de relatos que contaram com a
participação de professoras egressas da faculdade, bem como das fontes bibliográficas.
Metodologia
A presente pesquisa iniciou-se em setembro de 2013, com estudos sobre os procedimentos
de pesquisa a serem empregados. A fase de pesquisa bibliográfica possibilitou uma visão geral
sobre a trajetória, a forma de organização e o funcionamento da FAFI, e sobre a evolução dos cursos
de licenciatura. Esta pesquisa valeu-se também de narrativas de egressos da FAFI, apoiando-se nos
procedimentos metodológicos propostos por Bertaux (2010). Todas as entrevistas partiram da
seguinte pergunta geradora: “Qual a contribuição da Faculdade Católica de Filosofia para sua
formação docente?”. As entrevistas foram realizadas somente após o entrevistado assinar o termo de
consentimento livre e esclarecido, que informava sobre o objetivo da pesquisa e o destino da
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entrevista. Ao término da transcrição das entrevistas iniciou-se a fase de análise das mesmas, a fim
de identificar as contribuições da FAFI para formação de professores secundários no Estado.
Resultado e discussão
Buscou-se identificar por meio das entrevistas realizadas nesta pesquisa as contribuições da
FAFI para a vida profissional das pessoas que por lá passaram. A faculdade como um espaço de
formação docente conseguiu estender sua influência na vida de seus alunos para além do período de
formação. Pudemos identificar isso no seguinte relato: “A FAFI foi exatamente esse farol que iluminou
toda a minha vida em ser professora, que é uma coisa que eu faço com muito amor, que eu gosto
muito e eu acho que a base disso, o fundamento está lá na FAFI.” (Josenildes Maria Batista de Lima).
Quando a entrevistada estabelece este comparativo entre a FAFI e um “farol”, entende-se que a
Faculdade de filosofia foi um espaço que proporcionou uma gama de conhecimentos, que
culminaram em um novo olhar a respeito de aspectos ligados não somente à carreira docente, como
também a própria visão sobre a sociedade. Com relação a isso a professora Maria do Carmo Alves
do Bonfim relata que “o significado da Faculdade de Filosofia, em síntese, foi o espaço que trabalhou
as dimensões [...] interligadas, humana, técnica-profissional e política.”. Percebemos uma
preocupação com a difusão de um pensamento crítico que colaborasse com a formação cidadã, pois
provoca o indivíduo a pensar sob novas perspectivas. Isso demonstra que em termos de formação
profissional a contribuição da FAFI não se deu apenas no nível técnico, mas em uma integração de
vários aspectos, um processo bem articulado, de formação integral do indivíduo. A presença da
faculdade na vida de seus egressos pode ser percebida também na seguinte afirmação: “A FAFI
representou na nossa vida não só em termos de conhecimentos mesmo cognitivos, mas, sobretudo a
formação política, a questão da ética, o conhecimento.” (Josenildes Maria Batista de Lima). Temos
assim a reafirmação de que a prioridade da formação de professores na FAFI abrangia aspectos
gerais da formação do indivíduo. No que diz respeito à carreira profissional em si, podemos dizer que
a FAFI propiciou a seus alunos a oportunidade de progredir intelectualmente e profissionalmente.
Maria Oliveira Lima (Lindamir) esclarece que a FAFI representou “a oportunidade que tive para me
formar, porque se não tivesse sido criada uma faculdade que funcionasse a noite e desse condição a
muitas pessoas de se formar, eu acho que eu não teria feito.” Em síntese, o que podemos identificar
é que as contribuições da FAFI se endereçaram principalmente no que diz respeito à formação
humana, despertando uma consciência crítica, que resultou não só em mudanças nos alunos, mas na
sociedade piauiense de forma geral.
Conclusão
A partir da análise das narrativas e das fontes bibliográficas referentes ao tema, podemos
inferir que a Faculdade Católica de Filosofia, foi uma instituição de ensino superior que os formou
professores como um todo, ou seja, não somente o lado profissional, mas humano, político e social.
Podemos concluir que as suas contribuições para formação dos professores no Estado, na época em
questão, se refletem até os dias de hoje na conduta profissional daqueles que por ela passaram.
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Essas contribuições não se resumem a conhecimentos práticos e teóricos acerca da profissão, mas a
questões éticas e políticas também, além de ter sido o marco inicial da formação de muitos docentes
que tiveram na FAFI o incentivo e a oportunidade que precisavam para iniciar sua carreira docente.
Muitos de seus egressos continuam atuando no magistério como mestres, formadores de outros
professores e que guardam ainda os preceitos aprendidos na época de FAFI. Identificar a
contribuição da FAFI para a formação de professores secundários no Piauí, a partir da revisão de
estudos produzidos sobre o tema, e analisar narrativas de ex-alunos, além de outros registros, foram
os objetivos específicos que orientaram o presente estudo. É possível considerar que dentro dos
limites comuns à pesquisa acadêmica, esses objetivos foram alcançados.
Palavras-chave: História da Formação de Professores. Professores do Ensino Secundário.
Faculdade Católica de Filosofia.
Referências bibliográficas
PEREIRA, Maria das Graças Moita Raposo. O curso de Filosofia da Faculdade Católica de
Filosofia do Piauí (FAFI) no período de 1957 a 1970. Teresina: EDUFPI, 2003.
BERTAUX, Daniel. Narrativas de vida: a pesquisa e seus métodos. Natal, RN: EDUFRN; São Paulo:
Paulus, 2010.
BONFIM, Maria do Carmo Alves do (Org.); PEREIRA, Maria das Graças R. Moita (Org.); SOUSA,
Francisca Mendes de. (Org.). ANAIS: Presente do passado: A Faculdade Católica de Filosofia do
Piauí. Teresina: EDUFPI, 2000.
Fontes orais
Josenildes Maria Batista de Lima. Narrativa gravada e transcrita por Kamila Lucio Lima. Teresina, 5
de Fevereiro de 2014.
Maria do Carmo Alves do Bonfim. Narrativa gravada e transcrita por Kamila Lucio Lima. Teresina, 25
de Março de 2014.
Maria Oliveira Lima. Narrativa gravada e transcrita por Kamila Lucio Lima. Teresina, 23 de Janeiro de
2014.
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